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Descanso de Guerreiro

Visão de Lucas:

Ao recobrar minha consciência, a primeira coisa que sinto é um doce ar que vem até mim. Ao olhar para o lado esquerdo, vejo a janela aberta. Olho para os outros lados e vejo apenas uma porta ao longe. Tudo se remete à cor branca. Ao olhar para minhas roupas, percebo que me trocaram e colocaram uma roupa clássica de hospital, uma cor sem vida.

"Poderiam, pelo menos, deixar alguma outra cor por aqui, um preto, talvez."

Estou deitado sobre uma cama, que, ao contrário deste quarto, tem lençóis azuis. O que me faz dar um suspiro longo.

"Pelo menos isso."

Tento mexer um pouco as minhas mãos e sinto uma dor, vinda principalmente da mão direita. Faço esforço, supero essa dor e coloco minha mão sobre a minha cabeça. Consigo sentir um pano enrolado nela.

"Quanto tempo será que se passou? Cadê Hugo? Cadê Éder?"

Não consigo achar as respostas, mas não me preocupo muito. Pois, ao olhar para a paisagem que a janela me mostra, vejo um céu azul e pássaros voando sob ele. Esse sentimento me traz paz. Lembro de quando estava na vila, olhando para o céu e brincando de ver as nuvens, tentando descobrir o que cada uma estava representando. Algumas tinham formato de bananas, maçãs, árvores e outras coisas.

"Vejo que acordou, Lucas."

Enquanto aproveitava a paisagem e o silêncio, escuto alguém abrir a porta e chamar meu nome. Quando olho para o lado direito, vejo Hugo chegando com uma cesta de frutas e uma bolsa nas costas. Ele vem até minha direção.

"Oi, Hugo. O que aconteceu após a saída da caverna?"

Faço essa pergunta, mas no fundo só queria aproveitar ainda mais o silêncio.

"Não se preocupe. Tudo está bem. Éder está no quarto ao lado, ele já acordou também."

Ele diz isso enquanto dá um sorriso, mas sinto que está se esforçando para sorrir.

"Que bom. O braço dele está melhor?"

Hugo se surpreende com minha pergunta, mas logo responde:

"Sobre isso... Ele não vai conseguir usar o braço esquerdo novamente. Ele sabe disso, mas se sente bem. Está feliz que você está vivo."

Quando ele termina de dizer isso, fico com um misto de desentendimento e felicidade. Uma parte de mim não entende a felicidade dele, mal nos conhecemos. A outra parte tenta entender. Talvez ele tenha passado pelo mesmo que eu.

"Fico feliz com isso."

Digo isso, e um silêncio ensurdecedor ocorre na sala. Percebo que Hugo quer dizer algo, mas não consegue. Ele põe a cesta de frutas na mesa ao lado da minha cama, pega uma cadeira e se senta ao meu lado.

"Olha, Lucas. Eu devo a você desculpas por tudo o que aconteceu. Seu estado e o do Éder me deixam extremamente angustiado. Coloquei vocês dois em perigo."

Enquanto fala, o grande homem de 2 metros de altura mostra que também é humano. Vejo lágrimas caírem de seus olhos.

"Olha, Hugo... Não precisa pedir desculpas. Tenho certeza de que isso não estava nos seus planos, quando aconteceu. Principalmente vendo o estado de nós dois agora."

É estranho esse sentimento; ele se preocupa comigo, mesmo me conhecendo tão pouco. As pessoas são estranhas, ou eu que sou estranho.

"Lucas, eu queria te pedir para se juntar a mim. Venho treinando Éder para criarmos uma resistência e recuperarmos a Vida Primordial."

Ele fala isso, olhando para baixo. Sinceramente, isso me pegou de surpresa; não esperava por isso.

"Olha, Hugo. Desde o começo da minha vida, sempre me senti inútil. Só algumas pessoas se importavam comigo, e uma delas morreu."

Enquanto digo isso, percebo seu olhar esperançoso.

"Porém, ontem, me senti vivo. Pela primeira vez, consegui mostrar que não sou inútil. Sou alguém forte, e foi graças a essa missão que vi isso."

"Eu aceito sua proposta."

Afinal, preciso de qualquer forma recuperar a Vida Primordial, e eles vão me ajudar. Ao terminar de dizer isso, Hugo dá um salto de onde estava sentado.

"Você tem muito potencial, Lucas. Eu consigo ver."

Ele termina de dizer isso e sorri.

"Falei com o pessoal do hospital, e parece que vocês dois serão liberados daqui a 2 dias. Tenho que ir agora. Vou preparar algumas coisas."

Ele termina de dizer isso, vai até a porta e sai.

"Finalmente silêncio."

Bem, não acho ruim ficar sozinho agora; é tão bom esse sentimento.

"Espera um pouco."

"Estou conseguindo ouvir muito melhor! Nem percebi."

Passei esse momento inteiro escutando perfeitamente e nem percebi. Agora que notei isso, meu ouvido começou a doer, mas ao mexer minha cabeça para o outro lado, a dor parou. Parece que depende do lado em que minha cabeça fica. Talvez, se eu usar minha magia do tempo para acelerar a regeneração, dê certo.

***

Fiquei nos próximos trinta minutos tentando acelerar a regeneração no ouvido direito, mas não consegui.

"Que merda, parece que não está funcionando."

Talvez eu não tenha descansado o suficiente. Porém, não faz sentido. Passei muito tempo descansando. Era para eu estar cem por cento! Espera aí? Onde está o meu livro?

"Que merda, deixei ele na floresta. Preciso ir imediatamente atrás dele."

Tomara que ninguém o encontre até eu ser liberado.

***

Alguns dias se passaram. E no dia em que fui liberado, finalmente consegui ver Éder. Estávamos à frente do hospital. Hugo tinha vindo nos visitar e disse para esperar no banco em frente ao hospital. Nessas visitas, ele trouxe roupas e eu pedi que fossem preferencialmente pretas. Ele trouxe uma camisa preta e um casaco cinza que usei por cima. Enquanto esperava, via Éder chegar.

"E aí, Lucas! Como você está?"

Ele diz isso com um sorriso de ponta a ponta. Ele usava roupas laranjas e vinha até mim, cumprimentando-me com o braço direito.

"Você está bem, cara?"

Nesse momento, ele tropeça e cai.

"Tô bem sim. Só tô precisando de uma mãozinha."

Ele começa a rir, se levanta e se senta ao meu lado. Como ele pode rir em uma situação dessas? Esse cara é muito sem noção, mas acabo rindo da situação.

"A gente tem que rir, cara! Vamos ficar aqui chorando?"

"Você tem razão, Éder."

Enquanto Hugo não chegava, ficamos conversando e rindo da situação em que estávamos.

"E aquele momento em que você deu um soco na cobra? Você fez parecer fácil."

Ele termina de dizer e dá uma gargalhada.

"Você que foi o herói daquela noite, cara."

Enquanto conversávamos, nem percebemos que Hugo tinha acabado de chegar e estava à nossa frente.

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