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Eu vou ser um aventureiro parte 2

— Por favor, eu não quero morrer! Socorro!

— Cale-se, maldita! Ou terei que costurar sua boca?! — bradou um dos guardas, chicote em punho, para a criança na carruagem.

— Esconda-se, Falkkor, pode ser perigoso — disse Yivor, assustado. Mas, ao olhar para o lado, Falkkor havia sumido.

— Falkkor?! — Yivor olhou na direção da carruagem e lá estava Falkkor, bloqueando a estrada.

— Vocês não vão passar! Libertem a criança agora!

Os cavalos pararam imediatamente, desobedecendo seus condutores.

— Vamos, garoto, saia da estrada, você está obstruindo a passagem.

— Por que estão prendendo-a?! Não posso ignorar um pedido de socorro!

— Haha! Então quer brincar de herói? — zombou um dos cavaleiros, descendo da carruagem. Ele se posicionou diante de Falkkor, enquanto Yivor se aproximava, ficando atrás dele.

— Saia daí, Falkkor!

Com mãos trêmulas, Falkkor sacou um pequeno machado da cintura.

— Corajoso, o garoto — riu o cavaleiro, desembainhando a espada e desferindo um golpe em Falkkor, que desviou e contra-atacou, arranhando apenas a armadura do adversário.

— Maldito moleque — o cavaleiro revidou com um chute, lançando Falkkor ao chão. Yivor, assustado, correu, deixando Falkkor caído.

— Hahaha! Seu amigo fugiu com o rabo entre as pernas. Saia da estrada antes que eu o mate. A garota é um demônio; será queimada em nome de Deus e terá sua alma libertada.

— Socorro! Por favor, eu não quero morrer! — a voz da garota ressoou da carruagem.

Falkkor se levantou, furioso, os olhos agora semelhantes aos de uma serpente.

— Esses olhos… Cuidado, se ele for um dragão, a luta será difícil — alertou um dos cavaleiros ao companheiro, apertando a espada com mais força.

— Vou acabar com vocês, malditos! — Falkkor avançou sobre os cavaleiros e atingiu o braço de um deles com o machado, quebrando tanto a arma quanto a armadura e ferindo o homem.

— Aaaaah! Maldito! — gritou o cavaleiro, largando a espada de dor.

— Lux ictus! — o outro cavaleiro lançou vários cortes luminosos em direção a Falkkor, que, incapaz de esquivar-se, foi atingido e caiu ao chão, sem forças, as roupas rasgadas e sangrando.

— Impressionante, ainda está vivo após tantos golpes.

— Mate-o logo, ele cortou meu braço!

O cavaleiro se aproximou de Falkkor, erguendo a espada para o golpe final, mas a lâmina foi detida por dois dedos que a quebraram em pedaços.

— Mestre Yang — murmurou Falkkor, contorcendo-se de dor no chão.

Yang agarrou o cavaleiro pela cabeça e o levantou no ar.

— Espere, eu posso expli… — Antes que o cavaleiro terminasse, Yang esmagou o capacete e a cabeça do homem.

— Aaaaah! Socorro! — o outro cavaleiro começou a correr, aterrorizado, segurando o braço ferido.

— Electri ictus — Yang apontou o dedo para o soldado, e um raio branco desceu sobre ele, matando-o instantaneamente. Seu corpo caiu ao chão, sangrando por todos os orifícios da armadura.

Yang se aproximou de Falkkor e colocou a mão sobre sua cabeça.

— Aqua, bênção da chuva — gotas de água caíram sobre as feridas de Falkkor, curando-as.

— Você está bem, Falkkor?

— Obrigado, mestre. Salve a garota… — Falkkor desmaiou. Yivor e Yorn chegaram logo em seguida.

— Falkkor! O que aconteceu com ele?! — perguntou Yivor, preocupado com o amigo.

— Calma, Yivor, ele vai ficar bem. Apenas desmaiou, perdeu muito sangue. Yorn, tire a garota da prisão e leve-a com Falkkor para minha casa na montanha, por favor. Dê comida a ela e coloque Falkkor na cama; vou limpar essa bagunça.

— Ok, Yivor, venha comigo… Yivor? — O garoto estava paralisado, olhando para o corpo do cavaleiro no chão, ensanguentado.

Yorn se aproximou de Yivor. — Tudo bem, filho?

— Sim, pai, Yang é muito forte.

— Sim, ele é. Agora vamos, precisamos salvar a garota.

Yorn forçou a porta de aço, quebrando o cadeado. A garota loira, com pequenos chifres e um vestido vermelho rasgado, estava encolhida no canto, chorando. Yivor estendeu a mão para ela, oferecendo ajuda.

— Venha, não vou machucá-la.

Ela, tremendo, segurou a mão de Yivor, que a ajudou a se levantar, magra e gelada.

— Yivor, ajude-a a andar. Vou carregar Falkkor.

— Tá bom, pai!

Yorn pegou Falkkor no colo, e Yivor apoiou a garota. Juntos, seguiram para a casa de Yang.

— Estou te esperando, Yang.

— Obrigado, Yorn. Até mais tarde. E Yivor, obrigado por buscar ajuda. Falkkor às vezes é meio impulsivo.

— De nada, senhor Yang. Até logo.

Yang parou e observou o horizonte da estrada. — Maldita Igreja do Sol. Melhor avisar o rei de Dawvark que estão invadindo suas terras para matar demônios. Mas agora, vou arrumar essa bagunça. Preguiça danada…

No dia seguinte, Falkkor acordou pela manhã com o corpo todo enfaixado. Caminhou até a cozinha de sua casa e viu a garota à mesa com Yang, devorando o café da manhã.

— E aí, Falkkor, melhorou? Venha, arrumei uma nova cadeira para você. — Falkkor se aproximou, olhando fixamente para a garota, e se sentou.

— Mestre Yang, quem é essa diaba aí? — A garota parou de comer e encarou Falkkor.

— Diaba é você, seu inútil, que não conseguiu vencer dois cavaleiros. — Ela voltou a comer, ignorando Falkkor.

— O que essa menina está fazendo aqui, Yang?!

— Falkkor, esta é Akani, a garota que estava presa na carruagem. — Falkkor olhou para a garota com desdém.

— Devia ter deixado ela lá, ingrata!

— Calma, você vai ter que se acostumar. Ela vai morar aqui a partir de hoje.

Falkkor bateu a mão na mesa. — O quê?!

Enquanto isso, na mansão de Yorn, Yivor lia seu livro sentado à mesa de jantar. Subitamente, o som do ranger da porta o fez levantar-se para verificar. Ao chegar, encontrou seu pai acompanhado por uma mulher e uma menina.

— Bom dia, filho. Tudo bem? Desculpe minha ausência, estava resolvendo algumas coisas em Valmyr.

— Estou bem, pai. Quem são elas?

— Yivor, estas são as novas empregadas da casa, Marta e sua filha, Lya. O antigo mestre delas faleceu, então as contratei.

Yivor cumprimentou-as educadamente. — Prazer em conhecê-las.

— O prazer é nosso, mestre.

— Yivor, Lya tem seis anos, a mesma idade que você. Ela será sua empregada particular. Trate-a com educação.

Encantado com a beleza e simplicidade da garota, Yivor caminhou em direção a Lya, e com um gesto gentil, beijou sua mão. — Será um prazer contar com seus serviços.

— Muito obrigada, mestre! — respondeu a garota, curvando-se timidamente.

— Excelente. Vocês duas, troquem-se. Suas roupas estão no quarto número cinco, subam as escadas — instruiu Yorn.

— Certo, mestre. Agradecemos pela oportunidade. — E assim, as duas se dirigiram aos seus aposentos.

Yorn e Yivor acomodaram-se no sofá. — Pai, como está Falkkor?

— Yang disse que ele está se recuperando aos poucos, sofreu muitos cortes, mas tem sorte de ter a pele resistente.

— Nunca imaginei que seria amigo de um dragão, muito menos filho de um aventureiro cruz de platina.

— O pai de Falkkor foi um grande amigo meu. Sempre o acompanhei em suas aventuras. Ele era impulsivo e tarado, mas era uma boa pessoa e um aventureiro incrível, tanto que eu fiquei como cruz de prata e ele alcançou platina — disse Yorn com um sorriso orgulhoso.

— Pai, poderei brincar com Falkkor?

— Claro, filho. Assim que ele se recuperar, vocês poderão brincar juntos. Permitirei que vá ao vilarejo com ele para brincar com as outras crianças.

— Obrigado, pai! — Yivor abraçou seu pai com força.

— Filho, nunca te perguntei isso, desculpe por nunca ter sido um pai muito presente, mas qual é o seu sonho?

Yivor levantou-se e caminhou até a janela. Observando o horizonte com os vastos campos e o belo nascer do sol, respirou fundo e disse:

— Quero ser um aventureiro como você foi, pai. Mas irei além, até me tornar um cruz de platina, como seu melhor amigo.

Yorn retirou um livro da bolsa e aproximou-se de Yivor.

— Para você, filho, um presente de sua mãe. Ela pediu para entregá-lo quando chegasse esse dia. Ela sabia que você tomaria essa decisão.

Yivor pegou o livro preto com capa de couro, adornado com um símbolo prateado e um cristal no centro que lembrava o céu estrelado à noite. Ao abri-lo, viu que todas as páginas estavam em branco.

— Pai, mas não tem nada escrito nele.

— Não olhe para mim. Se sua mãe te deu, é porque ele tem algum propósito. Você vai descobrir, tenho certeza.

— Bem, obrigado, pai. De qualquer forma, é um presente da minha mãe, então é importante para mim.

Yorn sorriu com os olhos marejados de lágrimas.

— Está bem, filho. Agora vamos tomar café. Marta começará a trabalhar só depois do almoço, então venha me ajudar a preparar o café para as duas.

— Está bem, pai.

Yivor seguiu para a cozinha para ajudar seu pai.