VOCÊ ESTA LENDO (O REINO TRIBAL)
Capítulo 14: O Peso da Morte
Recuperando a consciência após o impacto, Fouba abriu os olhos com dificuldade e chamou pelo companheiro:
— "JERGO...???"
O grandalhão estava caído no chão, coberto de sangue. Sua respiração era fraca, e os olhos começavam a se fechar lentamente, aceitando o inevitável destino.
— "POR FAVOR, CARA!!! VOCÊ NÃO PODE MORRER..." — Fouba lamentou, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Desesperado, tentou estancar o sangramento no abdômen de Jergo. Pressionava a ferida com as mãos trêmulas, mas era inútil. O ferimento era grande demais, e nada poderia salvar seu camarada.
Finalmente percebendo que não havia mais nada a ser feito, Fouba soltou um grito primal de dor, uma mistura de desespero e ódio.
— "DEMÔNIOOO!!!..." — rugiu, com os olhos vermelhos de fúria.
Movido por uma cólera cega, ele correu em minha direção, tentando me acertar com seus punhos.
— "Whoosh!" — o primeiro golpe passou no vazio.
— "Bobo..."
— "Whoosh!!" — o segundo golpe errou novamente.
— "Raiva não vai te ajudar..."
— "Whoosh!!!" — e mais uma vez ele falhou.
Fouba atacava sem técnica, movido apenas por sua fúria irracional. Desviei de todos os seus golpes com passos leves para trás, observando-o se desgastar.
— "Chega desse teatro!" — exclamei, perdendo a paciência.
Ele estava desarmado, exausto e descontrolado, como um peixe fora d'água tentando sobreviver em terra firme.
Quando Fouba tentou mais uma investida desajeitada, aproveitei a abertura e levantei minha perna esquerda, desferindo um chute alto direto em seu rosto.
— "Boom!!!"
O impacto foi tão forte que alguns de seus dentes voaram para o lado. Mas, mesmo assim, ele se recusava a desistir.
Desmaiar? Nem pensar. Ele continuava tentando me atacar, com socos erráticos que eu facilmente evitava.
— "Whoosh!"
— "Whoosh!!"
— "Whoosh!!!"
— "Whoosh!!!!"
Foram quatro tentativas falhas. O corpo de Fouba, já exausto, finalmente não aguentou mais. Sua respiração estava pesada, o coração bombeando como se fosse explodir. Ele caiu de joelhos no chão, completamente sem forças.
— "Baam!!!"
Sem dar chance para se recuperar, coloquei meu pé sobre seu tronco magro, imobilizando-o. Então, comecei a socá-lo.
— "Punch!" — o primeiro soco fez sangue escorrer de seu nariz.
— "Punch!!" — o segundo atingiu seu maxilar.
— "Punch!!!" — o terceiro fez sua cabeça balançar como se fosse cair.
Continuei o ataque, golpe após golpe, até que ele finalmente desmaiou após trinta socos consecutivos.
Respirei fundo, observando o rosto ensanguentado de Fouba.
— "Você foi durão até o final, cara..."
— admiti, admirado com a resiliência dele.
Levantei-me, com as mãos cobertas de sangue, e olhei ao redor. O campo de batalha estava um caos.
— 'Há... que visão mais desagradável.' — pensei que isso acabaria de uma forma menos trágica.
Com a luta encerrada e eu ainda respirando, ajoelhei-me ao lado do cadáver de Jergo. Apesar de tudo, senti a necessidade de consolar sua essência. Eu não era religioso, mas acreditava que existia algo além da inteligência comum, pois testemunhava a vida criada com tanta perfeição, e isso não poderia ser só uma coincidência natural.
— "Criador da vida... sei que viste tudo o que aconteceu aqui. Peço que a essência de Jergo encontre um lugar melhor. Sei que todos nós erramos, mas acredito que um dia todos terão a chance de corrigir seus erros."
Terminando a consolação, percebi que o céu começava a clarear. O dia amanhecia lentamente, e a luz tornava o caminho de volta para casa mais visível. Os passarinhos também acordavam em seus ninhos indicando o despertar do sol.
Enquanto caminhava pela estrada de barro, a adrenalina da batalha se dissipava aos poucos, dando lugar à reflexão.
— "Fui imprudente pensando que poderia lutar com adultos tão fortes, talvez se fosse só um deles..."
— murmurei, frustrado comigo mesmo.
As lembranças frescas do confronto passavam pela minha mente como flashes.
— 'Minha desvantagem de físico, o uso de uma arma frágil e minha precipitação foram os maiores problemas. A 1ª Estrela Manativa me dá vantagens, mas ainda estou longe de ser invencível.' — refleti.
Entendia que, apesar de meu grande talento, eu precisava de mais experiência real em combate. A batalha tinha mostrado uma lição dolorosa, mas valiosa. Afinal, erros não eram apenas fracassos; eram oportunidades de crescimento. Sabia muito bem, por causa do meu longo tempo de vida.