“Dever antes do coração”, respondeu Ashleigh firmemente. “O que isso significa?” “Significa que vou fazer o meu trabalho. Mas Caleb é apenas meu dever, você é meu coração.” *** Dois homens, dois sentimentos distintos de atração e confiança. Ashleigh luta para entender os sentimentos em seu coração. Dividida entre o homem que amou nos últimos dois anos e o frio Alfa de uma matilha inimiga, Ashleigh consegue descobrir qual desses homens ela realmente quer como seu companheiro? Ela realmente tem uma escolha? Ela é a filha do Alfa Wyatt do Inverno, a maior das quatro Matilhas de Lobisomens. Por dois anos, ela aguardou ansiosamente seu décimo oitavo aniversário para finalmente poder se casar e acasalar com seu amor, Granger. Mas, pouco antes desse dia mágico, ela se depara com um problema significativo: ela se encontra ligada a outro lobo. Sua ligação destinada é com o Alfa Caleb do Verão, o homem cujo pai foi supostamente assassinado por um dos seus próprios. Como se isso não bastasse, todas as matilhas de repente começam a relatar ataques de lobos renegados. Agora Ashleigh enfrenta não apenas uma guerra em seu coração, mas também na vida real. Serão eles capazes de trabalhar juntos, deixando de lado toda a dor e angústia para manter suas matilhas seguras do inimigo que as ameaça a todas? Ou esse amor acabará sendo sua ruína?
Ashleigh mal tinha dado dois passos para fora da porta quando sentiu um calor repentino varrer seu corpo. Seus sentidos estavam em chamas. Não havia dor, apenas uma consciência aguçada de tudo ao seu redor.
Gosto e cheiro lutavam pela dominância em um esforço para saborear o aroma mais doce que ela já conheceu.
Um aroma que a fez respirar profundamente, desesperadamente esperando puxar a doçura para seus pulmões e segurá-la lá para sempre. Um sabor que fez sua boca salivar, ela mordeu dolorosamente o lábio inferior. Distraía-se do desejo enlouquecedor por mais.
O ar ao seu redor roçava em sua pele, morno e delicadamente, como se uma mão firme a acariciasse. Seu corpo reagiu a esse 'toque' sem sua permissão. Ela arqueou as costas e soltou um gemido suave. Em seguida, ela se apoiou contra a parede enquanto a sensação tremia por seu corpo até os dedos dos pés, fazendo-a quase perder o equilíbrio.
Seu coração acelerou. Batia tão forte que ela sentia como se pudesse escapar completamente do peito. O som ficava mais alto e mais potente. Mas, não, não vinha dela. Aquele som, a batida do coração, vinha da mesma direção que aquele cheiro poderoso. Seu corpo estava se movendo antes mesmo de ela registrar o pensamento de segui-lo.
Quanto mais perto chegava, mais alto as batidas se tornavam. Deveria ter doído, enlouquecido-a, mas esse coração, essa batida, era uma melodia que a chamava. Uma canção de ninar que a enchia apenas com o desejo de encontrar o dono.
Gosto, cheiro, audição, seus sentidos estavam sendo atacados de uma maneira que a fazia corar. Ela se encontrava parando várias vezes, apoiando-se contra a parede enquanto uma onda de prazer a dominava repetidamente.
No fundo de sua mente, uma voz pequena gritava e clamava, tentando dizer-lhe algo, lembrá-la de algo. No entanto, ela estava muito distraída pelo cheiro, pelo sabor e pelo som de seu coração rítmico. Ela só conseguia pensar neles.
Seu corpo queria, precisava.
Ashleigh virou em outro corredor que não reconhecia. Mais uma vez, seus sentidos a guiavam, mas de alguma forma, ela sabia que seu objetivo estava do outro lado dessa porta. Então, ela não hesitou em empurrá-la.
A música ecoava pelas paredes, um tipo de lixo techno que só interferia na melodia de seu coração.
A grande sala estava escura, uma dança sob luz negra, flashes de luz destacando pessoas aleatórias, ninguém que ela quis ver, ninguém que a interessasse.
Ashleigh procurava desesperadamente entre a multidão de rostos. Ele estava aqui; ela podia sentir. Seu peito arfava com força, praticamente ofegante agora.
'Onde ele está?' ela pensou consigo mesma.
Houve um flash de luz e então outro. Então, finalmente, seus olhos pousaram nele, uma sensação de reconhecimento, uma explosão elétrica de prazer por todo seu ser.
E então confusão.
'Por que não está preto?' ela se perguntou.
Outro flash de luz caiu sobre ele. Cabelo castanho escuro, curto, mas com comprimento suficiente para cair sobre um olho. Seus olhos encontraram os dela por uma fração de segundo antes dela ofegar. Ashleigh recuou, desesperada para escapar da sala.
Cinza como as nuvens antes da mais severa nevasca dos territórios do norte. Havia apenas um lobo nas quatro matilhas com olhos tão frios quanto esses.
"Não. Não… Não!" ela gritou enquanto empurrava as portas abertas, tropeçando enquanto elas cediam. Ela mal conseguia se segurar para não cair completamente no chão. Rapidamente ela se recompôs e correu.
Ashleigh correu forte e rápido enquanto seus pulmões permitiam. Ela caiu pesadamente no piso de pedra abaixo dela quando finalmente parou, raspando ambos os joelhos. A sensação de queimação trouxe um sibilo de sua garganta. Foi o suficiente para soltar as lágrimas quentes que preenchiam seus olhos.
Ela levantou os olhos doloridos para o céu noturno, para a Lua de Sangue que brilhava intensamente acima dela.
"O que você fez?" ela perguntou baixinho, dolorosamente, antes de gritar alto. "O que você fez comigo!"
A lua, destinatária de suas palavras, não ofereceu resposta em retorno.
***
De volta à sala de dança, um homem chamou por cima da música, "Ele definitivamente veio por aqui, mas agora há muitos cheiros. Não consigo rastreá-lo aqui."
"Então abra os olhos, droga!" outro respondeu.
"Lá! Eu vejo ele. Ele está ali!" um terceiro chamou, mal audível acima da música.
Os três jovens correram em direção ao mesmo objetivo, um homem alto que estava no centro da multidão. Embora os corpos ao redor balançassem e pulassem ao ritmo da música, ele permanecia perfeitamente imóvel.
Mesmo nesta sala escura, ele se destacava. Seu cabelo castanho avermelhado, uma cor rara entre a maioria dos lobos, era destacado toda vez que a luz piscava em sua direção. Se isso não fosse suficiente, seus ombros largos, o modo como sua camisa adería firmemente ao seu corpo. O poder que simplesmente emanava dele.
Ele era único.
"Alfa!" chamou o terceiro homem. Ele era um homem grande, com cabelo loiro, sua barba cheia lhe dava uma aparência de maturidade, mas ele era jovem, tanto de idade quanto de coração.
O homem de cabelos castanho avermelhado olhava para a porta, imóvel. Ele não respondeu enquanto o chamavam, apenas continuou a olhar para a porta.
"Alfa Caleb?" o homem loiro chamou enquanto se aproximava.
Caleb mexeu-se. Ele virou a cabeça para olhar o homem de cabelo loiro por um momento, seus olhos cinzentos focando mais uma vez como se tivesse sido pego em transe.
"Galen?" ele perguntou.
"Sim, Alfa," Galen respondeu, alcançando um ombro. "Você está bem? Você saiu correndo do portão sem explicação. Quase não o encontramos, e aqui, de todos os lugares."
Galen olhou ao redor, claramente preocupado com o motivo pelo qual seu Alfa teria vindo a um lugar que normalmente ele evitaria.
"Assumo que era o ponto de encontro entre nós," Caleb respondeu mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa.
Ele passou por Galen e olhou mais uma vez para a porta. Ele inclinou a cabeça para o lado, olhando para ela como se esperasse que alguém passasse a qualquer momento.
"Você está esperando por alguém?" Galen perguntou, olhando para a porta também.
"Acho que já vieram e foram embora," ele respondeu, sua atenção ainda quase totalmente focada na porta.
"Meu Alfa, os outros Alfas estarão esperando. Já chegamos mais tarde do que deveríamos," um dos outros homens comentou.
Caleb balançou a cabeça e fez um gesto para que os outros seguissem à frente dele.
"Foi uma reunião? Eu não pensei que você tivesse algo marcado além dos eventos que é obrigado a participar," Galen perguntou. Imaginando se ele tinha de alguma forma esquecido algo da agenda de Caleb.
"Uma reunião?" Caleb pensou sobre isso por um momento, um sorriso leve formando em seus lábios. "Sim, você poderia dizer isso."
"Estranho," Galen comentou, "Eu geralmente sou quem agenda todos os seus compromissos, mas não me lembro de ninguém pedindo para se encontrar...."
"Você espera que a Deusa confirme seus compromissos com você?" Caleb riu, "Essa reunião estava marcada muito antes de qualquer um de nós ter nascido."
Galen parou em seus passos. Ele olhou para seu amigo e líder em completo e absoluto choque.
"Sua companheira?" ele perguntou. "Você sentiu sua companheira? Aqui?"
Ele olhou ao redor como se de alguma forma pudesse reconhecer a futura Luna se apenas pudesse vê-la.
"Sim."
"Onde ela está?" Galen não conseguiu esconder a emoção em sua voz. Este era um momento histórico em sua vida. Conhecer a futura Luna, saber que havia uma.
Desânimo permeou a voz de Caleb. "Veio e se foi."
"O quê? Mas... por quê?" ele não conseguiu esconder sua decepção enquanto seu Alfa se movia para seguir os membros de sua matilha para fora da sala de dança.
"Eu não sei."
Galen olhou para as costas de Caleb enquanto ele se afastava. Ele tinha perguntas, preocupações, comentários. Mas no final, ele teve apenas um pensamento claro, e isso o fez rir.
Caleb virou e olhou para Galen curiosamente.
"Ela definitivamente é destinada a ser nossa Luna, então." Galen riu.
"Qual é o significado oculto nas suas palavras?" Caleb perguntou.
"Imagina ter uma mulher lá fora que realmente fugiria do glorioso Alfa Caleb." Galen sorriu.
"Ela não irá longe," Caleb respondeu com uma inclinação de boca e um brilho no olho que Galen reconheceu.
Seu Alfa havia encontrado uma caça digna.