webnovel

— A Garota de Iteza —

O garoto sério vestido de seu sobretudo preto, estava assentado sobre um banco na praça central, perto de uma fonte que se destacava no centro da praça, com uma pequena árvore de flores brancas que lentamente permitia pétalas de suas flores caírem sobre a água centrada no meio da fonte.

–Um perfeito equilíbrio!

Koshiro falou olhando para o céu, quando percebeu que o Sol estava alinhado com a fonte, era meio dia, e ele estava à espera por seus companheiros.

–Ei... Koshiro estamos chegando!

Mena gritou ao longe, se aproximando junto de Tokaru, e uma garota que parecia está muito tímida. Mena estava vestida com suas roupas de tom amarelado e Tokaru com sua armadura simples, enquanto a garota que se aproximava vestia algo como uma caçadora, ela estava com chicote preso a sua cintura e sua bolsa de Aventureiros de Iteza.

–Vocês estão atrasados... como eu já esperava!

Ele respondeu já suspirando profundamente. Koshiro parecia inquieto.

–Ah, que suspiro foi esse Koshiro. Não gosta de fazer um esquadrão com a gente, é isso?!

Tokaru o provocou, com um sorriso malicioso.

–Vai a merda. Levem a nossa missão a sério, somos aventureiros.

A resposta de Koshiro foi seca e precisa pra situação. Aqueles dois apesar de serem de força intermediária, eles não tem muito senso de responsabilidade.

–A nossa missão é levar a garota perdida de volta para sua cidade. Segundo o relatório que vimos ontem a noite quando nos reunimos, essa garota se chama Saori Horika, ela é uma aventureira de Iteza, ao norte de Korvick, certo?!

Koshiro falou, esperando que Saori o confirmasse, para quebrar o gelo do clima.

–S-sim, eu sou Saori Horika uma aventureira da classe Caçador em primeiro estágio!

–Ehh, classe caçador é bem comum né... sempre se encontra três ou mais por aí!

Mena logo se introduzi-o a conversa.

–Acho que todos deveriam se apresentar corretamente, né Tokaru!

–Ah! Por que está me questionando isso!

Mena deu uma cotovelada em Tokaru enquanto forçava um sorriso simpático.

–Anda logo e apenas concorde comigo. Porque você não vira um homem mais sensato como Koshiro!

Tokaru olhou para Koshiro que estava assentado com seus braços cruzados e com seus olhos fechados, enquanto concordava com as afirmações de Mena.

Esse bastardo ainda vai acabar com toda a minha dignidade!

Tokaru fechou o punho fortemente, enquanto pensava sobre Koshiro.

–Já que vocês estão juntos nessa. Eu vou me apresentar também! Meu nome é Tokaru Beshi, um Guerreiro de primeiro estágio, e serei o maior aventureiro de Yagiza, superando todos os meus rivais, assim como—

–Ehh!... Pra quem não estava afim de se apresentar, até que você está bem empolgado, Toka!

Mena o provou, o fazendo corar um pouco.

–...Que ridículo!

Koshiro logo em seguida respondeu com tom de rispidez.

Tokaru o olhou com desprezo e fez um som como um estalo de língua.

–Tsc! Qual foi?!

Com uma briga de entre olhares sérios, Koshiro suspirou fundo e levantou-se, ajeitando seu sobretudo.

–Eu sou Koshiro, um aventureiro da classe Necromante! É um prazer conhecê-la Saori Horika!

Koshiro se apresentou e com um aperto de mãos, eles se cumprimentaram formalmente.

–Boa Koshiro, bem estilo formal descolado! Aliás, eu sou a Druida do esquadrão, Mena Akiharu, é um prazer conhecê-la Saori!

Mena apresentou-se alegremente, com uma energia animadora que só ela possuía no grupo.

–Agora que todos se apresentaram, vamos partir para um restaurante!

Todos olharam com desdém para a garota que virou-se animada em direção ao distrito comercial.

–Mena, acabamos de comer!

Tokaru respondeu, balançando a cabeça em negação.

–Vamos seguir para a estrada de Korvick, a nossa missão de escolta começará nesse momento!

Koshiro falou, enquanto caminhava lentamente em direção a saída norte de Yagiza. Todos pareciam sérios nesse momento, com suas próprias dúvidas e sentimentos.

◆◆◆

Território Iteza – Mansão Principal da Família Iteza

Uma grandiosa mansão com três andares, parecia mais um Palácio de nobres protegidos pela corte. Com um belo jardim de flores azuis, conhecidas como Isis-Itezaris — Uma flor típica do território Iteza, é um dos símbolos da família Iteza — Em uma sala de escritório, um homem vestido com roupas formais no mais alto traço de nobreza, estava de pé olhando pela janela. Seu olhar totalmente focado para o seu belo jardim azul. Enquanto sua pequena filha brincava de correr pelas passagens entre os canteiros do jardim, sujando os seus sapatos brancos de terra.

–Ela se diverte com tão pouco. Ela ainda não percebe, nossos traços de nobreza!—

Ele foi interrompido, quando dois toques soaram das batidas sobre a porta.

–Senhor, vim trazer nossos relatórios sobre aquele assunto!–

Uma voz masculina falou de forma cortês.

–...Entre! Quero ouvir o que tem a dizer!

Aquele homem respondeu, ainda olhando pela janela. A porta se abre, e um rapaz vestido com uma simples armadura e um conjunto de roupas pretas e uma espada presa em sua bainha, adentrou.

Ele rapidamente se ajoelhou em respeito aquele homem a sua frente.

–Levante-se Ohto, meu fiel servo! Conte para mim o seu relatório da missão secreta.

Aquele rapaz levantou-se, e se posicionou como um soldado e começou a falar de forma séria.

–Caminhamos em um grupo, com quatro membros sobre o falso pretexto de ser uma missão da nossa companhia. Dois dos membros eram conhecidos meus, no qual eu confio Senhor. Levamos Saori nessa missão, então quando chegamos em um local propício para realizarmos a nossa verdadeira missão. Nos a espancamos com pedaços de madeira e pedras. Ela perdeu a consciência rapidamente enquanto implorava por sua vida, ela até mesmo gritava pelo senhor, com os olhos ainda em com resquícios de esperança por sua ajuda.

O homem não pareceu se abalar ou hesitar enquanto escutava cada detalhe daquelas palavras. Ele apenas continuou olhando a janela, observando sua filha que corria sorridente pelo jardim.

–...Continue o relatório!

–A-ah sim!... Quando terminamos a sessão de espancamento, ela estava completamente ferida, não havia nenhuma esperança que ela sobrevivesse aquilo... mas, por garantia, a levamos até as planícies Korvick, e a jogamos em uma vala, onde é atualmente um território de Lobos-Negros. Então retornamos para a aldeia.

O rapaz terminou seu relatório, ele parecia satisfeito de seu trabalho cruel. Em seu rosto, estava estampado este seu orgulho.

–...Ohto, o que você pensa sobre minha filha?!

Aquele homem perguntou, em um tom sinistro de seriedade e frieza. De forma que Ohto suou frio, e engoliu seco, para responder tal pergunta.

–L-Lady Sahara... é uma garotinha adorável, e incrível. Ela despertou um ano antes do previsto, e assim como todos da família principal de Iteza, ela despertará na classe Paladino, senhor!

Ele respondeu um pouco inseguro de sua resposta.

–Sim, realmente você está certo!... Minha filha é perfeita e sem falhas, assim como os todos os membros da minha família no passado. Nada pode manchar o nome dessa família, nada pode interferir na divindade que é os membros da família Iteza!

A insanidade escapou do interior psicopata daquele homem doente, que se encobria como um monstro sobre a pele serena da tranquilidade. Ele se virou bruscamente com uma feição como de um demônio aterrorizante e frio. Fazendo as pernas do rapaz tremerem de temor.

–Então me diga verme. Porque essa falha de ser vivo ainda está respirando no mesmo mundo que nos de Iteza!

Ele agressivamente o questionou se aproximando de Ohto. O pegando pelo pescoço e levando-o até a mesa de seu escritório.

–Responda, porque eu recebi essa carta daqueles malditos da aldeia de Yagiza, dizendo que resgataram o meu lixo, que vocês asseguraram ter dado um fim!

–S-senhor! Eu não entendo, eu tenho certeza que o coração dela tinha parado e mais, aquele lugar é território de Lobos-Negros, tenho certeza que seria impossível conseguir qualquer ajuda naquele lugar.

Ele estava praticamente desesperado, o seu medo era perceptível. Sua falha seria a causa de sua morte agoniante.

–...Impossível!

Ele segurou forte o pescoço de Ohto, de forma que suas veias do pescoço se dilataram e até seus olhos começaram lacrimejar gotas vermelhas do seu sangue. Então sua cabeça foi batida fortemente sobre a carta, quebrando em pedaços a mesa de madeira nobre.

–Se é Impossível, explique porque ela está sendo escoltada de volta para casa seu merda inútil.

Ele esperou uma resposta, mas Ohto estava desacordado junto dos escombros da mesa.

–Hm! Terei de resolver por mim mesmo?!... Eu só queria ver minha querida filha crescer, e se tornar a maior líder da família Iteza, e honrar nosso nome!

Ele retirou um lenço de um de seus bolsista da roupa, e limpou sua mão que se sujou de sangue.

–Eu e minha família... estamos cercados de porcos nojentos em todos os lados!

Ele falou caminhando até a janela, onde voltou a observa sua filha.

–Nada, vai manchar meu orgulho. Ou não me chamo Satore Iteza, o Paladino Sagitário!

Ele falou seriamente, cerrando o punho.

◆◆◆

Koshiro e seus companheiros, caminhavam pela estrada de Korvick, eles já haviam passado pela ponte sobre o rio Savassi. Seguindo em direção ao território de Iteza. A garota, Saori parecia está se esgotando fisicamente por causa do cansaço e o continuou uso de mana em seu corpo.

Tokaru que estava à frente se manteve em seu ritmo acelerado enquanto Mena o acompanhava, eles eram muito sincronizados como uma dupla. Koshiro conseguia se manter próximo, mas, quando olho para trás, pode perceber que o ritmo de Saori estava péssimo. Ela estava perto de colapsar seu corpo, de tanto esforço que estava fazendo para manter o ritmo.

–Parem agora!

Koshiro falou, já parando de correr, quebrando todo o ritmo do esquadrão. Fazendo com que todos parassem de correr.

–O que foi agora! Porque nós fez parar Koshiro?!

Tokaru o questionou, já inquieto.

–Estamos rápidos de mais, logo vai anoitecer precisamos de uma parada!

–Ah, por isso deveríamos continuar. Logo a frente a uma região rural, poderíamos chegar lá a tempo, se aumentassem o ritmo!

–Você nem faz noção do que diz. Se quer ser um líder do esquadrão, saiba como agir em um!

Koshiro disse, olhando nos olhos de Tokaru com seu olhar frio.

–O que você quer dizer com isso! Se acha mais experiente que eu?!

Respondeu Tokaru se irritando com o modo de falar de Koshiro.

–Ei vocês, vou ficar com fome se ficarmos discutindo aqui...

–P-pessoal... acho que não estou bemm...

As palavras saíram trêmulas de Saori, que lentamente perdia os sentidos, caindo desmaiada. Mas Koshiro rapidamente notou e a segurou firme.

–O que está acontecendo?!

Tokaru ficou preocupado. Vendo a garota desmaiar com uma respiração acelerada.

–É o que eu estou tentando lhe dizer. Vocês estão com o ritmo muito alto, claro eu consigo acompanhá-los... mas, parece que Saori estava se forçando a continuar no ritmo de vocês!

–Não pode ser!

Mena fez uma cara de frustração, ao não perceber a fragilidade de sua companheira.

–Seu corpo provavelmente colapsos pelo mal uso da mana em seu corpo. Uma pausa deve fazer ela melhorar.

Koshiro a colocou sobre a grama, no canto fora da estrada de terra.

–Como não percebemos algo simples assim!

Cerrando o punho Tokaru se lamentou, por sua irresponsabilidade.

–Não se culpem. Erros são formas de melhorar o nosso eu próprio. É a primeira vez de todos nós trabalharmos em equipe, erros são aceitáveis... não se culpem tanto assim!

Com uma voz calma e amena, Koshiro os confortou. Fazendo-os entenderem a situação de seus companheiros.

–Vamos descansar aqui essa noite. Logo mais iremos partir pela madrugada!

...As camas improvisadas estavam em volta de uma fogueira, que estava com as labaredas baixas, apesar de três, das quatro camas estarem ocupadas, a silhueta de Koshiro assentado em um pequeno tronco, com seu sobretudo, mostrava que ele se manteve firme em sua vigia na primeira ronda. Koshiro observava seu redor, com muito empenho, ficar na vigilância e proteger os seus companheiros é um ato de bravura para os aventureiros.

Mesmo que a fogueira traga a atenção para eles, não é de todo mal, principalmente em grupo. A luminosidade permite Koshiro enxergar bem, mesmo locais com certa dificuldade para visualizar. Aumentando as chances de percepção para inimigos próximos.

Koshiro enquanto vigiava atento, desviou seus olhares para Saori. A garota estava deitada sobre a cama perto de Mena. Ela parecia está dormindo bem apesar de está dormindo perto da garota que roncava tanto de fome, como por está dormindo.

–Hm, apesar de ela parecer ser uma garota normal. Algo não parece fazer sentindo nela... Porque uma aventureira de primeiro estágio estaria em um lugar tão longe do território?! E sem um grupo de apoio, fica ainda mais complicado de entender.

O garoto confuso sobre Saori, se pegou em pensamentos questionáveis no tédio de sua vigilância. Como alguém que leva as missões a sério, ele não poderia deixar coisas assim passarem despercebidas.

–Acredito que Mena e Tokaru também tenham suas desconfianças... mas, eles não parecem entender como isso pode se agravar, tanto que eles nem a questionam nada! Relações que envolvem outras localidades, sempre acabam virando uma grande merda.

Koshiro falou para se mesmo, enquanto pensava sobre o assunto.

–E também... tem o fato de ela não nos contar absolutamente nada sobre ela!

O garoto aparentava está preocupado com a situação atual, não saber nada sobre um companheiro que viaja com você, é muito desconfortável.

Aqueles pensamentos de Koshiro foram interrompidos, quando gemidos vieram de Saori. A garota se remexendo inquieta enquanto dormia, gemendo baixo e falando coisas sem sentido. Aquela cena perturbou Koshiro que caminhou devagar até a garota.

–... Pai!... Pai!... Por favor, pai!... Me ajude, me salve Pai!

Saori com voz de choro, dizia essas palavras enquanto dormia. Provavelmente, estava sonhando com algo que aconteceu a ela antes de desmaiar nas planícies.

Com toques gentis sobre o ombro da garota, Koshiro tentava acordá-la.

Era alto da noite, Mena e Tokaru dormiam como duas pedras. Aquela região das planícies, estava calma e tranquila. Nem mesmo os insetos noturnos estavam por ali pra trazer a inquietação da noite.

Koshiro, tentava acordar Saori, a garota continuava dizendo coisas sem sentido e chorando enquanto dormia. Quando segurando de forma mais firme, Koshiro chamou por seu nome, com uma voz firme e séria.

Em um instante a garota abriu os olhos, seus dentes tremiam como se estivesse com muito frio, os seus olhos arregalaram de medo e pavor.

–...Não quero morrer! Não quero morrer! Não quero morrer! Não quero morrer! NÃO QUERO MORRER!

Ela começou a gritar desesperada com seu corpo tremendo de medo, a tal ponto que ela acabou se mijando de medo.

Koshiro que estava próximo também se surpreendeu com aquela cena. O que poderia ter acontecido, com aquela garota para chegar a tal ponto de medo. Koshiro pegou em um de seus bolsos internos do sobretudo, uma poção amarela em um frasco de vidro transparente. Ele abriu o frasco e deu a Saori para beber, ela não estava mais desesperada, mas, seus sentidos ainda estavam perturbados.

–Beba isso! Essa é uma poção de revitalização mental, vai te ajudar a se acalmar!

Koshiro falou, de forma gentil para não causar mais estresse emocional sobre a garota, enquanto a permitia ficar sobre seus braços, auxiliando para que ela pudesse assentar e tomar a poção. Que por sua vez, a garota bebeu toda a poção.

–Está melhor, Saori?!

Koshiro a perguntou, deixando-a fora de seus braços. Enquanto aos poucos ela ficava melhor.

–A-acho que sim! Obrigado Koshiro!— Ah!

Ela estava o agradecendo, quando percebeu toda a sua situação, com sua roupa molhada. Imediatamente seu rosto ficou muito vermelho, ela poderia morrer de vergonha naquele momento que percebeu.

Rapidamente, ela levantou-se pedindo desculpas com seu rosto envergonhado e com nojo de se própria.

–Eu não me importo com nada disso... mas, essa situação me incomoda, e muito! Saori Horika, quem realmente é você?!

Koshiro trouxe a tona, o ultimato para a garota. Seu olhar se tornou frio e sua voz sairá secamente quando disse aquelas palavras.

–Me-me desculpe, eu não queria.... mentir pra vocês! Eu precisava fazer assim. Mentir minha identidade, era o único meio de me proteger, mas, agora não preciso mentir!

Ela dizia aquelas palavras, já permitindo suas lágrimas de tranquilidade escorrer por seu rosto, vindas de seus lindos olhos roxos.

–O meu verdadeiro nome é... Saori Iteza, do ramo principal!

Koshiro se espantou, ao ouvir aquele sobrenome. Uma garota da alta nobreza estava sendo escoltada por meros aventureiros de uma aldeia diferente.

–Isso muda tudo!

Ele disse de forma séria e preocupado. Naquele momento, as coisas estavam prestes a mudar. O clima do dia seguinte seria outro, tais revelações fizeram as engrenagens das rotas se mexerem. E enquanto isso, Mena e Tokaru, apenas continuam a dormirem como pedras, sem ter notado nada, além do prazeroso sono noturno.