Capítulo 1 - Jon Snow

Capítulo 1 – Jon Snow

 

Jon Snow estava deitado em sua cama, sentindo o mundo ao seu redor girar em um redemoinho sufocante de calor e dor. Seu corpo parecia em chamas, cada respiração um esforço, e sua mente flutuava entre a consciência e o abismo do esquecimento. Tentava se agarrar à realidade, mas o calor era como um peso esmagador, puxando-o para baixo, para longe da luz. Ele mal conseguia perceber os sons ao seu redor, tudo se misturando em um zumbido indistinto.

 

Então, como através de um véu espesso, ouviu a voz de Robb Stark chamando por ele do lado de fora "Jon! Por que você ainda está aí dentro? Estamos te esperando no campo de treino!" A voz de Robb estava cheia de impaciência, mas também de preocupação.

 

Jon tentou responder, mas sua voz não saiu. O esforço fez sua cabeça latejar ainda mais, como se estivesse prestes a explodir. Do lado de fora a, Robb esperou por um momento, mas ao não ouvir resposta, sua impaciência se transformou em alarme. Ele empurrou a porta e entrou no quarto.

 

O que ele encontrou fez seu coração pular uma batida. Jon estava deitado, o rosto pálido e coberto de suor, os olhos semicerrados em agonia. "Jon!", Robb exclamou, correndo até o lado da cama. "O que aconteceu?"

 

Jon não conseguiu responder, seus lábios tremendo sem formar palavras. Vendo seu estado debilitado, Robb sentiu o pânico começar a se espalhar. Ele não podia perder seu irmão, não assim.

 

"Eu vou chamar o Meistre Luwin," Robb murmurou, a voz tensa. "E vou avisar o pai."

 

Sem esperar por resposta, Robb se levantou e correu pelo corredor, sua mente tomada pelo medo do que poderia acontecer a Jon.

 

Algum tempo depois, o quarto de Jon estava silencioso, exceto pelo som suave e regular da respiração do jovem. Um pequeno grupo se reunia em torno da cama. Mestre Luwin estava inclinado sobre Jon, examinando cuidadosamente cada sinal vital, suas mãos hábeis trabalhando com precisão, mas seu rosto não escondia a preocupação. Perto da porta, Ned Stark observava em silêncio, com os olhos fixos no filho que ele havia criado como seu, mas que sabia ser, na verdade, o filho de sua falecida irmã, Lyanna.

 

Robb estava ao lado do pai, a testa franzida, os olhos arregalados de preocupação enquanto observava o mestre trabalhando. Ele já havia visto doenças antes, mas nada como isso. Jon parecia estar em uma batalha silenciosa, lutando contra algo invisível e implacável.

 

Ned, por sua vez, sentia o peso de uma responsabilidade que jamais poderia compartilhar com ninguém. As palavras de sua irmã ecoavam em sua mente, como uma sombra que ele não conseguia afastar: "Proteja-o, Ned... por favor, proteja meu filho." Ela havia morrido em seus braços, e ele havia prometido com todo o coração que faria o que fosse necessário para manter Jon seguro.

 

Agora, vendo Jon naquela condição debilitada, seu coração apertava como se estivesse sendo esmagado. Ele não podia falhar. Não podia deixar que o último pedido de Lyanna fosse em vão. Jon era mais do que apenas um filho adotivo; ele era o legado de Lyanna, a última coisa que ela havia deixado neste mundo.

 

Após alguns instantes, Mestre Luwin suspirou, levantando-se lentamente. Ned, que estava em pé ao lado da cama de Jon, não pôde conter a ansiedade que crescia dentro dele. "Como ele está, Mestre Luwin?", perguntou, sua voz carregada de preocupação.

 

Mestre Luwin olhou para Ned, o rosto sério. "Lord Stark, Jon está sofrendo de alguma espécie de febre rara. Fiz tudo o que pude, mas agora, tudo depende inteiramente dele. A luta é de Jon, e só ele pode vencê-la."

 

As palavras caíram como uma pedra no coração de Ned e Robb. Robb, sentindo a angústia crescer, tentou se manter firme. "Jon é forte," disse ele, com uma convicção que tentava instilar em si mesmo. "Ele vai sobreviver."

 

Ned assentiu, forçando um sorriso de aprovação. "Sim, ele vai," respondeu, tentando acreditar em suas próprias palavras. Mas, por dentro, a incerteza e o medo ainda o consumiam.

 

...

 

Pelo resto do dia, Jon sofreu constantemente com a febre que parecia consumir cada parte de seu corpo. Espasmos musculares percorriam seus membros, fazendo-o contorcer-se de dor, mesmo nos breves momentos em que caía em um sono agitado. Era como se uma batalha estivesse sendo travada dentro de seu corpo, uma batalha que ninguém podia ver, mas cujas consequências eram dolorosamente evidentes.

 

Arya, Bran e Rickon, ao saberem da condição de Jon através de Robb, tentaram visitá-lo várias vezes, mas foram impedidos por seu pai. Ned, apesar de compreender a preocupação dos filhos mais novos, sabia que Jon precisava de espaço e tranquilidade para se recuperar, sem o peso das preocupações dos irmãos mais novos sobre ele.

 

Arya, teimosa como sempre, argumentou com o pai, mas Ned foi firme. "Ele precisa de descanso, Arya," disse ele, colocando uma mão reconfortante em seu ombro. "Jon precisa de tempo para se recuperar. Vocês poderão vê-lo quando ele estiver melhor."

 

Sansa, por outro lado, não fez qualquer esforço para ver Jon. Ela sempre teve uma relação mais distante com ele, uma distância que, em grande parte, vinha da influência de sua mãe, Catelyn Stark. A antipatia de sua mãe por Jon, devido às circunstâncias de seu nascimento, havia sido transmitida para Sansa, que preferia manter sua distância.

 

...

 

Arya abriu a porta do quarto de Jon com um movimento rápido e decidido, e seus olhos se iluminaram ao ver o irmão sentado na cama. "Jon!" gritou ela, sua voz carregada de alegria e alívio. Sem hesitar, Arya correu para ele, lançando-se em seus braços. "Você está acordado!" comemorou, abraçando-o com força.

 

Jon a segurou firme, sentindo o calor e a força do abraço de Arya. Ele podia ouvir seus soluços, e percebeu que as lágrimas escorriam pelo rosto da irmã. "Está tudo bem, Arya," disse ele, sua voz suave e reconfortante. "Eu estou bem agora."

 

Ela se afastou apenas o suficiente para olhar para ele, um sorriso aliviado surgindo em meio às lágrimas. "Eu estava tão preocupada," confessou, enxugando o rosto rapidamente.

 

Antes que Jon pudesse responder, a porta se abriu novamente, e Mestre Luwin entrou, seguido por Eddard e Robb. Ao ver Jon acordado e sentado, com uma aparência muito mais saudável do que antes, sorrisos de alívio se espalharam por seus rostos. Robb foi o primeiro a se aproximar, abraçando-o com força. "Eu pensei que iria perdê-lo," disse ele, sua voz carregada de emoção.

 

Jon retribuiu o abraço, sentindo o peso das preocupações de seu irmão mais velho. "Eu estou aqui," disse Jon, tentando aliviar a tensão.

 

Eddard, sempre contido, colocou a mão no ombro de Jon, seus olhos revelando mais do que suas palavras. "Estou feliz em ver que você melhorou, Jon," disse ele, sua voz firme, mas carregada de sentimento.

 

Jon, que havia crescido como o bastardo de Eddard Stark, sempre à margem de sua própria família, mesmo sofrendo com os abusos verbais de Lady Stark, sentiu seu coração se aquecer ao ver a alegria genuína de Robb e Eddard com sua recuperação. Pela primeira vez em muito tempo, ele se sentiu verdadeiramente parte daquela família, cercado por amor e preocupação.