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24. Se quiser pode me ajudar agora...

LIZ

12 dias para o baile de inverno.

— Então, você tem merda nessa cabeça, não é? — Rafa continuou o assunto da praia enquanto entrava no carro, as outras meninas e eu fazendo o mesmo.

Cecília me olhou algumas vezes e todas nós estávamos com cara de quem estava levando uma bronca das boas de Rafa.

— Não é assim...

— Liz, eu disse pra você sair debaixo das asas da sua mãe, mas não era pra você fugir e deixar ela preocupada, louca! — Rafa ligou o carro e logo saímos da orla. — Eu não gosto muito da sua mãe, porém sua covardia foi enorme!

— Caralho! Eu sei que sou uma porra de uma covarde, Rafa, eu me assumi lésbica por uma carta! Uma carta! Então por favor só para de me encher o saco! — cruzo os braços irritada demais, uma atitude totalmente desnecessária, ainda mais com Maya, Cecília e Ingrid na parte de trás do carro.

Vejo pelo retrovisor o rosto indeciso de Cecília, ela parece estar querendo tocar em meu braço direito, que tem bastante acesso por estar sentada atrás de mim. Minha cara emburrada melhora um pouco quando Cecília passa a me encarar pelo retrovisor e lança um sorrisinho contido.

— Liz, não importa a forma que você faz, você tem orgulho do que é e isso que importa! — Rafa fala depois de algum tempo em silêncio, só nos duas em silêncio mesmo porque Ingrid e Maya não param de falar baixinho, às vezes colocando Cecília no meio da conversa, elas estão fascinadas com Nova Orleans. — Pelo menos nesse caos que você formou... — Ela não conseguiu deixar de criticar, mas logo se retratou. — Você conseguiu sair desse armário! Eu sei que todo mundo tem seu tempo, mas você parece que está a tempo demais aí...

Sou obrigada a rir do jeito divertido que ela fala.

— Você acha que estou demorando demais porque já nasceu fora do armário e provavelmente porque passou tempo demais esperando que eu fizesse isso quando a gente estava junto.

— Faz sentido vocês terem namorado! Eu sempre via ela indo te buscar... — Ingrid diz com empolgação como se tivesse terminado um quebra cabeça que tem tempos que está tentando completar.

— Nós não namoramos! — Trato de retrucar esse mal entendido.

— Nós só ficávamos, somos amigas desde sempre e não dava mais que uns amassos mesmo. — Rafa fala com naturalidade, eu fico vermelha por ser um pouco mais retraída que ela.

— Rafa!

— Isso a Liz não conta! — Maya reclama e começa a falar sem dar pausa. — Eu só descobri que a Liz é lésbica quando a Cecília estava lá em casa, elas estavam muito próximas e eu fiquei com ciúmes disso porque achei que ela estava me trocando, mas na verdade estou desconfiando que...

— Não precisa contar a história toda, Dinaaah!

Cecília acha graça do meu nervosismo e por interromper mais que depressa a minha amiga e sua boca grande.

— Não estou nem aí, quem não sabe que você e Cecília ficam trocando olhares demais e sabe mais lá o que não trocam!

— MAYA!

Rafa começa a rir.

— Como eu não sei disso? — Ingrid acusa Cecília e eu sou obrigada a virar para trás para ver a cena. Cecília está com o rosto vermelho, o que vai totalmente ao contrário do feitio dela já que parece ser desavergonhada de tudo. — Por que não contou que estava pegando Liz Rodriguez?

— Mas...

— Ninguém falou que a gente se pegou! — Sou obrigada a entrar no meio do papo e tentar mudar o rumo da conversa, mas não acho que vai dar muito certo.

— E precisa? Esses olhares bestas uma para o outra fazem sentido agora!

— Ah, eu...

— Eu sabia que a Cecília era sua crush, Liz! — Maya se vangloria.

— Eu nunca imaginaria que a Cecília de fato estava afim da Liz, afinal ela parecia ser uma vadia até um dia atrás! — Ingrid me chama de vadia na maior naturalidade do mundo, como se estivesse acostumada com o termo.

— O quê?! Por que vadia?

— Você anda com a Madelaine às vezes e além disso não parecia ser a pessoa mais simpática do mundo, na verdade parece uma nojenta...

— Olha, Madelaine é legal! — Defendo a Becker afinal ela não é de todo mal. — E eu não sou nojenta, só não gosto de toda essa merda tóxica de popularidade!

— Madelaine é legal... — Ingrid ri, apesar de ser da torcida, ela é mais uma das que não gosta da Madelaine.— Beija a boca dela então! — fala com abuso.

— Madelaine é legal mesmo. — Rafaela concorda comigo e olho para ela desconfiada. — Nós conversamos muito e somos amigas desde o bar...

— E só pra você saber, Ingrid, eu já beijei a boca dela!

Acabo me expondo mais que o necessário e Ingrid fica boquiaberta com a descoberta.

— Meu pai amado, mal sei que é lésbica e já fico sabendo também que passa a boca em qualquer lugar...

— Me senti levemente ofendida. — Cecília comenta e se as meninas tivessem prestando atenção nela entenderiam.

— Ela tem cara de que beija bem... — Rafa comenta com um sorrisinho para o meu lado. — Beija mesmo, Lo?

— Não tenho o que falar mal! — respondo e escuto vários sons de de nojo vindos da parte de trás.

— Ai que nojoooo!

— Eca, beijar a boca da Becker!

— Todo mundo saindo do armário na torcida, só falta eu. — Ingrid brinca.

— Becker, eu já sabia... — Cecília conta normalmente, até parece uma informação que todo mundo já tinha conhecimento. — Só Liz que foi uma ótima surpresa.

— Aaaaaa! Olha ela toda bobaaaa!

— Ingrid!

— Gente, foco aqui! — Rafa salva Cecília da vergonha que Ingrid provavelmente faria ela passar. — Hoje vai ter uma festinha lá em casa pra gente comemorar a virada do ano, então vamos ter que passar no mercado agora...

— Tudo bem. — Concordamos em passar no mercado pra fazer as compras mesmo que eu só quisesse ir muito para o apartamento de Rafa.

— Foi por pouco, Ceci. — Ingrid implica com a amiga.

*****

— Até que enfim vocês voltaram! — Fallon aparece assim que mal colocamos os pés dentro do apartamento de Rafa.

— Você fica mesmo atrás da porta, não é? — Rafa brinca e Fallon mexe os ombros mostrando que talvez Rafa esteja certa, mas nunca saberemos. — Acho que fica...

— Tenho uma câmera na porta. — Fallon retruca em brincadeira.

— Não duvido. — Maya quem fala, ela e Ingrid estão jogadas no sofá de Rafa, enquanto Cecília e eu estamos no tapete no chão.

Rafa está de pé, perto da bancada que separa a cozinha e a sala, Fallon se aproxima da minha amiga pra mexer no cabelo dela.

— Ô, Verooo. — A voz vem do lado de fora do corredor.

— É a Vanessa. — Rafa empurra Fallon enquanto sorri. — Vai embora, ela está a sua procura.

— Estou na Rafa!

A porta do apartamento é aberta antes que Fallon consiga se aproximar para abri-la. Uma mulher morena de cabelos roxos entra com vários sacos de papel cheios de compras.

— Oi! — Vanessa fala com certa surpresa. — Não esperava que vocês já tivessem voltado, mas trouxe as bebidas pra mais tarde.

— Nós vamos ter que beber muito, Vanessa, porque a Rafa já comprou meio mercado e você comprou mais um monte de bebidas também. — Maya brinca como se fosse íntima da garota há tempos, mas só depois lembro que Maya e Ingrid dormiram no AP de Vero.

— Quando mais, melhor é, Maya! — Vanessa fala animada e despeja os sacos com os litros de bebidas em Fallon e Rafa.

— Tem que ter muita bebida porque a Rafa exagera sempre em convidar pessoas. — Fallon fala de forma que dá entender que isso é um problema passado entre elas.

— Esqueçam a discussão que vocês querem iniciar e me apresentem as duas ali. — Vanessa coloca as mãos na cintura para mostrar sua impaciência com as duas que logo iriam iniciar uma briga.

— Aquela é a Cecília. — Fallon apontou para a pessoa que estava me empurrando naquele momento para que eu a deixasse deitar em minhas pernas. — E a outra a Liz.

— É minha ex quase namorada. — Rafa complementou só pra me envergonhar.

— Não precisa falar isso pra todo mundo. — Retruco e cruzo os braços, Cecília ajeita a cabeça nas minhas coxas e sei que ela está me encarando.

— Precisa sim, você é linda e tenho que falar que eu quase te namorei pra fazer inveja.

— Me senti ofendida afinal você não sai falando que foi minha namorada pra ninguém! — Fallon faz se ofendida. — Sou tão feia assim?

— Você é linda, deixa de ser boba! — Vanessa empurra Fallon com os sacos de bebidas ainda em seus braços. — Agora deem um jeito de guardar isso!

*****

A festa no apartamento de Rafa estava rolando a todo vapor, Maya e Ingrid estavam dançando com seus copos de bebidas em mãos perto de onde eu estava.

Cecília estava sentada ao meu lado no sofá que havia na varanda do apartamento, ela estava com uma garrafa de cerveja por perto enquanto eu apenas estava segurando meu copo vazio com um drink que Rafa tinha me colocado pra fazer algum tempo antes.

Cecília aproxima seu corpo do meu, encostando quase totalmente na lateral do meu corpo e deixa um beijo rápido no meu rosto, o que acaba me assustando um pouco pela forma repentina. Castillo começa rir, mas logo para e então sorrio pra ela e pergunto:

— O que foi isso?

— Um beijinho... Não pode? — Cecília brinca e deixa a garrafa vazia de cerveja no chão.

— Não, não pode. — Retruco numa provocação barata.

Cecília abre a boca como se tivesse surpresa com minha provocação e aproxima mais seu rosto do meu, minhas mãos instantemente vão para o corpo dela e quando seu rosto está perto o suficiente meus olhos fecham para que eu aproveite melhor o beijo que está por vir.

Cecília segura meu queixo e apenas passa seus lábios sem pressa pelos meus, é uma provocação boba, mas que me irrita um pouco. Tento empurrar a cabeça de Cecília com minha mão na nuca dela, porém não adianta muito, ganho apenas os dentes de Cecília segurando meu lábio inferior enquanto ela sorri perto da minha boca.

Faço menção de me afastar, mas não consigo porque Cecília então me beija de fato, seus lábios contra os meus... Não sei explicar o que acontece, mas meu corpo fica sem controle e um pouco leve demais quando ela está me tocando o mínimo que seja.

*****

Sinceramente eu não sei ao certo em que momento fomos para o quarto, nenhuma de nós quis beber nada apesar de ter nos ter sido oferecido várias vezes até nosso ponto final. Cecília estava sempre sorrindo daquele jeito alegre e bobo dela, seus olhos não se desgrudavam do meu corpo.

E eu não queria desgrudar minha boca do corpo dela, eu tinha noção de onde aquilo ia terminar e mesmo que fosse minha primeira vez de fato transando, eu não estava importando se fosse uma merda, afinal é o que dizem, eu confiava em Cecília mesmo que nos conhecêssemos pouco pessoalmente.

Minhas pernas estavam embaralhadas com as de Cecília, mas eu tinha minha coxa esquerda muito bem posicionada entre pernas. Cecília parou de cantarolar junto com a música que vinha do lado de fora, aparentemente ela estava tentando não pensar muito no que eu estava tentando causar nela, com os toques, beijos e mordidinhas em seu pescoço.

— Liz?! — Cecília me chama e se afasta um pouco, logo fico preocupada.

— Oi?

— Eu não acho que seja o melhor momento pra isso... — me afasto um pouco dela, apenas para olhá-la enquanto entendo o que ela quer dizer.

— Tudo bem, se você não quer, eu não vou insistir. — Lanço um sorrisinho pra ela, tentado não parecer decepcionada.

— Não é isso, eu escutei o que Maya falou quando passamos por ela.

— O lance da virgindade?... Ela não falou, ela gritou a propósito. — Cecília balança a cabeça concordando e sorri para meu exagero. — Isso é uma bobeira... Eu realmente sou virgem, mas não é porque estava me guardando ou tenho algum tipo de restrição, você pode achar idiota até... Porém eu nunca senti vontade de chegar até o final com alguém, entende?

— Isso é sério? Que louco... — Cecília se desembola das minhas pernas e senta na cama, eu logo a imito. — Você nunca fez nada mesmo?

— Tipo?

— Masturbação e afins... — Cecília fica vermelha ao deixar os afins para minha interpretação.

— Por favor, Cecília! — Reviro os olhos pra ela. — É claro que eu me masturbo, não sou de ferro! Maya que não saiba, mas eu não durmo tão bem sem uma boa siririca.

— Liz, meu Deus! — Cecília começa a rir. — Rodriguez, eu nunca imaginaria! Você com toda aquela cara de irritação na escola, eu achei que você nem gozasse.

— É por isso que eu preciso de ajuda pra dormir. — Brinco e Cecília ri, ela se aproxima e me dá um beijo no pescoço.

— Hmm, se quiser pode me chamar pra te ajudar sempre que precisar. — Cecília deixa um chupão no meu pescoço, seu nariz passa na minha pele para chegar até minha orelha. — Você não precisa fazer tudo sozinha.

Cecília brinca num tom manhoso, ela me deixa excitada com pouca coisa.

— Eu aceito sua ajuda. — Cecília sorri contra a pele da lateral do meu rosto. — Se quiser pode me ajudar agora...