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15. Tem algo acontecendo entre nós?

LIZ

28 dias para o baile de inverno.

Madelaine não fala nada enquanto vai para o carro. Ela entra ainda calada e eu me enrolo um pouco no processo de entrar no carro alto dela. Ela nem parece ter saído de um treino, apesar de levemente suada, ela está com seu uniforme da torcida parecendo impecável. Eu ao contrário da Becker parece um projeto de boneco de neve nesse moletom branco.

— Você não quer que eu abra a porta, certo? — Becker ironiza.

— Sei que não consegue ser uma dama dessa forma. — Retruco e ela ri. — Por que essa implicância toda comigo?

— Não aguenta a pressão, Liz? — Ela só me chama pelo nome quando estamos sozinhas.

— Me responde. — Madelaine deu partida no carro e finge que eu nem abri a boca. — Vive me alfinetando, jogando os caras do time para cima de mim e me pressionando nos ensaios... Para completar ainda me beija, você é louca ou o quê?

Becker gargalha, ela é louca e nem preciso de resposta.

— Eu não te devo qualquer tipo de satisfação, Liz. — Me responde e logo depois liga o som do carro, me surpreendo quando não é algum tipo de diva pop que canta e sim 'Cage the Elephant'. — Mas... Gosto de te ver irritada, suas bochechas ficam coradinhas. — Madelaine me olha quando fico vermelha. — Dessa forma aí, só que seus olhos ficam um pouco cheios de faíscas, é atraente.

Ela acabou de falar que se atrai por mim e é isso que falo:

— Você é maluca!

— Eu jogava os caras para cima de você para tirar eles dos meus pés, depois que passei a desconfiar da sua orientação eu deixei de fazer isso. — Madelaine nem perguntou onde moro, mas ela está indo para o lado certo ao menos. — Não sou louca, só te beijei porque me sinto atraída por você.

— Então... É só atração? — Pergunto e me sinto ansiosa sobre isso, Madelaine ri.

— Liz, foi só um beijo. Não quero te namorar ou algo assim. — Suspiro aliviada com a informação recebida. — Só se você quiser.

Becker gargalha, ela diminui a velocidade do carro e entra num estacionamento de uma loja de conveniência.

— Oferta tentadora, mas tenho que dispensar. — Ironizo e ela para o carro em frente à loja. — Por que parou aqui?

Madelaine se inclina e segura meu queixo de forma delicada, me fazendo inevitavelmente encara-la. Ela me beija quando solta o meu queixo. Não sei que merda tenho na cabeça, mas retribuo ao beijo. Ela não teve pressa alguma durante o ato, e foi até melhor do que os de antes, ela se apoia na minha cintura e agarra no meu moletom.

Um vento gelado entra pela Mayala, Madelaine é do tipo que gosta do vento pelo que percebi, mesmo numa época mais fresca como essa. Miami está bem fria para o normal mesmo que seja inverno.

Quando ela se afasta que percebo que minhas mãos estão em sua cintura e pescoço.

— Vou roubar a loja se prepare para dirigir. — Madelaine sorri e sai do carro, não sei se é brincadeira ou não, mas estou pronta para descer do veículo e deixar Becker se foder sozinha se ela sair da loja de conveniência correndo.

Ela não demora a sair da loja e pela forma sem pressa que sai constato que era só uma brincadeira, ainda bem.

— Menos mal.

Abro a porta para Madelaine e ela joga dois sacos de papel no banco, puxo-os para meu colo para que ela se sente.

— Eu sabia que você não ia manter o motor ligado e nem estar na direção. — Madelaine balança a cabeça fingindo decepção. — Você não é o que eu esperava, Liz.

— Nunca espere nada de mim, tenha isso em mente.

— Uh, isso é meio decepcionante. — Madelaine tira duas garrafas pequenas de suco de dentro de um dos sacos de papel que seguro. — Estou morrendo de fome, depois do treino sempre passo aqui... Não conte para as meninas.

Ela fala de forma divertida, nem parece que é um ser horrível na escola.

— Não vou. — Lhe lanço um sorriso, só que nem de longe estou animada. Me sinto cansada e só queria um pouco da minha cama até o horário de ir trabalhar.

Madelaine fala depois que ficamos em silêncio por algum tempo:

— Me fale onde mora. — Ela suspira, como se fosse um pouco decepcionante eu estar ali com ela. — Você não parece bem.

— É porque não estou.

— Você não quer conversar sobre isso obviamente...

— Exatamente. — Concordo. Madelaine pode aparentar ser outra pessoa, o que não significa que eu tenha que confiar nela para contar algo depois de todas as vezes que ela me perturbou.

Explico para ela o caminho até minha casa e apesar de ter um carrão e parecer esnobe Becker não parece me julgar por morar numa região mais popular do que o provável lugar onde mora.

— Obrigada. — Agradeço e olho para ela um pouco envergonhada. Madelaine está com uma expressão tranquila enquanto bebe o restante do seu suco de frutas vermelhas.

— Por nada, Liz. — Becker se vira um pouco para o meu lado e leva sua mão até o saco de papel cheio de mini rosquinhas para pegar uma. Abro a porta do carro e depois coloco o saquinho no banco. — Então, até mais.

Madelaine acena, ela sabia que dessa vez não ia conseguir me beijar porque eu estava em alerta, muito menos em frente minha casa que deixaria ela fazer isso.

Só quando estou abrindo a porta de casa que ela vai embora.

*****

wayhaughtvibes

Oi

Você melhorou meu dia em 1000%

Seus chocolates são maravilhosos

Fico feliz que gostou :)

Posso te mandar sempre já que gostou

Posso retribuir também?

Eu não reclamaria sinceramente haha

Então qualquer dia você receberá algo meu

Mal posso esperar ❤

*****

Por estar ficando até mais tarde na escola consigo sair fora da conversa sobre as universidades, por enquanto. Estamos treinando bastante, Madelaine ainda pega no meu pé sobre como tenho que fazer a coreografia, mas sei que não é por pura implicância somente.

Temos trocado mais que farpas, não é saliva ou qualquer coisa do tipo, digo em questão de conversa estamos nos entendendo até que bem em comparação à antes. Maya não agrada dessa nossa recém amizade, ela sempre desconfia das ações da Becker; não a culpo, pois, apesar de não estar achando ruim não estou totalmente segura sobre isso.

Estou suada apesar de estar uma noite fria, não é por menos já que a apresentação do intervalo do jogo foi ótima e muito bem elaborada por Madelaine (tive participação nisso assim como Ingrid).

Estou concentrada em duas garotas abraças e suas interações na arquibancada, Maya me acotovela interessantíssima no que olho. As pessoas gritam a favor do time da escola a todo momento então tenho que falar mais alto para minha amiga me escutar.

— Aquela é Amandla Jones?

— Sim, sua concorrente. — Maya me zoa, ela sabe que nem de longe quero participar dessa competição boba pela coroa. As únicas que realmente devem querer ganhar isso são Sidney Wilson e Danielle Schmidt (essa eu sei que quer). — Aquela com ela é Raven Straus, namorada dela.

— Uh... Não sabia. — Comento. — Elas são muito fofas juntas.

— Pela sua cara eu vejo que não sabia. — Maya ri debochada. — Suas reações parecem de uma pessoa homofóbica às vezes.

— Homofóbica só a sua b...

— Oi! — Não termino a frase porque a voz quase gritada de Ingrid Edwards me corta. Ela está um pouco mais suada que eu. Estremeço quando um vento gelado passa por nós. Cecília Castillo está atrás de Ingrid, o sorriso característico ali dançando em seu rosto lindo. — Podemos ficar por aqui?

— Tu vai babar nas garotas. — Maya se inclina para me falar isso, ficando quase costas para as duas garotas, em seguida virando—se para elas. — Podem sim.

— Obrigada.

— Liz afasta para caber elas. — Minhas amigas me acotovela mais uma vez.

— Hey! — Exclamo ofendida por ela insinuar que ocupo espaço demais, Ingrid ri e Cecília acha uma forma de resolver o conflito.

— Eu sento ao lado dela, não precisamos causar incomodo.

Rapidamente antes que Maya falasse por mim que eu não importaria em afastar a latina já está sentada ao meu lado direito deixando-me entre ela e Maya.

— Nossos lugares não eram muito bons por isso procuramos por outro. — Cecília fala como se precisasse me dar uma explicação por estar ali.

— Não era tão ruim assim, gosto lá de cima. — Falo e Cecília me olha surpresa, penso ser por eu ter notado as duas no alto da arquibancada. Penso que ela devia estar me observando também porque por vezes fui puxada por uma vontade estranha de olhar para o alto como se tivesse sendo observada.

— É... Ingrid tem medo de altura. — Cecília explica rapidamente e quase se atrapalha com sua pressa. — Se ficássemos lá por algum tempo era bem provável que ela surtasse.

Eu poderia retrucar aquela afirmação claramente duvidosa já que Ingrid constantemente era uma das que ficava por cima da pirâmide, sempre era jogada para o alto e se divertia infinitamente com esse tipo de atividade. Mas... Deixei essa passar em consideração ao cuidado que teve comigo no banheiro.

— Ah sim, entendi.

Cecília suspira pesado quando eu enfim falo, ela parece aliviada que aceito a desculpa esfarrapada dela.

— Uh... — Cecília suspira e fala alguma coisa baixinho que não entendo, acho que ela está com vergonha de sua mentira. Ela levanta e começa a andar. — Já volto, In.

— Onde vai?

Cecília sai rapidamente descendo a arquibancada com pressa, ela poderia cair a qualquer momento. Ingrid se levanta pronta para ir atrás da amiga, mas eu a impeço.

— Hoje é a minha vez.

Corro (da forma que dá) arquibancada á baixo atrás de Cecília. Estou vendo-a apesar de não estar perto o suficiente para perguntar se está tudo bem. Continuo seguindo-a, até que ela entra em um banheiro. Sorrio com a ironia, banheiros são os melhores lugares para se esconder? Bem, acho que não porque sempre somos encontradas.

Algumas garotas saem do banheiro antes que eu entre nele, quando estou dentro dou de cara com Cecília passando as mãos úmidas no rosto.

— Tem algo nos banheiros que nos une. — Brinco e por mais que ela pudesse me ver pela visão periférica ela ainda se assusta um pouco pois vejo seu corpo reagir de forma que mostra isso.

— É.

Cecília se apoia na bancada da pia e se olha no espero, ficando inclinada. Não queria ser esse tipo, mas meus olhos descem diretamente para sua calça jeans apertada que chama mais atenção para sua comissão traseira que é extremamente abundante.

Quando volto a olhar em seu rosto me assusto pois ela está me olhando de uma forma questionadora, não consigo ficar menos que corada. Cecília se aproxima sem pressa e se apoia pelo quadril na bancada, ficando em minha frente e por pouco menos de meio metro nos separando.

— Eu menti...

— Eu sei. — Sorrio e ela me olha querendo explicar o porquê.

— Eu queri... — Ela pigarreia e recomeça sua fala. — Ingrid e eu queríamos chamar vocês para sair e comer algo depois do jogo, também queria saber se está tudo bem.

— Uh, está tudo bem. — Respondo mesmo que não esteja confiante de que era isso que Cecília queria dizer. — Não sei se Maya vai querer...

— Ei, Rodriguez! — Madelaine quase grita na minha orelha parecendo animada demais para estar sóbria. — Nós vamos sair para festejar após o jogo, você quer ir?

Deixo Cecília de lado para olhar para Madelaine, Cecília Gomez e Danielle Schmidt que estava do meu lado esquerdo reunidas como um trio de heroínas em sua pose de gloria.

— Festejar? — Pergunto e sei que minha expressão de confusão é evidente, escuto Cecília Castillo rir baixinho. — O time não estava perdendo?

— Ainda está, mas beber não precisa de motivo. — Cecília Gomez responde como se fosse óbvio e sorri para mim.

— Se quiser ir também. — Madelaine fala com Cecília, acho que isso foi uma técnica para tentar me convencer.

— E aí? Vai? — Danielle Schmidt realmente não vai muito com a minha cara, ela não tem paciência quando se trata de mim.

— Não estou no clima hoje, desculpa. — Faço minha melhor expressão de pesar.

Schmidt não revira os olhos na minha frente, mas sei que ela faz isso quando anda até o espelho atrás de Cecília. Gomez sorri e dá de ombros, ela é bem mais simpática que Danielle. Madelaine me avalia o que me faz olhar para a Castillo numa tentativa de desviar o olhar, a latina me lança um sorriso quase imperceptível parece feliz por eu ter dispensado a comemoração das garotas da torcida.

— Tudo bem, deixa para outro dia então. — Becker sorri e parece feliz demais para quem acabou de ser deixada de lado.

— Isso. — Afirmo e olho para Cecília Castillo. — Vamos?

— Vamos. — Ela concorda e pega na minha mão, eu estava totalmente desprevenida para aquele ato. Olho para a latina que sorri tão envergonhada quanto eu, Cecília não solta e imagino que seja porque Madelaine estava ali e isso seria ainda mais constrangedor.

— Até mais, Becker. — Puxo Cecília para vir comigo e ela quase esbarra em mim com a força que uso.

— Até. — Madelaine fala parecendo divertida, ela ergue as sobrancelhas e sinto que ela poderia fazer um "joinha" com os polegares para mim o que é totalmente fora de contexto pois nada está acontecendo entre Cecília e eu.

Ou... Tem algo acontecendo entre nós?