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Flor de pena e seu gosto por girassóis

Memórias de um ano atrás voltam à cabeça. Lembro do fatídico dia em que te conheci, ou melhor, a noite que te conheci.

Eu que nunca conquistei nada, nunca consegui nada e nunca encontrei nada.

Minha autodefinição? Um falador qualquer. Sabia pouco, falava muito. Contava tantas histórias, tantas metáforas e poemas. Sem imagem, porque a insignificância não deve ter uma imagem. Nestes contos, ele se encontrou, e em cada conto era uma forma de dizer o que queria, mesmo que seja entre linhas.

Enfim, lá conheci novas pessoas -momentâneas- com quem fiz amizade, ou melhor, elas fizeram amizade comigo.

Uma dessas integrantes foi puxando papo com o escritor sem rosto, que foi usado como um refúgio de desabafos, um pequeno conselheiro.

E uma semana voou, a amizade se enlaçou ainda mais, e a animação finalmente pôde ser vista em seu rosto. Logo, o que era amizade se tornou romance.

Ela é extrovertida, animada, querida, espontânea e defeituosa, assim como ele. Está certo, ele, egoísta como era, amou os defeitos dela. Nessa dor, ele se encontrava; nessa agonia, ele tinha (quase) certeza de que dessa vez não seria abandonado.

'bom, se estou contando essa história então deve imaginar o resultado, não é?'

Juntos todos os dias ao anoitecer foi assim que se passou os meses, todos, os meses. Não importava a hora ou dia eles sempre teriam o que conversar e sempre estariam ao lado um do outro.

Mesmo sem nunca ter tocado no seu rosto, ele a amou.

Mesmo sem nunca ter a beijado, o seu amor durou.

Mesmo sem nunca ter segurado sua mão, ele amou estar com ela.

Mesmo sem nunca ter abraçado, o seu amor era dela.

Passaram-se mais dias e, de alguma forma, ele tornou-se uma figura diferente do que esperava, não era diferente do seu padrinho.

Cuidou dos vícios, da insônia, da solidão e da autoestima dela. Os problemas que pertenciam outrora exclusivamente a ela foram se esvanecendo, pois ele estava ao seu lado.

'Mas não tem como escrever uma história onde aquele que chora no fim não seja alguém além de mim.'

Ele, que conhecia ela melhor do que ela a si mesma, notou algo estranho. Os sete dias da semana de repente se tornaram quatro, depois três, então dois, e finalmente um.

Perguntou, preocupado com o que poderia estar acontecendo, e como resposta recebia apenas que tinha começado a ficar mais ocupada.

Em uma crise, pediu a presença dela, mas... Ela faltou. No outro dia, convenientemente, quem entrou em crise foi ela e quem ela procurou foi ele, que ficou ao lado dela até às quatro da manhã, quando ela finalmente adormeceu.

No outro dia, ela, uma poetisa, postou que sentia nojo de si mesma, que ele também sentiria se soubesse o que aconteceu. Os problemas que haviam sido resolvidos começaram a aparecer de novo.

A história se acelera, como todo corredor quando vê a chegada.

No outro dia, ela estava vendo um filme com um amigo. Ela não viu o escritor entrar, mas o amigo dela o viu e começou a diminuí-lo pelo simples fato de não o conhecer. Talvez ela tenha percebido ele, só não soube reagir ou escolheu não reagir, pois naquele momento, o mundo dela parecia que iria desabar em questão de segundos, até ser expulso por esse 'amigo'. No entanto, entra de novo; ela explica que aquele escritor é seu namorado. O tal 'amigo', com injúrias na língua, tira sarro. Finalmente, o pequeno escritor sai por vontade própria.

'Essa noite foi difícil, faltava ar para ele, seus olhos ardiam de tanto chorar, principalmente com o fato de como depois ela admitiu, ele tinha sido traído.'

Exato, no dia em que estava mal, no dia em que estava morrendo, ela não estava com ele. No dia em que descobriu isso e sentiu que realmente morreria, ela estava com esse amigo, tendo uma noite de êxtase, e que ao ver as mensagens dele, decide apenas desligar o celular.

Sozinho, percebeu-se novamente, esse era o estado absoluto de sua existência. A solidão.

A história ainda se repete, em ciclos, apenas com um 'ela' diferente. Sempre a mesma história, velha e sem graça, onde dói ver o final. Uma septologia ruim de terceira categoria que ainda tem muitos livros para serem escritos.

aiai, nada como um relacionamento ruim onde você é traído e não consegue confiar mais em ninguém.

Ourocreators' thoughts