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PASSADO DE PROTAGONISTA

Capítulo 7: Revelações na Sorveteria

A sorveteria estava cheia de risos e conversas descontraídas, mas para Endy, o ambiente parecia mais pesado do que o habitual. Enquanto saboreavam seus sorvetes, a conversa desviou para a redação que todos na escola estavam fazendo sobre a vida de Endy. Akiyo, com sua curiosidade habitual, decidiu tocar no assunto.

- Então, Endy, sobre a redação... - começou Akiyo, inclinando-se um pouco para frente. - Você mencionou que iria contar como conheceu o Nenji. Eu não consegui evitar me perguntar... tem algo mais que você gostaria de compartilhar sobre a sua vida? Algo que talvez você não tenha contado ainda?

Endy hesitou, claramente desconfortável. Seus olhos, que antes estavam focados no sorvete, agora pareciam perder o brilho. Nenji percebeu o clima tenso e tentou suavizar a situação.

- Vamos, Akiyo, não force a barra. O Endy já está ficando desconfortável...

Akiyo, no entanto, estava determinada. - Desculpe, Endy. É só que eu estou realmente curiosa. Se preferir, podemos falar sobre outra coisa. Mas antes de mudarmos de assunto, você disse que ia contar como conheceu o Nenji. Eu gostaria muito de ouvir isso.

Endy suspirou, sabendo que não havia como evitar a questão. - Está bem. Eu vou contar. Mas antes, é importante saber que a história não é exatamente como vocês ouviram.

Akiyo e Nenji se entreolharam, curiosos. Endy então começou a relatar sua história, mergulhando em um flashback que ocupava a maior parte da sua memória.

**☆**

Era o início do 9º ano do fundamental. Endy tinha acabado de se mudar para uma nova escola e, como era de se esperar, era o novato. Sua primeira impressão da escola foi marcada por murmúrios e olhares curiosos.

- Ei, aquele é o tal novato? Ouvi falar que ele é um gatinho - comentou uma garota para a amiga.

- Sim, e ele até que é bonitinho, mesmo. - A amiga respondeu.

Endy, ouvindo essas palavras, se perguntou como seria o primeiro dia na nova escola. Tentou encontrar sua sala, o que não foi fácil com a confusão dos corredores e os olhares que recebia.

" Por que? Tá todo mundo me olhando, cara? "

" Será que tem alguma coisa no meu rosto,ou algo assim? "

" Qual é! Parem de me encarar! Tô começando a ficar com vergonha aqui... "

Após algum tempo procurando, encontrou sua sala,Endy entrou na sala e, ao olhar ao redor, comemorou mentalmente:

" Finalmente, paz, mas não vai durar, certeza! "

" Nenhum rosto conhecido da antiga escola. "

O sinal soou, e a sala começou a se encher. Alunos tomaram seus lugares, e logo o professor entrou, dando início à aula. Durante o ensino, Endy começou a sentir olhares direcionados a ele, especialmente do sexo oposto.

" O que está acontecendo? "

Ele olhou surpreso e logo ouviu algumas garotas sussurrando entre si:

— Ele é bem bonito, mas parece meio quieto...

— Esses são os mais selvagens! Fufu.

Endy quase gritou internamente:

" Como alguém pode falar isso em público? Especialmente na sala de aula, com um professor presente? "

O peso da seriedade tomou conta de seu rosto.

As garotas se perguntaram se ele havia ouvido, e Endy pensou:

"Acham que sou o quê? Surdo!?É impossível não ouvir isso caramba! "

Ele olhou ao redor e notou os outros garotos encarando-o com ciúmes.

" Isso está parecendo um mangá... "

Ele refletiu.

Geralmente, ser o cara popular entre as garotas limita o círculo de amigos homens nas histórias. Mas isso não me importa; eu não quero fazer amigos. E, convenhamos, depois de me conhecerem melhor, provavelmente acharão que sou desinteressante.

O tempo passou, e quase na hora do almoço, ele percebeu que a poeira ainda não havia baixado. Ao se levantar para ir ao refeitório, ouviu vozes e olhares curiosos que ecoavam pelos corredores: Estamos apaixonadas por você! Ou estamos com ciúmes de você! No caso dos garotos.

Endy sentiu um nó na garganta, misturando nervosismo e incredulidade.

" Isso não pode estar acontecendo! "

Na hora do almoço, ele estava sentado sozinho, tentando se ajustar ao novo ambiente, quando três garotas populares se aproximaram dele.

- Ei, você se importaria de se sentar conosco? - perguntou uma das garotas, com um sorriso. - Podemos conversar mais sobre você, e quem sabe sair algum dia...

Antes que ela pudesse terminar, Endy a interrompeu. - Não estou interessado.

O refeitório ficou em silêncio. As garotas se entreolharam com vergonha e, sem mais palavras, se retiraram. Endy podia sentir o olhar curioso e às vezes hostil dos outros alunos. Aquilo se repetiu algumas vezes, criando uma imagem de Endy como um garoto reservado e solitário.

**☆**

No Corredor da Escola, e Endy caminhava em direção à sua sala, os passos ecoando no corredor. O ambiente estava repleto de risadas e conversas animadas, mas os olhares curiosos dos colegas não lhe deixavam em paz. Ele sentiu as atenções sobre si, como se fosse o centro de um espetáculo que não pediu para participar.

" Por que eles ainda estão me olhando? Mesmo depois de tudo? "

Os murmúrios o acompanhavam enquanto ele passava, lembrando-se das garotas que havia rejeitado recentemente.

" Será que esse povo não tem amor próprio? Eu sou tão bonito assim? Caramba! "

Entre os sussurros, ouviu algumas meninas comentando em voz alta:

— Ele é bonito, mas parece tão reservado. Deve ser anti-social.

Endy ficou surpreso com o que ouviu. Em vez de se irritar, um sorriso involuntário surgiu em seu rosto, uma expressão que fez as garotas ao redor trocarem olhares de espanto.

" Isso é ridículo. "

Ele riu por dentro, pensando no absurdo da situação." Agora sei como as idol populares se sentem nos animes." " Que maravilha! "

Um pensamento repentino o fez rir ainda mais." Quem seria a amiga da idol? Ou o amigo, nesse caso, já que sou a idol, né? "

No entanto, ele se interrompeu, refletindo sobre a afirmação anterior." Estou parecendo um otaku maluco. "

Enquanto continuava seu caminho, passou por um garoto de cabelos azuis. O jovem o encarou com olhos verdes penetrantes, e Endy sentiu um frio na barriga. Ele encarou o garoto de volta, notando uma expressão composta que logo se transformou em uma emoção sutil, raiva.

" Esse cabelo azul é algo realmente fora do comum... Quem em sã consciência pinta o cabelo de azul? "

A curiosidade o impulsionou a ir ao banheiro, uma maneira de afastar-se das atenções indesejadas. Ao chegar à sala, avistou o garoto novamente, que estava conversando com alguns amigos. Endy notou sua presença, admirando sua aparência singular.

" Como não notei alguém assim antes? "

" Ele parece até que veio de um anime.. "

Ele o observou de longe,

fascinado, até que o professor chamou o garoto.

— Tanaka, preste atenção!

O nome soou familiar para Endy, que imediatamente conectou os pontos. Um amigo do garoto, rindo, comentou:

— Cuidado, Nenji, você vai acabar expulso, desse jeito!

" Então, o nome dele é Nenji Tanaka. "

Essa informação o pegou de surpresa, mas logo ele se perguntou sobre a relevância disso em sua vida.

" Por que isso importa? "

" Vou prestar a atenção na aula, se não minha notas iram cair...."

Tentou voltar a sua atenção para a aula, mas logo se distraiu novamente quando uma garota, com um olhar admirado, disse em voz baixa:

— Ele é muito fofo quando está sério.

" Eu não sou fofo! "

Endy gritou internamente, sentindo uma mistura de embaraço e raiva.

**☆**

Endy estava no seu lugar de sempre no refeitório,quando Kaori se aproximou de Endy com um sorriso amigável.

- Oi, você é o Endy, certo? - Kaori perguntou, com um olhar acolhedor.

Endy olhou para ela com um misto de surpresa e desconfiança.

" Eita, lavamos nós denovo! "

Endy respondeu.

- Sim, sou eu. O que você quer?

Kaori hesitou, mas continuou com um sorriso gentil. - Só queria te conhecer melhor. Podemos ser amigos? Tenho certeza de que você vai gostar daqui.

Endy, ainda guardando suas defesas, respondeu com frieza. - Não estou interessado em fazer amigos.

Kaori, surpresa e visivelmente magoada, tentou manter a compostura. - Ah, entendi. Desculpe por incomodar.

Ela se virou e saiu correndo, lágrimas escorrendo pelo rosto.

" Desculpa não foi pessoal, só não quero amigos, ok? "

A cena foi observada de longe por Nenji, que estava apaixonado por Kaori. Ver a rejeição de Endy fez com que sua raiva se intensificasse.

Nenji se encontrou com alguns amigos em um canto da escola.

- Eu não posso acreditar que ele a rejeitou assim. Isso é inaceitável. Vamos fazer algo para mostrar a ele que não se brinca com os sentimentos das pessoas.

Os amigos de Nenji olharam para ele com curiosidade.

- O que você tem em mente? - perguntou um deles.

- Vamos armar algo no baile de boas-vindas. Colocaremos tinta em um balde e o derramaremos sobre ele quando ele for anunciado como o Rei do Baile - sugeriu Nenji. - Vai ser um aviso para ele sobre como tratar as pessoas com respeito.

Os amigos concordaram, rindo e planejando os detalhes.

— Tipo? Carrie a estranha?

Outro amigo respondeu.

— Algo bem digno para um estranho como ele.

No dia do baile, Endy estava vestido em um terno elegante, se sentindo um pouco mais confiante. Enquanto o evento acontecia, Nenji e seus cúmplices se preparavam para executar o plano.

Quando anunciaram o "Rei do Baile", Endy foi escolhido. Muitos ficaram surpresos, mas os que sabiam do plano estavam ansiosos. No momento em que Endy subiu ao palco para fazer seu discurso, o balde de tinta foi derramado sobre ele. A tinta escorreu pelo seu terno e cabelo, cobrindo-o completamente. O silêncio no salão foi seguido por risadas e zombarias.

Endy, com uma expressão de raiva e humilhação, saiu do salão sem uma palavra e caminhou pelos corredores. Kaori, que estava voltando do banheiro, viu Endy passando, ainda irritado e coberto de tinta. Sentindo a responsabilidade pelo sofrimento de Endy, Kaori decidiu seguir o novato.

Ela escutou os amigos de Nenji conversando sobre o plano.

- Foi perfeito, o plano funcionou exatamente como queríamos. - Disse um dos amigos.

Kaori, agora furiosa e se sentindo culpada, encontrou Nenji nos corredores.

- Você é um monstro, Nenji! - ela exclamou, com lágrimas nos olhos. - Como você pode fazer isso com alguém só porque ele não queria ser meu amigo?

Nenji, assustado com a intensidade da reação de Kaori, tentou se desculpar, mas a garota já estava se afastando, deixando-o com um sentimento de culpa.

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Sentindo a culpa e a necessidade de consertar as coisas, Nenji foi atrás de Endy. Ele encontrou o novato no pátio vazio da escola, com o rosto ainda pálido e coberto de tinta.

- Endy, eu... eu sinto muito. - Nenji começou, visivelmente nervoso. - Eu sei que fui um idiota. Eu só queria... fazer justiça pela Kaori, mas agora vejo que fui muito longe.

Endy olhou para ele com uma expressão fria, mas havia um brilho de entendimento nos seus olhos. - Então você estava por trás disso. Valeu a pena, pelo menos? Você ficou com a Kaori?

Nenji, surpreso, hesitou antes de responder. - Não, eu não fiquei com ela. Na verdade, foi um erro completo. A Kaori acabou se afastando de mim também.

Endy observou Nenji com uma mistura de frustração e empatia. - Se você queria vingança, conseguiu. Mas eu espero que tenha aprendido algo.

- Oque, exatamente?

Endy respondeu sério,porém o que disse era Hilário.

- Que ninguém entende as mulheres.

Nenji, sentindo um peso se levantar, estendeu a mão. - Desculpe por tudo. Eu quero fazer as coisas certas. Podemos tentar ser amigos, mesmo depois de tudo isso?

Endy olhou para a mão estendida e, depois de um momento de silêncio, apertou a mão de Nenji.

" Será que confio nele? Mas ele foi bem sincero agora, recusar seria bem rude "

" Tá legal! Já sei oque fazer! "

- Está bem. Vamos tentar, então.

**☆**

Akiyo estava furiosa. - Então, você fez isso por causa de uma garota? Isso é absurdo,Seu louco!

Nenji, envergonhado, abaixou a cabeça. - Eu sei, Akiyo. Eu fui um idiota. Na época, eu estava apenas tentando me vingar do Endy por causa da Kaori. Eu realmente sinto muito.

Akiyo, ainda irritada, não conseguia esconder sua desaprovação. - Isso é ridículo. Fazer algo tão cruel por causa de um paixãozinha de nada?. Você realmente foi um pervertido.

Endy, com um olhar mais suave, perguntou a Akiyo. - E você, Akiyo? Tem algo que gostaria de compartilhar sobre o seu passado?

Akiyo hesitou por um momento, mas sua expressão mudou para uma de abertura e sinceridade. - Na verdade, sim. Tenho algumas histórias que gostaria de dividir também...