Su Xiaofei sabia que precisava ter cuidado com suas ações, que não deveria deixar os outros suspeitarem que ela sabia de coisas que eles não sabiam. Eles poderiam pensar que ela tinha perdido a razão e ela seria forçada a ser separada de sua mãe novamente. Era algo que ela não queria que se repetisse nesta vida.
Quando ela desceu para se juntar a sua mãe para o almoço, encontrou Yun Qingrong falando freneticamente em voz baixa ao telefone, de costas para Su Xiaofei. Ela andava de um lado para outro, seu corpo todo estava tenso enquanto ponderava como deveria explicar sua ausência, mais uma vez, para a filha.
"Você não prometeu?" Ela sibilou para quem quer que estivesse falando, mas Su Xiaofei presumiu que fosse seu inútil pai adotivo.
Su Haoran não voltaria até uma semana depois do Ano Novo. Ele não estava ciente de que Ye Xing, junto com a filha, estavam vindo aqui, para a Cidade de Qiying, para encontrá-lo e à sua esposa, apenas para se depararem com Yun Qingrong sozinha. No entanto, ele deve ter estado ciente da condição de saúde de Ye Xing, considerando como ele ignorou Yun Qingrong pelos meses seguintes, preferindo cuidar de sua amante.
"Você prometeu que voltaria da sua viagem de negócios o mais rápido possível, por que você precisaria ficar lá por mais uma semana?" Yun Qingrong perguntou em um tom frustrado.
Se havia algo em que Su Haoran era bom, era em deixar sua esposa frustrada. Essa era uma das razões pelas quais Su Xiaofei não estava impressionada nem tinha qualquer respeito por ele. Toda vez que o homem a via, Su Haoran desviava o olhar e não se dava ao trabalho de lhe dar a atenção que deveria como seu pai.
O que Su Haoran disse do outro lado da linha fez com que Yun Qingrong soasse decepcionada. Ela optou por desligar a chamada, virou-se e viu Su Xiaofei em pé ao pé da escada com uma expressão vazia no rosto.
"Feifei, sente-se e almoce comigo." Ela persuadiu sua filha, esperando que Su Xiaofei não tivesse ouvido sua conversa com o pai.
Su Xiaofei obedientemente sentou-se de frente para sua mãe e permaneceu calada. Ela estava pensando em maneiras de proteger sua mãe de Su Haoran. Ela precisava convencer sua mãe a se divorciar desse pretexto de homem que só se preocupa consigo mesmo.
"Mamãe, o Papai não vai estar em casa para o Ano Novo?" Ela perguntou com seriedade, sabendo que seu sofrimento adicionaria outra camada de decepção ao desapontamento já existente de Yun Qingrong em relação ao marido.
Yun Qingrong sentiu-se culpada ao ouvir a pergunta da filha. Ela sabia que sua Feifei raramente via e interagia com o marido, e isso a frustrava que Su Haoran estava propositalmente ignorando a filha.
"Feifei, não fique brava com seu Papai, tá bom? Ele ainda está em uma viagem de negócios e só ligou para nos informar que levará mais uma semana antes que possa voltar para casa." Ela disse em um tom suave.
"Tudo bem, Mamãe. Eu sei que você e Papai estão trabalhando duro para me dar um futuro melhor. Eu só espero que o Papai fique bem sozinho." Su Xiaofei decidiu jogar a carta da filha obediente para criar um distanciamento entre Yun Qingrong e Su Haoran.
'É. Melhor você ficar bem sozinho quando eu terminar com você.'
Quanto mais Su Xiaofei se comportava como uma filha dócil e obediente, mais Yun Qingrong sentiria pena dela. Que melhor maneira de fazer sua mãe ver quão incompetente Su Haoran era além disso?
'Mamãe, me desculpe por enganar você, mas é para o melhor.' Ela pensou enquanto pegava a mão de sua mãe.
O coração de Yun Qingrong doía e ela pensava como era injusto que sua Feifei fosse tratada dessa forma pelo marido.
"Tá bom. Mamãe vai ficar com você hoje, pode ser, Feifei?"
"Você não tem trabalho importante a fazer, Mamãe? Eu não quero atrapalhar você." Su Xiaofei disse à sua mãe com um sorriso.
Como Su Haoran e Yun Qingrong raramente estavam em casa para vê-la, ela se tornou uma criança malcriada e de temperamento curto. Quando completou dezoito anos, ela tentou convencer a mãe a deixá-la se mudar para um apartamento ao lado da escola onde estava estudando. Isso partiu o coração de Yun Qingrong, mas ela atendeu ao pedido de Su Xiaofei mesmo assim.
"Está bem. Eu sou a chefe, certo?" Yun Qingrong a assegurou. "Ninguém vai demitir a chefe se ela não aparecer no trabalho."
"Mas Mamãe…"
"Sem mas, Feifei. Mamãe só pode te acompanhar hoje, então, o que você me diz?"
A expressão que Su Xiaofei tinha era uma de gratidão e felicidade. Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto olhava para sua mãe.
"Tá bom." Ela concedeu. Já fazia muito tempo desde que sua mãe passara algum tempo com ela, e Su Xiaofei obviamente não ia negar-lhe.
A Tia Liu, que estava esperando que elas a avisassem para começar a servir os pratos, enxugou as lágrimas dos olhos enquanto olhava a mãe e a filha. Ela sabia como Yun Qingrong lutou para arranjar tempo apenas para estar com Su Xiaofei, apesar de sua agenda apertada no trabalho.
A velha senhora também estava feliz que Su Xiaofei não estava dando birra e estava mais cordata do que o habitual, o que era uma coisa boa. Talvez, Su Xiaofei finalmente amadureceu e entendeu as lutas que sua mãe estava enfrentando.
Yun Qingrong sinalizou para a Tia Liu que poderiam servir o almoço, então ela olhou para sua filha. Ao ouvir o que Feifei disse, ela sabia que as coisas poderiam mudar para melhor.
Su Xiaofei esperou a comida ser completamente servida antes de decidir levantar a questão da Família Chen. Quando a Tia serviu o seu panna cotta favorito, Yun Qingrong notou que ela não havia tocado nele.
"Feifei, o que há de errado?" Ela perguntou, preocupada que Su Xiaofei estivesse se sentindo mal novamente.
"Mamãe, é assim…" Su Xiaofei hesitou, mas era apenas uma estratégia para ter toda a atenção de sua mãe.
"Você sabe que pode me dizer tudo, certo?"