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Primeiro andar…

Chegar até os portões da dungeon pareasses levar um século, mas cá estamos, ainda estou me sentindo meio enjoado com o tanto de cheiros diferentes do lugar, mas preciso aprender a lidar com isso, se não como vou visitar cidades grandes? Patish estava rindo da minha cara de pavor, acredito que seja a primeira vez que me mostro assustado pro meu grupo, é isso estava claro por causa da minha cauda encolhida entre as patas.

- Olá, somos um grupo de 3 mais meu companheiro. Queremos entrar. - Aylah tomou a frente, estamos diante de uma enorme entrada, acho que esta mais pra uma caverna dentro de uma montanha do que pra uma dungeon. Mas como me foi dito que era puramente mágico, não vou duvidar do que tem lá dentro. Um dos guardas que estão parados a nossa frente analisou o grupo, olhou pra cada um e fixou seus olhos em mim.

- Deixa eu ver o cartão de vocês. Sei que são elfos da vila, mas é a burocracia local. - até que ele é gente boa, sua expressão suave sorriu para o nosso grupo, acredito que por serem do mesmo lugar deve haver uma ajuda e companheirismo interno entre eles.

Os três mostraram um cartão feito de metal, nele estava presente o nome da guilda e o nome deles mesmo, Aylah havia explicado que pra entrar em qualquer dungeon precisa de um desses, ainda bem que ou apenas um mascote e posso evitar isso.

- Estão liberados. Desculpa perguntar, mas qual a raça desse lobo, confesso que é a primeira vez que vejo um desse. - o guarda se aproximou de mim brevemente, o cheiro de futuras cítricas se mostrou presente no meu olfato e veio diretamente dele.

- Ah, ele é do sul, o encontramos no meio da floresta e firmei um contrato com ele, ele só é grandão mesmo. - riu tentando encerrar logo aquele assunto, o guarda pareceu cair no papo dela e já iria fazer outra pergunta, mas foi cortado de imediato. - Se não se importa estamos com pressa. - e assim finalmente conseguimos entrar.

A entrada era escura, parecia ser um longo corredor, a temperatura subia gradualmente, fiquei me perguntando o motivo já que estávamos em uma caverna, olho de um lado para o outro procurando algum ponto de luz mas nada encontrava, apenas meus instintos me dizem que estou perto do meu grupo. Pouco tempo depois de caminhar uma luz no fim do túnel apareceu, meu foco passou a ser ela, já que é a única coisa que dá pra ver, Patish e Sven andam na frente com a guarda baixa, talvez não haja perigo à frente então por que ficar alerta o tempo todo, solto o ar relaxando meus músculos que estavam tensos devido ao breu.

- Não precisa ficar nervoso, o primeiro andar é o mais fácil, só existem goblins e alguns javalis, é bem pra iniciante mesmo. - Aylah percebeu que eu estava tenso, suas palavras me ajudam a relaxar um pouco, mas meus sentidos continuam alerta. Já estou acostumado a viver como um lobo, mas confesso que os sentidos são excepcionais, visão, olfato e audição são incomparáveis com as dos humanos.

Agora que passamos pelo fim do túnel eu entendo o que eles queriam dizer sobre ser um lugar totalmente diferente, há um céu, com sol, nuvens, árvores um horizonte com montanhas, é tipo uma outra dimensão, não tem como isso ser dentro da caverna, sinto como se tivesse passado por um portal e estou em outro lugar totalmente diferente.

- Então, vamos seguir o atalho e tentar descer direto pro quinto andar, não quero acampar aqui por que os goblins são um saco a noite. - Sven se manifestou, como imaginei, não vamos ficar aqui apenas por algumas horas, é uma missão de dias, preciso encontrar animais pra me alimentar, já que não trouxe nada comigo.

Poucos goblins apareceram no nosso caminho, não precisei fazer nada já que pelo visto os guerreiros querem mostrar serviço, visto que não preciso me preocupar com eles já que eram realmente habilidosos. Estávamos próximos da entrada para o segundo nível da dungeon quando uma intenção assassina gritou pros meus instintos, eu até travei quando a senti e o grupo fez o mesmo vendo que eu me assustei repentinamente.

- Tem alguma coisa por perto. Fiquem atentos. - Aylah sabia ler muito bem minhas expressões, era esperado de uma druida.

Sven e Patish tomaram a dianteira do grupo e eu permaneci ao lado de Aylah, a coisa que estava nos observando se aproximava lentamente por entre as árvores, como se não tivesse pressa de atacar suas presas, por que era isso que eu estava me sentindo, uma presa. A nossa frente uma aranha gigante apareceu, ela era literalmente gigante, um pouco maior que um elefante isso sem contar suas inúmeras patas meu sistema automaticamente a analisou e eu fiquei um pouco mais assustado com o que vi.

Raça: Arachne

Lvl: 38

Ataque: 330

Hp: 1.200

Habilidades: cuspe ácido, teias aprisionastes, investida rápida.

Monstro altamente perigoso.

"Ela cospe ácido e temos que tomar cuidado com as teias, além de ser rápida também." Informei um breve resumo das suas habilidades.

- Você consegue ver as habilidades também? Que demais! - Patish parecia muito mais descontraído do que o momento mostrava ser. Ele não está vendo uma aranha gigante na nossa frente não? Seu corpo era medonho e coberto por pelinhos nojentos, odeio insetos. - Eu vou pela esquerda.

- E eu pela direita. - um tocar de punhos foi o sinal de iniciarem o ataque, já estava imaginando quanto tempo iria levar para cavar a cova dos dois.

Mas não foi bem isso que aconteceu, Patish era muito rápido, precisava me concentrar um pouco para acompanhar seus movimentos, seus ataques eram juntamente fortes e em segundos decepou uma das patas da aranha, ela viu o perigo de ficar perto dele e se preparou para saltar e ganhar distância, mas Sven não deixou que ela concluísse o movimento, sua espada pesada e grande veio por cima junto com um salto forçando a criatura a se defender e a impedindo de fugir, a força do guerreiro era tremendo e chamava muita atenção com seus gritos. Ao meu lado Aylah terminava de recitar uma magia, um círculo mágico verde se formou a sua frente e pude sentir uma brisa em meu corpo.

- Que os ventos ajudem meus aliados e aperfeiçoem seus movimentos! - e assim a magia foi lançada, uma luz verde cobriu o corpo dos dois guerreiros e seus movimentos ficaram ainda mais rápidos, como se seus corpos tivessem ficado mais leves. A aranha notou a presença da druida e lançou duas bolas de ácido na nossa direção. - Barreira de vento! - um redemoinho vertical se formou na nossa frente e se chocou contra as bolas de ácido que foram neutralizadas com facilidade.

A aranha lutou da forma que podia contra os três, mas a cada momento que passava uma pata era decepada, cortes eram feitos em seu corpo e seu hp era drenado como se tivesse um furo numa caixa d'água. Não levaram nem dez minutos e a criatura ja estava sem vida e derrotada a nossa frente, Patish veio caminhando na nossa direção limpando sua espada enquanto conversava e ria com Sven que estava todo coberto de um líquido verde e viscoso, sua posição como guerreiro o deixava muito exposto aos ataques e resíduos, mesmo sendo um elfo muito bonito dava pra sentir o quão barbárico era. Cheguei a conclusão de que se lutasse contra eles perderia de lavada, suas habilidades em grupo mostravam o motivo de aparecer perigo em seus status, eu não teria chance contra os três juntos, e tentar pegar um de cada vez era bem dizer impossível.

- E aí, está chocado em como somos bons? - Patish deve ter percebido minha cara de chocado, por que eu realmente estava, mas não iria concordar.

" Até que conseguem se virar sozinhos, não vou precisar me preocupar com vocês. " só falei verdades, mas outra coisa me chamou atenção.

Guerreiro Sven subiu de nível.

"A Sven, você subiu de nível." Não sei se é por que estamos em um grupo, mas me sinto como naqueles jogos rpg em que você forma uma party, e aparece o nome, classe, hp, mana e nível no cantinho da tela de todo mundo que está nela. Era até conveniente já que poderia saber se algum deles estava correndo perigo ou se estava chegando em um limite já que a stamina também aparecia.

- SÉRIO?! Da pra sentir que fiquei extremamente mais poderoso agora. Hahaha. - um metido mesmo, sentiu porra nenhuma.

- Vamos acampar na entrada do segundo nível, lá é seguro, assim vocês podem descansar um pouco e eu vou pegar as presas dessa aranha, essas Arachnes tem um veneno muito forte e posso vender na guilda. - Aylah já falou se aproximando do bixo com sua adaga em mãos.

Com certeza não gostaria de ver o desmembramento da aranha, então segui os guerreiros para uma área mais à frente, a passagem para o segundo nível era mais uma caverna sem nenhuma luz, talvez todas as passagens fossem assim. O tempo começou a fechar e procuramos algum lugar para nós proteger da chuva, perguntei por que não usar a própria caverna, mas me falaram que ela funciona como um portal, uma ligação para outro lugar, além de não ter luz e não conseguir produzir luz lá dentro, haviam chances de aparecerem criaturas estranhas da escuridão. A explicação foi breve mas suficiente para entender o por que de não usar a caverna, com isso em mente enquanto procurava um local terminei encontrando uma bifurcação na montanha, uma pedra se estendia como um teto e cobria uma área que era suficiente para nós quatro. Assim que nos acomodamos a chuva caiu, estava forte e ventava, a temperatura caiu alguns graus, eu não senti a diferença já que além dos meus pelos o domínio total pelo fogo me permite controlar a temperatura, já os elfos…

- Você é muito idiota! Sabia que iria chover por que não juntou alguns galhos para a fogueira? - Aylah estava claramente irritada, Sven era o responsável pelos preparativos do acampamento, enquanto eu e Patish procurávamos um lugar para passar a noite, e isso incluía a fogueira.

- Me desculpa, eu esqueci desse detalhe… - tentou se desculpar claramente arrependido de ter esquecido dos galhos.

- Você só esqueceu do principal detalhe. Acho que vai ficar mais frio de madrugada. - realmente iria ficar mais frio, meu olfato me dizia que essa chuva iria continuar pelo resto da noite. Foi então que eu encontrei uma solução embaraçosa para o problema deles, já que pra mim estava tudo bem.

"Eu acho que posso ajudar." Falei alto por causa do barulho da chuva é isso chamou a atenção dos três. "Eu consigo controlar a temperatura do meu corpo, já que fogo é um dos meus elementos, vocês… podem… se apoiar em mim, se quiserem…" ok, eu estava com muita vergonha neném consegui concluir a frase olhando pra eles. Aylah abriu um sorriso doentio expondo todos os seus desejos ocultos por criaturas mágicas, algo me dizia que ela estava muito feliz pelo Sven ter esquecido dos galhos já que agora ela poderia ter contato direto com meu corpo.

- Eu iria adorar. - foi só o que ela falou.

- Se você não se importar, eu vou agradecer lobo. - Patish agradeceu educadamente.

- Você é minha salvação, desculpe por isso. - Sven estava realmente triste por ter esquecido da sua função me senti mal por ele.

" Eu sou grande então acho que vai ter espaço para todos. " me deitei de lado e observei enquanto os três se aproximavam. Sven ficou bem próximo da minha cabeça, ficando abaixo das minhas patas dianteiras, Ayla se afundou na minha barriga e ficou se esfregando nos meus pelos, confesso que a sensação era ótima e agradeci internamente pelo carinho oferecido e Patish ficou um pouco mais abaixo próximo as minhas patas traseiras, apoiou sua cabeça ali e não se moveu mais, talvez já estivesse dormindo?

- É tão quentinho, seu pelo é tão macio, não consigo não ter vontade de te apertar, um cheirinho tão gostoso de floresta. Estou realizada… - ela continuou falando e não parou, eu apenas revirei os olhos diante a essa maníaca. Observando Sven em silêncio ao meu lado vi que um corte deveras feio estava em seu braço, o sangue já estava seco mas devia estar doendo já que ele evitava ao máximo contato ali. Por puro instinto, eu juro, aproximei meu rosto do local e lambi a ferida, claro que ele se assustou de imediato, mas não moveu seu braço. Ele me encarou enquanto eu passava minha língua pela extensão da ferida e pude sentir seu corpo se arrepiar e relaxar aos poucos.

- O-obrigado? - agradeceu ainda sem jeito, mas com certeza eu estava mais.

- Sim, "obrigado". A saliva de lobos negros tem poderes cicatrizantes e curativos, sendo que eles usam isso apenas entre eles, já que lamber outro ser que não seja da sua raça é meramente alimento. - Aylah a enciclopédia das criaturas mágicas.

" Confesso que é a primeira vez que faço isso, foi por instinto. " me expliquei, a merda já estava feita precisava de uma desculpa. A ferida aos poucos se fechava milagrosamente, já posso me considerar um curandeiro, aquilo era surreal, em instantes onde estava um corte feio voltou a ser uma pele lisinha e morena. " Não é que funcionou mesmo?" Olhando pro guerreiro recebi um sorriso em agradecimento.

- Me lambe também! - Aylah estava fora de controle desde quando tudo isso começou.

" Mas você não está ferida. " enfatizei.

- Acho que estou sim. - a maluca já estava com a adaga na mão pronta pra arrancar o próprio braço.

- Aylah!!!

E assim foi nosso acampamento, a masoquista tentando se matar enquanto Sven a desarmava, eu com medo daquela adaga me machucar e Patish roncando como se nada estivesse acontecendo. Olha o grupo que eu fui me meter. Santa Loba me proteja.