webnovel

O sacrifício do amor

No dia em que Xo Bou foi visitar sua mãe naquele quarto, seu pai, Dulal estava sentado na cadeira ao lado da cama com a mesma roupa de que usava a semanas e nem se quer parecia saber o que acontecia ao seu redor, mas Xo Bou não queria saber do pai naquele momento, apenas da mãe que estava deitada na cama coberta por lençóis de seda escarlate a protegendo do frio.

— A mamãe...

— Ela está dormindo, mas você pode conversar com ela, minha filha! — Dulal fala enquanto se ergue da cadeira: — Vou tomar um banho e depois eu volto.

Assim que seu pai saiu do quarto, Xo Bou foi até a cama e passou a observar sua mãe, sua face serena como se nada estivesse acontecendo, suas bochechas pálidas e seus cabelos negros com mechas vermelhas espalhados pelos travesseiros que ali estavam... Lhe lembram um conto que sua mãe lhe contava antes de dormir.

— Mamãe, a senhora vai acordar, pode ter certeza disso! — Xo Bou fala enquanto se deita ao lado da mãe, encosta a cabeça na barriga da mesma e começa a fazer carinho na mão, que se encontrava estendida ao lado do corpo. — E poderemos brincar junto do meu irmãozinho no jardim que a senhora sempre fala, e eu poderei treinar com a senhora como sempre queríamos.

Xo Bou levanta a cabeça e olha para sua mãe deitada ali, ela pensa se devia ter feito algo mais, ela sabe que é uma criança, mas mesmo assim se sente culpada pelo que aconteceu com sua mãe. Xo Bou não se via como uma Princesa do Reino de Umlilo e das Fadas, ela se via como uma criança fraca, incapaz de se defender, mas quando viu sua mãe nos braços do seu pai desmaiada como se estivesse morta, algo dentro dela fora despertado e ela não era mais uma criança, ela era agora uma Princesa e Guerreira que teria que saber se defender, assim como sua mãe.

— Mãe, aqui no seu leito lhe juro que serei uma Princesa Guerreira assim como a senhora foi, e um dia serie uma Rainha Justa e Sábia, assim como a senhora será, por isso lhe peço que acorde.

Xo Bou ent��o abaixa a cabeça e a deita entre os seios de sua mãe ouvindo seu coração e sentindo a sua respiração, que lhe era como uma canção de ninar e num certo momento ela acabara por adormecer, naquele dia ela era uma criança que queria apenas o colo da mãe, assim como queria poder a ter salvo, no dia seguinte ela era uma pequena guerreira forjada pela dor e o pelo fogo que corria em suas veias, ela era aquela que todos passaram a admirar e a temer. Com apenas cinco anos Xo Bou já era capaz de erguer uma espada maior que lhe era recomendado, já conseguia se defender de golpes de homens mais fortes e altos, e tinha o mesmo olhar que sua mãe... Um olhar superior, mas ao mesmo tempo dócil.

Sim, Xo Bou já conseguia lutar de igual para igual com homens o dobro do seu tamanho, e naquele dia ela conheceu Li Yi Feng, com seus ombros largos, seus cabelos negros e olhos vermelhos.

E foi naquele mesmo dia em que Li Yi Feng lutou com Xo Bou.

Ela não estava preparada para o que iria acontecer naquele dia, apenas sabia que ela seria forte se fosse capaz de derrotar aquele homem, mas durante a batalha entre eles, ela conseguiu desviar de um golpe que poderia lhe deixar uma cicatriz na cintura e ele desviou de um golpe que poderia lhe arrancar o pescoço. E naquele dia, enquanto a mesma se encontrava sentada em cima da cintura de Li Yi Feng com a espada contra o pescoço do mesmo, ela soube que estaria ligada a ele, assim como sua mãe estava ligada a Yin Chang. Ela sorriu se lembrando das palavras de sua mãe, e pensa que mesmo que Yin Chang seja aquele que teria para sempre o Coração de sua mãe, seu pai teria para sempre um pedaço dele na terra.

Dois meses tinham se passado e nada de Mira acordar, a criança que se encontrava no ventre de Mira estava se desenvolvendo bem, mas Dulal mesmo assim vivia a ir até o quarto que fizeram para que Mira pudesse ficar, ele sempre ficava a tocar o ventre dela, tentando sentir alguma coisa ou conversava com a mesma.

Naquele dia em que Dulal tinha se arrumado mais que o normal para ver Mira, já que era aniversário de Casamento, ele foi chamado pela Imperatriz Cixi para uma reunião a portas fechadas. A reunião durou entorno de duas horas, que depois dessas horas Dulal se encaminhou até o quarto onde Mira estava com um sorriso no rosto, porque tinham encontrado a solução para que a sua amada mulher acordasse.

Dulal sabe que sua filha no momento se encontra sempre a treinar, e o motivo era claro para ele... Ela se sentia culpada por tudo que aconteceu com a mãe. Assim como o pai, Xo Bou era o puro inverno, mas com o passar do tempo ela se transformou no outono, assim como Dulal era.

Ao atravessar as portas do quarto da sua mulher encontrara Yin Chang parado ao lado da cama a observando, Dulal não queria que Yin Chang sofresse, mas sabia que aquela história entre Mira e ele não tinha tido um final definitivo, por isso ele permitia que Yin Chang entrasse no quarto a hora que quisesse.

— Ela está assim a dois meses! — Yin Chang fala enquanto Dulal se põe do seu lado a observar sua mulher.

O ventre da mesma já estava aparecendo, assim como os poderes da criança, Cixi tinha dito que a partir daquele momento, enquanto não recuperassem o espírito da Mira seria a criança que a manteria viva, já que ela também tem poderes da Fire assim como Xo Bou tinha também.

— Não podemos perder as esperanças! — Dulal diz enquanto se senta ao lado da cama e toca o rosto da sua mulher.

— O que a mantém viva é a criança.

— Mas podemos recuperar o espírito dela.

— Se não recuperarmos até o nascimento a criança a Mira morre! — Yin Chang diz com uma frieza que se pudesse cortaria Dulal.

— Sim, eu sei e por isso não vou perder as esperanças.

— Você acha mesmo que poderemos recuperar o espírito da Mira? — Yin Chang pergunta enquanto um pequeno beija-flor se encontra ao lado da cama.

— Sim, eu sei que poderemos recuperar o espírito da Mira e por isso não podemos desistir! — Dulal fala e depois olha para Yin Chang.

— Mesmo que recuperemos o espírito não quer dizer que existira a mesma Mira. — Yin Chang fala enquanto se dirige para a porta do quarto.

Dulal não consegue mais manter aquele segredo, necessita que Yin Chang saiba a verdade, nem que isso seja sua morte, então ele levanta e vai até a porta chamando Yin Chang, que ao vê-lo na porta caminha na direção do mesmo.

— Yin Chang, precisamos conversar! — Dulal fala enquanto Yin Chang passa por ele e entra no quarto.

Dulal olha para os dois lados para ver se ninguém está vindo, então ergue a mão e passa pela porta a fazendo desaparecer do lado de fora como mágica.

— O que você deseja, Dulal? — Yin Chang pergunta enquanto pega uma taça de gelo que se encontra ao lado da cama de Mira, em cima de um pequeno carrinho de gelo.

— Yin Chang, existe muita coisa que você não... Melhor, você esqueceu! — Dulal fala enquanto ele o olha como se estivesse a ver um louco na sua frente.

— Do que você está falando? — Yin Chang pergunta.

Naquele momento, naquele quarto onde se encontrava a mulher que os dois amavam e a mesma se encontrava num sono profundo, Dulal soube que as escolhas que sua mulher fez não mudaram apenas o destino dela, mas sim o de todos, aquela mulher com o rosto sereno deitada naquela cama era a mulher destinada ao homem que estava na frente dele, e ele não hesitaria de fazer o certo.

— Estou falando da nevoa que cobre uma parte das suas memórias, Yin Chang, você não se lembra de ter conhecido a Mira há muito tempo!

— Como assim a ter a conhecido?

— Mira era apaixonada por você a ponto de sacrificar as memórias que você tinha de vocês dois. — Dulal fala enquanto se senta ao lado de sua mulher, com os olhos de um homem apaixonado e o sorriso de um homem derrotado: — Ela ainda o ama, mesmo que eu tenha um lugar no seu coração, se você soubesse como foi difícil fazê-la me amar, você teria dado valor a essa mulher. — Dulal termina de falar e olha para Yin Chang.

— "A Mira, quando a conheci estava fugindo de tudo e todos que a lembrassem de você, lembro-me como se fosse ontem... Estava nevando naquele dia e eu não sei como eu fui parar naquela floresta, e também não sei como a encontrei, só sei que quando a vi eu não conseguia pensar em mais nada, apenas naquela mulher que estava desmaiada nos meus braços. Sim, Yin Chang eu faria de tudo por ela a partir daquele momento, mesmo não acontecendo e foi o que eu fiz, a amei como um homem ama e cuidei, como um pai cuida. No início, antes mesmo de decidirmos sermos marido e mulher o nosso relacionamento não era tão fácil assim, brigávamos e tentávamos nos matar como inimigos declarados, mas mesmo assim éramos amigos-inimigos, vivíamos juntos como amigos e depois como marido e mulher, e depois veio a Xo Bou... Ah, a pequena Chama como a Mira fala, ela veio ao mundo num dia de nevasca e quase perdi a Mira naquele dia, eu entrei em pânico naquele dia e tentei fazer com que minha governanta se desfizesse da minha própria filha. — Dulal fala enquanto olha para as próprias mãos. — Mas assim que a vi, meus deuses, não tinha como não querer proteger aquele pequeno ser que era igual a minha mulher, e quando a peguei no colo não soube o que fazer porque a mesma começara a chorar, e naquele momento a nevasca parecia ouvir o choro da Xo Bou porque quando fui para fora com ela em meus braços os flocos de neves estavam congelados no ar, e quando ela parou eles despencaram."

— Porque você está me contando isso, Dulal? — Yin Chang pergunta, ele sabe que algo aconteceu entre ele e Mira, bem lá no fundo, onde seu coração ainda tem uma chama acesa em meio a todo gelo ele sabia a verdade.

— Porque nesse momento estou lhe pedindo para que as protejam. — Dulal fala se agachando na frente de Yin Chang, que o olha com os olhos arregalados. — Meu Rei e Futuro Imperador do Mundo Imortal, lhe peço que as protejam, a partir desse momento eu não poderei mais fazer isso!

— Porque eu? — Yin Chang pergunta enquanto olha ainda para Dulal agachado aos seus pés.

— Porque você é o destino de Mira, a mãe de Mira mudou o destino de todos e não o de Mira e o seu.

— Como assim, o destino de Mira?

— A Rainha Yuri não podia salvar a Mira sem mudar o destino dos outros e o seu próprio, quando ela usou a Fire para salvar o bebê que se encontrava no seu ventre, ela causou uma quebra no tempo, ou seja, o destino que era para ser o de todos foi congelado e escondido. Se a Mira ficar comigo ela trilhara o caminho que lhe era destinado desde o começo, mas se ela estiver com você, o destino dela será o que estiver escrito nas escrituras.

— Qual será o destino dela se ficar comigo? — Yin Chang pergunta tentando entender o que Dulal estava a falar.

— Ela será uma Rainha, mas não uma Rainha qualquer,e logo depois ela será a Suprema Imperatriz De Todos os Reinos, esse era o destino que a Xuè Ying escolheu para ela.

— Mas porque a Xuè Ying escolheu esse destino para ela?

— Porque Xuè Ying sempre amou a mãe da Mira e se fosse para que ela vivesse, ele seria capaz de tudo, até mesmo dividir o tempo e impedir a morte da mulher amada.

— Como assim, Xuè Ying é uma árvore não um homem?

— Não, Yin Chang a árvore era um ser imortal antes, a Imperatriz Cixi poderá lhe contar essa história.

— Mas porque você está me revelando que eu e a Mira, que no caso é sua mulher somos o destino um do outro? — Yin Chang pergunta enquanto pensa nas memórias que estão cobertas pela nevoa.

— Porque mesmo que eu tente mudar o futuro, eu não tenho o poder de mudar o Destino, fizermos de tudo para que algo acontecesse que não fizesse com que ela voltasse para cá, mas no fim era para ela estar aqui.

— Mesmo que o futuro seja mudado, Mira sempre estará ligada a mim, é isso que você quer dizer?

— Sim, minha mulher, mesmo que me ame não poderá me pertencer por inteira, já que seu coração e sua alma lhe pertencem! — Ele fala enquanto se levanta e se senta ao lado da Mira que se encontra tão adormecida que passaria por morta.

— Minha doce e preciosa esposa, não poderei mais estar contigo a partir de agora, mas sempre estarei em seu coração, por favor não se esqueça disso! — Dulal fala enquanto beija a mão de Mira.

Mira estava deitada naquela cama como se estivesse a dormir por muito tempo, o que fazia com que Xo Bou entrasse em depressão e se fechasse como o pai.

Dulal então olhou para Yin Chang e sorriu como se pudesse encontrar a solução para o problema, mas Yin Chang se encontrava perdido em pensamentos que lhe nublavam qualquer imagem que ele estivesse vendo, ele queria saber o porquê dele ser o Destino de Mira, e então como se a neblina estivesse sumindo, mas ele não queria ir muito fundo naquele momento, apenas pensar em Mira.

— Yin Chang, na guerra que está preste a bater na porta desse castelo lhe peço que não me impeça de fazer o que eu tenho que fazer... O caminho que Mira traçou comigo já não existe mais e eu tenho que cumprir minha missão.

— Mas porque você fala isso? E que missão é essa? — Yin Chang pergunta enquanto se levanta da cadeira e começa a andar de um lado para o outro, sem acreditar naquelas palavras.

Ele precisava pensar, pensar no que estava por vir e nas escolhas que tomaria nessa guerra, as escolhas de um Rei sempre são as mais importantes, e naquele salão do Trono, ali a poucos minutos teriam quatro reis e uma Imperatriz para decidir quais escolhas seriam tomadas antes daquela guerra.

— Preciso cumprir o que me é destinado, e minha missão não posso lhe dizer, apenas posso lhe dizer que no momento em que eu a cumprir você terá que tomar conta da Mira... Por favor, lhe peço que cumpra seu Destino ao lado de Mira, você será como um alicerce para ela num momento de crise, e ela será como sua muralha quando você estiver caindo na frente dos seus inimigos.

— Mas...

— Yin Chang, o Destino que lhe foi destinado é esse, e a mulher que será sua Rainha é Mira, assim como foi destinado antes mesmo de vocês nascerem!

— Mais como você sabe de tudo isso? — Yin Chang pergunta com dúvidas se aquelas palavras são verdadeiras, há muitas coisas sem nexo naquelas palavras proferidas pelo marido de Mira, que se encontrava na sua frente.

— Porque fui eu quem revelou para ele! — A Imperatriz Cixi estava parada na porta os olhando com um olhar duro, como se estivesse tentada a jogar verdades dolorosas em cima de alguém.

— Imperatriz Cixi! — Dulal fala colocando a mão em cima do coração.

— Dulal, a Bo Xou o está procurando.

Dulal apenas curva a cabeça e depois se retira do quarto deixando sozinhos Yin Chang e a Imperatriz Cixi, que estava parada ao lado da cama da neta a observando.

— Eu deveria ter sido mais esperta e ter impedido que a Yuri salvasse a vida da Mira, mas parece que a minha filha foi muito mais esperta do que eu e usou a pedra Fire para salvar a vida da filha. — A Imperatriz Cixi fala enquanto pensa se aquele Destino que estava sendo escrito pelas mãos da sua neta adormecida fosse real, ou apenas uma ilusão, já que a Imperatriz Cixi não conseguia mais ver o futuro, as imagens que ela via era de uma guerra... Onde tudo se congelava.

— Mas porque você está me falando isso?

— Eu não posso mais ver o futuro de ninguém... No momento em que minha neta teve seu espírito tomado o Destino congelou, mas parece que mesmo congelado o tempo continua a fluir como água numa correnteza.

— Quer dizer que o Destino congelou por causa da Mira? — Yin Chang pergunta sem acreditar naquelas palavras.

— Sim, assim como os Santos não podiam ver seus futuros, eu não posso ver mais o futuro, mais diferente de você, a Mira não pode fazer as próprias escolhas, já que o destino da mesma já foi traçado e moldado de duas formas...

— Duas formas?

— Sim, e quem vai escolher qual vai ser o destino da Mira vai ser você e Dulal, o destino da Mira vai ser decidido no campo de batalha, quando o último floco de neve cair sobre a terra manchada de sangue um dos dois morrerá, e aquele que sobreviver será o que decidira o futuro da Mira.

Yin Chang a olha como se pudesse ver através dela, mas ele não consegue pensar apenas em qual destino Mira estará, será que vai ser com ele sendo sua Rainha ou com Dulal e morrendo.

— No campo de batalha? Você quer dizer que a guerra vai mesmo acontecer e ela que decidirá o destino de Mira?

— Sim, Yin Chang, mesmo que eu não aprove você, sei que o destino da minha neta com você será o melhor, por isso peço-lhe que volte vivo da guerra.

A Imperatriz Cixi logo após dizer essas palavras deixa Yin Chang sozinho naquele quarto, enquanto a mesma se dirige até o jardim onde está Dulal a aguardando.

— O que ele disse? — Dulal pergunta escorado na parede e olhando para sua filha lá em baixo.

— Ele não me disse nada, mas posso dizer que ele vai fazer o que nós queremos! — A Imperatriz Cixi fala enquanto se dirige até ele e se coloca ao lado dele, e passa a observar sua bisneta, que se encontra a lutar contra Li Yi Feng.

— O Destino da Mira está nas mãos dele, espero que ele faça a escolha certa.

— Porque você quer que ele viva e você morra?

— Porque é assim que o Destino quer.

— Se eu fosse o destino, eu escolheria você ao invés do Yin Chang.

— Mas o Destino é cego, Imperatriz, se ele fosse como você ou como eu pessoas que enxergam ele faria do destino de todos apenas uma passagem em vez de uma corrida, o Destino não é passagem, Imperatriz , e por isso ele é cego, porque ele não vê as pedras que temos no nosso caminho e eu prefiro ele assim, porque pelo menos essas pedras que ele coloca no nosso caminho podemos usá-las para construir um novo caminho.

— Mesmo assim eu preferia que você vivesse! — A Imperatriz Cixi fala enquanto observa a bisneta dar um salto no ar e depois se virar com a espada cravada no chão.

— O Yin Chang não é o Volkan, Imperatriz... Ele não seria capaz de deixar a mulher que ama morrer!

— Desde de quando o Yin Chang ama a Mira? Ele a usou e no fim quis a Derya.

— Imperatriz, há coisas que nem a senhora pode ver, mas acredite... Yin Chang ama e muito a Mira, mesmo sem as memórias.

— Espero que você tenha certeza da sua escolha, porque eu não quero que minha neta se machuque.

— A dor que ela sentirá será a dor da perda, mas também a sua mais poderosa arma para vencer essa guerra.

— Eu não queria que o destino da Mira estivesse nas mãos de vocês dois, se eu pudesse teria deixado com que Yuri a perdesse perto do lago.

A Imperatriz Cixi fala enquanto observa o horizonte que se encontra encoberto por tensas e escuras nuvens, que se encaminhavam para eles com sua sede de morte.

Ela se vira e sai da sacada onde estavam e se dirige para o salão do Trono.

Na sala do trono se encontrava Volkan, Kadar, Abhay e Yin Chang reunidos em torno de uma mesa onde se podia ver pequenos bonecos de gelo simulando um campo de batalha, e Kadar estava mexendo em um dos lados enquanto os outros três pensavam no que fazer, porque aquela guerra estava batendo na porta e a qualquer momento ela poderia derrubá-la para que com seu exército pudesse massacrar quem estivesse dentro daqueles portões de gelo.

— O que vamos fazer? A Rainha Xing se encontra perto do Lago e me parece que está drenando a vida da floresta. — Kadar fala enquanto com uma régua de gelo empurra uma pequena estátua de uma mulher para o centro de uma imagem de um lago.

— Ela está juntando forças para nos atacar, temos que aproveitar esse momento para atacar! — A Imperatriz Cixi fala enquanto entra no salão acompanhada de Dulal.

— Mais como? O Lago se encontra todo protegido pelo exército da Rainha Xing?

— Não se preocupem, eu posso fazer com que o exército se retire de lá! — A Imperatriz Cixi fala, enquanto com a mão esquerda abre uma fenda no tempo por onde todos podem ver um lago deserto sem o exército.

— Mais como?

— Não posso dizer como, apenas que se não forem logo o tempo congelado não será uma ajuda, mas sim um desastre, ou seja, eu congelei o tempo para que voc��s possam ir até lá e pegarem o vidro onde está o espírito de Mira.

A Imperatriz então olha para Dulal, que acena com a cabeça e pula pela fenda no tempo fazendo com que Volkan e Kadar dessem um passo à frente, mas como se algo congelasse eles ali, Abhay, ao ver que seu pai e Volkan não conseguem dar um passo à frente puxa Yin Chang em direção a fenda do tempo e se prepara para pular, quando a Imperatriz Cixi chama a atenção de Yin Chang.

— Espero sinceramente que você volte vivo, porque se não Mira morrerá! — Cixi fala enquanto Yin Chang lhe acena com a cabeça e passa pela fenda do tempo, e logo depois ela a fecha e cai com os joelhos no chão.

Assim que Yin Chang e Abhay colocam os pés no chão ao lado do lago a fenda no tempo se fecha e o tempo congelado se desfaz.

Dulal, que já estava lutando com o General Fun, ao ver que Yin Chang e Abhay tinham em fim aparecido consegue cravar a espada no ombro do General, o fazendo cair para trás no chão enquanto ele corre até os dois.

— O vidro está perto da árvore, lembre-se, Yin Chang, a sua missão é apenas voltar vivo e não morrer! — Dulal fala enquanto tira do caminho uma espada que se direciona a Yin Chang.

— Sim!

Dulal então começa a lutar, se existia algo que faria ele lutar seria a vida da sua mulher amada, e foi com a vontade de ver Mira viva que ele lutou, desviou de espadas direcionadas ao seu coração, levou espadas no ombro esquerdo e mesmo assim ficou em pé, desviou de flechas e levou flechas.

— Yin Chang, temos que voltar! — Abhay fala enquanto Yin Chang guardava o vidro.

Mas Yin Chang não iria embora sem Dulal, não, ele não deixaria que ele morresse, mesmo sabendo que Dulal tinha que morrer... Mas quando ele se virou para o lado o que ele viu fez seu coração parar.

Dulal tinha uma espada atravessada em seu abdômen, e em seus braços flechas e em sua boca sangue, sem pensar Yin Chang corre em direção a Dulal com a espada em punho e deu um pulo no ar parado atrás do inimigo, que tinha a espada cravada no abdômen de Dulal, e num ato de loucura ergue a espada e desce em direção ao pescoço do General Fun, que não pôde se defender e teve sua cabeça transpassada, enquanto Dulal cai no chão, a cabeça do General Fun rolava em direção a água que se encontrava manchada de sangue.

— Dulal! — Yin Chang fala enquanto pega ele e coloca sua cabeça nas suas pernas.

— Pegou o vidro? — Dulal pergunta e depois cospe sangue, fazendo com que Yin Chang vire sua cabeça para o lado.

— Sim, está comigo. Mas por favor, não morra!

— Yin Chang, não chore por mim... A minha missão já acabou, eu só tinha que viver até que a Mira pudesse estar pronta para voltar para você. — Dulal fala enquanto ergue a mão tremula e toca a face de Yin Chang, a deixando suja de sangue. — Yin Chang, quando minha morte chegar, a Mira acordará, assim como você voltará a ter suas lembranças, mas, por favor, não diga ainda que as tem para a Mira.

— Por quê? Porque você tem que morrer para que isso aconteça? — Yin Chang pergunta enquanto Abhay se afasta, porque ele sabe que há certas coisas que ele não poderia saber ainda.

— Porque eu não sou o Destino dela, você é o destino dela... E com a minha morte as coisas voltarão a ser como deveriam ser, Yin Chang, não a deixe sozinha, mesma que ela lhe peça, a ajude e esteja com os olhos abertos, existem perigos mais ferozes do que essa guerra.

Dulal sorri para ele e sente seu corpo ficar frio.

— Yin Chang, não se esqueça, eu sou uma parte de você assim como você é uma parte de mim! — Dulal fala e deixa a mão cair ao lado do corpo, Yin Chang não consegue acreditar naquilo que está vendo, e por isso o abraça contra o peito, mas quando ele tenta abraçar mais ainda... Dulal já tinha se desfeito em neve, deixando para trás apenas um colar e logo depois seu corpo, que antes se desfez em neve volta.

Não muito longe dali, num quarto onde se encontrava uma mulher adormecida algo acontecia... Luzes de todas as cores podiam ser vistas pelas janelas e pela porta de tão forte que eram, quem passava por ali não enxergava nada, mas dava para se ver uma silhueta coberta por luzes ao lado da cama da mulher adormecida, se todos tivessem visto aquilo poderia ser considerado real, mas o único que viu aquilo foi o pequeno lobo das neves que se erguera do chão e passara a latir.

A pessoa encoberta pelas luzes sorrira para o pequeno lobo das neves antes de se sentar ao lado de Mira e esperar a luz ir se apagando, até que não fosse mais visto, naquela hora uma fenda no tempo foi aberta e por ela passaram Abhay Sou e Yin Chang com Dulal nos braços.

Eles param ao ver que se encontravam no quarto de Mira, e Yin Chang sem pensar muito coloca Dulal ao lado dela na cama, ao ver como aquele casal era muito bonito, Yin Chang se sentira culpado, mas ele sabia que não poderia se sentir, ele fez uma promessa para Dulal.

O vidro que estava escondido entre as vestimentas de Yin Chang começara a emitir uma luz fazendo com que ele retirasse o vidro de entre as vestimentas e o abrisse, dele saiu uma fumaça vermelha que se dirigiu para Mira, cobrindo todo seu corpo e o atravessando, Mira então ofega e abre os olhos, dando de cara com seu marido ao seu lado todo ensanguentado, e sem pensar ela começa a chorar.

— Eu sei que ele morreu! — Ela fala enquanto lágrimas deslizam pela sua face e logo depois ela não consegue mais conter o grito, e entre seus lábios sai o grito mais doloroso que pôde ser ouvido, esse mesmo grito foi ouvido por todos do castelo.

Mira acabara de perder o marido, e se continuasse assim perderia o filho que esperava.