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Prólogo: para aqueles que amei.

Em uma sala rodeada por um acolchoado branco, Lívia se encontrava sentada, pensando somente na escuridão, no vazio.

Seu corpo estava acorrentado ao chão, sua mente nublada, ela não se lembrava do por que estava presa naquele lugar mas sabia que não devia sair, não podia.

Segundos se passaram e uma tranquila melodia começou a adentrar seus ouvidos, ela espantava a escuridão em sua consciência, refrescando uma antiga memória, sua mãe dançava com uma linda camisola branca, um pouco transparente, ela ficava linda usando qualquer coisa, Lívia deveria ter sido como ela, deslumbrante.

Com a lembrança lágrimas escorrem de seus olhos, olhos azuis que naquele momento não demonstravam nenhum tipo de vida. Seu coração parecia querer abrir o seu tórax com a força de sua pulsação, eles estavam em sincronia com os passos de um certo alguém, um demônio que colocaram em seu corpo contra a sua vontade.

— Não. — se ouve um sussurro.

Seu coração parecia querer abrir o seu tórax com a força de sua pulsação, eles estavam em sincronia com os passos de um certo alguém, um demônio que colocaram em seu corpo, um demônio que ela aceitou mesmo sabendo que não era capaz.

O som de uma caneta rabiscando um livro invade a sua mente, ela não era mais ela, Lívia, esse era realmente o seu nome?

Ao fechar o livro com força a garota parece despertar, em sua frente estava um ser peculiar, com a forma de sua mãe o demônio começa a proferir:

— O que eles eram para você?

—... — Lívia não sabia mais falar.

— O que significavam?

—... — Ela não sabia mais pensar.

— Tudo bem não falar, mas sabe, se você não me disser a verdade, eu me torno a verdade.

O demônio apoiou gentilmente sua mão no rosto pálido da garota, beijando assim sua testa, ela então viu a resposta:

— Eles eram a minha família.

— Nem todos.— A criatura responde com um sorriso.

Perfurando a testa de Lívia com seu dedo indicador, o demônio gira seu braço em sentido horário, formando uma volta perfeita, sem ao menos movimentar o restante do corpo.

Lívia sempre fez de tudo para destruir o que seu pai acreditava, ela era rebelde como consequência de saber a verdade. Para ela sua família de verdade eram os fracos, os não nobres, eles não mentiam, somente tentavam sobreviver, e essa sinceridade a encantou mais do que qualquer outra coisa, por isso viveu dessa maneira, mas no fim nada disso... importa.

Ela levava comida para eles pois sempre faltava, — os superiores fazem isso propositalmente na esperança de diminuir a quantidade dos "imundos"— ela lhes contava a verdade obscura — ninguém acreditava verdadeiramente que o procedimento trazia poder, era uma forma de matar os rebeldes ou os "imundos"—, ela colocava o próprio corpo em risco para protegê-los.

Agora ela vê a verdade.

Nada mais importa, o poder sempre esteve nas mãos dos imundos e sua morte provará isso, a próxima escolhida...

— Você sonha muito, sabia? Mas é incrível que também consiga sentir.

Lívia a olha confusa, a garota agora estava pendurada ao teto, de cabeça para baixo, não entendia como teria chegado naquela situação, de um segundo para o outro, tudo mudou.

— Talvez não seja tão ruim brincar um pouco mais com você, afinal de contas, você não existe mais.

— O que quer dizer com isso?

Pegando o livro em mãos o demônio o abre novamente, com uma caneta com a tinta preta ele escreve o que vai acontecer e então fala:

— A sua maldição é ter durado tanto tempo.

Ao abrir os olhos, Lívia consegue ver luzes vermelhas, juntamente a gritos de lamento bem ao fundo, o destino não é mais dela.