webnovel

Escreva

Abrindo os olhos a garota vê aquela mesma sala, seu corpo estava pesado e sua mente nublada, ao se levantar cautelosamente todas as luzes se apagam posteriormente se acendendo gradativamente, porém desta vez com uma cor esverdeada.

Ao seguir para o corredor percebe que o caminho que precisava seguir está completamente diferente do que Clara o mostrará, aquele estava abandonado, com paredes enferrujadas de metal, poeira demarcando o vão de diversas portas não utilizadas junto com um sentimento de culpa.

Lilian não sabia mais o que era a realidade, se aquele espaço era o presente então quanto tempo se passou para a instalação chegar nesse estado deplorável?

Corredores completamente vazios, ao encostar um dedo na parede ela ouve gritos de dor de diversas pessoas, mas o que aquilo significava? O seu coração pulsava cada vez mais e isso colocava o seu corpo em um ritmo mortífero, poderia ser por causa de curiosidade ou pelo seu medo.

Como uma brisa gelada uma voz surge do escuro trazendo com sigo um vazio incontestável:

— E você... não entende... o que querem... te dizer?

Ao olhar na direção do som não se tem nada, aquele demônio passou a cantarolar uma melodia fúnebre onde o acompanhamento eram sussurros de lamento.

Lilian não conseguia entender, apenas andava com dificuldade em linha reta ignorando qualquer tipo de desvio ou situação que lhe chamasse atenção, mesmo que em certos momentos isso fosse completamente impossível.

Adicionando linhas no grande livro não se muda apenas o destino.

Nas portas abertas fantasmas dançavam com suas dores relembrando sua morte, cada sala significava uma tentativa, Lilian sempre olhava para dentro delas, sentia a necessidade de saber o que aconteceu, enquanto continuava andando sem cessar percebia que o ambiente começava a mudar, ao virar o corredor lindos azulejos brancos a esperavam juntamente a uma bela porta intacta, esta era o lugar que Clara a trouxera naquele dia, ao pensar que uma bifurcação conseguia te levar ao inferno, este setor conseguia te causar mais e mais ânimo, a curiosidade a enchia junto com o seu caminhar ofegante e descontrolado para a porta de saída.

Ao adicionar linhas no grande livro, tudo é possível... para quem o possui.

Ao abri-la o laboratório inteiro foi tomado por luzes verdes, isso deveria funcionar para demonstrar a sua chegada, mas Lilian certamente não esperaria, tinha coisas que queria fazer, coisas que queria dizer, ela se lembrava de tudo afinal.

Saindo saltitante e seguindo qualquer caminho se depara com o refeitório, era ali que Mateus passava a maior parte de seu tempo, talvez quisesse observar Lilian ou ao menos se esconder dos outros ninguém sabe ao certo.

Naquele lugar ela não encontrou nada, apenas olhares furiosos com a sua vitória, vitória? Ninguém sabia se de fato ela tinha conseguido, não viram as luzes, não viram nada, se Lívia não conseguia, ninguém conseguiria...

Com medo eles se levantaram, Lilian se virou para a porta e viu Clara ali, seria uma tentativa de bloquear a saída, enquanto os outros a matavam com os próprios punhos, os homens claro, as mulheres se viram mais seguras aonde estavam, e as compulsivas foram caçadas e corrigidas pelas outras, nesse meio tempo muita coisa mudou, e isso a irritava.

Você se torna um sucesso por um motivo, força e dor, você não sente nada além da dor.

Quando tentaram a tocar, já tinham escrito o seu fim, um demônio com o poder de controlar o destino, era isso que ela era, ou melhor, isso estava dentro dela.

Os três que tomaram a iniciativa caíram no chão se contorcendo, de agora em diante tudo estava claro diante os olhos daquela garota, ela não era mais humana. A sua dor crescia com os choros de horror, isso significava que ela tinha compaixão? Não, era uma forma imunda de aumentar a sua força.

Quem possui o livro tem tudo, mas nunca vai ter nada.

A partir daquilo tudo mudou, a única pessoa que ela poderia ouvir foi exilada por sua culpa, sua vida a partir daquele momento seria encontrá-lo de novo e de novo mas para isso teria que se desfazer da sua prisão, as pessoas que ela deveria proteger.

Com um lápis e um caderno ela escreveu uma história, "o fim daquele lugar imundo" esse seria o título perfeito, a escolha perfeita.

A tinta preta flui enquanto a garota coloca sua própria alma em jogo, daqui a três dias ela espalharia seu sangue em toda a redondeza desta fortaleza e então como mágica demônios viriam a matar e então tudo a fortaleceria, esse foi o destino escolhido.

Com o passar dos dias ela se sentiu abandonada pelo próprio demônio, ele não se comunicava como antes, não se mostrava, Lilian sentiu saudade do medo, a dor era tudo, talvez devesse ter escolhido um caminho diferente, mas não por ela mesma.

Quando a hora chegou os gritos eram o bastante para enlouquecê-la, mas nada poderia ficar em seu caminho, ela iria até o inferno para ter o que queria, um sentimento verdadeiro, como uma história de amor.

Enquanto os demônios exterminavam todos, a garota se via a pensar em um lugar melhor, isso não existiria sem ele, sem aquele idiota ela nunca seria feliz...

— É isso, né? Como uma história de amor...

Naquele momento algumas daquelas criaturas estavam se aproximando dos aposentos de Lilian, a garota tentava escrever mas nada dava certo, não conseguia o encontrar.

— Não tem como mudar um destino já acabado, minha querida, se quiser vê-lo novamente, enfie a caneta no seu pescoço e o deseje profundamente.

Olhando para suas mãos ela finalmente entendeu.

— Então é isso, eu nunca consegui acha-lo porque ele já tinha morrido a muito tempo.

Com a caneta em sua mão ela finalmente se sentiu viva.

Quando os demônios entraram se tinha apenas uma casca vazia, a alma da garota juntamente ao demônio estavam em outro lugar, para eles era questão de tempo até o destino a consumir, mas quando se tem um sentimento tão forte, não existe nada que te impeça.