Merlin falou mais algumas palavras para todos e foi embora, ele não entraria na Dungeon com eles.
Além disso, a Dungeon dos Gigantes era uma Dungeon Especial.
Normalmente, era possível entrar e sair de uma Dungeon a qualquer instante, porém, algumas poucas ao redor do Continente tinham condições especiais de entrada.
Por exemplo, na Dungeon dos Gigantes haviam três regras especiais.
Primeiro, assim que a primeira pessoa passar pela Porta dos Gigantes, todos os demais têm apenas três minutos para passar por ela, já que após esse tempo, a porta se fechará.
Segundo, após a porta se fechar, só será possível abrir novamente em três dias ou caso alguém derrote o Boss do Primeiro Andar.
Terceiro, para abrir a Porta dos Gigantes e entrar na Dungeon existem duas formas, primeiro era usando um encantamento, descoberto após análises feitas nas runas antigas escritas nas paredes e na porta em si e o segundo seria com pura força física, no entanto, até hoje, o número de pessoas capazes de abrir na força bruta dava para contar nos dedos.
Além disso, como Merlin, Andrea e Zadock já haviam derrotado todos os Bosses de cada andar, demoraria uma semana para eles reaparecerem, sendo assim, no momento, a única forma de sair era esperar os três dias, já que o Boss do Primeiro Andar estava morto.
De qualquer forma, Merlin usou o primeiro método e recitou um encantamento para abrir a colossal porta.
Ele esperou até o último aluno entrar e a porta se fechar.
Após isso, ele suspirou levemente, ele sempre ficava preocupado com as crianças todas as vezes que elas entravam na Dungeon dos Gigantes.
Sendo ele alguém extremamente poderoso, aquela Dungeon era relativamente fácil, porém, jamais se deveria subestimar a capacidade de surpreender essas incríveis obras da natureza.
Elas eram traiçoeiras e imprevisíveis.
Muitos valentes, poderosos aventureiros e aventureiras, perderam suas vidas para seres muito mais fracos do que eles por subestimar seus inimigos.
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O corredor que seguia após a Porta dos Gigantes era igualmente gigantesco.
As paredes de obsidiana eram tomadas por desenhos que pareciam ter sido feitos usando uma espada, devido ao pouco detalhamento, mas grande profundidade dos entalhes na rocha.
Eram figuras antigas, humanoides e de tamanhos desproporcionais, era possível identificar seres sendo representados como várias vezes maiores do que montanhas, porém, nunca se viu um ser daquelas proporções, motivo pelo qual a Dungeon dos Gigantes era uma grande fonte de curiosidade.
Muitos estudiosos se perguntavam se aquela representação era apenas exacerbada ou realmente, nos tempos antigos, existiram tais seres.
Além disso, a cada cem metros, havia uma imensa coluna, de cada lado, rente à parede até o teto.
Essas colunas eram feitas de um tipo de aço extremamente resistente, não era à toa que aquela Dungeon também era mineirada de vez em quando para reabastecer os estoques de minerais da Academia Real.
O teto, estava há trinta metros do chão, o suficiente para até um gigante não sentir-se claustrofóbico.
Não havia nada de grandioso no teto, apenas pura rocha vulcânica.
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As crianças olhavam para todos os lados e era possível ver o pavor nos olhos da maioria.
Poucos estavam tranquilos e um número ainda menor se dava ao luxo de ter curiosidade, caso esse era o de Sarah e Ben-Hur.
Ambos andavam juntos, olhando para todos lados.
Ben-Hur olhava curioso para as paredes, conhecendo ele como surgiam as formações de obsidiana, também conhecida como vidro vulcânico, era impossível não indagar-se de como elas foram parar ali.
Segundo o que sua mãe lhe ensinou da geografia do Reino Wolfstrong, não havia nenhum vulcão ativo na região da Academia Real.
Haviam alguns dormentes, mas o mais próximo ficava há mais de mil quilômetros de distância.
Sendo assim, por mais forte que fosse a erupção na antiguidade, era quase impossível de tais formações terem surgido por ali.
Ele também notou que as imagens eram desproporcionais em suas dimensões e não podia deixar de indagar-se em como elas foram criadas.
Muito se perguntava como as Dungeons surgiam, bem como quem determinava a forma dela e os desenhos que nelas existiam.
Era quase que uma regra que elas tivessem suas paredes tomadas de figuras, quase como se civilizações antigas tivessem vivido por ali e deixaram suas marcas para trás.
Porém, não parecia ser o caso, já que as paredes das Dungeons podiam ser danificadas e após algum tempo elas voltariam ao normal.
De qualquer forma, várias perguntas surgiam na mente de Ben-Hur e também de Sarah.
Eles estavam bem no final do grupo de alunos, logo atrás deles estava Andrea Rosi e também as duas Guardas da Princesa Sarah, ambas de Rank A+.
Ambas vestiam pesadas armaduras douradas e carregavam espadas quase do tamanho delas nas suas costas.
Suas faces eram cobertas por capacetes dourados, repletos de Runas.
Era possível apenas ver seus olhos.
A de olhos verdes era Jenny Riley e a de olhos castanhos era Pietra Collins.
Elas eram amigas de longa data e estavam no começo dos seus trinta anos.
Ambas eram chamadas de Torres Reais, com uma alusão às torres usadas para jogar xadrez, as quais estavam desenhadas nas armaduras delas, nos seus ombros direitos.
Não era apenas isso, aqueles desenhos foram colocados como uma homenagem e também uma brincadeira, já que elas eram famosas por terem uma das defesas mais poderosas entre todos que faziam parte da Guarda Real.
Suas poderosas espadas e suas pesadas armaduras as faziam excelentes defensoras, mas também monstruosas guerreiras, com ataques capazes de matar facilmente Feras Etéreas com apenas um golpe.
De qualquer forma, ambas, juntas de Andrea, faziam o papel de cuidar da retaguarda e impedir que qualquer surpresa viesse pelas costas das crianças.
A frente, liderando estavam Estel e Zadock.
Estel parecia tranquila, já Zadock estava meio apreensivo, mas provavelmente era por ele estar ao lado da Princesa do Reino Élfico.
Ele era tímido, apesar de sua aparência confiante e porte de modelo, sua personalidade era mais retraída e séria.
Sendo assim, ele tinha um pouco de dificuldade de agir perto de pessoas importantes, mas isso não o impedia de ser um dos grandes amigos de Merlin.
Zadock o havia conhecido na mesma expedição que James Magellan, o Capitão da Guarda.
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"Muito bem, todos prestem atenção!" A voz de Estel soou pelo recinto e reverberou nas paredes e no teto, ecoando por alguns instantes.
Logo a frente, o corredor se abria para um imenso salão oval, dentro haviam outras cinco portas, já abertas, que levavam para locais diferentes dentro do Primeiro Andar da Dungeon dos Gigantes.
Em suma, Dungeons eram labirintos e era o objetivo daqueles que iam até ali descobrir como chegar até os Guardiões de cada Andar.
"Esse será o nosso local de treinamento, nós iremos entrar nos corredores a frente e vamos trazer Feras Etéreas já feridas para que vocês lutem aos poucos com elas.
Vocês devem formar grupos de dez pessoas, para então lutarem contra as Feras Etéreas que nós trouxermos.
Iremos dar a todos vinte minutos para decidirem os seus grupos..." – Estel.
Após falar isso, ela estalou os dedos e todos viram quando um domo de luz cobriu todo o salão, era uma Barreira de Alto Nível.
Nem mesmo alguém de Rank B seria capaz de passar por aquela barreira e alguém de Rank A demoraria um bom tempo para conseguir a enfraquecer.
Zadock, as Guardas e Andrea não conseguiram esconder completamente a surpresa.
A habilidade de Estel realmente era algo digno de toda a mística que a envolvia e as lendas também.
"Ei, o que acha de formarmos um grupo?..." Sarah que já estava ao lado de Ben-Hur, o empurrou com o cotovelo e sorriu animadamente em sua direção.
"Claro, mas ainda precisamos de mais oito pessoas..." – Ben-Hur.
"Hm... Realmente, quem você acha?..." Sarah parecia pensativa enquanto olhava para as pessoas ao seu derredor.
Porém, Ben-Hur já tinha em mente quem ele escolheria.
Com a capacidade de ler os Status das pessoas ao seu derredor, ele conseguia ver quem eram aqueles que agregariam ao grupo, não apenas com poder, mas com amizade, coordenação e união.
A primeira pessoa que Ben-Hur e Sarah se aproximaram foi Rosetta, a garota de origem plebéia.
Já haviam alguns outros nobres ao derredor dela, tentando chamar ela para os seus grupos, mas ela parecia meio acanhada e perdida entre tantas pessoas.
A maioria estava apenas seguindo cegamente as ordens de seus pais, já que todos eles falaram o que havia acontecido e suas famílias rapidamente os ordenaram a se aproximarem dela para que no futuro a pudessem trazer para trabalhar em seus territórios.
"Olá, Rosetta, certo?..." Sarah se aproximou com um sorriso cordial e animado.
Ela claramente tinha habilidades sociais melhores que Ben-Hur, sendo assim, eles concordaram que Sarah seria quem começaria a conversa.