Quando ele escolheu Julia como sua companheira, jurou que trataria Emily bem e a consideraria como se fosse sua própria filha. Depois disso, permaneceu fiel à sua palavra, pois tinha um motivo oculto.
Porém, ele se deixou levar e esqueceu que Alvorada também precisava dele. Ele era o pai dela. Contudo, era difícil até olhar para ela quando ela era a imagem cuspida da mãe. Sua própria filha o fazia lembrar de sua falecida companheira e de seu fracasso como alfa, porque não conseguiu protegê-la.
Então, embora tivesse começado de forma sutil, com o tempo, ele começou a se afastar de Alvorada, seguramente.
No entanto, agora que Alvorada não estava mais com ele, sentiu seu mundo desmoronar. Pouco se importava com Julia e Emily. Ele nem mesmo as via como família.
Mesmo assim, Tony sabia que o que disse mais cedo havia sido desnecessário.
"Onde está sua mãe?" Tony perguntou a Emily, que parecia chateada. Ela desviou o olhar quando ele falava com ela, indicando que ela havia ficado sabendo da briga entre os dois.
Envolver outros nas suas brigas era um hábito de Julia e, na maioria das vezes, seriam Emily e Alvorada.
"Ela está dentro do quarto." Emily baixou a cabeça. "O que você disse não foi legal. Eu posso entender se você não consegue me ver como sua filha, mas eu…"
"Depois," Alfa Tony a interrompeu. Ele não queria ouvir sua autocomiseração agora. No fim do dia, ela havia feito algo vil à sua preciosa filha e seria difícil para ele olhar para ela sem sentir animosidade.
Emily ficou surpresa com a indiferença de seu pai, mas não disse nada e observou como ele entrou no quarto e bateu a porta atrás de si.
A situação em casa não estava boa e quando ela foi procurar Blake, ele recusou-se a vê-la. Beta Jason disse para dar um espaço a ele, porque ele ainda estava chateado com a partida súbita de Alvorada.
Entretanto, não era ela quem estava grávida do filho dele? Por que ele não se importava com ela? Emily estava furiosa com tudo.
Ela foi ao quarto de Alvorada, querendo destruir tudo o que tinha algum valor sentimental para Alvorada, mas para sua surpresa. Todas as coisas importantes dela haviam desaparecido.
"Ela levou tudo?" Emily franziu a testa. Alvorada partiu tão rapidamente e ainda estava inconsciente quando o Alfa do norte a levou, então como ela pôde levar todas as suas coisas?
=============================
Quanto mais se aproximavam do norte, mais difícil se tornava o trajeto e o clima parecia mais frio.
Para alguém como Alvorada, que não estava acostumada com esse tipo de clima, parecia que se transformaria em um cubo de gelo. Ela se enroscou dentro da carruagem, enterrou-se sob cobertores espessos. Olhou para fora e observou como aquelas bestas caminhavam nesse clima frio como se não fosse nada.
"Como eles conseguem fazer isso?" Os dentes de Alvorada estavam batendo. Ela prendeu a respiração quando alguém abriu a porta da carruagem e uma lufada de vento frio entrou. Sentiu que seu rosto congelaria.
Provavelmente era Zenith.
O Alfa franzia a testa ao ver a condição dela.
"Frio?" Zenith perguntou.
Claro! Você acha que me enterrei sob os cobertores porque queria ser um enroladinho de canela?
Alvorada o encarou, mas imediatamente corrigiu seu comportamento, com medo de que esse alfa a jogasse para fora da carruagem.
"S- sim…" Alvorada gaguejou ao responder.
"Estranho."
Alvorada franziu a testa. Ele é o estranho, tá. Ela se sentia cansada e não queria se engajar em uma conversa com ele, então fechou os olhos, mas seu corpo ainda estava tremendo.
Hm? O que ele está fazendo?
Alvorada ouviu o barulho de algo se mexendo e sentiu o cobertor sendo levantado. Abriu os olhos imediatamente e estava pronta para dar um bote quando de repente sentiu o corpo dele contra o dela.
"Melhor?" Sua voz rouca estava em seu ouvido. Ele colocou os braços ao redor do corpo dela e literalmente a aconchegou, envolvendo-a com seu quadro.
O corpo dele era muito quente. Isso era ainda melhor que os cobertores espessos, especialmente quando ele acariciava suas costas.
Mas…
"E- espera, espera, o que você está fazendo?" Alvorada corou quando seu rosto estava tão perto do dela. Céus! Ela ouviu histórias sobre sua crueldade, mas nunca sobre quão belo ele era. Droga. Ela estava sendo vã agora.
"Te aquecendo."
"Ah…"
Alvorada não sabia como responder a isso, mas por que aquilo soava um pouco sedutor? Provavelmente sua mente estava um pouco congelada por causa deste clima frio.
"Você deveria pedir minha permissão primeiro…" Alvorada murmurou.
"Eu não peço permissão," Zenith respondeu relutantemente.
Alvorada ficou sem palavras ao ouvir isso, mas, para ser honesta, ela não conseguia resistir a esse calor. O aroma dele era... muito agradável e a maneira como ele acariciava suas costas era também agradável. Apesar de sua aparência fria e intimidadora, seu toque era reconfortante e isso a ajudou a adormecer.
No entanto, Alvorada se manteve firme no que tinha dito, ele deveria pedir permissão primeiro, assim, como uma pequena revanche, ela encostou seus pés frios nele, fazendo-o estremecer um pouco ao sentir a pele gelada dela e esgueirou suas palmas contra o peito dele.
Sentindo-se satisfeita, ela se aconchegou contra ele.
Logo, sua respiração se tornou regular e ela adormeceu rapidamente, enquanto lá fora, o vento uivava alto como o choro de uma banshee.
Uma vez que Zenith teve certeza de que ela tinha adormecido, ele afrouxou um pouco os braços ao redor dela, para poder ver seu rosto. Ficou olhando para ela por um tempo. Esse era o rosto pelo qual ele havia ansiado. Ela estava respirando agora... ela estava em seus braços agora e era tudo o que importava para ele.
Zenith baixou a cabeça e pressionou os lábios contra os dela. Os lábios dela estavam frios e ele precisava aquecê-los também.
Como ele disse, ele não tinha o hábito de pedir permissão.