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Não Há Amor na Zona da Morte (BL)

Zein era um Guia renegado vivendo na terra abandonada pela divindade da zona vermelha, guiando por dinheiro e sobrevivência. Até que a guilda para a qual ele trabalhava provocou uma tragédia. Movido por pesar e culpa, Zein tornou-se um guia mercenário na terra que faz fronteira com a proibida Zona da Morte, trabalhando como um monge suicida. Um dia, um Esper arrogante apareceu de repente e lhe disse, "Se você está tão determinado a morrer, por que não vem comigo para a Zona da Morte?" Uma estranha proposta, um sorriso nostálgico. Zein realmente já havia se encontrado com ele antes? Seguindo o homem para dentro da zona mortal, Zein encontrará o descanso que procura, ou será engolido por uma tempestade? Mas não existe algo como amor na Zona da Morte... existe? * * * A história é ambientada em um universo de Sentinelas, então haverá: - Sentinela (Esper) e Guia - Masmorra! - Romance - Ação - …sacanagem? ;) É uma história de amor (meio que) embrulhada em maluquices do sistema de masmorra, com habilidades e ação e coisas do tipo

Aerlev · LGBT+
分數不夠
307 Chs

Capítulo 30. Onde a Linha é Ultrapassada

"Que tal um beijo?"

Zein não evitou o olhar, nem se afastou. Ele encarou de volta as órbitas âmbar; elas pareciam bonitas, como um fogo tênue, uma paixão cristalina. Elas pareciam pedras de ignição, e ele sentiu que poderia ser pego na chama que criavam.

Ele olhou as marcas de escamas sob o olho e descobriu que não eram marcas, mas escamas reais, reluzindo em sua negritude. Uma pequena cicatriz acima da sobrancelha aparentemente perfeita o fez lembrar do sangue que ele viu naquele rosto quatro anos atrás.

Isso o fez perceber que essa era a primeira vez que ele olhava claramente para o rosto do esper.

Uma linha estava esperando para ser cruzada, mas Zein não se permitiu atravessá-la. "Não,"

"Tsk—" Bassena estalou a língua, mas não havia desapontamento aparente em seu rosto. Claramente, ele esperava essa resposta. Um sorriso brincalhão dançava em seus lábios ao invés. "Não deveria entrar no clima?"

"Que clima?" Zein inclinou a cabeça, sem nenhum sinal de embaraço para ser reconhecido.

O esper riu, o fogo em seus olhos se dissipando em calor. "Tipo eu estar nu, nós dois estarmos sozinhos, e tudo ser bonito..."

Zein suspirou e murmurou secamente, "Tão persistente..."

Era a deixa dele para dar um passo para trás, então Bassena deu de ombros e se moveu para o lado, inclinando o corpo para a lateral do lago e apoiando a cabeça com o cotovelo na grama. "Não é normal ser persistente na perseguição de alguém que você está cortejando?"

Cortejando... Zein zombou. Sinceramente, ele estava um pouco confuso com esse esper. Ele pensou que a flertação do esper era um truque para atrair Zein para sua guilda. Mas havia momentos em que ele via a sinceridade nas palavras e ações de Bassena.

E porque ele sabia agora, que eles de fato se encontraram antes, numa situação de vida ou morte, para ser mais preciso.

Ele se lembrou então, quando se encontraram dentro da guarita sentinela.

—Eu vim para ver você—

Foi o que o esper disse.

—Se você morresse, eu não seria capaz de sobreviver—

Isso soou mais verdadeiro do que Zein pensava. Porque na verdade, ele pensou em apenas deixar tudo para trás naquela época, na escuridão do quarto dos gêmeos. Então ele talvez não tivesse encontrado esse homem, a apenas um passo de entrar em erupção.

Havia algo que Alma—sua figura de irmã mais velha—disse sobre esper que voltaram de perto da erupção.

Apego.

Era fácil para um esper se apegar ao guia que os retirou do limiar da erupção. Não havia nada de esquisito ou especial nisso, já que é uma reação normal de alguém cuja vida foi salva. Assim como um homem morrendo sentiria uma imensa gratidão por alguém que o curou.

Mas guiar tocava a alma, o núcleo mesmo do ser vivo. Então o apego formado através da guiança era mais profundo.

Foi por isso que Zein fugiu tão logo após purificar Bassena quatro anos atrás. Ele sempre foi firme em rejeitar esper por causa dessa coisa de apego. Ele só nunca pensou que Bassena ainda procuraria por ele persistentemente depois de anos.

Zein olhou para baixo, para o cabelo platinado ofuscante, penteado para trás e molhado da água. Os olhos fechados e o rosto relaxado como se o homem estivesse tomando banho de sol.

Para alguém que o perseguiu persistentemente por quatro anos, Bassena era... paciente. E era essa paciência que lentamente balançava Zein, permitindo os pequenos pedidos do esper, deixando que ele exercitasse suas investidas.

Embora Zein soubesse que seria ruim se deixar levar por esse apego.

"Quando você disse que quer que eu seja o seu exclusivo—"

"Ah, espera!" Zein virou a cabeça e levantou a sobrancelha para o rosto embaraçado do esper. Era tão surpreendente e inesperado, como aquela vez com a conversa sobre o rato. O homem olhou para ele com um ar de constrangimento. "Em minha defesa, eu não tinha ideia de que 'guia exclusivo' contém significado pejorativo na zona vermelha. Então eu peço desculpas primeiro."

Zein piscou. Ele na verdade só queria confirmar aquela coisa de 'apego' que Alma lhe disse, e traçar a linha ali. Mas agora que o esper mencionou...

É verdade que Zein partiu porque ele não queria se envolver com um esper aleatório que ele encontrou numa caverna escura, mas metade de sua irritabilidade também veio daquele termo: Guia Exclusivo.

Claro, Zein sabia agora que o termo tinha um significado diferente em outros lugares. Originalmente era um nome para um contrato exclusivo entre um esper e um guia, onde o guia sob o contrato usaria sua habilidade apenas para guiar o esper com quem ele contratou, e mais ninguém. Alguns espers de alta estrela tinham um guia exclusivo porque necessitavam de guiança constante e dedicada.

E geralmente, contratos exclusivos marcavam o auge da prestígio para um guia, com uma remuneração atraente e tratamento de alto escalão baseado no rank do esper. Então, ser um guia exclusivo para um rico e jovem da Classe Santo como Bassena Vaski seria o sonho da maioria dos guias. Era compreensível que Bassena se sentisse confuso ao ser rejeitado naquele dia, quando todos os outros guias estavam pedindo por isso ao contrário.

Mas na zona vermelha—e qualquer parte sombria da zona superior—guia exclusivo também era usado como um termo para 'guia escravo', o que se referia a guias presos em contratos injustos com uma guilda ou organização. Guias que eram 'propriedade' dessas instituições. Em alguns casos, esses guias escravos até se tornavam prostitutas. Existia um bordel de guias para aqueles que procuravam o serviço desses guias 'exclusivos'.

Zein era, essencialmente, um desses escravos.

"Eu era... imaturo naquela época e não sabia muito sobre outras partes do mundo," Bassena continuou, com uma voz desprovida de sua confiança usual. "Eu costumava pensar que todos me aprovavam por causa do meu poder, que as pessoas naturalmente queriam estar ao meu lado. O que claramente não é verdade, vendo como acabei naquela situação em primeiro lugar."

Zein se inclinou, tentando olhar no rosto constrangido de Bassena. Mas o esper desviou o olhar, com um traço de vermelhidão em suas orelhas. Ele parecia alguém que se envergonha ao falar sobre sua história obscura.

"Então você está maduro agora?" Zein deu um sorriso, pairando acima da cabeça do esper.

Bassena mergulhou ainda mais na água, sentando-se no leito do lago até que a água chegasse ao seu pescoço. "Um pouco..." ele murmurou baixinho, antes de olhar para o guia. "Pelo menos, não sou mais um moleque."

Ah—Zein lembrou então. Na verdade, foi a primeira pista que o esper lhe deu.

—porque você odeia lidar com moleques, certo?—

Zein não lembrava muito, no fundo. Na verdade, ele só disse isso porque estava irritado e procurando uma desculpa para se afastar, bem como para lançar insultos.

Mas parece que Bassena levou isso a sério. Ele riu e olhou para cima, sentindo-se bem em ver esse esper imponente e poderoso agindo todo constrangido e parecendo fofo. Era em momentos como esse que Zein percebia que Bassena era mais novo do que ele. Era um reflexo de um movimento subconsciente, quando sua mão avançou e acariciou as madeixas prateadas.

Bassena olhou para cima, mas Zein não estava olhando para ele. A mão que fazia carinho estava se movendo, acariciando seu couro cabeludo. Mas os olhos azuis do guia estavam olhando para a paisagem; para a cachoeira estrondosa, para o verde vibrante, para as flores coloridas; para o dossel das árvores e a luz que irradiava de cima como a eterna luz do sol.

Era bonito, não era nada como aquele dia, cheio de ar sufocante e escuridão, de sangue e fúria. E mal-entendido.

"Por que você não me contou?" Zein perguntou, parando a mão. Realmente precisava de algum abanão, mas se Bassena lhe contasse o evento, ele poderia ter lembrado mais rápido.

"Hmm..." o esper olhou para frente na superfície do lago, desapontado com o fim do carinho. "Se chegar a esse ponto, então... orgulho, eu acho,"

"Orgulho?" Zein inclinou a cabeça.

Bassena deu uma risada, causando um pequeno frêmito na superfície do lago. "Eu queria te contar, no início. Mas então, que diferença faria se você não pode se lembrar? Significa que eu sou tão inesquecível em sua mente. Meu orgulho ficaria ferido se eu tivesse que fazer você lembrar."

Humm—esse era meio que fofo. Zein olhou para baixo e encontrou os olhos âmbar que o olhavam. "E então eu pensei—bem, em vez de fazer você se lembrar daquele momento horrível em que eu parecia ter te ofendido, eu preferiria causar uma nova impressão de qualquer forma," o esper deu de ombros com um sorriso.

Zein apenas encarou o esper por um momento antes de zombar. Se tinha que ser honesto, Zein não tinha nenhuma impressão real da Bassena naquele dia, com tudo sendo bem caótico e ele se sentindo terrível. Mas se ele tivesse que fazer comparações, então era verdade que agora ele considerava Bassena em maior estima.

Ele fez um sorriso inconsciente, e o esper aproveitou isso.

"Você não vai se lavar também?" Bassena inclinou a cabeça para o joelho do outro, a água se infiltrando nas calças de Zein.

O guia baixou o olhar e franziu levemente a testa para os dedos que esfregavam sua panturrilha debaixo d'água. "Eu não me cobri de seiva,"

"Mas onde mais você encontraria um lago agradável dentro de um lugar mortal como este?" Bassena sorriu, espirrando um pouco de água para provocar o guia. "Quem sabe quando você poderá visitar este lugar novamente?"

Zein encarou o lago e a cachoeira. Tão diferentes do rio negro que eles seguiram pela última semana. Tão diferentes da corrente turva da zona vermelha. O frescor em sua pele, a superfície cintilante... ele teria que se despedir desse lugar em breve. Amanhã? Depois de amanhã? Mesmo que ficassem aqui pelo resto da expedição, eles teriam que voltar em uma semana.

"Mais tarde," Zein disse, definitivamente não por causa do formigamento do toque do esper.

"Quando é mais tarde?"

Zein olhou para baixo, espreitando dentro da água. "Quando você não estiver mais excitado."

Com isso, o esper sorriu. "Não tem nada que eu possa fazer quanto a isso,"

"Talvez se você parar de tocar na minha perna..."

"Mas eu estou tentando te seduzir aqui," Bassena esticou os lábios ainda mais com a desculpa esfarrapada, os dedos esfregando entre os dedos dos pés de Zein.

Zein dobrou a outra perna, aquela que ele não tinha colocado na água, e inclinou a cabeça em seu joelho, olhando para baixo para o esper travesso. Ele não recuou a perna que brincava na água, no entanto.

Com uma voz bastante divertida, ele falou enquanto dava um peteleco na testa do esper. "Você falou sobre romance e tal, mas isso não é apenas luxúria agora?"

Sem remover o sorriso do rosto, Bassena virou a cabeça, pressionando os lábios no joelho encharcado do guia. "Parece que é difícil seduzir seu coração, então vou tentar seduzir seu corpo primeiro," os olhos âmbar se estreitaram em meias luas, olhando para cima em direção ao profundo azul. "Neste quesito sou bastante confiante."

Zein não deu nenhuma resposta, mas também não repreendeu o esper. Ele apenas observou o esper se mexer, erguendo aquele corpo glorioso e virando-se para ele, deixando seus olhos se banquetear livremente na pele bronzeada e nos músculos ondulantes.

Bem, ele certamente tinha todos os motivos para se sentir confiante.

Zein, por outro lado, calmamente deu um tapinha na bochecha do esper. "Que pena. Você deveria ter dito isso antes de eu fazer há quatro anos."

"...hã?" Bassena, talvez não achando que o guia o trataria como um garoto da vizinhança pedindo por alguma experiência, respondeu atordoado.

"Agora tudo que me lembro é sentir mal e dor."

Bassena piscou. Lembrando da expressão de dor no rosto de Zein naquela época, as sobrancelhas franzidas e o rosto encolhido. Quando pensou sobre isso, claro que não haveria maneira de Zein se preparar adequadamente já que era uma emergência. Em primeiro lugar, este guia disse que nunca usou aquele método antes — ou depois, aliás.

"Uhh...isso..." sua voz já não era baixa e sedutora como antes, voltando a ser precipitada. Mas o esper de alta estrela era uma criatura sem vergonha para começar, então Bassena veio com uma resposta quase instantaneamente. "Bem, não é mais um motivo para fazermos isso? Já que a primeira vez foi feita de uma maneira menos adequada, eu tenho que fazer a próxima ser boa..."

"Você soa como um vendedor," Zein apertou os olhos.

"Mas não é um desperdício?" Bassena insistiu de maneira estranha. "É a única vez que você fez isso, mas se sentiu horrível. É irritante que sua lembrança de mim esteja associada a uma experiência negativa," o esper clicou a língua.

Aparentemente, ele realmente estava irritado. Mas Zein apenas deu de ombros e comentou brevemente. "Isso não é problema meu."

"Como assim não é problema seu?" Bassena franziu a testa e, em seguida, levantou uma de suas sobrancelhas de maneira provocante. "Você não quer saber por que as pessoas dizem que guiar com sexo é o melhor?"

Agora foi a vez de Zein levantar sua sobrancelha e, mais uma vez, se inclinar para trás apoiado em seus braços. "Parece que você faz isso com frequência, senhor Classe Santo?"

"Ah..." Bassena piscou e desviou o olhar por um instante. "Hmm...não realmente?"

"Mentiroso," Zein sorriu. Bem, não era da sua conta o que o esper fazia, mas era meio divertido provocar o homem sobre isso.

Bassena apenas encarou os lábios esticados, e perguntou mais calmamente. "É realmente tão ruim? Tanto que você não quer experimentar?"

"Não é por isso—" Zein suspirou e então sorriu docemente, impiedosamente. "Mas a resposta ainda é não."

"Mesmo que você tenha gostado de olhar..."

"Bem, obrigado pela visão, eu suponho."

"Só um beijo então?"

"Não."

"Tsk—"

Zein sorriu para o rosto emburrado do esper e jogou uma toalha sobre a cabeça que continuava a pingar água em suas calças. Com a tenacidade de um irmão mais velho com dois gêmeos energéticos sob seu cuidado, Zein esfregou a toalha com força no cabelo loiro-platinado, fazendo a cabeça do esper balançar com a força.

"Ah, espera—ei!" Bassena fechou os olhos para se proteger do ataque inesperado, protegendo seus orbes de serem picados pelo cabelo molhado. "Droga—como você pode ser tão forte—ugh..."

"Heh," Zein deu uma risadinha, golpeando implacavelmente a pobre cabeça do esper em uma farsa de movimento de secagem.

Talvez porque eles estivessem rodeados por uma paisagem linda; um lago sereno, uma conversa tranquila e ar fresco perfumado por flores — Zein se sentiu incomumente leve. Seu coração, de qualquer forma. Até este homem, um esper, parecia bastante fofo. Provavelmente por causa de seu cabelo molhado, desgrenhado e despenteado pela ministração de Zein, e sua reação sincera que estava livre de pretensões duras e arrogância usual. O homem de repente parecia jovem, com certa infantilidade em seu rosto emburrado, inocência perdida aprisionada dentro de um poder imenso.

Zein parou seus esfregões, com a mão pousada em cada lado da cabeça do esper.

"Ugh, você terminou?" Bassena resmungou, olhou para cima e congelou. Zein estava olhando para ele, mas os olhos azuis pareciam distantes, como se o guia estivesse em profunda contemplação. "...o quê—"

"Sem língua. Mantenha suas mãos."

Zein abriu a boca, e Bassena apenas piscou, atônito. Processando silenciosamente as palavras.

"..." os segundos passaram, mas o esper ainda olhava fixamente sem responder.

Zein apertou a mão na cabeça do mais jovem levemente. "Sua resposta?"

"Sim! Quer dizer...sim, tudo bem—sim!" Bassena respondeu em um reflexo apressado e estalado. Ele nem sequer teve tempo de processar realmente até que os olhos azuis e o rosto bonito se aproximaram — tão perto que ele não pôde mais vê-lo, quando a linha entre eles foi rompida, e lábios firmes pressionaram nos seus próprios.