Capítulo 4
Na manhã seguinte, às 10h...
Emma ainda sonhava com a noite passada. Cada toque, cada beijo de Jackson permanecia em sua pele como uma memória vívida. O sabor de seus lábios ainda parecia presente, e ela quase podia ouvir sua respiração, sentir os batimentos de seu coração junto aos dela. Suspirou profundamente, ainda deitada, os olhos fechados, como se não quisesse acordar.
Mas, ao abrir os olhos, seu corpo esquentou por outro motivo: Jackson não estava ao seu lado.
Ela o procurou ao redor com o olhar, o peito apertando aos poucos. O quarto estava silencioso, e tudo o que encontrou foi um papel dobrado sobre o criado-mudo. Esticou a mão com hesitação, o coração apertado ao desdobrá-lo.
"Bom dia, querida!
Espero que tenha dormido bem.
Tive um compromisso urgente e precisei sair cedo.
Pedi à Abigail para deixar algumas roupas limpas para você sobre a mesinha no canto.
Pode descer e tomar um belo café da manhã.
Por favor, não me espere, estarei viajando hoje.
Beijos, e se cuide."
— Mas que filho da mãe... — murmurou Emma, entre dentes.
O sangue subiu-lhe ao rosto, o coração batendo de raiva. Como pôde se deixar levar tão facilmente? Ele parecia diferente, verdadeiro... Mas talvez fosse só mais um bom ator em sua coleção.
Levantou-se decidida, ignorando as roupas preparadas e vestindo o que havia trazido. Desceu as escadas determinada a sair dali, mas foi surpreendida por uma voz gentil na cozinha.
— Oi, querida! Bom dia! Aceita um café? Fiz um bolo de morango, está delicioso.
Emma sorriu com esforço. Apesar de tudo, não queria parecer rude com a simpática senhora.
— Bom dia. Sim, eu adoraria, obrigada.
Sentou-se à mesa enquanto Abigail lhe servia suco de laranja. Emma pegou o copo, mas sua mente estava longe. Não conseguia parar de pensar em Jackson. Sua frustração era tanta que nem o aroma do bolo lhe despertava apetite.
Abigail, observando a expressão perdida de Emma, falou com suavidade:
— Querida... sei que não é da minha conta, mas... talvez fosse melhor esquecer o senhor Jackson.
Emma ficou em silêncio, surpresa pela sugestão. Havia algo no tom daquela frase que a deixou inquieta. Mas antes que pudesse perguntar o motivo, suspirou e decidiu que já era hora de ir.
— Ah... Preciso ir agora. Obrigada pelo café, senhora Abigail.
Ela se levantou e caminhou até a porta. No exato momento em que tocou a maçaneta, o telefone da cozinha tocou. Abigail atendeu prontamente e começou a conversar com um homem, mas Emma não deu atenção.
Girou a maçaneta e abriu a porta — e então parou.
Seus olhos pousaram sobre um par de tênis brancos, limpos, com cadarços perfeitamente alinhados. Seguiu o contorno das pernas, o jeans escuro ajustado, e então... aquele peito largo. Respirou fundo, tentando se recompor, mas congelou quando ouviu:
— Oi! Com licença, poderia... desobstruir a passagem?
A voz era firme, cortês e levemente divertida. Emma ergueu o olhar — e parou de respirar por um segundo.
Diante dela, um homem alto, cabelos castanhos ondulados e olhos azuis que pareciam atravessá-la por dentro. Um “uau” involuntário passou por sua mente.
— Ah... Me desculpe. Já estava de saída.
Desviou o olhar e tentou sair rapidamente, mas sentiu algo prender em seu braço. Olhou para o lado e viu a mão dele — grande, firme, mas surpreendentemente gentil no toque.
— Você está bem, senhorita?
Emma apenas assentiu, evitando os olhos dele.
— Sim...
Foi então que Abigail apareceu na porta com uma pasta nas mãos:
— Sr. Patrick, aqui está a documentação que o senhor Jackson pediu.
Ao ouvir o nome de Jackson, Emma instintivamente puxou o braço e se afastou. Patrick permaneceu parado na porta, observando-a silenciosamente enquanto ela se dirigia ao elevador... sem olhar para trás.
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CONTINUA...