Você não é qualificado!

"Foi mal, foi mal…" Se desculpou Gojo-san, enquanto andávamos pela imensa escola, a chamada Faculdade Metropolitana de Tóquio, ou melhor dizendo, Escola de Jujútsu de Tóquio.

O idiota me deixou preso por horas, até se lembrar de mim, na verdade, ele não se lembrou de mim, só veio por que foi lembrado que precisava me apresentar para o diretor dessa escola, só assim para completar minha inscrição.

Nunca na minha vida quis bater em alguém ou me envolver numa briga, mas esse cara, está pedindo um soco na cara, mas fazer o que, não entendo muito bem esse mundo ainda, mas sei que morreria num segundo se ele quiser me machucar, por isso mesmo, andei alguns passos atrás dele com as mãos no bolso, percebendo pela primeira vez depois de livre, que meu uniforme da escola foi mudado para um traje preto, parecido com o que Gojo-san, usa, o uniforme dessa escola eu acho.

"Realmente sinto muito, mas vai ficar tudo bem agora, tudo que você tem que fazer antes de descansar e comer algo, é convencer o

diretor que você é material para essa escola, só isso."

Isso me fez parar.

"Achei que já estava resolvido."

"Oh não, o diretor tem a palavra final, então se saia bem na sua entrevista, senão, você sabe." Riu Gojo-san, com as mãos no bolso meio que abaixado, achando graça disso tudo.

Esse cara não é confiável, seria mais seguro correr daqui tentando a sorte sozinho, mas essa também é uma opção que vai levar com certeza, a minha morte.

Então, sem escolhas, passei a olhar ao meu redor, afinal essa escola, não é uma escola comum. Todas as construções são feitas no estilo arquitetônico tradicional japonês, na verdade, parece mais uma templo que uma escola, eles tem até mesmo uma torre, de qualquer forma, estamos no alto de uma montanha, e só posso ver vegetação ao meu redor, isso quer dizer que estamos isolados e escondidos, se ele não tivesse me contando que ainda estamos em Tóquio, provavelmente nem saberia disso, fugir não é uma opção.

Andamos passando por alguns campos, piscinas e até mesmo uma pista de corrida até chegarmos na torre, no decorrer de todo esse caminho, não vi absolutamente ninguém, até que finalmente entramos na torre e fomos até seu último andar pelas escadas, Gojo-san, tomou a frente mais uma vez, abrindo a porta dupla com violência.

"Você está atrasado, Satoru!" Gritou uma voz de dentro da sala, e lá, encontrei um homem sentado no chão cercado de bichinhos de pelúcia bastante fofos e estranhos na aparência.

"Esse é o menino?" Perguntou o homem olhando para mim.

Diferente do Gojo-san, esse é muito mais velho, talvez com cinquenta anos, vestido com as mesmas roupas pretas usando óculos escuros, cabelos pretos penteados para trás e bigode nas laterais da sua boca, nas suas mãos, uma pequena agulha com linha que ele está usando para costurar outra pelúcia, só que esse muito menor, só com alguns centímetros.

Assim que meu choque passou, abaixei a cabeça me curvando.

"Meu nome é Yamamoto Fujiwara, prazer em o conhecer." Falei da forma mais educada que posso, usando cada grama de etiqueta que me foi ensinada.

Gojo-san, que estava um pouco na minha frente, mudou de posição se encostando na parede esquerda da sala com aquele sorrisinho estranho no rosto, ele sabe que algo vai acontecer, e está gostando disso.

"Droga! Esses malditos velhos sempre me dando problema, e você também Satoru!" Gritou o homem.

"Eu não fiz nada, em vez disso, até de ajudei encontrando um aluno promissor." Riu Gojo-san.

"Promissor uma merda, ei garoto!"

"Sim senhor." Falei mais uma vez me curvando.

"Meu nome é Masamichi Yaga, e só tenho uma pergunta para você, o que você está fazendo aqui?"

O que estou fazendo aqui? Ele sabe o que estou fazendo aqui, quer dizer, todo mundo sabe que estou literalmente entre a cruz e a espada.

"Sobrevivendo?" Falei num tom idiota, fazendo com que Gojo-san, coloca-se a mão na boca para abafar uma risada.

"Você não é qualificado!" Gritou Yaga-san, para logo se virar e pegar um de suas pelúcias.

"Que resposta idiota e sem vontade é essa?" Continuou ele, agora com um kappa/urso de sorriso estranho do lado do seu corpo, ele chega mais ou menos na altura do meu quadril.

Não entende direito, até perceber que o boneco, estava de pé sozinho se movendo de um lado para o outro.

"Essa é a Cassie, um corpo amaldiçoado!"

Para meu choque, o boneco pulou dando um bote em mim, suas mãos, largas demais para seu corpo, se esticaram num soco perfeito atingindo a lateral do meu rosto me jogando de cara no chão, senti gosto do meu sangue na boca.

Virei meu corpo deitado e vi o boneco mais uma vez vindo na minha direção, pulando como se tivesse molas no pés, ele brincou pela sala algumas vezes e caio na direção da minha barriga, só tive tempo de jogar minhas pernas acima da minha cabeça ficando em pé, mas ele caiu bem na minha frente, acertando dois socos rápidos no meu rosto antes de eu consegui levantar guarda, em vez de atacar com mais socos, o bicho de pelúcia pulou mais uma vez, atingindo meus braços levantados com as duas pernas juntas, meu corpo rolou para trás algumas vezes até eu conseguir ficar me pé de novo.

"Somos Feiticeiros de Jujutsu, uma vez que se entrar nesse mundo, não se tem escapatória!" Yaga-san, continuou seu discurso.

O kappa/urso continuou me atacando, seus socos eram fortes e duros, mas assim que ele se afastou um pouco, tive uma boa chance e o chutei com toda minha força na lateral o jogando na direção parede, seu corpo era fofo e mole.

O pelúcia atingiu a parede e quicou duas vezes vindo de volta duas vezes mais rápido na minha direção socando meu rosto na esquerda com violência, acabei caindo no chão como uma árvore de lado.

"É verdade que os lideres querem sua cabeça, mas novidade, eles querem a cabeça de quase todo mundo, mesmo assim, você vem aqui com essa cara de pau, e diz que está sobrevivendo, droga!"

Fui acertado quatro, cinco vezes antes dele acabar essa frase, o maldito kappa, está se movendo cada vez mais rápido, mesmo conseguindo atingir ele duas vezes quando ele se aproximava para me acertar, era como atingir algo feito de borracha, não causei nenhum dano.

Acabei de cair no chão com violência, de novo, a parte de trás da minha cabeça atingiu o chão quicando, estou zombo, mas as palavras do direto da escola, não estavam erradas, escolhi a escola para sobreviver, simplesmente assim, mas sobreviver é diferente de viver, sei muito bem disso, nunca tive ninguém para me ajudar a viver, sem família, mãe ou pai.

Eu sei sobreviver, mas nunca consegui viver completamente, não sem ajuda, como estou sendo ajudado agora pelo Gojo-san.

Girei meu corpo para o lado desviando de outro golpe e consegui me levantar, sangue escorreu de algum corte na minha testa cobrindo a visão de um dos meus olhos, teve o que o fechar, perdendo outro soco a minha esquerda, ele está agora mirando meu ponto cego.

"Os Feiticeiro estão sempre de frente a morte, e não podem salvar todos, não somos heróis de fantasia ou algo assim, e também não há morte sem arrependimentos para nós, então garoto idiota, você só quer sobreviver nesse mundo!?" Gritou o diretor.

O kappa, parou de me atacar me dando tempo de respirar, estou ofegante, mas a maldita coisa está na minha frente, o diretor, claramente quer minha resposta.

Então, o fogo que se ascendeu horas atrás se intensificou, que seja então, se tenho que almejar algo, que seja viver, não conheço muito desse mundo, mas já entende como conseguir isso, pela força.

"Então eu escolho viver!" Falei limpando o sangue cobrindo meu rosto com a manga da minha camisa, mas isso só piorou.

"Droga, outra resposta idiota, eu quero saber como você vai fazer isso, seu idiota!" Gritou Yaga-san.

"Por meio da força, vou ser tão forte, que os velhos ou ninguém vai poder dizer ou fazer nada contra mim facilmente, o mais forte!" Falei com confiança.

"HaHaHaHaHaHa!!!!" Gojo-san, que estava calado na parede até esse momento, começou a rir em voz alta quase que chorando.

"Você é um idiota por dizer isso, não, supera até mesmo a palavra idiota!"

A pelúcia atacou de novo dando um bote, mas não liguei para isso, nem mesmo para risadas, quantas risadas já levei na minha vida? Não importa, no momento que me decidi, senti algo, bem no meu estomago, frio, quase liquido, escorrendo pelos meus membros até minha cabeça, nesse ponto, finalmente consegui ver.

A uma energia negra ao redor do pelúcia no ar vindo na minha direção, mesmo que com apenas um olho, posso sentir ele, e assim que seu soco veio, defende com a lateral do meu braço movendo seu punho para o lado deixando seu corpo exposto, levei a energia do meu corpo com um pensamento na direção do meu punho enquanto o movia, foi um soco com toda minha força, e antes de atingir o alvo, vi quase todo meu braço coberto por uma energia cinza, não, não era cinza, a cor do meu punho e roupas desapareceu.

"BLAW!"

Foi diferente dessa vez, mesmo fofo, a minha energia perfurou o peito e partiu o Kappa em dois, os pedaços dele caíram no chão, e tudo ficou em silêncio.

Não liguei para o silencio, em vez disso, olhei para minhas mãos, a energia ainda estava correndo pelo meu corpo, não me sentia mais cansado, em vez disso, nunca me senti tão forte, e agora, essa energia está comigo, sei disso, sempre presente, acordada.

"Você foi aprovado." Gritou Yaga-san, chamando minha atenção para ele.

A energia amaldiçoada se acalmou, mas ainda está correndo pelo meu corpo, assim como meu sangue.

"Isso foi divertido." Gritou Gojo-san, se movendo da parede finalmente.

"Crianças como você, que despertam tardiamente, tem que se lembrar da energia amaldiçoada, agora, você é realmente um Feiticeiro, bem-vindo a escola." Falou Yaga-san, com seu sorriso serio.

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Deixei meu corpo cair na cama sentado, mesmo me sentindo mais forte do que nunca com a energia correndo pelas minhas veias, ainda sinto a dor dos meus ferimentos, é estranho. Depois de toda aquela batalha e luta, Gojo-san, me levou até os dormitórios, onde estou, e meu quarto, mesmo sendo muito simples e muito antiquado, é maior do que tenho no orfanato, com direito até mesmo a uma TV.

Peguei uma pequeno pano limpo das roupas que foram trazidas para cá e comecei a limpar meu rosto do sangue enquanto olhava para o espelho retangular preso a parede bem na minha frente, e assim que limpei o sangue no meu olho, percebe a mudança.

Meus cabelos lisos e finos ainda estão da mesma forma, só que bastante selvagens por causa de tudo que aconteceu, mas a mudança importante não é essa, e sim a mudança de cor, tanto dos meus cabelos quanto as sobrancelhas e olhos, ou melhor dizendo, a falta de cor.

Cinza.

Essa é minha cor agora.

No final, essa pequena mudança na minha aparência é apenas uma gota num oceano muito maior que foi tudo que aconteceu até agora, por isso, acabei de limpar meu rosto e cai de costas contra meu colchão.

Meus pensamentos foram logo para o que aconteceu na sala de aula, mas fechei essa porta, em vez disso, comecei a pensar o quão divertido foi lutar contra aquele bicho estranho.