Eles entraram na casa de Henry para tomar a sopa.
— Aqui está. Podem comer.
Kieta se encontrava na sala de estar, visto que Henry não tinha uma mania de comer em mesas. E diante dele, uma tigela com líquido amarelo e restos de batatas.
— ...
Quanto mais encarava isso, mais se questionava sobre: "será que devo comer isso?"
Pois, se levar em conta a perspectiva de Meguro, que acompanhava tudo de perto, ele foi convidado a almoçar na casa de Henry a mando de Walther que pelo visto aceitou o convite pelos dois — sem sequer perguntar o que Kieta tinha a dizer sobre aceitar ou não.
"Fui obrigado a comer isso..."
Ele continuou encarando enquanto segurava a colher na mão.
A fome não vinha, mesmo passado um dia inteiro sem comer, e ele não encontrava apetite aqui.
"Na verdade... Achar apetite após os eventos de ontem é meio..."
Ele não queria nem pensar naquela "Bruxa" e "naquilo" morando no sótão da casa do Walther.
O garoto de 15 anos estava perplexo.
— Ei, menino. Vai comer não?
— ...Hein?
— Perguntei: Ei, menino. Vai comer não?
— Ah... Eu... Uhhh...
Ele travou o olhar em Henry que perguntou com cara de paisagem. Não dava pra receber os sentimentos que este homem transparecia (ou tentava transparecer) só pela expressão facial.
Kieta Meguro estava em um impasse.
— Se não quer, basta dizer que não quer. Você quer, sim ou não?
— Não.
— Tá.
O impasse acabou.
Assim que teve a resposta, Henry retirou o prato de Kieta e encarou-o com certa questão.
— Hum...
Ele parecia pensar em algo.
— Isso não deve ir fora. Abracadabra, venha aqui por favor!
Uma palavra, parecido com um nome, foi dita por ele assim de repente.
E logo, passos foram ouvidos surgindo do corredor da casa e aparecendo na sala de estar onde estavam.
— Yoo! Mestre me chamou e eu vim!
Assim disse ela.
Assim disse aquela menina, menor que o Meguro, que tinha o cabelo loiro amarrado por duas maria-chiquinha e vestia um vestido amarelo feito de hieróglifos astecas ou talvez egípcio — era uma forma que Kieta não sabia dizer do que era.
— Aqui, essa sopa é sua.
— Siim!!
O homem entregou para a jovem extremamente espontânea que aceitou a tigela de sopa.
...Kieta Meguro já estava ficando perturbado com tanta coisa ocorrendo em simultâneo.
"As coisas parecem acontecer só porque sim..."
Enquanto ele estranhava tudo, Walther se pronuncia:
— Não sabia que você tinha uma filha.
— Ela não é minha filha.
— E quem seria essa garota?
— Ela...
Henry fixou o olhar, não para Walther e nem para Meguro, mas entre eles para a parede, e disse repentinamente palavras que ninguém esperaria.
— Ela é o ser mais poderoso deste mundo.
...Um silêncio neutro se instaurou pelos três, e apenas o barulho de alguém bebendo sopa da tigela era ouvido.