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Escombros e Presas

"[Reino Caído Asalonyx]?"

Não, isso não era importante, não agora.

O que importava agora era o fato de eu ter saído de um local significar que, como eu nunca viajei longas distâncias fora de casa, eu muito provavelmente sempre estive neste reino.

Agora, uma casa isolada poderia representar um reino inteiro, mesmo que caído? Acho isso difícil de se acreditar.

Mas... Bem, existem diversas coisas estranhas nesta janela de Vesda.

A que prendeu minha atenção de maneira quase instantânea, era o nome da proprietária desta terra abandonada.

Deixei isso de lado em comparação com o fato de isso ser um reino, principalmente por o quão sem sentido me parecia.

「✧ Proprietário(a): Asalonyx Destreus Nica」

Nica... A Senhora Nica era a responsável por um reino caído?

Isso a tornava a rainha deste reino caído, certo? Isso é incrível... eu acho.

Quer dizer, ela deve ter lutado para conquistar a confiança das pessoas, que nem Guliat.

Isso é certamente admirável, mas isso não parece ter importado muito, afinal, tudo caiu.

Senti um calafrio passando por todo meu corpo, algo estranho, assustador e até... melódico?

Não sei definir claramente, mas sei que esta sensação está atrás de mim, da direção da casa onde moro.

Por um instante, sinceramente não sei o porquê, mas recusei-me a olhar para trás.

Isso durou pouco, e olhei para minha casa. Bem, ao menos o local onde ela deveria estar.

Tudo o que posso ver lá é uma planície cheia de escombros, aparentemente o que um dia já foram casas.

Era possível ver que a floresta na qual eu estava indo rodeava toda esta área, como se fosse um cerco, ou uma barreira protetora?

Uma proteção natural, ein.

Este reino fazia jus ao seu título. Tudo no local parecia ter sido devastado tanto por batalhas quanto pelo tempo.

Era possível até mesmo ver alguns estandartes de batalha presos dentre os escombros.

Marquei o melhor que pude na minha cabeça os símbolos nos estandartes.

Nunca se sabe o dia que posso adentrar o território do responsável por toda esta destruição.

Por mais que pareça ter passado bastante tempo desde que este reino caiu, ainda existe a possibilidade daquele que causou a queda de Asalonyx continuar existindo.

Notei também que uma vasta névoa cinza estendia-se por todo o lugar.

Não acho que ela tenha fim, ao menos, não até onde posso ver.

Há até mesmo um pouco dela daqui onde estou, encontro-me consideravelmente distante.

Na verdade, passei uns bons minutos correndo o mais rápido que pude no meu estado atual.

Então não era estranho eu já ter aberto uma boa distância de casa.

De volta à névoa, estranhamente, não a notei aqui antes, assim como todo este reino.

Me pergunto o que causou este efeito? Seria algo relacionado ao argo, que é dito ser capaz de manipular o mundo?

Ou então seria alguma habilidade?

Mas, a distância que estou de casa.

Afome que estou sentindo.

As coisas que eu quero descobrir, elas tem alguma importância na situação em que estou?

O nome "Nica" estava à mostra no painel, como a proprietária deste terreno devastado, que "antes" era minha casa.

Não posso tirar conclusões precipitadas, obviamente, mas no papel, isso não significa que a Sra. Nica era algo como um rei ou rainha? Tratava-se de um reino caído afinal de contas.

Agora, o que isso significava para mim?

Bem, eu não consigo mais ver minha casa.

Também posso sentir algo sinistro vindo da névoa que rodeia esse local, não quero arriscar ir lá mais profundamente, então...

Talvez eu esteja sem uma casa para voltar?

"Uhh, eu deveria ter tentado comer os livros lá em casa, se soubesse que iria cair nessa situação."

Falando na minha situação...

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「 ✦ Serin 

Saúde: 450/450

Argo: 427/580

Nível: 1

Estado: Fome (Maior)

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Talvez me apressar demais tenha sido um erro?

"Droga, merda!!"

Resmunguei enquanto voltava minha caminhada à floresta.

Minha cabeça estava cheia de coisas agora e minha situação não me permitia refletir sobre nenhuma delas, isso era irritante!

Forcei minha visão à frente e tentei me encher de determinação.

Não posso ser consumido pelo medo ou confusão.

Após conseguir me livrar desta fome maldita eu terei tempo livre para pensar.

Eu senti algo molhado saindo dos meus olhos, mas com um impulso eu rapidamente os limpei e me recusei a deixar este sentimento se alastrar em mim.

Eu sabia que emoção era esta, mas não podia permitir ela transparecer, não posso passar tamanha vergonha.

Lentamente, voltei a caminhar.

Só faltavam cerca de mais 5 minutos a pé para chegar até a floresta.

Eu já podia escutar alguns pássaros cantando.

Consigo ver uma abertura dentre a mata densa, algo como uma passagem com bem menos flora no caminho.

O fato de terem algumas árvores mais pequenas que as outras no local que estava olhando, me ajudou a encontrar este caminho.

E finalmente, eu cheguei.

Decidi rapidamente examinar uma das pedrinhas no chão, não me parecia em nada com uma arcanopedra, mas nunca se sabe, né?

No entanto, antes de alcançar a pedra, eu fui parado por algo que não esperava, uma notificação de Vesda.

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「Você entrou na área [Floresta Austélion Sul]

✦ Floresta Austélion Sul

- Categoria de ameaça declarada: (C)

✧ Proprietário(a): Zindo-Dac」

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"Bem, agora estou oficialmente dentro da floresta, ein."

Mas, achei que somente áreas dominadas por seres sapientes se tornariam áreas dentro do sistema, isso é uma novidade.

Se bem que tudo é uma novidade para mim, não?

Existe a possibilidade de aqui existir pessoas também.

Ou também, Vesda pode considerar monstros ou plantas como o suficiente para povoar um local até ser uma área.

Bem, sempre posso investigar isso depois. Tenho uma maior prioridade agora: minhas pedras!

Usei a habilidade de análise de Vesda nelas.

Era um pouco inusual a habilidade se chamar 'Auto Analisar' e poder fazer análise em coisas que não fossem eu.

Enfim, está na hora de investigar essa pedra!

- [Pedrinha de musgolim] -

「Uma pedra comum na região entorno da Floresta Austélion. Argo do elemento da natureza pode ser extraído dela, fora isso, não passa de uma pedra normal. Aliás, é péssima para esculpir.」

Hum... é só isso?

Bem! Essa é somente a primeira pedra, as outras serão diferentes.

...

Vesda disse a mesma coisa que a primeira pedrinha, para todas as outras pedras.

Quer dizer, sei que é somente uma pedra entre muitas, mas ao menos esperava uma dica que me levasse às arcanopedras.

Até tentei mastigá-las para ver se conseguia algo, mas não me cheguei à canto nenhum.

Aham. Isso é estranho. Até onde eu sei, a estatística arcano se reflete no argo.

Essas pedrinhas de musgolim não deveriam ser arcanopedras, tendo em visto que ambas têm conexão ao argo, arcano, à magia?

Mais uma prova da minha falta de conhecimento caiu contra minha cara.

Aliás, tenho uma outra notificação de Vesda que eu ignorei até agora por conta das minhas esperanças sobre estas pedras.

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「 Uma Habilidade Adicional subiu de nível:

- (Vesda - Auto Analisar: Nv5 => Nv6)! 」

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Já fazia um tempo que essa habilidade não subia de nível. Será que há um limite de até onde ela irá subir, ou tem crescimento infinito?

Pensando bem, se minha habilidades sobem de nível apenas por serem usadas, como eu subo de nível?

Mais uma vez, perdi meu tempo pensando demais. Meu argo já está em 410, estou começando a sentir um pouco de tontura agora também.

Se as pedras não resolveram a minha fome, as árvores me levarão para algum lugar?

Não quero perder mais tempo, devo focar.

Olho ao redor, tinha algumas árvores torcidas, de tronco verde escuro e folhas lilás. Eram aquelas que vi antes e tinham um tamanho menor que as outras adjacentes.

Tentei ver se havia algum fruto nelas, no entanto, não encontrei nada.

Sério, é realmente possível encontrar uma arcanopedra aqui?

Talvez eu devesse ir ao assentamento mais próximo e tentar fazer escambo para obter uma.

Mas o que eu poderia trocar? Minhas calças? São basicamente minha única roupa, não tenho camisa e nem quero ficar pelado.

Além disso, eu não sei onde posso encontrar as populações mais próximas. Podem estar desde alguns minutos até vários dias de distância.

O que me resta é continuar fazendo o que já estava antes...

Hum. Eu vou fazer algo do qual posso me arrepender depois, mas do jeito que estou indo, irei morrer de fome cedo ou tarde.

Morrer ein.

Que nem antes, ainda não tenho certeza se posso morrer de fome, é apenas uma possibilidade.

Mas, se a grande maioria dos seres vivos morrem de fome — até mesmo as árvores —, por qual motivo eu seria diferente?

Além disso, já começaram a aparecer alguns sintomas negativos conforme meu argo foi caindo.

"Isso é o suficiente." Falei baixinho para mim mesmo.

Observei atentamente o caminho que se abria à minha frente. Entre as árvores próximas as pedras que analisei, tem a passagem que leva para camadas mais profundas da floresta.

Se bem me lembro, a categoria de ameaça desta área é "apenas" C.

Não sei o real perigo que isso representa, mas estou confiante de que posso sobreviver algum tempo enquanto dou o meu melhor para passar despercebido.

E, com questionável convicção, me espremi pela passagem.

Fui cutucado por alguns galhos secos, mas a sensação da terra e as folhas caídas até que não era de todo ruim.

Bem, somente a sensação tátil não era ruim.

Aqui era bem... sombrio, e álgido também.

Após algum tempo rastejando, senti minha mão tocando algo úmido, tirei-a de lá o mais rápido que pude enquanto a olhava com cara de nojo.

É vermelho... Isso é sangue?

"Urgh, não, não, não. Sai de mim!" Falei enquanto limpava o sangue e sujeira em minhas calças.

Sangue não é o líquido vermelho que circula nos corpos dos seres vivos, transportando nutrientes?

Bem, ao menos sei como é agora, é nojento. Espero que a pessoa dona deste sangue esteja bem.

Parei de avançar por um momento enquanto fungava.

O cheiro neste lugar transmite uma forte sensação de desconforto.

Ignorei a sensação.

Consigo suportar qualquer coisa ruim durante esta exploração, o simples pensamento de que estou descobrindo cada vez mais coisas novas é forte o suficiente para me manter resoluto.

Passei mais um bom tempo me rastejando. Estranhamente não perdi argo durante este tempo.

Acho que, ao todo, já fazem duas ou três horas desde que resolvi sair de casa, não?

Enquanto usava minhas mãos para afastar as folhas no meu caminho, pude ver um pouco da luz do luar entre as brechas nelas.

Estou quase lá, só mais um pouco!

Mas, meu entusiasmo não durou muito.

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「 Você entrou na subárea [Retorção de Kaknoferas]

✦ Área Principal: Floresta Austélion Sul

• Categoria de ameaça especulada: (E+)

✧ Proprietário(a): [Kaknofera Colheitadera Crescida 」

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Uma subárea. Um local menor dentro de um local maior. A ameaça aqui era especulada, não declarada.

O que isso quer dizer exatamente?

Bem, não achei que iria receber a resposta tão rapidamente, mas...

Consegui ouvir um barulho parecido com vários passos em certa sincronia, vindo de trás de mim.

Pulei rapidamente assim que alcancei o final da passagem, e me escondi dentro de um tronco podre que estava próximo de mim. 

Bizarramente, eu estava calmo, mesmo que as chances de eu me machucar ou morrer terem disparado.

Minha pele se arrepiou e meus olhos se arregalaram enquanto notava os meus sentidos ficando mais claros e focados.

Por alguns segundos, tudo ficou silencioso — estranhamente calmo eu diria.

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「 Por ter sobrevivido mesmo diante de uma situação de emergência, seu corpo e mente foram recompensados!

• Sua vitalidade foi aumentada em 1 ponto!

• Sua conexão ao arcano foi aumentada em 1 ponto!

|Vitalidade|: 4 -=> 5!

|Arcano|: 7 -=> 8! 」

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Vesda? Obrigado...

Infelizmente, o silêncio acabou sendo quebrado de forma abruta pela mesma criatura que percebi na passagem.

O tronco em que me enfiei era oco e podre, com os restos da árvore desabados em cima dele — o que felizmente serviu como proteção e camuflagem.

Não só isso, como este local também me permitia ter uma pequena visão dos arredores por conta dos buracos presentes em sua estrutura.

Em um deste buracos vislumbrei uma das muitas pernas da criatura. Ela estava bem próxima daqui.

Eu pensei ter escapado de sua percepção, mas não há como esperar muita coisa quando eu simplesmente me joguei dentro da primeira árvore que vi.

Felizmente, essa... coisa, não parecia saber onde eu estava, mas não aparentava que iria sair daqui tão cedo.

Enquanto ela se mexia, pude ver o restante do seu corpo.

Era... insectóide? Nunca vi um inseto, mas essa coisa parece se encaixar na definição de um que a habilidade (Conhecimento de Patigoens: Nv1) inseriu na minha mente.

Quanto à sua altura, certamente não é muito maior que eu, deve ter cerca de 2 metros, mas seu comprimento... é no mínimo exagerado, aproximadamente 7 metros?

Seu corpo é bem torneado e alongado, tendo uma carapaça avermelhada cobrindo-o quase completamente.

Três pares de longos membros finos e de cor marrom, tendo protuberâncias pontudas em seu topo, com pequenas patas contendo quatro garras afiadas, entendem-se separadamente por toda a sua figura.

Sua cabeça é carmim e tinha um formato triangular, assemelhando-se à ponta de uma lança.

Não tem dentes, mas sim um par de longas e robustas presas que se estendem desde a base de seu pescoço e ultrapassam a ponta de sua boca, agindo como pinças.

A sua mistura de tons de cores vermelhas e marrons, combinadas à sua forma medonha, transmitem uma sensação de terror e intimidação.

Mantive a calma, a coisa ainda não havia me encontrado.

Foquei em manter minha respiração baixa e os meus movimentos ao mínimo, não posso arriscar chamar ainda mais sua atenção.

Eu podia escutar seus grunidos, os galhos quebrando, presos entre suas garras afiadas.

Eu posso a sentir.

Uma gota de suor frio desceu pela minha testa. Tão distante, mas ao mesmo tempo tão próxima, a morte.

Ela pode me sentir?

Minha cabeça estava uma bagunça, mas meu corpo? Estava relaxado.

Ela quer me matar.

O mais apavorante era isso, como meu corpo reagia à situação.

Era quase como se meus instintos não pudessem sentir o perigo agora. Estou ficando louco?

Respirei profundamente. O que estou pensando?

Não pude ver os olhos da criatura antes, por conta das brechas no tronco serem pequenas, mas ao olhar novamente, notei que ela havia esticado um pouco suas presas para o lado, revelando seus enormes olhos negros esbugalhados.

Ein? 

Senti minha pele arrepiando mais uma vez enquanto uma nova notificação de Vesda surgia na minha mente, mas não dei importância, eu não podia, não havia como.

A criatura estava olhando diretamente nos meus olhos.

Estava a uma boa distância de mim e do tronco, mas com aqueles olhos grandes, era compreensível ela poder me ver.

Ficamos breves instantes nos encarando entre a fenda. Por mais que o momento tenha durado pouco na realidade, ele me pareceu quase interminável. 

Honestamente, não sei bem dizer o que aconteceu depois disso. Fui tomado rapidamente por uma única coisa. Instinto.

Saí correndo o mais rápido que pude.

Eu havia usado algumas pedras antes para me guiar de volta a passagem que passei inicialmente.

Mas perante a circunstância de que me encontrei, as pedras que deixei para trás não têm mais função, estou correndo pela minha sobrevivência.

Pude escutar o som de um rápido corte passando pelo ar enquanto o troco onde estive segundos atrás virava pó.

Essa coisa... com um golpe só, sério?

A árvore podia ter apodrecido, secado e desabado sobre si mesma, mas ainda era bem grande...

"Isso..."

Notei, tarde demais, que algumas árvores ao redor também desapareceram, pulverizadas em meros momentos, marcas de corte profundo manchando a terra.

Em cima de alguns galhos caídos, lá estava, olhando diretamente para mim, a criatura.

Ela rugiu enquanto começava sua perseguição.

"GRYAAAAAAAARRT"

Eu posso estar na frente agora, mas não iria faltar muito para a criatura acelerar e me alcançar.

Fugi o melhor que pude, até tentei jogar obstáculos em seu caminho durante minha fuga, mas nada adiantou, a monstruosidade continuou me perseguindo de forma voraz.

Antes, ela se comportava de maneira assasina, me espreitando, buscando silenciosamente.

Agora, ela se movia de maneira brutal, como uma predadora desenfreada sedenta por sangue.

Enquanto corria atrás de mim, suas presas abriam e fechavam, como pinças, tentando me capturar e dilacerar.

Consegui vislumbrar pelas bordas da minha visão um movimento sútil em suas pernas.

Reagi a tempo e me agachei, mais uma vez a criatura pulou em minha direção, uma provável tentantiva de me finalizar rapidamente.

A criatura colidiu com uma pedra na minha frente, alguns detritos; os pedaços restantes da pedra — em alta velocidade, colidiram com meu corpo.

Minha pele foi lacerada e uma boa quantidade do meu sangue, de cor amaranto, foi derramada.

Esta era a minha primeira vez presenciando meu sangue, e numa luta até a morte ein.

Um sorriso se abriu no meu rosto. Nervosismo? Talvez, mas sei que também estavam contidas nele bastante adrenalina e entusiasmo.

Batalha.

Uma batalha, um duelo entre dois seres — normalmente até a morte — estava acontecendo agora.

Tantas emoções dentro de mim, girando como um... tornado? É meio estranho fazer comparações com coisas que nunca vi antes.

De qualquer forma, eu tenho que pensar rapidamente.

Estou sendo extremamente idiota e burro por pensar nisso como uma batalha.

É apenas uma humilhação, um predador atrás de sua presa.

A criatura balançou a cabeça, limpando a poeira obstando sua visão.

O que posso fazer nessa situação? Essa coisa foi capaz de destruir tudo com um simples movimento.

Ao menos foi um golpe rápido e poderoso o suficiente para eu nem ver o que fez para pulverizar com tudo.

Se não posso me aproximar, devo procurar uma alternativa a distância, mas qual?

Sua carapaça parece ser muito resistente também, não posso arriscar atacá-la diretamente...

Um ponto mais frágil...

Isso! Eu consigo ver isso tão bem quanto ela pode me ver agoras. Este é o provável único ponto fraco da criatura, então não posso me dar ao luxo de errar.

Quando a monstruosidade insectóide já estava a poucos metros de mim, joguei o galho mais afiado que encontrei, diretamente em seu olho.

"GRU-UH, GRAAAAAAAAARGG!!!!" Gritou a besta feroz.

No instante que a tocou, um jato de sangue amarelado saiu rapidamente e molhou meus pés.

O monstro rolou no chão, colidindo com as árvores ao redor durante seu frenesi de dor.

O galho ficou alojado em seu olho esquerdo, liberando cada vez mais sangue.

Diante de mim, seu enlouquecimento, causado pela dor, continuou, até que a criatura — o monstro, o inseto, a fera, a aberração, seja lá qual for o nome deste coisa tenebrosa — se encolhesse, retraindo seu corpo no chão.

Enquanto neste estado encolhido, ela...

Suspirei internamente. Estava na hora de dar um nome próprio à criatura, é entediante apenas a chamar por substantivos comuns. 

Hm... Presas! Vou chamá-la de Presas!

Bem, voltando meu foco ao que importa.

Presas, usando seus membros, conseguiu retirar o galho fincado em seu olho esquerdo enquanto estava recolhida

Um som de plop saiu junto do galho.

Grandes quantias de seu sangue amarelo saem.

Mesmo ferida, Presas ainda estava determinada em me matar.

E, para pioras minha situação...

Era perceptível a olho nú a velocidade com que se regenerava de seu ferimento.

Povavelmente tinha uma habilidade de regeneração parecida com a minha. No entanto, muito mais poderosa.

Eu não tinha muito tempo agora, de qualquer forma, só me restavam duas escolhas:

Escapar, o que já não era completamente impossível, levando em consideração seu estado enfraquecido, por mais que ainda arriscado.

Ou então, lutar. E se eu lutasse, seria até a morte.

Não posso dar-me ao luxo de arriscar minha vida aqui, tenho muitas coisas a fazer.

Então...

Por que estou correndo em direção a Presas?

 

Meu coração estava acelerado, meu sangue pingando por entre minhas mãos, o sangue dela molhando meus pés.

O motivo de eu não ter corrido?

Bem, existem duas razões para isso; ambas tem uma análise lógica minha, mas, sinceramente?

As duas também têm influência emocional. Que vergonha ein.

A primeira razão era que eu já não tinha mais ideia de onde estava nesta floresta.

Então, com o perigo constante de não ter corrido rápido o suficiente da Presas, eu podia acabar me sendo pego por ela.

Ou me deparando com alguma outra coisa perigosa e morrendo.

Quanto à segunda razão, era simples; eu simplesmente não sabia se poderia ter outra chance contra a Presas se não esta agora.

Ela não irá cair novamente no meu truque de a golpear durante seu salto previsível.

E, honestamente... Eu quero lutar. Esta sensação de ferir aquela responsável por meus ferimentos é boa. 

Na verdade, não é que eu realmente ache essa sensação boa; é meio sinistro pensar em gostar de machucar os outros.

Oque eu realmente gosto é de me sentir livre e perceber tudo o que nunca pude antes.

Até mesmo a sensação da dor é positiva para quem nunca experimentou basicamente nada antes em sua vida — por mais que a parte positiva da dor só dure alguns momentos ein.

É libertador estar aqui, fora de casa, lutando por minha sobrevivência.

Sinto que minha vida finalmente tem sentido agora, pois eu estou lutando por ela!

E lutar é o que farei.

Presas já estava completamente de pé, ou de quatro, ou de seis? Bem, ela batia suas... hum, presas, uma na outra de forma ameaçadora.

Irritada, não é? Muito bem.

"Venha." Gritei na frente da predadora.

Ela parecia ter entendido o recado, considerando o fato de que avançou na minha direção.

Minha estratégia nesta batalha será usar o ambiente a meu favor.

Presas tem uma aceleração menor que a minha, o que me permite a ultrapassar em velocidade, por mais que apenas durante apenas alguns segundos.

Ela muito provavelmente é naturalmente mais lenta que eu, tendo essa aceleração como uma habilidade.

Quando terminei de montar minha estratégia na cabeça, concentrei minha atenção à frente e tive um leve susto.

Presas já estava a meros centímetros de me acertar, mas mantive a minha copostura, se eu estiver correto...

Um baque alto ressoa atrás de mim, a criatura colidiu com um pedregulho de musgolim atrás de mim.

Como o esperado, Presas não consegue mirar corretamente com um de seus olhos debilitados e sangrando de forma constante.

Agarrei um dos galhos derrubados por uma das árvores que ela pulverizou anteriormente e o apontei rapidamente com uma pedrinha no chão.

Foi difícil, os galhos dessas árvores eram muito duros.

Eu tinha algum tempo para aproveitar agora, Presas ainda estava atordoada pelo impacto com aquele pedregulho.

Era possível ver que o ferimento em seu olho esquerdo, anteriormente sendo curado a uma velocidade visível a olho nú, não existia mais — assim como seu olho esquerdo como um todo —, tudo havia estourado.

Me aproximei e pulei em suas costas, me agarrando firmemente.

Presas se agitou, pude ver um brilho vermelho saindo do centro de seu já danificado olho direito.

"Uh? E-ein!?" Não entendi a princípio o que era, mas me arrependi por ter demorado tanto.

Era uma habilidade.

Pela boca da Presas, saiu um grito estridente, seguido por uma poderosa onda de choque.

O grito é poderoso o suficiente para eu ver, momentaneamente, leves dobras no mundo, causadas pela utilização do argo numa habilidade.

A habilidade não parou, senti sangue escorrendo por meus ouvidos.

Eu simplesmente ignorei a dor o melhor que pude, fincando repetidas vezes a minha lança improvisada no olho restante da Presas.

"GRAAAAARG-MERDA" Meus gritos de dor acompanhavam a habilidade ainda ativa da Presas.

Mas eu podia reconhecer que seus gritos não eram apenas da habilidade ativa. Também era de dor.

Golpe após golpe, grito atrás de grito, assim se resumia o ritmo atual da batalha.

Até que, em um momento, os sons pararam.

Caí de lado, meu sangue escorrendo entre meus ouvidos e boca.

Com minhas forças restantes, olhei em direção a Presas, ou melhor dizendo, seu cadáver.

Fechei os olhos enquanto tentava me contentar com esta vitória.

As últimas coisas das quais me lembro eram de Vesda me enviando algumas notificações e...

Dois estranhos brilhantes pontos azuis saindo do cadáver da Presas.

Um era totalmente novo para mim, já o outro, era o que eu estava procurando. Uma arcanopedra.