Randy se agachou e pegou a pasta com documentos, a segurou com força com sua mão e direcionou seu olhar para o homem de óculos e seus seguranças que apenas encaravam o rapaz com frieza.
— Por que estão me entregando uma ordem de despejo? Quem deu a vocês esse direito? — perguntou ele olhando para o homem sorridente à sua frente.
— Sim, já faz 3 meses que não pagou o aluguel desse apartamento...fora as dívidas que acumulou nesse tempo — respondeu o homem de óculos e com um tom de desapontamento ele continuou: — Eu sou o administrador deste bloco de apartamentos dentro desse grande complexo de prédios, eu mando em todo esse lugar...então eu tenho o total direito de fazer isso com quem não me paga.
— Ei, espera,o senhor já tentou ver minhas condições antes de tomar essa decisão? — perguntou Randy com um pouco de indignação.
— Hã? Do que diabos você está falando guri? — indagou o homem um pouco impaciente e surpreso com a pergunta do morador.
— Cara, esse apartamento foi roubado mais de 10 vezes nos últimos 3 meses quando eu estava fora, a última vez foi há 4 dias quando um filho da puta roubou alguns eletrodomésticos importantes por que a porra do segurança não faz a merda do trabalho dele direito. Esse desgraçado ao invés de ele proteger o prédio ele resolve fumar um baseado e ficar batendo uma escondido enquanto olha a vizinha pelada — disse Randy jogando a pasta no sofá com uma impaciência e indignação claramente demonstrada em suas palavras, mas ainda ele continuou dizendo: — E ainda por cima eu nem tenho dinheiro direito por conta disso por que até minha conta bancária foi esvaziada e minhas economias foram para o ralo em tentar me manter vivo, pois arranjar um meio de sustento é quase impossível e...
Enquanto Randy falava e argumentava e reclamava de sua vida miserável, o homem de óculos retira de seu bolso uma caixinha, retira um charuto,o acende e resolve ficar fumando enquanto olhava para seu relógio de pulso com um olhar de tédio esperando o morador acabar de falar.
— Agora entende minha situação senhor? — perguntou Randy ofegante após tanto falar enquanto olhava para o homem e notando que o mesmo não estava prestando a atenção ele perguntou novamente: — Ei está me escutando?
— Ah me desculpa hehe, eu preferi matar meus brônquios pulmonares fumando este charuto cubano de primeira qualidade do que ouvir o que estava falando...mil perdões, me distraio fácil, ainda mais quando falam demais — respondeu o homem com um tom de deboche enquanto tragou um pouco do charuto e baforou a fumaça no rosto do rapaz, logo ele sorriu e prosseguiu: — Poderia repetir por favor? Me esqueci que sou meio surdo também.
O rapaz ficou com raiva e logo apertou o ombro do homem com um pouco de força com sua mão direita, fazendo com que o homem ficasse intimidado e seus seguranças logo ficaram em posição de defesa.
— Senhor, poderia me escutar pelo menos dessa vez? Apenas me responda sobre quanto eu devo pagar para me livrar dessa? E quanto tempo eu tenho para me livrar de ser jogado na rua? — perguntou Randy o encarando e dizendo em seguida: — Se ao menos me responder...eu já ficaria imensamente agradecido.
— Primeiro, tire sua mão de mim escória! — disse o homem com um tom de raiva tirando a mão de Randy de seu ombro e prosseguiu dizendo e baforando muita fumaça na cara dele: — E segundo, lê a porra desse documento e você vai saber o que fazer entendido?! Odeio quando escórias como você tem a ousadia de relar a mão em alguém de classe superior.
Quando ele terminou de falar, o homem esfregou a bituca do charuto ainda aceso na mão biônica dele e a jogou na regata de Randy, sujando ela de tabaco e cinzas. Essa atitude desrespeitosa acabou com o restante da paciência que ele já quase não tinha e com agilidade agarrou o homem pelo pescoço com sua mão esquerda.
— Se é assim passar bem, mas escuta aqui seu anão de jardim, só para ficar bem claro na sua mente...dá próxima vez que fizer isso eu juro que esse charuto aceso vai parar em um lugar não muito agradável...junto com a porra da sua mala se quiser — falou Randy com raiva e encarando o homem frente a frente e apertando o pescoço do mesmo.
Naquele mesmo momento, Randy sentiu um frio na barriga e um objeto pressionando o local, logo ele apontou seus olhos para o homem que estava rindo baixo de forma perturbadora.
— Hehehe...se você não me soltar agora mesmo...eu juro que você nem vai precisar pagar pelo apartamento, por que você vai parar em uma vala depois de enchermos a merda do seu corpo podre de balas— falou o homem com um tom ameaçador e engatilhando sua arma — Me solta...agora! Se não, diga adeus a sua vida miserável.
Sem escolha e temendo o pior, o rapaz deixou o homem no chão e olhou os seguranças pegando em suas armas e as colocando de volta no lugar. Após o homem pentear seu cabelo curto e meio grisalho, ele ajeitou sua gravata preta no colarinho de sua camisa branca, o mesmo assobiava como se nada tivesse acontecido.
O homem pegou uma caneta do bolso de seu terno e começou a anotar algumas informações em uma tela holográfica gerada a partir de seu relógio e terminando de fazer isso ele sorriu para Randy e pegou sua mala do chão.
— Creio que já acabei por aqui...é hora de ir para o outro bloco, passar bem senhor Starcevich — disse o homem de óculos se inclinando levemente em forma de cumprimento e ele continuou antes de sair dali: — Te vejo em breve, se não conseguir pagar o que deve até meu retorno...você quebra as pernas, literalmente...entendido?
— Sim senhor — respondeu Randy intimidado e engolindo seco — Como o senhor se chama?
— Bom garoto — falou o homem sorrindo e ajeitando seus óculos — Me chamo Isshin Kobayashi...mas prefiro apenas que me chamem de Kobayashi.
— Ok, foi "prazer" em conhecê-lo...até — disse Randy com um tom sarcástico Kobayashi e entrando no apartamento, fechando a porta com força.
— Humpf! Esses jovens de hoje, tão mal educados...isso por que eu tratei ele com gentileza, mas espero que ele tenha entendido — reclamou Kobayashi enquanto andava para a escadaria, mas vendo que seus seguranças não estavam com ele, ele disse: — Ei seus vadios...andem logo e parem de ficar aí parados com essa cara de paisagem, temos um trabalho a fazer.
— Sim senhor — afirmaram os dois seguranças indo acompanhar o homem.
…
Dentro de seu apartamento, Randy abriu a pequena pasta com documentos e ao ler o que havia escrito ali, ele simplesmente fechou a pasta e a deixou em uma mesinha perto do sofá.
— Eu estou lascado...fodeu de vez, eu não vou conseguir mais de 65 mil dólares em 1 mês, é impossível com um emprego comum, eu fui rejeitado em todos...eu sou uma negação, porra 27 anos e na beira do abismo, parabéns Randy conseguiu se foder de novo — falou Randy muito preocupado e impaciente com as mãos na cabeça bagunçando seus cabelos enquanto andava em círculos dentro da sala — Eu vou para a rua dessa forma, não tenho nem dinheiro para me manter vivo...na real eu nem sei quanto ainda me resta...pensa Randy pensa! Pense em um jeito de sair dessa.
O jovem ficou em silêncio após terminar de falar, ele respirou um pouco e se sentou no sofá, mas logo ele se levantou e ergueu sua cabeça e pensou:
"Na verdade...há uma saída, ela é meu último recurso...não tem como eu pensar em outra coisa!"
Randy correu para o seu quarto e vestiu uma camiseta preta e uma jaqueta amarela com uma faixa preta vertical em cada manga e calçou tênis de cano alto pretos. Ele foi até o banheiro e jogou um pouco de água no rosto e se encarou um pouco.
— Eu preciso voltar à ativa — disse ele com um tom determinado e saindo do banheiro — Terei de encontrar ele novamente, só ele poderá me ajudar a sair dessa.
Caminhando até a mesinha, ele pegou sua carteira e saiu de seu apartamento, trancando a porta logo em seguida e se direcionou para as escadarias de seu prédio.
...