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Prólogo: dando um pouco de cor.

Vidrado no vermelho espalhado ao chão do parque, Dylan continua ouvindo aquele mesmo choro, ele era fraco e contínuo, mostrava desgaste e transmitia uma dor inimaginável, mas isso não lhe faria demonstrar compaixão.

Com apenas oito anos ele foi consumido pelo ódio, atacando como um lobo alguém dois anos mais velho. Seu motivo foi simples, a visão de uma certa garota sempre lhe chamava a atenção, com um olhar ela acalmava seu coração perturbado, Dylan faria de tudo para protegê-la, por isso, quando Garry a segurou começando a cortar seus cabelos meticulosamente, a raiva se manifestou de forma catastrófica, ele não pensou duas vezes antes de dar-lhe um soco na bochecha perseguindo-o para dentro do parquinho.

Se levantando calmamente ele olha os arredores, Garry encontrava-se ao seu lado paralisado, sua respiração profunda mostrava sua luta de vida ou morte, talvez a perseguição o tenha cansado, ou ao menos os variados golpes que Dylan o dirigiu.

Naquele momento pouco importava se suas ações teriam consequências drásticas, ele tinha uma missão, achar a menina misteriosa e perguntar o seu nome, estava acumulando coragem a tanto tempo que não poderia simplesmente ir embora sem vê-la.

Com o corpo bambo ele se direciona ao último lugar que tinha a visto, o único problema era que estava completamente sozinho, isso era comum em um domingo, ninguém saia na rua, tirando as crianças encrenqueiras. O sol parecia querer derreter a sua pele a medida que ele percebia estar completamente sujo de sangue, seus braços, sua blusa, sua calça, tudo carregava o vermelho de seu pecado mais obscuro.

A imaginação de uma criança é realmente muito forte, e isso foi comprovado sem nenhum esforço quando Dylan começou a gritar dizendo que o vermelho queria o matar, o desespero foi tanto que o fez correr 5km pedindo ajuda. Toda essa agitação chamou bastante atenção, uma criança coberta de sangue estava correndo pela cidade pedindo socorro, a polícia foi chamada mas ao chegarem no local não tiraram nenhuma informação útil de Dylan, ele não estava lúcido o bastante para responder aquela pergunta, só continuava pedindo ajuda.

Um dia se passou e a única coisa que se falava no jornal era da criança assassina, o demônio que tinha surgido em suas vidas para punir os pecadores.

Dylan foi internado, passando a maior parte de sua hospedagem sedado, ouvindo mentiras de homens com jalecos brancos, eles diziam que aquela garota — a razão de seu viver — era uma alucinação, um amigo imaginário, por isso ele deveria esquecê-la.

O garoto foi tratado como uma aberração, durante um ano ficou preso sem esperanças em um lugar completamente branco. Com o passar do tempo sua mente ficou confusa, transformar a mentira em realidade o fez esquecer sua raiva mas também o fez perder a sua felicidade.

Anos se passavam e uma parte de si ficou perdida no tempo, ele sempre sentia aquele vazio sublime. Dylan sabia que aqueles homens tinham lhe tirado algo, a adrenalina, o medo, qualquer tipo de emoção simplória não existia mais, ele se resumia em tédio enquanto sonhava em recuperar a sua alma.