Capítulo 19

"Feche a porta, Lucy. Ela não está vestida adequadamente," disse Zayne, não querendo que ninguém entrasse e visse Rosa como ela estava agora.

Lucy encarou o casal por um momento e depois virou-se ao sair do choque de ver Zayne ali. Ela tinha se virado por alguns minutos, mas foi tudo que esta mulher precisou para atrair Zayne até aqui.

Lucy não podia acreditar que Zayne estivesse entretendo isso. O que aconteceu com o homem que ela conhecia? Por que ele estava entretendo as artimanhas desta mulher e sendo cauteloso?

Lucy fechou a porta como Zayne pediu. "Já que ela não está vestida, você deveria sair para que eu possa ajudá-la. Eu trouxe um dos meus vestidos."

Zayne se virou de costas para Rosa para que ela pudesse subir na cama sem temer que ele a visse nua. "Se eu deixá-la sendo cuidada por você, posso voltar e encontrá-la sem um cobertor. Onde está a comida que ela deveria ter?"

Lucy evitou olhar para Rosa, pois tinha que ser prazeroso ver Zayne contra ela. "Avisei uma das empregadas para trazer um prato de comida para ela. Demorou um pouco para encontrar um vestido que pudesse servir nela-"

"Não sabia que você muda de tamanho todos os dias, Lucy. Como deve ter sido difícil para você ter que escolher entre tantos tamanhos. E você usa o mesmo estilo sempre que tira uma folga da sua armadura. Não tente mentir para mim, Lucy. Você nunca vai conseguir," disse Zayne.

Pelo tempo que Lucy fez parte do seu grupo, Zayne a viu usar o mesmo estilo de vestidos em cores diferentes. Não foi uma decisão difícil decidir qual deveria ir para Rosa. A não ser que Lucy tivesse de repente mudado para se interessar por vestidos.

Zayne olhou para o vestido nas mãos de Lucy. "Demorou um tempo para escolher o pior?"

"Eu não fiz isso," respondeu Lucy. "Eu fui impedida por outros que ouviram que tínhamos um intruso."

Rosa se sentiu desconfortável com os dois parecendo discutir. Não era o lugar dela falar, já que ela era apenas uma hóspede aqui e a mulher que ela agora sabia se chamar Lucy já não gostava dela.

"Certo, tenho certeza de que você estava ocupada. Deixe o vestido e vá. Não quero te impedir de estar ocupada. Agora," Zayne disse, já no seu limite com Lucy. De todas as pessoas aqui, Lucy saberia que ele não gostava quando suas ordens eram ignoradas.

Lucy tinha mais o que dizer, mas não queria discutir com Zayne quando havia uma estranha ali. Ele pediu para ela sair e ela faria exatamente isso, mas ficaria do lado de fora da porta para que nada acontecesse aqui.

Lucy colocou o vestido em uma pequena cômoda perto da porta e saiu como lhe foi dito.

Zayne precisava lembrar do que ele estava aqui para fazer. Eles deveriam completar a trégua e depois retornar para o seu lar.

Silêncio caiu sobre o quarto após a saída de Lucy.

"Não me importo com qual vestido ela trouxe. Será melhor do que o que tenho agora," disse Rosa, tentando fazer com que os dois não discutissem.

"O que ela disse para você quando estavam sozinhas?" Zayne perguntou, supondo que Lucy tivesse desobedecido a ele.

"Ela só disse que traria um vestido-"

"Rosa," Zayne interrompeu antes que ela pudesse terminar sua mentira. "Eu odeio mentirosos. Não se faça de alguém que eu odeio. O que ela disse para você?"

Rosa mordeu o lábio. A verdade era que ia fazer com que Lucy fosse atrás dela ainda mais durante o tempo que ela estivesse aqui, mas ela não podia esconder isso de Zayne. "Ela acha que estou aqui para dormir com você e me pediu para sair. Talvez haja algo em mim que faz seja fácil perceber que eu vivi em um bordel."

Rosa continuou, "As palavras dela doem, mas não há necessidade de ficar chateada com o que ela disse. Só me diz respeito."

"Me diz respeito, já que ela desobedeceu minha ordem. Eu sou o general deles, então eles devem aceitar minhas ordens, gostem ou não," Zayne explicou.

"Você é como Graham," Rosa deixou escapar. Ela imediatamente se arrependeu. "N-Não desse jeito. Ele tem o poder de fazer todos fazerem o que quer e não nos cabe reclamar. Essa não foi uma boa comparação. Por que eu faria isso?" Ela entrou em pânico.

Zayne ficou tanto ofendido quanto divertido. Ofendido por ser comparado a Graham de todas as pessoas, mas divertido por ver como ela entrou em pânico. "Está tudo bem. Pegue o mapa antes que eu o amasse ainda mais."

Rosa aceitou o mapa e o desenrolou. Pela primeira vez, ela conseguiu ver como era o reino. "Estamos aqui?" Rosa perguntou, apontando para o que parecia ser uma cidade.

Zayne colocou seu dedo à direita do dedo de Rosa, onde estava a cidade. "Estamos aqui. Você não sabe o nome da cidade?"

Rosa olhou para onde ele apontou. "É porque eu não sei para onde eu fugi."

"Você só andou ao redor de uma montanha, Rosa. Você não foi parar em três cidades adiante."

"Eu sei disso. Foi um erro. Então," Rosa começou a mover seu dedo em busca de uma igreja ou pelo menos outra cidade bem longe daqui.

"Isso é uma viagem de mais de uma semana daqui e andando levará mais de duas semanas. Talvez três. Você se saiu bem ontem à noite, mas não deveria se esforçar demais. Por que não vai para o santuário do rei? Ouvi dizer que eles aceitam todo tipo de gente," Zayne sugeriu.

Zayne cruzou os braços enquanto observava Rosa mover seu dedo para além de onde ele sugeriu. Ou ela não confiava em sua sugestão ou…

"Você sabe ler?" Zayne questionou, pois isso explicaria seu erro.

Rosa manteve sua atenção no mapa. Era constrangedor revelar que ela não sabia muitas palavras. "Não sei. Só conheço algumas palavras às vezes e não sei onde as aprendi. Não me lembro de ter ido à escola. A mulher mais velha disse que eu deveria esquecer o que sei."

Era preferível que mulheres no bordel não soubessem ler. Elas deveriam apenas parecer bonitas e agradar seus clientes. Rosa nunca tentou descobrir quantas palavras ela aprendeu para evitar problemas e anos mais tarde sem qualquer escolarização ou tentativas de encontrar alguma coisa no bordel para ler, ela não sabia como ler o mapa.

Rosa forçou um sorriso e olhou para Zayne. "Deve ser engraçado ouvir que na minha idade não sei ler. Não sei qual é a minha idade real, então não tenho tanta vergonha. Ouvi dizer que algumas crianças não vão à escola para trabalhar se seus pais precisam de dinheiro, então não estou sozinha."

"Não estou te julgando por não saber ler. Eu deveria ter adivinhado. Diga-me o que você está procurando e eu apontarei. Mova seu dedo a menos que você queira que ele toque no meu," disse Zayne.

Rosa tentou não se confundir com a amabilidade dele, mas ela ainda precisava agradecê-lo. "Obrigada."

Ela olhou para o mapa, procurando onde deveria ir. Sua atenção foi para um nome que ela não conseguia ler, mas ela sentiu que já tinha visto antes. Rosa decidiu contra, já que era muito perto desta cidade.