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A conquista de gelo e fogo

Jon Snow havia conseguido se esgueirar através dos corredores sombrios e silenciosos de Winterfell, escondendo-se nas sombras enquanto seu pai, Ned Stark, conversava em frente ao túmulo da mãe de Jon, Lyanna Stark. Ele sabia que havia algo que precisava descobrir, algo que apenas as palavras de Ned poderiam revelar. O que Jon ouviu, entretanto, foi muito mais do que esperava: a verdade sobre sua origem e o verdadeiro significado de sua linhagem. Atordoado pela revelação de que ele não era apenas o bastardo de Ned Stark, mas o filho legítimo de Lyanna Stark e Rhaegar Targaryen, Jon sentiu um turbilhão de emoções. A verdade, como um peso esmagador, fez com que ele se sentisse perdido e sem rumo. Em um estado de confusão e desespero, Jon decidiu deixar Winterfell atrás de si, fugindo para encontrar um sentido para a sua nova realidade. Sua jornada, porém, foi interrompida quando, ao cavalgando furiosamente, perdeu o controle do cavalo e sofreu uma queda violenta. O impacto com uma árvore antiga, uma árvore-coração sagrada do Norte, fez com que ele desmaiasse. O sangue de Jon, manchado de dor e desespero, escorreu pela casca da árvore e entrou em contato com suas raízes. Foi então que Jon experimentou algo que desafiava toda a lógica: ele encontrou-se em uma visão vibrante e enigmática. Diante dele, apareciam os espíritos dos antigos heróis de Westeros e dos deuses valerianos – Balerion, Vhagar e Meraxes, os dragões lendários. O ar estava carregado de uma energia primordial e antiga, e Jon sentiu uma presença majestosa e opressiva que fazia seu coração bater com mais força. Os espíritos e dragões revelaram a Jon a "Canção de Gelo e Fogo", um mito profundo e complexo que entrelaça a história de Westeros com o destino dos seus habitantes. Eles contaram a ele sobre a Longa Noite, uma era de escuridão que ameaçava destruir tudo o que eles conheciam. Jon foi informado de que ele tinha um papel crucial a desempenhar na luta contra as forças do gelo que se aproximavam. Nesse estado de transe, Jon compreendeu que sua verdadeira identidade e o seu legado eram muito mais significativos do que qualquer título ou posição. Ele aprendeu sobre a antiga profecia e o seu papel como o possível salvador de um mundo que estava à beira do colapso. Com esse novo entendimento, ele foi guiado de volta à realidade, determinado a enfrentar seu destino e proteger os seus entes queridos. A experiência nas profundezas da árvore-coração havia lhe dado a clareza e a força que ele precisava para aceitar seu papel na luta que estava por vir. Com renovada determinação, Jon Snow se preparava para voltar a Winterfell e preparar o Norte para a tempestade que estava por vir. O verdadeiro inverno estava chegando, e Jon estava pronto para enfrentá-lo com a força que seus antecessores lhe haviam concedido ================= Nao tera harem, o romance sera focado em JON E YGRITTE

Neve_v3rm3lha · 作品衍生
分數不夠
3 Chs

CONHECIMENTO

287 D.C. Winterfell

Jaehaerys (pov)

Depois que meus irmãos perguntaram mais uma vez se eu estava bem, eles saíram do quarto para que Mestre Luwin me examinasse.

— Você deu um baita susto em todos, Jon. — ele disse, olhando para mim como se me estudasse.

Depois de alguns instantes, ele saiu do quarto de meu pai. Só agora percebi que estava nos aposentos dele. Passei o dia deitado, me recuperando. Ao cair da noite, percebi um corvo na janela me observando. Tentei me aproximar, mas ele voou para longe. Fiquei olhando para a lua e não percebi meu pai entrando no quarto. Assim que notei sua presença, ele disse:

— Filho, saia da janela. O vento está muito gelado.

Mas eu não conseguia sentir nada, era como se o vento gelado não me afetasse. Apenas assenti e voltei para dentro. Olhei para meu pai, que me observava de maneira interrogativa. Apenas me sentei na cama e o encarei.

— Preciso encontrar Brynden Rivers. Preciso saber o que está acontecendo comigo, eu sei...

— Jon, eu acredito em você. Por mais que seja difícil, acredito em você. Confesso que, se não tivesse visto o que aconteceu ontem, provavelmente não estaríamos tendo esta conversa. Mas não posso negar o que vi.

— Para dizer a verdade, pai, nem mesmo eu acredito.

Meu pai apenas sorriu e passou a mão na minha cabeça, como se dissesse que estava tudo bem.

— Poderíamos ir amanhã? — perguntei.

Meu pai parecia incrédulo. Ele apenas me olhou e disse:

— Jon, vai levar tempo para você se recuperar...

Ele parou assim que me levantei e me olhou, surpreso.

— Jon, seus olhos estão roxos.

Olhei para a água da jarra e notei que a cor dos meus olhos havia mudado para um roxo escuro, visível apenas em uma luz forte.

— Estou bem, não sei como, mas a dor passou. Preciso de respostas sobre isso, pai.

Ele me olhou e apenas assentiu.

— Falarei com Sr. Rodrik. Partiremos depois de amanhã. Agora, descanse. Você precisa de forças para a viagem. Pode ficar com o quarto de sua mãe; mandei prepará-lo. Não há mais motivos para não usá-lo.

Assim que meu pai disse isso, olhei para ele e perguntei:

— Como ela era?

— Uma rosa azul de inverno, delicada e feroz, um verdadeiro lobo. Ninguém dizia a Lyanna Stark o que fazer ou como fazer. Ela era uma força da natureza, dona de si mesma. Nem meu pai conseguia controlá-la. Quando ele disse que ela deveria se casar com Robert Baratheon, ela literalmente pegou a espada Ice e partiu a mesa em dois, saindo do escritório e deixando Brandon e eu congelados de medo no lugar. Meu pai até tentou impedi-la de sair, mas bastou um olhar e ele recuou. Ela também era doce, sempre ajudando os plebeus, crianças, idosos e mulheres sem marido. Todos a chamavam de a loba selvagem.

Meu pai falou como se estivesse lembrando de uma época distante, com um sorriso no rosto. Assim que retornou de sua viagem ao passado, ele se virou, pegou uma caixa e colocou em cima da cama.

— Pretendia te entregar isso após você fazer seus votos na Patrulha da Noite. São algumas coisas que estavam em posse de sua mãe na Torre da Alegria. São algumas cartas e algo que você, com certeza, vai gostar. Mas devo dizer que é melhor abrir no seu quarto. Levarei o baú para você.

Assim que saí dos aposentos de meu pai e segui para o quarto de minha mãe, percebi que alguns dos servos não me olhavam com desprezo, mas com uma expressão de medo. Embora ninguém soubesse o que tinha acontecido, essa mudança de comportamento me intrigou. Ao chegar ao quarto, notei que a cama era tão grande quanto a de meu pai. Vi que algumas das minhas coisas já tinham sido trazidas para lá. Lord Strak cuidou pessoalmente para que eu tivesse tudo do melhor, assim como os seus outros filhos.

Meu pai colocou o baú em cima da cama e o observou com apreensão, entregando-me a chave. Ao abrir o baú, encontrei quatro itens: uma harpa, dois mantos, uma espada embrulhada e um estandarte. Também havia vários pergaminhos, alguns com selo e outros sem. Peguei a harpa com cuidado; apesar de um pouco empoeirada, ainda parecia digna da realeza. Presumi que era um presente de meu pai de sangue. Coloquei-a cuidadosamente sobre a cama. Em seguida, peguei os dois mantos: um preto com o distintivo de um dragão de três cabeças vermelhos e outro azul claro com o broche de um lobo com uma rosa na boca. Imaginando minha mãe usando um deles, coloquei ambos ao lado da harpa.

Peguei o estandarte, que era negro com um dragão vermelho segurando uma lança e uma rosa.

— Era o estandarte de seu pai — disse Lord Strak, com um tom de vergonha.

Coloquei o estandarte junto aos outros itens e, por último, peguei a espada. Ela era leve, considerando seu tamanho. Ao ver a empunhadura, o coração gelou: havia um dragão em cada extremidade e um rubi vermelho no centro. Reconheceria aquela espada de longe.

— Blackfyre — murmurei, estasiado.

— Não sei como seu pai conseguiu, a última notícia que tenho é que a espada foi empunhada por Aegor Rivers, conhecido como Açoamargo, quando fundou a Companhia Dourada. Depois de sua morte, a espada foi perdida. Parece que ela voltou para seus verdadeiros donos — explicou Lord Strak.

Fiquei fascinado com a relíquia. Aço Valeriano negro como a noite, empunhada por Aegon, o Conquistador. Depois de um tempo admirando a espada, coloquei-a de volta no baú e comecei a ler os pergaminhos. A maioria era sobre batalhas e relatórios da capital enviados por Rhaegar Targaryen para minha mãe.

Voltei minha atenção para os pergaminhos com selos invioláveis e notei um com uma lança dentro do sol e um dragão de três cabeças e outro com um lobo feroz. Peguei o pergaminho com o lobo e, ao olhar para meu pai, ele apenas concordou. Quebrei o selo e comecei a ler.

Lyanna Stark, Rainha dos Sete Reinos

Meu Jaehaerys, se você está lendo isso, então tudo falhou e eu não estou mais neste mundo. Não sei como isso chegará até você, mas saiba de uma coisa: eu amo seu pai. Não acredite nas histórias que ouvirá; eu nunca me permiti ser sequestrada. Fui de boa vontade ao encontro dele no torneio de Harrenhal. Nunca fiquei tão encantada com alguém. Ele era gentil e não me via como um prêmio, como um certo alguém que não vale a pena mencionar. Ele acha que você será uma menina e cumprirá a profecia de Gelo e Fogo, mas eu sei que você será um lobo selvagem, assim como eu. Enviei cartas aos Sete Reinos, mas aparentemente nenhuma delas chegou. Temi o pior na batalha que está por vir. Caso tudo dê errado, saiba que eu te amo mais do que qualquer coisa na vida. Nunca se esqueça disso, meu lobo de asas. 

Com amor, sua mãe, Lyanna Stark.

Assim que terminei a leitura, olhei para meu pai com lágrimas nos olhos e comecei a chorar. Minha mãe foi morta por causa da ambição de pessoas cruéis. Não conseguia me controlar, comecei a andar de um lado para o outro.

— POR QUÊ? — gritei repetidamente, minha voz carregada de dor e frustração.

Meu pai, vendo meu estado, me abraçou com força. Eu comecei a bater nele, tentando me acalmar, mas minha raiva não diminuía. Em um momento, estava abraçado ao meu pai e, no seguinte, me vi em uma forja. Mas não era uma forja qualquer; era imensa, suficiente para abrigar um barco médio. Olhei para o centro e vi algo que nunca havia visto antes: um dragão do tamanho de um cavalo cuspindo fogo e derretendo aço em uma mesa. Antes que eu pudesse ver mais, meu pai me trouxe de volta.

— Jon! — ele gritou, e só então percebi que estava de volta ao meu quarto.

Meu pai levantou-se e disse:

— Vou chamar Meistre Luwin.

Sem abrir espaço para questionamentos, ele foi buscar o meistre. Quando Meistre Luwin chegou, ele começou a me examinar.

— Jon, você está bem? O que sente?

— Eu estava em uma forja muito grande, com um dragão derretendo aço, e então, de repente, voltei para cá.

— Ele estava chorando. De repente, ficou quieto, e seus olhos ficaram vermelhos como fogo — disse Lord Strak.

— Tememos que isso esteja além do nosso conhecimento. Posso enviar um corvo para a cidade...

— Não, nada do que aconteceu pode sair daqui — falei firmemente.

— Meistre Luwin, eu sei que você quer ajudar, mas não podemos confiar em ninguém fora deste castelo.

Meistre Luwin pareceu compreender e assentiu rapidamente antes de sair. Pedi a ele para procurar qualquer coisa sobre dragões e fogo azul.

— Claro, Jon. Farei o meu melhor.

Assim que ele saiu, olhei para meu pai.

— Brynden Rivers pode ajudar. Os deuses me enviaram até ele.

Olhei para o pergaminho de minha mãe e o guardei na gaveta, bem protegido. Peguei o pergaminho com a lança no sol antes de abrir. Meu pai falou:

— Jon, acho que este não é para você. Esse selo pertence à família Martell. Desconfio que seja de Elia Martell para sua família.

Olhei novamente para o pergaminho e o guardei no baú. Notei que havia oito pergaminhos com o selo do dragão amarrados juntos e um separado. Peguei o separado.

Rhaegar Targaryen, Rei dos Sete Reinos e Protetor do Reino

Para o fruto de meu amor com Lyanna, não vou chamar você de menino ou menina. Sou mãe e tenho certeza de que você será um menino. Eu, por outro lado, acho que será uma menina. Arthur disse que, se você fosse menino, provavelmente não me perdoaria por chamá-lo de "princesinha do papai". Então, para o fruto de meu amor com Lyanna, eu amo você, seja menino ou menina. Se você está lendo esta carta, provavelmente não o conhecerei, e sinto muito por isso. O amor é a morte do dever, como um grande amigo me disse, mas para mim, o amor é a maior felicidade que alguém pode viver. Então fiz o que nenhum rei deveria fazer: mandei os Sete Reinos às favas e vivi meu grande amor. Não me arrependo disso. No entanto, pessoas com sede de poder aproveitaram essa oportunidade. Saiba que eu nunca machucaria sua mãe; ela é de grande importância para mim. Não acredite no que dizem. Estes pergaminhos são a prova de que você não é um bastardo. Eu me casei com Lyanna Stark como minha segunda esposa, assim como os antigos valerianos. Apenas saiba que eu te amo.

Rhaegar Targaryen, para o fruto de meu amor.

Isso não estava certo; alguém arquitetou a rebelião. Quando mostrei a carta para meu pai, ele parecia envergonhado.

— Jon, antes da Batalha do Tridente, Rhaegar pediu uma bandeira branca para que pudéssemos conversar. Mandei-o para o inferno e disse que o encontraria no campo de batalha. Eu juro, Jon, se eu soubesse a verdade, não teria ido à guerra. Por favor, você...

Antes que ele pudesse terminar, o abracei com toda a força que pude.

— Eu sei, pai. Rhaegar pode ter sido meu pai de sangue, mas você me salvou, me criou, me deu um teto, comida e roupa. Eu sei como os bastardos são tratados pelo reino. Não posso dizer que esqueci o que Lady Catelyn fez, mas a perdoei. Ela é família, mãe dos meus irmãos. Eu vivi sem mãe e não desejaria isso a ninguém.

— O que você vai fazer agora? — meu pai perguntou.

— Fogo e sangue. Vou recuperar o que me foi tirado e fazer justiça para meu pai, meus irmãos e minha mãe. E lutarei contra a Longa Noite.

— Jon, eu sinto muito. Se eu pudesse, levantaria todos os meus estandartes e faria justiça para sua família, mas você sabe que o Norte é pobre. Não temos chances contra os outros Reinos. Podemos ser os maiores, mas somos pobres. Essa é a verdade.

— Eu sei. Os deuses me deram suas bênçãos. Farei o impossível para ajudar a terra de minha mãe. Por isso, preciso ir até Brynden Rivers para entender melhor esses dons.

Meu pai olhou para mim e assentiu. Virou-se para sair, mas antes de ir, chamei-o.

— Pai, guarde isso para mim — apontei para o baú. — Principalmente a espada. Ainda não comecei meu treinamento, então ela será inútil para mim e levantará suspeitas. Precisamos ser discretos. Só me deixe com a harpa e o manto de minha mãe. Leve o resto com você e guarde até voltarmos da Muralha.

Meu pai pegou os itens e saiu com eles. Fiquei um tempo tentando tocar a harpa, mas sem sucesso. Peguei o manto de minha mãe e deitei-me, sendo envolvido pela escuridão.

— Olá, Jaehaerys.

Um senhor falou para mim enquanto estávamos em uma sala com um trono feito de espadas. O Trono de Ferro não parecia ser grande coisa. Olhei ao redor, focando no homem de cabelos brancos, que parecia estar em excelente forma para alguém da sua idade.

— Ter o conhecimento da humanidade tem suas vantagens — ele disse, como se lesse meus pensamentos.

— Concordo com você. Este trono não é grande coisa, mas seu poder entre os homens é inigualável — falei, enquanto ele caminhava pela sala.

— Brynden Rivers, eu presumo? — perguntei, olhando-o.

Ele apenas deu um meio sorriso.

— Vejo que você é esperto. Sim, eu já fui Brynden Rivers, mas hoje sou o Corvo de Três Olhos, a memória e o conhecimento da humanidade — ele disse, olhando-me fixamente.

— Como posso te encontrar além da Muralha? — perguntei.

— Não se preocupe. Já enviei um dos meus filhos para te encontrar. Basta atravessar o Muro e ir até a Árvore Coração, onde os Guardas da Noite fazem seu juramento. Lá, você encontrará seu guia até mim.

— Qual é o nome dele? — indaguei.

— Não se preocupe, você saberá quando chegar a hora.

— Você pode me ajudar? — perguntei.

— Bem, eu posso te mostrar a porta, mas você deve abri-la por conta própria — ele respondeu, olhando-me.

— Jaehaerys, na noite passada, depois de muito tempo, consegui ver o futuro. Antes de você ser purificado pelo fogo e gelo, o destino da humanidade era morte e frio. Mas agora há luz. Você deve se preparar e preparar o Reino dos Vivos para a grande batalha. do amanhecer, quando você vier até mim, explicarei mais. Por enquanto, você não pode fazer nada a não ser vir até mim.

Antes que eu pudesse responder, acordei em minha cama e olhei pela janela, vendo um corvo voando para longe.

Meistre Luwin (Pov)

Em todos os meus anos, nunca presenciei algo como isso. O garoto foi consumido por um fogo azul que derreteria até a rocha mais resistente, mas saiu ileso e curado de qualquer ferimento. Depois, foi congelado por um gelo que, se fosse alguém comum, teria quase certeza de não sobreviver. No entanto, o garoto acordou como se nada tivesse acontecido, apenas com dor no corpo e os olhos ardendo. Isso estava além do meu conhecimento; teria que buscar respostas onde menos queria: na Cidadela, um lugar que deveria ser o berço do conhecimento, mas que só tinha velhos preocupados com outras coisas. Felizmente, a biblioteca de Winterfell também tinha um grande número de livros.

Assim que acordei, após um banho matinal, fui direto examinar o garoto e, depois, para a biblioteca. Fogo azul e dragões eram assuntos fáceis de pesquisar, mas o outro tema não era tão simples. Focado em minhas pesquisas, não notei Lord Strak entrando.

— Meistre Luwin! — ele chamou, tirando-me do meu transe.

— Perdão, meu Lorde, não o vi — respondi, levantando-me rapidamente.

Ele apenas assentiu e perguntou:

— Jon está bem para viajar?

— Meu Lorde, em toda minha vida, nunca vi algo igual. A Cidadela pode ter respostas, mas aqueles homens não são de confiança. Receio que, se enviarmos um corvo, os acontecimentos se espalharão. No entanto, não vejo outra alternativa. Jon está bem; quando o vi esta manhã, parecia que nada tivesse acontecido.

— Temia isso. Irei ao Castelo Negro amanhã. Não mande nada para a Cidadela; caso não encontre as respostas, não se preocupe. Apenas ajude Jon quando ele voltar. Tenho um pressentimento de que as coisas vão mudar drasticamente. Não vou atrapalhar mais seus afazeres — disse Lord Strak, saindo pela porta. — Só espero que Jon encontre o que procura.

Catelyn (pov)

Assim que o dia amanheceu, notei que Ned estava saindo com pressa. Os acontecimentos ainda martelavam em minha cabeça, e a culpa ainda me consumia. No entanto, precisava cumprir minha promessa. Na noite anterior, reuni todos os servos do castelo e disse que qualquer um que olhasse para Jon com desprezo seria expulso do castelo. Isso pareceu ser suficiente para mudar os olhares. Levantei-me e preparei-me para o dia. Ned estava ocupado com os preparativos da viagem. Passei pelo quarto de Jon e ouvi risadas vindas de lá. Embora eu não tivesse coragem de encará-lo diretamente, pelo barulho parecia que ele estava bem. Fui até o escritório de Ned e comecei a trabalhar nas demandas do castelo e do Norte. Em tempos de paz, nada de muito relevante acontecia, e como meus filhos ainda não estavam na idade para casamentos, tudo parecia tranquilo. Passei o dia trabalhando, parando apenas para almoçar com minha família. Não conseguia conversar com Jon ainda, mas as coisas pareciam calmas; ele e Robb riam de algo que Ned contava, Sansa apenas reclamava que não era elegante comer falando, e Arya estava dormindo em meus braços depois de seu escândalo.

Ao cair da noite, fui para meus aposentos e encontrei Ned se preparando para dormir.

— Ele está bem para viajar a essa distância? — perguntei.

— Bem, tente convencer ele do contrário — respondeu Ned, rindo.

Apenas suspirei.

— Tenha cuidado. Não sabemos o que há além da Muralha.

— Eu terei. Mandei preparar um banho quente para você — disse ele.

Agradeci e fui ao banheiro tomar meu banho. Quando saí, deitei-me na cama e olhei para Ned. Ele apenas sorriu.

— Vai ficar tudo bem. Tem minha palavra.

Ao amanhecer, vi Ned levantando-se e se preparando para a jornada. Rapidamente fiz o mesmo. Notei seu olhar para mim, como se tivesse segundas intenções, e apenas balancei a cabeça.

— Volte para casa inteiro e, aí, conversaremos sobre seus pensamentos nada honrados — disse, com um sorriso.

Ele me olhou como se estivesse perdendo o melhor brinquedo da vida.

— Cobrarei isso, Lady Stark — respondeu com malícia.

Após o café da manhã, Robb estava inconformado por não poder acompanhar o pai. Ele tentou argumentar, mas Ned não deixou espaço para questionamentos, deixando meu filho com uma expressão contrariada.

— Robb, sempre haverá um Stark em Winterfell. Aprenda com sua mãe como administrar um castelo, pois um dia isso será seu — disse Ned.

Robb não concordava, mas acatou a decisão do pai. Assim que Jon e Ned terminaram o café, fomos para o pátio, onde um grupo de 50 homens já esperava por meu marido. Quando vi Jon se dirigindo ao cavalo, fui atrás dele.

— Jon, posso falar com você um minuto? — perguntei.

Ele se virou e assentiu.

— Bom, sei que o que fiz não tem perdão, mas ainda assim você me perdoou. Espero ser digna desse ato. Aqui, tome este livro; ele contém a história de todo o Sul, suas casas e costumes. Se você for atrás de seu direito, será bom ter esse conhecimento sobre as terras ao sul.

Ele parecia entender o que eu quis dizer, pegou o livro e o colocou na bolsa do cavalo. Virou-se para mim e disse:

— Obrigado, Lady Stark.

— Pode me chamar de Catelyn.

Ele olhou para mim e respondeu:

— Obrigado, Catelyn. Fique bem.

— Volte em segurança.

Assim que o grupo partiu, olhei para o céu e rezei para que nada de ruim acontecesse.