Um Companheiro Rejeitado

POV de Selma Payne:

"Eu, Benson Walton, rejeito você, Selma Payne, como minha futura Luna e companheira."

Este era o último dia da cerimônia. Todos foram felizes para o encontro e ninguém percebeu minha conversa com Benson.

Apertei os punhos com força e ouvi o rosnado profundo de Benson.

"Aceite sua rejeição e saia da minha vista para sempre! O pensamento de você ter sangue humano em suas veias me enoja! Se você for sensata, encontrará um lugar calmo para morrer sozinha ao invés de manchar a glória de nosso povo."

Suas palavras ríspidas fizeram o sangue em meu corpo ferver. Tentei ao máximo não deixar minhas lágrimas caírem, me deixando ainda mais envergonhada.

"Talvez ele estivesse certo. Desde o início, minha aparência foi um erro. No meu décimo sexto aniversário, descobri dos meus pais que não era filha biológica deles, embora sempre me disseram que eu era um anjo dado a eles pela cegonha.

Benson fez um som gutural estranho em sua garganta, me instigando a tomar uma decisão o mais rápido possível. A ideia de rejeitá-lo me causou tanta dor que eu não conseguia respirar. Eu era uma humana que não deveria estar aqui. Eu não era tão forte e corajosa quanto os outros.

"Eu, Selma Payne, aceito a sua rejeição." Eu gaguejei, e a dor me fez tremer incontrolavelmente.

Benson resmungou friamente e me encarou de braços cruzados. "Pelo menos você é sensata. Você é apenas um sapo. Fique na sua lama e nem pense em implicar os outros em nossa matilha."

No seu décimo nono aniversário, descobrimos que éramos companheiros. Ele não me rejeitou então, e eu pensei que ele tivesse aceitado seu destino. No entanto, descobri que ele tinha medo que eu ficasse com os outros membros da matilha.

Benson se virou friamente e saiu. Havia algumas pessoas na porta. Eles o cumprimentaram com sorrisos, talvez zombando secretamente de mim por estar sonhando acordada.

'Respire, Selma, respire. Não mostre sua fraqueza na frente deles.'

Eu me fingi de calma e esperei que eles fossem embora, então fugi em um estado deplorável. Eu não queria mostrar nenhuma fraqueza na frente dos lobos, ou eles me morderiam. Aprendi essa forma de sobrevivência depois de treinar com eles por muitos anos. Agora eu havia me integrado muito bem à matilha, mesmo que fosse um ovo mole para eles, que se quebraria com um único toque.

Eu tinha ótimos amigos. Se alguém tentava me intimidar, eles sempre me defendiam. Quando eu me sentia infeliz, sempre encontravam uma maneira de me fazer feliz. Meus pais eram os melhores do mundo. Eles nunca riram de mim ou me repreenderam. Ao contrário, quando eu questionava por ser mais fraca que os outros, eles sempre me diziam que todos nascem com um propósito, e este não era o meu.

Mas eu estraguei tudo. Como Benson e aquelas pessoas espalhariam a notícia? Benson rejeitou impiedosamente aquela humana sem vergonha? Meus pais e amigos seriam humilhados por causa disso? Talvez ele estivesse certo. Eu era uma pessoa sem valor que só traria vergonha à matilha. Eu deveria ir embora para sempre e não arrastá-los comigo.

Meus pobres pais já sofreram dor e humilhação suficientes. Eu nunca fui motivo de orgulho para eles, nunca nem por um dia!

Eu consegui sair da casa sem ninguém notar. Era a noite da festa, então eles devem estar rindo de mim. Eu tremi só de pensar nisso.

Com a ajuda do luar, lentamente entrei na floresta. Nesse momento, percebi que meu rosto estava coberto de lágrimas. A dor de ser rejeitada e a tristeza de estar prestes a partir me fizeram não conseguir me controlar. Eu chorei alto. Ninguém se importaria com o lixo que não conseguia ver o caminho claramente sem a luz da lua.

"Eu deveria ter morrido na floresta há muitos anos. Em vez disso, roubei toda essa felicidade. Sou realmente grata aos meus pais, ao meu irmão Rhode e a todos na matilha. Eles me deram tanto amor. Agora, é hora de eu retribuir à matilha. É hora de tudo voltar ao normal."

Enxuguei as lágrimas em meu rosto como se estivesse limpando uma mancha. Hoje à noite, eu ia dar a eles uma matilha pura e imaculada.

O ar frio da noite entrou em meus pulmões pelo meu nariz, e eu engasguei violentamente. Eu não suportava nem mesmo uma pequena mudança de ar. Como eu ousava me chamar de membro da matilha? Se a pessoa aqui hoje fosse Rhode ou qualquer outra, eles não seriam tão frágeis quanto eu.

Ouvi a multidão cantando minha música favorita. A música percorreu a distância e entrou em meus ouvidos como um incentivo e pressão silenciosa. Eu vim para a matilha com esta música e cresci aqui. Então, era apropriado que eu usasse essa música para me despedir.

'É hora, Selma, de ser uma pessoa corajosa pela última vez!'

Fechei meus olhos e pulei do penhasco.

O vento sibilava em meus ouvidos, e a música ficou embaçada. Finalmente, eu era livre para sempre.