Ana me olha com uma expressão curiosa, como se já estivesse formando teorias malucas na cabeça. Ela solta uma provocação sobre maquiagem, lembrando-me das vezes em que a convenci a me ajudar com essa arte.
**Ana, com tom de provocação:** Minha ajuda? Se for pra se maquiar de novo, eu não vou. Você já tá me devendo muito.
**Paula, explicando:** Não, dessa vez não é sobre maquiagem. Eu preciso que você me ensine a dançar.
A expressão de Ana, inicialmente curiosa, agora parecia estar dando espaço a pensamentos mais elaborados, como aquelas vizinhas fofoqueiras que fazem mil teorias em segundos.
**Ana, ainda mais curiosa:** Ensinar a dançar? Pra quê?
**Paula, explicando:** Uma competição de dança. A Raíssa me desafiou.
A expressão de Ana muda novamente, dessa vez para um desgosto evidente. Eu entendia perfeitamente; o nome Raíssa era capaz de causar desconforto até nos mais corajosos.
**Ana:**
Aí, não! Ela não...
**Paula:**
Espera, você conhece a Raíssa?
**Ana:**
É claro que sim. Eu a conheci ano passado. Ela estudava comigo. Ela era um demônio! Aquela garota é chata. Só por isso, eu vou te ajudar. Tá, vamos começar a treinar.
**Narração:**
Ana me arrasta até o armário, e quando ela abre, deparo-me com roupas de dança que mais parecem saídas do guarda-roupa da Barbie.
**Ana:**
Bom, antes de treinarmos, vamos nos vestir. Eu tenho que ficar bonita, né?
Começamos a nos vestir, e Ana estava radiante com a ideia de criar um visual impressionante para nossa sessão de treino. As roupas eram uma mistura de cores vibrantes e brilhantes, típicas de figurinos de dança. Ana escolheu um conjunto rosa neon, com detalhes prateados cintilantes, que realçava sua expressão confiante. Enquanto isso, eu optei por um conjunto mais discreto, mas ainda elegante, com tons de azul e prata, transmitindo uma mistura de determinação e leveza.
Ana, com sua experiência em moda, complementou os looks com acessórios divertidos, desde tiaras brilhantes até pulseiras chamativas. As roupas nos davam uma sensação de poder e energia, exatamente o que precisávamos para enfrentar o desafio proposto por Raíssa.
Com os visuais prontos, Ana lançou um olhar animado para mim, sinalizando que estávamos prontas para começar o treino. O desafio de dança poderia ser uma batalha, mas estávamos determinadas a vencer e mostrar para Raíssa que não nos deixaríamos abalar por suas provocações.
**Ana:**
UAU, você está linda! Tá, vamos começar a treinar.
A música da Meghan Trainor começou a tocar, e eu estava determinada a me entregar ao ritmo, mesmo que meu corpo parecesse resistir no início. Ana, cheia de energia, começou a dar instruções e mostrar passos de dança. No começo, eu estava um pouco desajeitada, tropeçando nos movimentos e tentando acompanhar o ritmo frenético da música.
Cada passo parecia um desafio, mas Ana, com seu jeito empolgante, me encorajava a continuar. Eu me sentia fora da minha zona de conforto, mas ao mesmo tempo, algo dentro de mim se empolgava com a ideia de superar meus limites. A sala de treino se transformou em um palco imaginário, e eu, mesmo sem muita habilidade inicial, me permiti mergulhar na dança.
Os movimentos da Meghan Trainor eram mais complexos do que eu imaginava, mas eu persistia, determinada a aprender cada detalhe. Ana ria e incentivava, fazendo o ambiente ficar mais descontraído. Mesmo que meus passos não fossem perfeitos, havia uma sensação de liberdade ao me deixar levar pela música.
A cada tentativa, a confiança aumentava um pouco. Eu sabia que a competição com Raíssa seria difícil, mas aquele treino era mais do que uma preparação para uma disputa; era uma jornada pessoal de superação e autoexpressão. A dança, aos poucos, tornava-se não apenas um desafio físico, mas uma forma de liberar as emoções que o dia turbulento havia acumulado.
Ao final do treino, eu estava ofegante, mas a sensação de realização era palpável. Ana, com um sorriso animado, elogiou meus esforços, e eu senti que, mesmo que a competição fosse difícil, eu estava pronta para enfrentá-la de frente. O desafio com Raíssa tinha se tornado mais do que uma questão de rivalidade; era um teste pessoal de coragem e superação.
**Ana:**
Tá, amanhã vamos tentar mais uma vez, tá bom? Acho melhor agente dormir.
**Paula:**
Tá, vamos dormir.
Nos deitamos, e o cansaço do treino se misturou com a sensação de dever cumprido. O quarto estava silencioso, e eu conseguia ouvir apenas o suave ruído da noite lá fora. Agradeci por ter a Ana ao meu lado, apoiando-me mesmo nas minhas maluquices. Aquela conexão entre irmãs era única.
**Paula:**
Ana...
**Ana:**
Oi.
**Paula:**
Obrigado por me ajudar, irmã. Você é a melhor.
**Ana:**
De nada, e eu sei que eu sou a melhor.
A gratidão que sentia por Ana aqueceu meu coração enquanto nos aconchegávamos nas cobertas. O treinamento poderia ter sido desafiador, mas a presença dela transformou o esforço em algo especial. Em pouco tempo, o sono nos envolveu, levando-nos para um mundo de sonhos onde as danças fluíam com perfeição, sem os obstáculos da vida real. A noite foi tranquila, marcada pela promessa de enfrentar um novo dia com coragem e determinação. O desafio com Raíssa se aproximava, mas, naquele momento, eu sabia que tinha uma aliada valiosa na minha jornada.
Acordei sentindo a luz do sol invadir delicadamente o quarto. O dia de enfrentar a competição de dança com Raíssa estava prestes a começar. Levantei-me, estiquei os braços e bocejei, espantando qualquer resquício de sono. A rotina matinal começou com uma rápida visita ao banheiro, onde lavei o rosto para despertar completamente.
Após o banho revigorante, escolhi uma roupa que combinasse com a energia do dia. Optei por um conjunto de blusa cropped branca com detalhes em renda e uma saia rodada preta. Os cabelos soltos caíam suavemente pelos ombros, e um toque leve de maquiagem realçava os traços do meu rosto.
Desci para a cozinha e preparei um café rápido para recarregar as energias. A cada gole, a ansiedade misturava-se com a cafeína. Peguei minha mochila, verifiquei se estava tudo dentro e, com passos decididos, saí de casa, pronta para enfrentar o desafio que Raíssa havia lançado. A competição estava prestes a começar, e eu estava pronta para mostrar o que aprendi com a ajuda valiosa da minha irmã.
Saí de casa com a determinação estampada no rosto, pronta para encarar o desafio da competição de dança. No caminho para a escola, avistei Liandra e Isaac na esquina, conversando animadamente. Me aproximei com um sorriso, percebendo que a presença deles trazia um conforto bem-vindo.
Liandra usava um vestido azul-marinho, destacando sua pele morena, e um par de tênis brancos, mostrando um estilo casual e descontraído. Seu cabelo solto caía em ondas suaves, complementando o visual leve e elegante.
Isaac, por sua vez, vestia uma camisa xadrez nas cores azul e branca, combinando com uma calça jeans escura. Seus cabelos estavam bagunçados de propósito, dando um toque despojado ao seu estilo descontraído.
Ao me aproximar, cumprimentei-os com um aceno.
Paula: E aí, pessoal! Prontos para o dia da competição?
Liandra: (sorrindo) Com certeza! E você, Paula?
Paula: Estou pronta para arrasar. Vamos nessa!
Juntos, seguimos em direção à escola, preparados para enfrentar os desafios que o dia reservava.
Chegamos à escola, eu, Isaac e Liandra, prontos para encarar o dia da competição de dança. Ao avistar Miguel, tentei ignorá-lo, mas ele se aproximou com uma expressão de arrependimento.
**Miguel:** Olha, Paula, desculpa por ontem. Eu estava confuso.
**Paula:** Confuso com o quê, Miguel?
**Miguel:** Depois agente fala disso. Aliás, boa sorte na competição com a Raíssa.
Miguel se afastou correndo antes que eu pudesse responder. Tentei ir atrás dele na multidão, mas ele se perdeu entre os estudantes, escapando de qualquer tentativa de explicação.
A incerteza pairava no ar, deixando-me com sentimentos conflitantes enquanto me preparava para o desafio que estava prestes a enfrentar.
No meio da multidão, Raíssa emergiu, vestindo uma calça de couro justa, uma blusa preta com detalhes em dourado, e uma jaqueta jeans rasgada. Seus cabelos cacheados e curtos balançavam enquanto ela se aproximava, ostentando um estilo extravagante e chamativo.
**Raíssa:** Chegou a hora, Paula. Vamos logo acabar com isso de uma vez por todas.
Sua risada ecoou como uma vilã de filme, mas, ao contrário de séries e filmes, era real, tornando o momento mais assustador do que eu poderia ter imaginado. Era chegada a hora de encarar a competição e acabar com esse embate que se estendia desde o primeiro dia de aula.
**Paula:** Vamos.
Continua...