Eu nunca imaginei que isso realmente aconteceria. Enquanto subia no tatame, meu coração batia rápido, e minhas mãos suavam de nervosismo. Olhei para Raíssa, que retribuiu o olhar com um sorriso confiante, mas arrogante. Era agora ou nunca.
**Raíssa:** Vamos começar logo. Estou ansiosa para te vencer.
**Júlia:**
"Estão prontas para isso? São 3 rodadas."
Raíssa olha para mim por um momento antes de voltar seu olhar para Júlia. Seus olhos exalam confiança.
**Raíssa:**
"Eu estou mais do que pronta."
Encaro Raíssa com seriedade, sentindo a determinação fluir através de mim. Em seguida, volto meu olhar para Júlia.
**Paula:**
"Eu também estou."
A competição começou e eu estava lá, tentando reunir toda a confiança que eu podia. Eu sabia que não seria fácil, mas estava determinada a dar o meu melhor. À medida que a música começava a tocar, eu me movia, tentando seguir os passos que praticamos incansavelmente com Ana. No início, tudo parecia estar indo bem. Eu estava me sentindo leve, tentando ignorar a pressão que sentia.
Mas então, em um momento crucial, eu errei um passo. Foi como se o tempo congelasse por um instante, e eu senti meu coração afundar. A confiança que eu estava tentando manter se desfez em um instante, substituída pela ansiedade e pelo medo do fracasso. A partir desse erro, tudo desmoronou. Eu estava errando todos os passos, parecia que meu corpo não estava mais respondendo aos comandos da minha mente.
Cada erro era como uma faca afiada perfurando meu coração, e a pressão só aumentava à medida que os olhares da plateia se concentravam em mim. Eu podia sentir a tensão no ar, como se a atmosfera estivesse pesada com a minha frustração e vergonha. Eu queria desaparecer, sumir dali e nunca mais voltar.
Mas eu não podia desistir. Mesmo enquanto errava cada passo, eu continuava tentando, lutando contra a onda de emoções que ameaçava me consumir. Cada movimento errado era uma lembrança dolorosa da minha falha, mas eu não podia permitir que isso me derrotasse completamente. Eu precisava continuar tentando, mesmo que fosse difícil, mesmo que parecesse impossível.
A primeira rodada chegou ao fim, e eu senti um misto de alívio e desapontamento. Não era surpresa que Raíssa tivesse vencido; afinal, ela estava confiante desde o início. Eu me esforcei, dei o meu melhor, mas no fundo, eu sabia que minha performance estava longe de ser perfeita.
Júlia anunciou a vencedora da primeira rodada, e não foi uma surpresa quando o nome de Raíssa ecoou pela sala. O som dos aplausos preencheu o espaço, mas eu percebi que eram apenas alguns aplausos isolados. Ninguém parecia realmente empolgado com a vitória dela, exceto talvez por Júlia. Era evidente que Raíssa não era uma das favoritas na escola, e eu sabia muito bem o motivo.
Enquanto todos aplaudiam, eu me mantive em silêncio, observando a cena com uma sensação estranha no peito. Não era inveja ou ressentimento; era apenas a constatação de que, por mais que Raíssa tentasse se impor, ela nunca seria realmente aceita pelos outros. Era uma situação triste, mas eu não conseguia deixar de sentir um pouco de compaixão por ela, mesmo diante de nossas diferenças.
Isaac olha para mim com uma expressão preocupada e pede desculpas pela situação. Eu o encaro por um momento, tentando reunir meus pensamentos antes de responder.
"Sim, estou bem", eu digo, com um suspiro. "Acho que a Raíssa não é uma pessoa má, sabe? Talvez ela só não saiba lidar muito bem com as coisas."
Liandra se junta à conversa, parecendo um tanto perplexa. "Como assim? Foi você que quis participar dessa competição."
Isaac intervém novamente, encorajador. "Paula, você precisa ganhar essa segunda rodada para mostrar que pode superar isso. Você precisa dar uma lição nela."
Enquanto eles falam, uma mistura de emoções surge dentro de mim. Estou triste por perceber que Raíssa parece ter apenas a Júlia como amiga, mas ao mesmo tempo estou furiosa com as atitudes dela. Não é certo que ela se comporte dessa maneira e ache que pode fazer o que quiser só porque tem alguém que a apoia.
Eu sei que preciso vencer Raíssa nesta próxima rodada. Não é apenas sobre ganhar a competição; é sobre ensinar uma lição, não só para ela, mas para todos. Eu preciso mostrar que não vou me deixar abater por suas provocações, e que posso me destacar por mim mesma, sem precisar rebaixar os outros. É uma questão de princípios, e eu estou determinada a defender os meus.
A segunda rodada começou e subimos no tatame. Dessa vez, eu estava determinada a mostrar o meu melhor. Enquanto dançávamos, senti uma confiança renovada. Raíssa me olhava furiosa, e eu podia ver a raiva estampada em seu rosto. Ela começou a dançar mais rápido, tentando me desestabilizar, mas eu mantive minha calma.
Olhei para a tela, focando no meu triunfo. Eu iria mostrar a ela que não tinha medo da sua cara feia. Comecei a dançar, seguindo os passos como Ana me ensinou. Cada movimento fluía com naturalidade, e eu sorria confiante. Raíssa ficou surpresa, e não foi só ela; todos pareciam impressionados com a minha performance.
Eu continuei a dançar, deixando-me levar pela música e pela minha determinação. No final da rodada, quando a música cessou, eu sabia que tinha vencido. Olhei para Raíssa com um sorriso no rosto, mostrando que eu era capaz, e que não permitiria que ela me desanimasse. A vitória na segunda rodada foi minha, e eu estava mais confiante do que nunca.
Júlia: Bom, parece que a vencedora foi a Paula.
A multidão aplaudiu animada com a minha vitória. Eu estava prestes a ir em direção a Raíssa, mas antes que eu pudesse dar um passo, ela me empurrou com força, fazendo-me cair no chão. Isaac e Liandra rapidamente correram para me ajudar.
Liandra: Paula, você tá bem?
Paula: Eu tô, vamos.
Isaac: A Raíssa nunca aprende, não é mesmo? Parece que ela não tem limites.
Liandra: É, parece que não adianta mesmo. Por mais que a gente tente, aquela idiota não vai mudar.
Paula: Talvez seja verdade. Mas pelo menos eu provei para ela que não vou me deixar abalar por suas provocações.
Isaac: É isso aí, Paula. Você mostrou sua força e determinação. Não deixe que ela te derrube.
Liandra: Concordo. Vamos nos concentrar em coisas positivas. A competição acabou, e você saiu vitoriosa, Paula. Isso é o que importa.
Paula: Vocês têm razão. Não vou deixar a Raíssa estragar meu dia. Vamos comemorar minha vitória!
Júlia: Pessoal, venham aqui! Tenho uma notícia importante. A competição ainda não acabou. Parece que deu empate entre a Paula e a Raíssa.
Isaac: Como assim? Mas já foram duas rodadas!
Liandra: Parece que teremos uma última batalha, então.
Paula: Uma última batalha? Isso não pode estar acontecendo.
Júlia: Sim, parece que teremos que decidir um vencedor com mais uma rodada. Afinal, é melhor ter um vencedor claro do que deixar isso em aberto.
Paula: Certo, então vamos encarar isso como uma última chance de mostrar o que podemos fazer. Vamos lá, pessoal. Vamos dar o nosso melhor!
Subi no tatame para a última rodada, determinada a dar o meu melhor. Comecei a dançar com toda a minha energia, me esforçando ao máximo para mostrar o que podia fazer. Nem mesmo o cansaço me afetava, e eu continuava a dançar com toda a minha força.
Olhei para Raíssa e percebi que ela estava se esforçando ao máximo também. Foi então que me dei conta de algo crucial: estávamos brigando por alguém que nem sequer se importava conosco. Nossa paixão por Miguel tinha se tornado doentia, a ponto de nos fazer brigar como loucas.
Decidi que não queria mais lutar por alguém que não valorizava o que tínhamos para oferecer. Então, mesmo sabendo que podia vencer, decidi perder. Não valia a pena continuar alimentando essa rivalidade sem sentido. Era hora de seguir em frente e deixar essa história para trás.
Júlia: "Bom, parece que a vencedora desta rodada foi a Raíssa."
Ninguém aplaudiu, exceto Júlia. Eu sentia as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, enquanto eu olhava em volta e via a indiferença estampada nos rostos das pessoas ao meu redor.
Raíssa: "Vocês são todos uns idiotas! Não sabem apreciar o verdadeiro talento quando veem!"
Raíssa proferiu suas palavras com um misto de arrogância e desdém, antes de sair correndo dali, sem se importar com as reações das outras pessoas.
Paula: "O que adianta mesmo...?"
Isaac: "Paula, o que aconteceu? Você estava dançando tão bem..."
Liandra: "Sim, parecia que você ia ganhar. O que deu errado?"
Paula: "Na verdade, não adianta. Essa competição foi uma bobagem. Estávamos brigando por alguém que nem mesmo se importa conosco."
Isaac: "Você quer dizer o Miguel?"
Paula: "Sim, ele nem sequer sabe o que está acontecendo entre nós. Estou cansada de lutar por algo que não vale a pena."
Isaac: "Paula, acho que você fez a coisa certa. Parabéns por ter essa clareza."
Liandra: "É, você mostrou maturidade em perceber que não vale a pena brigar por alguém que não valoriza você."
Paula: "Obrigada, pessoal. Acho que é hora de deixar isso para trás e seguir em frente."
Isaac: "Talvez seja uma boa ideia ir falar com a Raíssa. Quem sabe vocês possam resolver essa situação de uma vez por todas."
Liandra: "Ele está certo. Vá atrás dela, Paula. Quem sabe vocês possam acabar com essa rivalidade."
Paula: "Vocês têm razão. Vou tentar resolver isso. Obrigada pelo apoio."
Caminhei até a sala de limpeza, onde imaginei que poderia encontrar Raíssa. Ao entrar, deparei-me com ela ali, chorando, com a maquiagem borrada e toda desfeita. Seu aspecto era de completa fragilidade, algo que eu não esperava ver naquela garota tão determinada e cheia de si.
A cena me pegou de surpresa, e por um momento, eu não soube como agir. Raíssa, que sempre pareceu tão confiante e altiva, estava ali, vulnerável e desfeita. A rivalidade entre nós parecia desaparecer diante daquele quadro de tristeza e desolação.
Percebi que, apesar de nossas diferenças e desavenças, éramos duas garotas lutando com nossos próprios demônios internos. E, de alguma forma, isso me fez sentir compaixão por ela, mesmo após tudo o que havíamos passado.
Respirei fundo e dei alguns passos em direção a Raíssa, pronta para deixar de lado as animosidades e tentar encontrar uma forma de resolver nossos conflitos de uma vez por todas.
Paula: "Raíssa, eu sei que as coisas não têm sido fáceis para você, mas isso não justifica ser tão mal educada e desrespeitosa. Estou aqui porque quero resolver nossos problemas de uma vez por todas, não para entrar em discussões."
Raíssa: "Ah, claro, agora você quer ser a santa, né? Por que não está com seus amiguinhos, então? Eles devem estar rindo de você, patética."
Paula: "Não estou aqui para discutir sobre meus amigos. Estou aqui porque acredito que podemos encontrar uma maneira de conviver em paz. Nós duas sabemos que essa rivalidade não nos levará a lugar nenhum."
Raíssa: "Ah, que discurso bonitinho, Paula. Mas a verdade é que você nunca será nada além de uma perdedora. Eles vão te abandonar eventualmente, como todos fazem."
Paula: "Isso não importa. O que importa é que eu estou disposta a seguir em frente e deixar esse ciclo de rivalidade para trás. Se você não está pronta para isso, é uma pena. Mas eu espero sinceramente que um dia você também consiga encontrar paz."
Paula saiu da sala de limpeza, deixando Raíssa para trás. Enquanto fechava a porta, ela lançou um último olhar para trás e viu Raíssa no chão, parecendo completamente desolada e destruída. Era uma visão que mexia com Paula, mas ela sabia que precisava seguir em frente e focar em seu próprio caminho. Com um suspiro, ela virou-se e seguiu seu caminho, determinada a deixar para trás aquela rivalidade tóxica e seguir em frente com sua vida.
Enquanto isso, Liandra estava ao lado de Isaac, e uma expressão nervosa tomava conta de seu rosto. Ela olhava para ele, visivelmente perturbada por algo que estava prestes a revelar.
Liandra: Isaac, eu preciso te contar algo... Estou me apaixonando pela Paula.
Isaac tenta acalmar Liandra, percebendo sua agitação e nervosismo diante dessa revelação inesperada.
Isaac: Calma, Liandra. É normal se sentir confuso em relação aos sentimentos, especialmente quando eles surgem de repente.
Liandra continua inquieta, incapaz de conter a torrente de emoções que estava experimentando. Essa revelação não estava nos seus planos, mas ela precisava lidar com isso agora que havia acontecido.
Isaac olha para Liandra com compaixão, entendendo a confusão que ela estava passando.
Isaac: Liandra, você não precisa se preocupar. Se você está se apaixonando pela Paula, isso é apenas uma demonstração de que seus sentimentos estão se desenvolvendo de maneira natural. Não há nada de errado nisso.
Liandra assente, mas ainda parece angustiada com a situação.
Liandra: Eu sei, Isaac, mas e se ela não sentir o mesmo por mim? E se isso estragar nossa amizade?
Isaac coloca a mão no ombro de Liandra, transmitindo conforto e apoio.
Isaac: Se sua amizade com a Paula for verdadeira, ela entenderá seus sentimentos, independentemente da resposta. Você precisa ser honesta consigo mesma e com ela. Apenas siga seu coração, Liandra.
Liandra respira fundo, absorvendo as palavras reconfortantes de Isaac. Ela sabia que precisava confrontar seus sentimentos e enfrentar essa situação com coragem e sinceridade.
Continua...