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O Plano de Cada Um

Todos chegaram para jantar com ar pensativo. Quem os visse diria que cada um tinha um plano em mente e que só agiriam quando tivessem a certeza que os demais seriam surpreendidos. E não estariam enganados.

Contudo, conversaram da forma mais cortes que conseguiram, considerando que eram muitos rivais em uma só mesa. Caio não fazia mais as refeições noturnas junto com os outros da casa. Gostava de dormir cedo e o jantar era servido bem tarde ali.

Cada qual foi para seu quarto após o jantar. Emma foi até a sacada e ficou olhando para fora. Aquela vista das tâmaras uma em frente a outra fazendo um imenso corredor não deixava de impressionar ela, podia olhar um milhão vezes que ainda assim não se cansaria daquela vista. Algo brilhou no chão e ela forçou a vista para ver se via algo. Era uma mulher. Não era a primeira vez que a via. Lembrava de ter a visto com um escudo e uma lança. Agora não carregava nada. Estava apenas a fitando. Podia sentir o olhar dela. Estavam distantes demais. Emma saiu da varanda, vestiu seu penhoar e desceu rápido as escadas. A casa estava iluminada pelas luzes que vinham de fora, mas não encontrou ninguém em seu caminho. Tinha certeza que assim que chegasse lá, a mulher não estaria. Porque era apenas uma alucinação. Mas ela estava. Com os braços cruzados e com um sorriso no rosto fitando Emma que parou a três metros de distância como se a esperasse a muito tempo.

Emma não se atreveu a aproximar mais dela. Havia uma energia diferente naquela mulher.

"Quem é você?" Emma perguntou com os olhos frios.

"É isso mesmo que veio me perguntar?" Ela pareceu decepcionada. "Pode fazer melhor que isso Emma."

"Como sabe meu nome? O que faz aqui?"

Emma assistiu boquiaberta uma coruja voar sobre elas e depois pousar no ombro da mulher que a recebeu com um afago na cabeça e recebeu uma leve picada na orelha e depois se voltou para Emma.

"Conheço sua mãe. Vim porque sou sua protetora e tenho um aviso para você."

"Nem eu conheço minha mãe. Guarde seus avisos para você. Não volte mais aqui, ou mandarei que a açoitem." Emma não disse a última frase a sério, mas ouvia tanto as empregadas dizendo aquilo que passou a acreditar que devia ser o pior castigo por ali. Porém a mulher riu. Uma risada suave e divertida.

"Você quis saber mais sobre ela. Lembra do restaurante? Você estava determinada a conhecer sua tia..."

"Como sabe disso?" Emma perguntou franzindo a testa. "Aquela Emma, morreu, assim como muitas das minhas versões anteriores. Não quero mais saber de nada relacionado a ela." Emma disse e se virou para entrar.

"Não deve partir sem ouvir o que tenho a dizer."

"Porque não?"

"Porque você pode evitar uma profecia que foi proferida hoje dentro desse palácio."

"Você é louca." Emma disse com piedade e se retirou sem voltar a olhar para trás.

Voltou para seu quarto e chegando na sacada da varanda, viu que ela ainda estava lá. Ficou pensando se fez bem em não a escutar. As mulheres ali falavam sobre gênios do deserto. Não achava mais que era uma alucinação, mas algo ruim que estava atrás dela para lhe fazer mal. Entrou e foi se deitar. Não demorou muito para que ouvisse a maçaneta do quarto se abrir e se sentou às pressas e acendeu o abajur. Era Andrey!

"O que faz aqui?"

"Não posso mais manter minha promessa de ficar de longe de você na cama..."

"Do que está falando? Não vai colocar suas mãos em mim até que eu permita!"

"Então me dê sua permissão Emma, porque não vou embora daqui sem ter o que vim buscar. Quero você. Seu corpo. E sei que também deseja isso."

Emma se levantou e cruzou os braços e o fitou desafiadora.

"Se ousar abusar de mim, Andrey, vai ser a última coisa que vai fazer comigo!" Ela disse irritada.

Viu assustada, Andrey avançar para ela e a beijar apaixonadamente enquanto a apertava contra seu corpo até ela sentir o membro rijo. Ele estava avido, rasgou a camisola em seu corpo e sem que ela percebesse já estava na cama, totalmente nua e ele em cima dela, a tocando por todo o corpo e a penetrando com força selvagem, que nunca usou antes e ela jamais admitiria para alguém, mas gostou muito, não sentia dor com ele. Ele a colocou em posições em que ela nem imaginava existir e a penetrava sem parar com suas caricias tanto com as mãos quanto com os lábios. Sentiu quando ambos chegaram juntos ao orgasmo e enquanto ele saia de cima dela e rolava para o lado, ela se imaginou pulando a sacada antes de cair em um sono profundo.

Emma abriu os olhos e voltou para o lado e Andrey não estava mais ali. Colocou a mão no lugar em que ele esteve deitado e descobriu que estava frio. Já devia ter se levantado a muito tempo. Para ela pareceu que apenas fechou os olhos e os abriu novamente.

Ela teve um sobressalto e sentou. Estava vestida com a mesma camisola que usava aquela noite. Mas como? Andrey a rasgou na urgência de a possuir! Olhou para suas roupas intimas e estavam intocadas. Ela sentiu que ofegava. O que estava acontecendo com ela? Visões de uma mulher com uma coruja e depois Andrey que estava sendo tão cuidadoso com o acordo deles, chega e... Quanto era real tudo aquilo? Será que havia sido drogada? Precisava ver Andrey. Ele era arrogante, mas ela sabia ver a mentira nos olhos dele. Se levantou e se trocou e foi ansiosa tomar o café. Caio já estava a mesa e a cumprimentou feliz e começou a falar sobre a escola. Emma via ele sorrindo e mexendo os lábios, mas não conseguia se concentrar em nada. Sorria para ele, fingindo estar entendendo tudo que dizia. E isso foi assim até a chegada de Andrey que infelizmente foi seguida da entrada de Richard e Elena. Não podia falar com ele sobre o que queria, com aqueles dois ouvindo. Não confiava em nenhum deles. Richard após o que ele disse... Claro! Aquela era a profecia de que a mulher lhe falara! Mas... Como ela podia saber? Estava a sós com ele quando disse aquilo! Mas a mulher era um sonho! Emma sentia que estava ficando louca.

Emma fitou Andrey. Ele encontrou seu olhar e lhe sorriu tranquilo. Era como se nada tivesse acontecido. Mas o prazer que sentiu fora tão intenso e tão bom que ela desejou que não tivesse passado apenas de delírios de sua mente. Queria que Andrey a amasse daquela forma. Richard se levantou e todos se voltaram para ele.

"Preciso resolver algumas coisas..." Richard disse e saiu sem maiores explicações.

Elena olhou para Emma assim que Richard sumiu de suas vistas.

"Foi com ele que passou a noite?"

Andrey ficou sério e depois fitou Caio que também estava observando atento tudo o que estava acontecendo.

"Filho, vá escovar os dentes e vá para a escola. Estou ansioso por saber o que vai aprender de diferente hoje." Andrey disse com carinho e Caio deu um beijo nele e outro em Emma antes de se retirar. Então Andrey mudou o semblante. Seus olhos escureceram. "O que fez Emma?"

"Não fiz nada. Elena é louca e causadora de intrigas." Emma disse despreocupada.

Elena arrancou o celular do bolso mexeu nele e depois o colocou em cima da mesa. Era a voz de Emma, gemendo e falando frases incoerentes alto. Andrey e Emma estavam surpresos, mas por motivos distintos. Andrey porque estava encontrando dificuldades em engolir que Elena não dormia e passava a noite vigiando o som que vinha dos quartos e Emma, porque não se lembrava de nada. Sonhou, mas não sabia que havia deixado escapar frases...

Elena pegou o celular na mesa após terminar o áudio e fitou Elena debochada.

"Seja mais discreta da próxima vez. Eu demorei a dormir e podia ser seu filho ouvindo essa pouca vergonha. As pessoas nesse país não estão acostumadas com essa falta de decoro." Elena disse zombeteira e se retirou.

"O que você fez Emma?"

A voz carregada de acusação de Andrey penetrou nos ouvidos de Emma como uma faca cortante. Ele não iria acreditar nela, mas precisava tentar.

"Andrey... Essa noite foi estranha. Eu... Você estava lá comigo."

"Quer me convencer que esqueci que estivemos juntos?"

"Não... Pensei... Foi apenas um sonho. Muito vivido pelo jeito... Você rasgou minha camisola e quando acordei ela estava intacta."

Andrey a fitou calmo.

"Não sou Caio, Emma! Não pode inventar qualquer coisa e esperar que eu acredite. Richard esteve com você? Porque os gemidos me pareceram bem reais! Não pareceram obras de um sonho!"

"Não sei o que dizer..."

Andrey se levantou.

"A trégua terminou Emma. Já esperei demais. Fui cuidadoso com o nosso acordo e você quebrou sua palavra. Voltamos a dormir juntos hoje!"

"Ainda não Andrey! Preciso saber o que está acontecendo primeiro..."

"Não Emma! Você ainda duvida do que sente por mim?"

"Não. Mas agora acho que se ficarmos juntos algo de muito ruim vai acontecer."

"Sonhou que estava transando comigo e pelos gemidos, percebi que gostou. Vai gostar quando for real também. Agora quanto a algo ruim vir atrás de nós... Quando e se acontecer enfrentaremos juntos. Não vou sofrer por antecedência e nem pela espera enquanto você se deita e se regozija com Richard! Mandarei que passem suas coisas para meu quarto. Não faz mais sentido deixar você em quarto separado e facilitar para vocês dois."

"Me lançarei da sacada se tentar me obrigar!"

Andrey a fitou com tanta raiva que Emma teve medo.

"E eu me lançarei junto com Caio atrás de você." Andrey disse e se retirou. Assim que se vu sozinho em seu quarto, foi até o cesto de roupa suja e pegou a camisola rasgada com um sorriso. Ele a jogou em um balde e a queimou ali mesmo. Não foi fácil limpar e vestir ela novamente, após ela ter adormecido, mas valeu o esforço.

Emma ficou pensativa sozinha na sala de jantar. Ela não iria fazer nada, porque seu corpo pedia pelo toque de Andrey ansiosamente, mas não deixava de ficar triste pela ameaça de matar seu filho. Levantou e começou a tirar a mesa. Precisava se concentrar em algo que não a levasse a complexidade de sua vida.

Foi para a cozinha e enquanto as mulheres conversavam alegres entre si, ela foi preparando o almoço sem perceber que o fazia. Quando tudo já estava tudo picado e pronto para colocar nas panelas, ela tirou o avental e foi para seu quarto. Elena estava lá, de braços cruzados enquanto algumas empregadas tiravam o restante das coisas de Emma.

"Finalmente conseguiu o que queria Emma. E até agora não consigo acreditar que ajudei Andrey." Ela disse sem olhar para Emma quando ela parou ao seu lado.

"Do que está falando?"

"Uma das empregadas contou que viu Andrey saindo quase no raiar do dia de seu quarto e que carregava algum embrulho de roupa com ele. Tentei atrapalhar vocês e descubro que eram cumplices... Andrey é bom, mas seus gemidos dessa noite... O que ele fez?"

Emma não respondeu e com lágrimas nos olhos foi atrás de Andrey. O encontrou em seu escritório, falando ao telefone. Ele lhe sorriu assim que ela entrou e terminou a ligação.

"Senta Emma." Ele disse indicando a cadeira diante dele.

"Você... Andrey você esteve comigo! Me fez sentir uma..."

Andrey riu.

"Fiquei me perguntando quando iria descobrir... Elena ajudou você, não?"

"Como pôde?" Emma perguntou se sentando.

"Você mesma ouviu seus gemidos. Você gostou mais dessa vez do que todas as outras vezes que fizemos amor e nem sabe ainda o que preparei para nós dois. Precisava daquilo, tanto quanto eu. Não consigo me arrepender Emma, porque foi algo maravilhoso demais."

"Não nego que gostei... Mas preciso lembrar você que tínhamos um acordo?"

"Um acordo que não trouxe benefícios para nenhum de nós dois. Resolvi que era hora de acabar com todo esse teatro. Nos amamos e devemos ficar juntos. Existe um motivo melhor para a união de duas pessoas?"

"Você não pode decidir a minha vida por mim, independente do que você acredita ser o melhor. A única coisa que você quer é esse maldito herdeiro para conseguir colocar as mãos em sua herança! Como ousa chamar isso de amor?"

"Você me disse uma vez que o testamento não havia especificado que eu deveria me casar e ter um filho com essa esposa que escolhesse. Pois eu li o testamento e está especificado sim que tem que ser com a esposa que me casei no prazo de um ano."

"Se eu gerar um filho para você, vai permitir que eu e Caio voltemos para nosso país?"

Andrey socou a mesa nervoso.

"Você não está compreendendo o que estou tentando lhe dizer? O que você ouve quando movimento os lábios? Emma! Eu amo você e quero sim ter um filho com você. Não me importa a herança. Mas que mal há em ter um filho meu?"

"Sinto que o destino está aprontando algo que você não vai achar muito agradável Andrey." Emma disse e se levantou. "Essa criança gerada por nós dois, pode ter uma repercussão longínqua. Sinto que não será feliz e que isso vai ser transferido por gerações..." Emma disse e se despiu, ficando nua na frente de Andrey. "Mas se o que quero evitar é justamente o que quer concretizar, comecemos desde já."

Andrey se recostou na cadeira a olhando friamente.

"Vista suas roupas Emma. Quando vai aprender que não gosto que seja assim? Sei que está ansiosa por mais do que dei a você essa noite, mas agora preciso trabalhar." Ele disse e abriu a gaveta da sua mesa e jogou um envelope para Emma. "Dentro desse envelope está uma carta lhe permitindo ir onde quiser, dinheiro e cartão. Vá viver sua vida da sua maneira se é o que realmente deseja. Faço isso para que nunca diga que não teve escolhas. Eu a quero para sempre, mas não como se eu tivesse lhe obrigado a isso." Ele disse e fitou o computador fingindo que estava concentrado no que via.

Emma, mesmo com ódio, pois ele tinha razão. Ela queria mais. Se vestiu, pegou o envelope e foi para o quarto que agora partilharia com ele. Deitou na cama e ficou pensativa. Andrey tinha razão. Ela devia parar de seguir suas intuições e se permitir ser feliz. Ele era muito mais do que um dia ela sonhou... Ele era o amor da vida dela. A vida era curta para ela ficar hesitando e se privando de ser feliz. Se levantou e foi até o armário, onde encontrou algumas roupas da dança do ventre que ela não usava para dar aulas e sorriu ao pensar que Andrey não conseguiria se concentrar no trabalho aquela manhã, e começou a se preparar.

Richard sabia que naquele país não era permitido adivinhações e bruxarias, por isso não estranhou a dificuldade que enfrentou para encontrar alguém que pudesse lhe ajudar, sem o denunciar. Encontrou um guia, que mostrava uma antiga pirâmide para turistas. Ele ficou um tempo observando sem se aproximar muito. Achou interessante a história que era contada pelo homem. Segundo ele, aquela era a imagem de um deus antigo, Horus, que sondava o mundo em busca de belas mulheres, e que estava se passando por humano para tentar encontrar a eleita de seu coração. Mas não dava para distinguir a forma completa que se erguia em frente a pirâmide, pois estava em ruínas. Não acreditou no homem, mas o seguiu junto com os turistas para um restaurante ali perto para que pudessem fazer sua refeição. Percebeu logo que ele não era nativo daquele país e se aproximou dele, só então percebendo o quanto era alto e até bonito. Moreno de olhos azuis e cabelos pretos. Ele estava parado, de pé, em frente o balcão. O homem o encarou como se o reconhecesse quando Richard se aproximou decidido.

"Posso ajudar?"

"Espero que sim. Procuro por alguém que possa me ajudar a conseguir algo que desejo muito."

O homem o fitou sério e pediu água para o garçom, que o atendeu imediatamente.

"Você pode receber pena de morte por isso. Só por perguntar. Se entendi direito."

"Você não vai me denunciar."

"Como você pode ter tanta certeza que não farei exatamente isso."

"Porque você já o teria feito."

O homem sorriu e os dentes brancos e perfeitos fazia um perfeito contraste com sua pele morena.

"Eu não pertenço a esse país. As leis dele não significam nada para mim. Mas tenha cuidado com quem você fala."

"Eu tenho. Você pode me ajudar?"

"Sim. Vou ajudar você por que se não conseguir o que quer ninguém mais consegue. Mas primeiro tenho que avisar aos meus clientes que não devem sair daqui até que eu volte. Podem se perder e eu odeio ficar procurando por eles pelo deserto."

"Pode apenas me dizer onde é. Não quero atrapalhar você."

"Não me atrapalha, e eu jamais perderia isso."

"Fala como se soubesse o que vou fazer e o que quero... Aliás, tive a impressão que me reconheceu assim que me aproximei..."

"Sei sim. Esse seu desejo é antigo. Você logo saberá também." O homem disse e foi até onde todos os turistas sob sua responsabilidade o poderiam ouvir.

Depois de dar o aviso, ele saiu com Richard. Seguiram por entre uma rua estreita, mas incrivelmente limpa e ele entrou na única porta que havia ali. Subiram alguns degraus e logo chegaram a um salão, onde haviam algumas mulheres sentadas em almofadas colocadas sobre um tapete vermelho que cobria todo o chão. Apenas uma delas ergueu o olhar quando eles entraram.

"Venham. Se sentem ao meu lado." Assim que ela disse estas palavras, uma das mulheres sentadas se levantou e buscou em um canto duas almofadas que lá estavam junto com outras e depois de colocar uma de cada lado da mulher que havia falado com eles, voltou para seu lugar.

Richard gostou do cheiro do incenso que reinava ali naquela grande sala e acompanhou o homem que o levará até ali com tranquilidade e se sentaram.

"Você a quer. Não posso fazer você se lembrar enquanto não a tiver. E quando se lembrar... Não vai gostar do que vai se lembrar." A mulher disse olhando para um olho bordado no tapete.

"Não tenho amnésia. A mulher que quero é que sofre com esse problema."

"Você também se esqueceu de que quem é. Mas isso ainda não importa. Está pronto para iniciar a jornada que vai o levar a se lembrar."

Richard achou que a mulher era louca, mas não disse nada. Sentia que na insanidade dela, ela o guiaria para conquistar seus objetivos.

"Você vai fazer algumas coisas agora e depois, faremos com que as palavras de sua profecia se cumpram."

"Que palavras?"

"Algo que prometeu a sua amada."

Richard se lembrou de suas palavras para Emma e riu. Eles não tinham como fazer aquilo se concretizar, ele jamais conseguiria recusar um pedido de Emma. Nem sabia porque havia dito aquilo. Apenas queria que ela olhasse para ele, como olhava para Andrey.

"O que terei que fazer?"

A mulher olhou em volta, para as mulheres que continuavam com a cabeça baixa em silêncio.

"Escolha uma dessas mulheres." Ela disse séria.

Richard fitou cada mulher pensativo. Talvez fariam um ritual e ele teria que transar com a mulher que escolhesse, por pensar assim, apontou para a que considerou mais bela. Ela começou a chorar assim que a mulher que mandou que ele escolhesse a chamou pelo nome. Richard sorriu tranquilo, e quando todos se levantaram, ele se levantou também e foi até a mulher que ainda chorava.

"Não se preocupe. Serei gentil." Richard disse, adivinhando que ela era virgem.

Ela ergueu os grandes olhos negros para ele, ainda com as lágrimas derramando por seu rosto.

"Me perdoe. É claro que é uma honra."

"Não há honra nas lágrimas de uma mulher." Richard disse a contrariando e ela se apressou em enxugar as lágrimas e forçar um sorriso.

Richard estranhou aquela atitude, mas não disse nada. Todos seguiram para uma sala ao lado. Havia uma grande mesa, sem cadeiras a sua volta. A moça escolhida se deitou sobre ela e fechou os olhos. Richard não gostou do lugar que tiraria a virgindade da moça e nem da plateia, mas só de pensar que assim conseguiria seu objetivo, aquele detalhe perdeu a importância.

Uma bacia foi colocada acima da cabeça da moça e Richard percebeu que o homem que havia o levado até ali estava fitando com piedade a mulher deitada na mesa.

As mulheres começaram um cântico diferente, não era um idioma, mas Richard gostava das palavras e do tom delas.

Após alguns minutos de cântico, uma das mulheres colocou uma faca bem afiada nas mãos de Richard, que se assustou e ela o levou até a parte da mesa onde a cabeça da moça estava e a bacia também e o deixou.

"Você deve tirar do sangue dela." A mulher que o recebeu disse sem demonstrar sentimentos.

Richard entendeu a piedade do guia e as lágrimas da jovem.

"Você quer que eu a mate? Não posso fazer isso!" Ele disse e colocou a faca sobre a mesa ao lado da moça.

"É a única forma de conseguir o que quer e também de começar a trilhar seu caminho." A mulher disse indiferente.

"Se essa é a única maneira, eu desisto. Não posso sacrificar uma vida por algo que posso conquistar de outras formas."

"Não pode mais desistir. O cântico já foi feito e você gostou de ouvir. Essa mulher vai morrer, se você não tirar o sangue dela."

"Tirar o sangue dela? Não preciso a matar?"

"Não. Mas pode. Foi algo que surgiu de você, eu nunca disse que mataria a moça."

"Eu vou tirar o sangue dela então." Richard disse e pegou a faca e fitou a moça. "Onde devo cortar?"

"Onde quiser. Deixe seu instinto agir por você."

Richard fechou os olhos e respirou fundo. Não queria pensar nisso. Não gostava de machucar as pessoas. Abriu os olhos e pegou a mão da moça e sem força cortou o pulso dela, tentando fazer o menor dos estragos na jovem. E estranhou que ela não pareceu sentir dor e não fez nenhuma expressão de incomodo quando a cortou.

A mulher logo veio e tomando o pulso cortado, deixou que escorresse na bacia. Depois outra mulher veio e colocou uma atadura no corte da moça que se levantou e ficou sentada. A bacia foi colocada nas pernas dela e todas se aproximaram e ergueram o pulso para ela, que os cortava e depois que o sangue caia na bacia, outra tomava o lugar. Por último o homem que o guiou até ali também se aproximou e ergueu seu braço para a jovem.

Terminado, o sangue da bacia foi colocado em um copo e dado a Richard.

"Deve beber." A mulher disse com satisfação na voz.

Richard não gostou disso, mas bebeu. Assim que terminou o copo, até gostando do sabor, elas começaram a dançar felizes em volta dele e da mesa. O que sobrara na bacia foi passado entre elas e cada uma bebeu um pouco.

Richard esperou pacientemente que terminassem e se retirassem uma a uma e assim que ficou só ele, o homem que havia o guiado e a mulher que o recebeu, os fitou indagador.

"E agora? Conseguirei o que quero?"

"Sim. Mas vai ter que ficar por perto e seguir minhas orientações. Cada acontecimento a partir de agora, será para que tenha o que deseja, mesmo que pareça o contrário."

"Não posso ficar vindo aqui para receber suas orientações. Iriam desconfiar e me seguir."

"Não será preciso vir aqui. Eu trabalho na cozinha do palácio onde você está hospedado. Eu falarei com você discretamente, sempre que for necessário e você também poderá tirar suas dúvidas comigo."

"Nunca vi você lá no palácio..."

A mulher riu.

"Já viu alguma das cozinheiras? Ou mesmo a mulher que cuida de suas necessidades pessoais? Nós, os pobres, somos invisíveis para pessoas que nasceram em berço de ouro como você."

Richard sentiu seu rosto arder envergonhado. Ela tinha razão. Ele mal dirigia a palavra a qualquer uma delas. As vezes até agradecia, mas não parava para ver o rosto delas. Então se voltou para o homem que o guiou até ali.

"E você? Porque participou desse ritual?"

"Eu pensei que fosse óbvio. Porque faço parte dos adoradores de Horus."

"Isso não responde a minha pergunta."

"Todos aqui, que viu nesse salão são adoradores de Horus. Por isso a magia dele vive em nós. Apenas a dividimos e devolvemos um pouco para você. Logo vai entender. Não se preocupe com isso agora."

"Eu não serei mais um adorador desse deus que nem conheço."

"Você não precisa. Mas agora precisamos ir. Você tem que voltar ao palácio e eu tenho que voltar para os turistas."

Richard não reclamou e o seguiu para fora. Fizeram o mesmo caminho de volta e assim que o homem chegou no restaurante, chamou um dos garçons e pediu que o levasse até o palácio. O garçom obedeceu, e muito desconfiado, Richard entrou no jipe e se deixou levar de volta para o palácio. Olhou seu relógio. Chegaria a tempo para o almoço.

Elena estava do lado de fora da escola de Caio e observava a sala que sabia que ele estava. Ela ainda não queria fazer mal a criança, mas ia fazer. Tinha planos de dar a Andrey o filho que ele tanto precisava, mas não pretendia dividir a herança com outra criança. Sabia que Andrey não se casaria com ela novamente, mesmo que ela ficasse grávida de um filho dele, mas daria uma vida de rainha para ela. Elena não desejava ter filhos, mas faria esse sacrifício para ter a vida que merecia. A criança poderia ser cuidada por babás e seu corpo que seria danificado pela gravidez, podia voltar a ser belo através de uma cirurgia reparadora. E além de tudo, ainda poderia ser livre para sair com quem quisesse e fazer viagens sem ter que dar satisfações a ninguém. Seu futuro estaria garantido. Mas para isso, precisava continuar colocando ervas que impediam a fertilidade de Emma e tinha que acabar com o menino. Mas ainda havia uma parte do seu coração que se revoltava com a ideia de matar uma criança. Ela não conseguia pensar em nenhuma outra opção. Claro que sua primeira ideia foi a de que poderia o sequestrar e o mandar para longe onde nem mesmo Andrey o encontrasse, mas ele cresceria e voltaria para reclamar sua herança.

Elena colocou os óculos escuro e foi para o outro lado da rua onde havia uma lanchonete com ar condicionado. Sentou, pediu uma garrafa de água e ficou pensativa. Emma também podia atrapalhar todos os seus planos após Andrey a mandar para uma outra casa. Podia continuar pagando a cozinheira para que não deixasse de colocar as ervas para Emma, mas sentia que isso não funcionaria por muito tempo. A cozinheira a alertou que a erva, depois de algum tempo constante de uso, perdia o efeito. Então Emma também teria que ser tirada de cena. Conversaria com a cozinheira quando chegasse em casa. Talvez ela lhe presenteasse com alguma ideia. E além disso, ainda tinha que fazer com que Andrey se deitasse com ela. Os recursos eram muitos e ele logo saberia se a criança não fosse filho dele. Não tinha como o enganar a esse respeito. Talvez tivesse uma erva mais forte que a deixasse infértil para sempre. Isso seria bom.

Ela pagou a conta, entrou no carro e mandou que o motorista a levasse de volta para casa. Não adiantava ficar seguindo a criança, mas aquele simples ato a ajudava a pensar. Olhou no celular e viu que chegaria a tempo para o almoço. Elena viu quando o carro chegou para buscar o menino.

Andrey se trancou em seu escritório assim que Emma saiu e pensou em ficar a manhã inteira ali, resolvendo seus vários negócios em volta do mundo todo. Adele, foi sua melhor aquisição. Era uma profissional exemplar e leal. O ajudava muito em todos os seus negócios. Richard devia ter tentado a conquistar. Além de linda e inteligente, era uma pessoa muito agradável. Talvez Richard jamais tivesse chance com ela, pois sempre foi bem clara em sua posição de desejar ser livre. Não queria compromissos. Andrey desconfiava que se tivesse convivido mais tempo com ela, não teria espaço para o sentimento que cresceu dentro dele por Emma. Contudo, Emma podia estar longe agora e Adele era alguém que ele podia conquistar. Falsificaria documentos e colocaria como se fosse com ela que tivesse se casado.

Ele trabalhou por duas horas sem parar, quando decidiu parar e tomar um vinho para relaxar. Adele já tinha feito a maioria do trabalho administrativo em todos os seus empreendimentos e ele conseguiu finalizar muito rápido o que sobrou para ele. Pensou em expandir sua profissão de advocacia, pois era algo que amava e lhe dava prazer. Se Adele continuasse naquele ritmo, ele teria muito tempo para exercer e se concentrar na profissão. Tinha certeza que essa decisão faria o seu pai adotivo muito feliz. Esse pensamento o fez lembrar do pai biológico. Ainda o vingaria.

Ouviu a batida suave na porta que interrompeu sua linha de pensamento com desagrado. Não queria ser incomodado, mas sabia que ninguém ousaria bater a sua porta se não fosse algo importante.

"Entre." Ele ordenou impaciente destrancando a porta com o controle, enquanto fitava os gráficos da bolsa.

Ouviu a porta abrir e ser trancada e nem mais nenhum barulho. Isso aguçou sua curiosidade e ergueu os olhos e encontrou os olhos verdes mais lindos que já viu em toda sua vida. Emma estava diante dele, com um lenço cobrindo o rosto e os cabelos, deixando apenas os olhos a mostra. Ela o encarava com sensualidade, o que o surpreendeu. Andrey fechou o computador e deu total atenção a ela. Pensou mesmo que ela tinha ido embora.

Sem dizer nada, Emma foi até o som do escritório e colocou uma das músicas que ele ouvia as vezes vinda da sala de dança dela. Ela deixou o robe que lhe cobria o corpo cair e revelar seu corpo de formas perfeitas vestida como uma dançarina da dança do ventre. O verde da roupa deixava os olhos dela mais ainda em evidência e com movimentos que tiravam o fôlego de Andrey, ela começou a dançar para ele. Estava criativa e Andrey se sentiu ansioso para a levar para a cama. Precisava dela. Não tirava os olhos do corpo dela. Via o quadril dela fazer movimentos que o atraiam muito e ele se levantou. Será que ela queria o castigar o deixando com sede do corpo dela? Ele pensou quando ela fugiu do toque dele com o olhar travesso. Andrey ficou a vigiando como um predador que esperava o melhor momento para pegar sua presa e quando esse momento chegou, ele não a deixou escapar. A beijou selvagemente e ela correspondeu. Ele a colocou contra a parede e levantando sua saia a penetrou ali mesmo. Seu desejo aumentou quando viu a fisionomia de prazer no rosto dela. Após o primeiro orgasmo dos dois, Andrey a levou para o quarto, onde continuaram o que haviam começado no escritório. Andrey fez questão de provar com a língua daquele corpo inteiro e ela o retribuiu. Ela o fez se deitar e se colocando por cima dele, sentiu seu pênis encaixar dentro da vagina apertada dela. Pensou que teria um orgasmo, mas não terminou ali. Ela começou a fazer movimentos enlouquecedores com o quadril e ele segurou firme em sua fina cintura e a penetrava fundo, vendo o prazer nítido nos olhos dela.

Andrey se sentiu o homem mais feliz do mundo com a pronta entrega de Emma. Era algo que ele não esperava após a noite passada. Foram interrompidos pelo bater da porta e os gritos de Caio que procurava por eles e só então perceberam que estava na hora do almoço. Não dava tempo para um banho e ambos se vestiram às pressas e quando abriram a porta, Caio estava com os braços cruzados os olhando desconfiado.

"O que estavam fazendo?"

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