Ele tinha um papai?

Ele baixou os olhos para olhar a mão que o agarrava. Seus lábios franziram e seus cílios grossos baixaram, escondendo perfeitamente qualquer traço de brincadeira em seus olhos.

"Vovô, esse é o pessoal que você treinou?" Youyou olhou friamente para o motorista em seu campo de visão periférica e perguntou com indiferença, "Ordenar que seu pessoal incomode uma criança, você não teme perder sua dignidade?"

O ancião contemplou-o profundamente por um momento antes de girar a cabeça e acenar com a mão para o motorista. "Hai, não seja desrespeitoso!"

O motorista percebeu sua intenção com aquele gesto e prontamente recolheu a mão.

Youyou arrumou sua manga, que foi amarrotada pela pegada do motorista, e virou-se para partir.

O ancião observou a figura da criança se afastando como se estivesse em transe. Ele franziu a testa e apertou os lábios.

"Senhor..."

"Hai, faça o que for necessário para descobrir a identidade e o histórico daquela criança!" O ancião ordenou com uma batida de sua bengala.

Ele tinha que investigar completamente a identidade daquela criança porque seus instintos lhe diziam que ele não podia estar enganado; aquela criança definitivamente tinha o sangue da família Mu correndo em suas veias!

Assim que chegou em casa, Youyou colocou sua mochila no chão e amarrou um avental de urso de pelúcia na cintura. Ele moveu um banquinho e começou a ficar ocupado na cozinha. Preparando o arroz, lavando os ingredientes, acendendo o fogo e cozinhando os pratos - o pequeno menino ficou em pé no banquinho e segurou uma grande concha. Seu movimentos eram fluidos e habilidosos. Em menos de uma hora, uma mesa inteira de pratos, comparável a um banquete preparado em um hotel cinco estrelas, estava servida para o jantar.

Ele olhou para o relógio e viu que ainda não era hora de sua mãe sair do trabalho. Ele prosseguiu para levar as roupas que usou para a varanda. Mesmo depois de terminar a lavanderia, Yun Shishi ainda não havia voltado para casa.

O pequeno menino arqueou uma sobrancelha. Ele pegou uma revista de sua mochila mais uma vez e a examinou página por página. Apoiando o queixo na mão, ele passou por algumas páginas antes de olhar atentamente para uma foto. Ele franziu a testa, pensativo. De repente, tirou seu telefone do bolso e discou um número.

Logo em seguida, ele pegou um modulador de voz; esse era um aparelho que ele tinha montado. Ele ajustou para a voz de um homem adulto e o fixou na lateral do receptor do seu telefone. Sua voz juvenil então assumiu a voz profunda de um homem.

"Sr. Li, aqui é Arthur."

No outro lado da linha, ouvia-se uma voz masculina falando de maneira respeitosa.

"Sim senhor! Como posso ajudá-lo?"

Youyou inclinou seu rostinho, os dedos tamborilando ritmicamente o tampo da mesa. Havia um brilho em seus olhos.

"Me ajude a verificar o histórico de uma pessoa. Eu quero saber tudo o que há para saber sobre ele, incluindo cada passo que ele dá."

"Sim senhor, por favor, continue."

O olhar de Youyou pousou mais uma vez na foto na revista. Seus dedos claros lentamente acariciaram o lado do rosto bonito na imagem. Ele então sorriu.

"CEO do Grupo Financeiro Disheng, Mu Yazhe."

"Entendido!"

"Tudo deve ser claro e detalhado. Compile as informações em um documento e me envie por email."

"Tudo bem."

Yun Tianyou encerrou a chamada e mergulhou em profundos pensamentos.

Ele nunca acreditou que existiriam duas folhas idênticas no mundo.

Ele também nunca acreditou que um homem neste mundo com exatamente seus traços faciais pudesse existir sem ter nenhuma conexão com ele.

Portanto, ele estava fortemente desconfiado de sua relação com esse homem.

Ele tinha perguntado a sua mãe sobre seu pai quando era mais novo, mas Yun Shishi, que o tratava como uma criança, nunca lhe contou a verdade.

Ela apenas disse que seu pai era um oficial no exército. Ele trabalhava na linha de frente, mas não havia mais notícias dele.

Na verdade, essa não era a primeira vez que ele suspeitava que seu pai fosse de outra identidade.

Entretanto, ele não estava tão preocupado com a identidade do seu pai. Afinal, ter sua mãe era o suficiente para ele. Papai e coisas do tipo não importavam. Sua vida teria alguma mudança com ou sem o homem, não é?

Embora ele não se importasse, isso não significava que ele não era curioso.