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Motivações.

Capitulo 4.1: Motivações (pv de Hinata Oshima)

Eu imaginei que algo estivesse errado, quando Sakura desapareceu com aquela carinha preocupada que só ela sabe fazer. Agora estávamos nós duas, numa das cafeterias da cidade, e a sinceridade da garota em me contar seu motivo e o que conversou com Yuki e a presidente Fujibayashi, me deixou sem reação.

Não acho que eles tenham cobrado segredo dela, mas entregar que ficaria de olho caso usássemos os planos deles talvez fosse honestidade demais. Falando nisso…

"Tem certeza sobre o projeto ter sido roubado da chapa de Yuki?"

Ela assentiu vigorosamente, e usou o chat de LINE do grupo deles para provar. O fato de deixarem ela com acesso ao grupo, depois dela ter vindo para o meu lado era prova suficiente da confiança que Yuki tinha em Sakura. 

Pois bem, li as conversas, e a data realmente era anterior a qual postaram as ideias em nosso "caderno" de sugestão e planos. Eu senti um frio no estômago, lá estava eu dando mais um motivo para Yuki nunca mais olhar na minha cara, e não enxergava uma maneira de provar minha inocência nessa. 

"Então nossos planos são meras cópias?"

Levei a mão à testa, a imediata dor de cabeça já começava a fazer efeito. 

"Não são todos, apenas dois. Vocês tiveram excelentes ideias também! Não se desencoraje por isso, Hina."

Sakura tentando me motivar era algo que não esperava, mas que aceitaria de bom grado. 

"Vai continuar nos ajudando depois dessa?"

"Eu vou, Yuki entendeu a situação quando expliquei. Entretanto, seria melhor se conseguíssemos identificar quem está vazando as informações, e quem no seu grupo está recebendo elas…"

Ela tinha razão, apesar de ser complicado, nosso banco de ideias era anônimo, seria difícil usar ele como alguma prova.

"Vamos fazer um pente fino em quem está nos ajudando, e quem está ajudando Yuki e a presidente. Dessa forma podemos circular óbvios suspeitos."

Sakura assentiu, e então traçamos a linha dos membros das chapas. 

Do nosso lado tínhamos: Eu, Shun, Sakura, Kenji Amano, Yoko Miyazaki, Shigeo Kuwahara e Kaede Aoyama. 

Do lado de Yuki: Ele próprio, presidente Ayane, Jin, Kaoru e Kaori Yamagata, Cho Shibata, Goro Kitagawa e os membros do atual conselho, Kou Takeshita, Ryouta Nakatani e Shizuka Kuwahara. 

Após compararmos a lista, eu e Sakura trocamos um olhar cheio de dúvidas. Seria óbvio demais, certo? 

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Capitulo 4.2: Motivações (pv de Ayane Fujibayashi)

"Shizuka!?"

Eu subi meu tom de voz, quando Yuki apresentou o nome da suspeita de vazar nossos planos. A ideia aparentemente veio de Sakura que cruzou as informações dos participantes dos dois grupos. 

Nosso encontro de domingo acontecia na panificadora dos Matsuyama, e como em todo domingo, estaria fechada. Jin, que cedeu o lugar para nós, parecia pensativo. Ele conhecia Shizuka a mais tempo que nós, então sua opinião seria valiosa. 

"Jin?" 

Yuki perguntou esperando que nosso amigo saísse de sua contemplação. E quando ele o fez, imediatamente respondeu. 

"Isso é algo que Kuwahara faria, sim."

Minha dúvida seria o porquê? A conhecia há alguns anos e nunca tivemos problemas, pelo contrário. Não nos chamaria de amigas, mas de boas colegas, tanto que a convidei para ser parte do conselho. Além disso, porque ela ajudaria Hinata, quando era contra a candidatura da garota? Jin continuou. 

"Talvez o intuito não seja necessariamente ajudar Hinata, mas nos atrapalhar. Se tiver algo que ela possa ganhar jogando dos dois lados, tenho certeza que ela não deixaria passar."

Yuki olhava para sua xícara de café, como se tentasse ver algo nela. Eu não fazia o mesmo, mas provavelmente pensava igual. O que ela ganharia com isso? Eu tinha uma sugestão, no entanto. 

"Vamos esperar e ver, com Sakura no grupo deles, se tentarem pegar mais alguma ideia emprestado, vamos saber imediatamente. Se isso parar nas que pegaram até agora, não vai ser problema."

Os dois assentiram. Quando eles estavam prestes a levantar, eu pedi para que esperassem, tinha um outro motivo para estarmos ali hoje. 

"O que foi?"

Yuki perguntou curioso, e minha resposta foi tirar minha mesa digitalizadora da bolsa. 

"Eu quero fazer um desenho de vocês dois e da loja."

Os dois amigos se entreolharam felizes.

"Isso seria incrível! Podemos até usar de decoração!"

"Belo jeito de aumentar a pressão, camarada Jin."

Yuki me olhava com aquela cara de admiração que me deixava sem jeito a alguns anos. Respondi com um envergonhado sorriso. Eu me pergunto, mais de uma vez por dia, se não deveria ter aceitado o pedido de namoro em Okinawa. A conclusão que sempre chego é que não, mas não sei por quanto mais tempo isso vai continuar convincente. 

De qualquer forma, vendo as interações dele com Fujisaki, não acho que ele continuará disponível por muito tempo, e nem eu estarei em Aomori durante o próximo ano. Me tirando desses pensamentos, decidi revelar meu plano a eles.

"Parabéns a vocês dois, são parte da minha segunda obra no meu projeto de arquivo memorial de Aomori!"

Jin pareceu indignado.

"Isso soa terrível, estamos mortos por acaso!?

"Então esse é seu plano, desenhar pessoas e locais importantes para você antes de mudar?"

Assenti, era exatamente essa minha ideia. 

"Você disse que é o segundo desenho do seu projeto, qual foi o primeiro?"

Eu arrumei meu cabelo, e sussurrei baixinho a resposta da pergunta de Jin, mas o suficiente para que ouvissem. 

"...É segredo."

Disse isso enquanto encarava Yuki, que entendeu o recado. Ver ele desviando o olhar corado de vergonha era prêmio o suficiente para o dia. Um pequeno troco para as vezes que me fez passar pelo mesmo. 

Pedi para que se sentassem, e conversassem como de costume. E com meus dois amigos e a bela padaria de plano de fundo, comecei minha segunda arte que marcaria minha despedida de Aomori. 

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Capitulo 4.3: Motivações (pv de Yukihiro Hayate)

De volta a minha casa, ainda no domingo, eu observava o teto do meu quarto pensando no que foi discutido mais cedo. Jin se propôs a investigar Kuwahara, e sinceramente, agradecia, era melhor deixar esses assuntos para ele resolver. 

Meu telefone tocou, e a resposta para uma mensagem que enviei a alguns minutos havia chegado em forma de ligação. Masami enviou uma foto do quarto do hotel que ficava em Kyoto, para o show da vez de sua turnê final. O local não era luxuoso, mas era espaçoso e confortável. 

Depois do que minha tia me disse sobre Masami, conversamos quase todos os dias. Aprendi várias coisas sobre a garota, que me deixaram surpresos e me explicaram um tanto de sua personalidade. Ela abandonou o ensino médio aos 15 anos, para seguir carreira depois de ser recrutada por uma agência de talentos de sua cidade. 

Com seu talento e muito treino, ela explodiu na cantora que boa parte do japão amava, e que agora estava se despedindo dos holofotes. Era muito jovem, mas quatro anos da loucura que deveria ser o mundo artístico, deve ter sido o suficiente. Masami era curiosa principalmente em relação à escola. E depois que contei sobre minha candidatura ao conselho estudantil, sua curiosidade foi multiplicada. 

"E então, sobrinho, como anda sua guerra pela presidência do conselho?"

"Guerra? Precisa parar de assistir tantos animes, Masami."

"Quem me dera! Quer dizer que não tem intrigas políticas e tudo mais nessa sua eleição?"

Pensando bem…

"Talvez tenhamos essa tal intriga política acontecendo, quando souber mais eu lhe digo. Agora mais importante, minha tia está com você na turnê?"

Ela fez um breve silêncio antes de me responder. 

"Não, ela enviou sua assistente, ela está ocupada demais com os outros talentos para perder tempo com alguém que em breve vai sair da agência."

Era de se imaginar, vou chutar que contra a vontade de minha tia, visto o tempo que ela dedicou a Masami. 

"Falando nela, resolvemos o problema do show e da maldita neve de sobras que vocês tem aí."

"É mesmo? Qual a genial ideia?"

"Vamos alugar o museu de Nebuta."

O lugar ficava próximo a estação central, e era um local muito visitado por turistas. Havia espaço suficiente para um grande show, realmente. E era uma boa saída para o inverno maluco da minha cidade. 

"Me arrume ingressos!"

Ela riu, parecia que eu tinha dito um absurdo.

"É claro que eu irei arrumar. Quantos precisa?"

Comecei a contar nos dedos; os gêmeos, Sakura, Ayane, Jin, dois para Goro e Cho como agradecimento pelo trabalho nas eleições… E dois para Hinata e Shun, estariamos bem até lá, era o que eu desejava. 

"Deixe-me ver… 10, preciso de 10 ingressos."

Ela ficou em silêncio por um instante, talvez meu pedido tenha sido excessivo. 

"Então você é realmente popular, sobrinho?"

"Sua pergunta soou indignada, Masami. É difícil acreditar que eu tenha 10 amigos?"

Ah, acredite ou não, você é o mais perto que ela já teve de um amigo fora do nosso mundo, foram as palavras de minha tia. Pensei em pedir desculpas, mas talvez apenas a ofendesse mais ainda. 

"Deve ser bom ter tanta gente assim por perto."

Agora eu me senti mal de verdade, o paradoxo da idol com milhares de fãs, e a garota sem amigos que abandonou sua adolescência por um sonho que agora estava prestes a encerrar, era pesado. Eu estaria aqui para ela, se isso contasse alguma coisa, pelo menos. 

"Masami, posso te pedir um favor?"

Ela ficou em silêncio, antes de responder. 

"Pode sim, sobrinho?"

"Poderia parar de me chamar de sobrinho?"

Ela novamente ficou calada, para depois prosseguir.

"Estou te incomodando?"

"Não, mas gostaria que me chamasse pelo meu nome."

Ela riu sem graça, e tentou virar a mesa sobre mim. 

"Ora, ora, quer ouvir sua idol favorita te chamando pelo seu nome?"

"Não, quero que minha amiga me chame pelo meu nome."

O grunhido que ela geralmente emitia quando ficava sem jeito apareceu pela primeira vez na conversa atual. Havia desvirado a tal mesa. 

"Certo… Yuki."

"Não precisa ir tão longe assim."

"Mas eu quero, Yuki!"

Eu entendi o recado. 

"Tudo bem, vamos de Yuki então."

Ela ficou em silêncio outra vez, eles eram raros durantes nossas conversas, mas hoje estavam bem mais frequentes. Ela suspirou, não sei se era para eu ter ouvido, provavelmente não. 

"Yuki, obrigada pelo tempo que tem perdido conversado comigo… Sei que foi por pedido de sua tia, mas agradeço."

"Aí que está, ela não me pediu para que eu fizesse isso, comecei porque eu quis, continuei porque gosto de você."

"Seu… Yuki, você é perigoso e está proibido de falar assim com qualquer outra garota!"

Rimos juntos, e paramos imediatamente ao ver o horário. 

"Ah, droga, ainda tenho ensaio hoje! Desculpe sobr-, digo Yuki, outra hora conversamos mais."

Afobada, ela encerrou a ligação. Por um tempo observei a tela do meu smartphone, algumas coisas eram contraditórias demais. Como alguém cercada por fãs e de holofotes poderia ser tão solitária? 

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Capítulo 4.4: Motivações (pv de Jin Matsuyama)

Eu tinha uma fama que não merecia, a de saber resolver problemas que ninguém mais conseguia. De ser um engenhoso manipulador de pessoas e histórias. No fim das contas eu passava longe disso. 

O que eu era bom, de verdade, era em entender a motivação das pessoas, o que as movia. E isso, por tabela, me ajudava a resolver algumas situações, longe da eficiência que atribuíam.

Por exemplo, o que motivava meu melhor amigo, Yukihiro Hayate? Quando começamos nossa amizade, eu não sabia. Talvez nem ele na época, mas hoje é simples apontar: o que motiva Yuki é ajudar pessoas a crescerem, a serem o melhor que conseguirem. Tinha um egoísmo envolvido, uma auto satisfação? Certamente, todos nós temos. Mas quando a consequência disso é um ambiente melhor, com pessoas melhores, não é nada mais que o justo. 

Mais uma vez, eu decidi tomar a parte complicada de um de nossos problemas. Eu entendia o que motivava Shizuka Kuwahara, então não seria complicado. 

Durante o início da semana, investiguei casualmente o que Shizuka aprontava recentemente, minha primeira fonte de informações foi Takeshita, nosso colega de conselho. 

"Não a tenho visto muito, recentemente. Acredito que ela estava resolvendo alguma disputa entre os clubes de arte e computação."

Agradeci a informação, e anotei a peculiaridade de uma disputa entre esses dois clubes tão distintos, mentalmente. A primeira pista estava ali. 

Da mesma forma, havia conversado com Nakatani, o outro membro do conselho. Ele me disse coisa similar. Com uma acréscimo, no entanto. 

"Ela e o irmão tem usado bastante a sala de estudos e os computadores da escola. Pelo que ela me disse, está ajudando ele a estudar."

Quando ambos me perguntaram o motivo do meu repentino interesse nas ações de Shizuka, simplesmente respondi dizendo que era "curiosidade". E não era mentira. 

Com as informações adquiridas, fui direto onde achei que teria a resposta mais rápida. O clube de computação, ou programação se preferir, era formado por entusiastas em diferentes níveis. Por sorte, o presidente atual do clube era um colega das antigas. 

"Boa tarde, Kishimoto!"

Trocamos um breve cumprimento, e imediatamente percebi que ele estava ressabiado. 

"O que foi?"

"Achei que já tinha resolvido o problema com o conselho estudantil."

Problema, ele quis dizer. 

"Certo, Kuwahara estava mediando o conflito."

Ele desviou o olhar, irritado. 

"Conflito que ela mesmo causou, pra começo de conversa!"

E aí estava a minha brecha. Me aproximei de Kishimoto, parecendo preocupado. 

"Seguinte, Kishimoto, a verdade é que estamos investigando as ações de Kuwahara. Gostaríamos de saber o que ele está fazendo usando a sala de vocês com tanta frequência."

Ele observou o nosso entorno, e ao certificar que estávamos sós, se abriu. 

"Ela e o irmão estavam usando nossas máquinas para editar algumas imagens, não consegui ver do que se tratava. Tomaram esse cuidado."

Isso poderia significar algumas coisas, além do assalto à luz do dia de nossas ideias, mais problemas virão aí. 

"Seja lá o que estavam fazendo, já terminaram. Tem um tempo que não aparecem aqui."

E estava pronto, me deixando genuinamente preocupado. Não sabia quanto tempo ainda tínhamos, mas por via das dúvidas, enviei uma mensagem alertando Yuki e Ayane:

"Se preparem para o impacto."

Na manhã seguinte, no entanto, em todos os quadros de avisos da escola, uma foto com Ayane, Sakura e Yuki em um momento …íntimo, estava exposta para toda a escola ver. 

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