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Capítulo – Quarto em Branco

Um papel em branco, como uma casca vazia sem preenchimento. Tudo começou com um raiar claro, deixando difícil de enxergar algo que fizesse sentido. Os pensamentos profundos de perguntas sem respostas se afloraram assim que o brilho profundo se foi e, depois que tudo se acalmou, me preencheram com ainda mais.

— Por quê eu...Estou aqui? Quem sou...? Meu...? Pare! — eu gritava com medo, me perguntando como pude aparecer aqui sem qualquer motivo. E as memórias que eu deveria ter, parecem que não existem, como se nunca nem estivessem lá.

Meu corpo parecia está seminu, que em contraste, me deixava um pouco envergonhado, mas não ao ponto de ficar vermelho já que parecia que eu estava sozinho nesta vastidão.

Uma sala tão branca que parecia brilhar e ofuscar minha visão, nada além disso era visto ao horizonte. Olhava para os lados e para os altos e baixos, e via que minha situação não parecia mudar.

Me dava calafrios se ver sozinho nesse ambiente, porém, não podia deixar esse lugar me fazer recuar, se estou aqui deve haver uma razão — o importante então é descobrir meu objetivo aqui.

O som de um vento congelante recheou meus ouvidos. Meu corpo sentiu a frente fria e estremeceu, me incomodando bastante.

— Aih! — gritei com dor. Minha cabeça doía e de repente ficava muito quente, talvez por que estava pensando de mais? Não parecia ser esse o motivo.

Pof...! Pof...!

Um som estridente, bem alto, se lançava atrás de mim e me assustava aos montes, eu congelei imediatamente e me cobriu com um pavor sombrio, o desconhecido era a causa. O medo me sugou e cobriu minhas costas como formigas, mas, eu não podia recuar, eu sentia que se eu não olhasse para trás, me arrependeria para sempre; então, segurei o ar de ansiedade e, sutilmente olhei para trás com aflição.

— Ah...Acho que uma visita interessante chegou em meus aposentos. — Dizia um monstro esquisito que me enxergava estremecer com questões, como se zombasse de minha existência.

Nele existia lascas de madeira que cobriam todo seu corpo humanoide, a cor da madeira era por grande parte branca, porém também retorciam com cores de árvores das quais nunca vi — era como um arco-íris.

— Será que você~ se lembra de seu nome? De quando nasceu? Das pessoas que conheceu? Se lembra?— dizia uma voz rasgada, falando de uma forma nada gentil.

Eu pensava que seria devorado vivo naquele momento, mas por sorte, não conseguia enxergar sequer boca ou rosto naquela árvore. Então de onde vinha essa voz era um mistério. Aquilo ainda podia me atravessar com aquelas vinhas que baleavam; entretanto, em relação as perguntas dela era um grande desafio responder, eu não me lembrava de nada antes de abrir meus olhos — eu nasci aqui?

— Dúvidas nascem da incerteza, de que alguém ou algo pode vim a acarretar o mal. Vai me machucar? Irá me trair? Isso é claro, pode vim de si mesmo. Você acha que está no lugar certo? Fazendo o certo? Isso não importa para mim de modo geral, você não trás conflitos ao meu ser. E pode ter certeza que pode pensar o mesmo de mim. — A criatura dizia, exaltando sua voz com uma jogada de gestos humanos.

Aquela criatura já não parecia uma criatura monstruosa. Mas alguém com quem eu poderia conversar, porém nem por isso, tirava o fato de que era com um monstro com quem eu conversava.

— E-Eu...Não sei onde estou ou por que estou aqui. M-Mas, se você tiver as respostas...Eu irei tirá-las de v-voc-você. — Eu me tremia tanto enquanto eu dizia como se estivesse envergonhado. Mas ainda cerrava os punhos e os erguia na direção da criatura.

— Puft- é mesmo? — dizia o monstro enquanto ria com muito ânimo.

— Q-Qu-Qual que é a graça? — indaguei com medo.

— Kiki...Você! — retrucava a criatura com muita ignorância.

— Como alguém que nem sabe quem é ou o que é, pode simplesmente me chamar para uma briga...Ser efêmero é como chamaria tal tolo.

— B-Briga? Eu n-nem brigo, só quero minhas respostas! — Respondia rapidamente, tentando evitar conflito.

— Então você sabe de algo sobre si? Enfim...E o que você fará quando as tiver? — retrucava novamente a criatura em um tom muito ameaçador, me colocando calafrios. Sua voz esmagadora e grossa me fazia temer por minha vida.

— Nunca ouviu falar que a ignorância é uma benção? Saber e buscar a verdade de tudo é uma droga, os humanos são responsáveis por essa droga que afeta o mundo. Mas você, uma pobre casca vazia deixada por eles...O que de você eles desejam? — dizia a criatura com um falatório, quase como se fosse para si mesma.

— C-Co-Como assim? Eles que me deixaram aqui? Isso não parece certo. Deve existir um objetivo para mim aqui então, e você! Pode ser a chave para isso. Como pude, acabei perdendo a memória e deixei — Eu dizia palavras de conforto, pensando que talvez minha situação fosse apenas um mal intendido — como quando uma pessoa perde a memória durante uma aventura doida, mas a recupera depois de algum tempo.

A minha situação podia ser a mesma.

A criatura ficou ouvindo as minhas palavras sem fim, parada, imóvel como uma parede, até que ela as com um só:

— Não! — exclamou a criatura em alto e bom som.

— Hum...? — disse surpreso.

— Você não tem sequer missão — dizia a criatura em um tom passivo agressivo.

— Você foi mandado para minha presença com apenas um propósito...Ser julgado! — dizia novamente a criatura, me oprimindo com sua voz.

— J-Julgado...? Então e-eu sou algum- — eu tentava pensar, e dizia meus pensamentos sobre, mas era cortado pela criatura logo em seguida.

— Você deve saber do básico, de qualquer forma, você precisará de algo para não morrer de cara no julgamento. Melhor escolher com sabedoria. — dizia a criatura um tanto incomodada.

— Hum...E-Escolher?

Uma tela transparente azul radiante aparecia para mim, como se me chamasse e, de algum forma, isso me dava uma nostalgia incerta.

[ESCOLHA SEU DESTINO]

[CLASSE:]

[Bárbaro] [Bardo] [Mago] [Feiticeiro]

[Bruxo] [Druida] [Ranger] [Clérigo]

[...] [...] [...] [...]

Aparecia na minha frente uma variedade tão grande de nomes diversos, que fazia minha cabeça doer mais ainda. Classes, isso era o que representava essa abundância de nomes. Escolher diante de um grande catálogo seria muito difícil, mas como isso poderia acontecer? Uma tela azul flutuante? Isso só acontece em jogos.

— Por acaso iss-

— Sim, janelas de jogo como pode ver. Dando a primeira missão: escolha seu destino. Nada mais do que decidir a classe que usará até morrer, então como eu disse antes; escolha com sabedoria — dizia a criatura com desdém e estresse, como se tivesse me explicando mais uma vez.

Eu pensava na palavra: "Sabedoria"...Mas eram muitas opções e, a opção que eu escolhesse ficaria comigo até o fim. Tem que ser uma classe muito boa. Porém, porque eu tenho que escolher algo agora? Dando janelas e dores na minha cabeça, tudo isso era muito estranho — como algo fora da realidade.

— Muitas o-op-opções, por acaso p-poderia me dizer o por que disso de repente?

— Aff...Eu já te falei, o julgamento vai ser muito duro e você precisa pelo menos sobreviver; nem que seja por um segundo. Isso é pro nosso bem, se não escolher...Vai ficar vagando entre as estranhas da morte por um longo tempo de dor, Kiki!

Rindo da minha desgraça, isso é realmente como uma criatura monstruosa deveria ser. Entretanto, ela está sendo até que gentil, acho que talvez exista algo que faça a mesma agir assim. Uma restrição ou um tipo de pacto contra a agressão, se fosse algo assim então não haveria motivos para que eu me preocupasse, um monstro sem garras não passa de uma bola de pelos macias.

— M-Macias...? — indagava a criatura com uma voz estranhamente doce. Me pergunto se isso era a voz da criatura.

A árvore deixava suas vinhas com cores ainda mais vibrantes, deixando uma coloração de encher a visão. Ao mesmo tempo que a mesma parecia muito incomodada com algo, se retraindo para dentro.

— Que? P-Po-Por acaso falei em voz alta? — eu dizia comigo mesmo.

— De jeito nenhum, t-tenho certeza. Será que ela é capaz de ler mentes? Ela estava respondendo minhas questões muito rápido, agora que paro para pensar nisso...

— É...É melhor você escolher logo sua classe, se não o ser efêmero irá de mãos vazias. E e-eu te asseguro que você não vai querer isso — dizia sem jeito a criatura com rancor.

— E-Eu vou escolher, só p-pre-preciso olhar com calma! Hum...O que d-devo escolher? — eu dizia aflito, olhando toda aquela variedade de classes. E pensando como posso fazer para decidir isso logo; uma abordagem definitiva.

Eu rolava por todos aqueles nomes, com alguns que eu nem sabia que existia como:

[Ninja] [Xamã] [Dançarino(a)][Swashbuckler]

Entre outros. Tudo me chamava muita atenção e parecia maneiro e legal, isso fazia dificultar minha escolha. Escolher uma classe assim de repente também não ajudava, e além disso, a criatura me disse para me apressar; minha ansiedade só aumentava e o medo de escolher uma classe horrível também. Então eu tive que questionar a criatura sobre uma ou duas coisas, para que minha escolha fosse perfeita para mim.

— P-Por acaso v-vo-você também tem uma classe m-mo-monstro? — Eu indaguei a criatura com uma vergonha e medo do monstro me olhar torto, e com pouca coragem, mal pude olhar em sua direção.

Ela me olhou estranho quando ouviu o que disse, e ficava em silêncio. Então achei que tinha dito algo errado, que talvez perguntar algo assim fosse um tiro no próprio pé.

— M-Me d-desculpa, você c-com certeza tem uma coisa tão grandiosa que não pode nem dizer a eu.

"A eu...", isso me lembrou de algo de repente, algo que na verdade me atacou desde de que abrir meus olhos.

Quem...sou eu? Ou, qual seria...Meu nome? Alguém me mandou aqui por algo que fiz afora, seria eu alguém maligno? E por qual causa fariam alguém sem memórias sofrer por algo que nem se lembra.

Isso não faz sentido.

A criatura realçou com suas vinhas de madeira em minha direção e, às colocou próximas ao meu rosto. Isso me assustou para valer, meu corpo paralisou de medo. Porém as vinhas se espremiam próximos aos meus olhos, se mergulhando em uma corrente desconhecida.

— Por que de repente você...Está chorando? — perguntou a criatura de vinhas.

— C-Chorando? — dizia a pessoa com um semblante surpreso, lágrimas inesperadas recaiam sobre minhas bochechas. Um desfiladeiro recuado pelas vinhas da criatura, que me indagava com dúvida — respondê-lo era continuamente uma tarefa difícil.

— E-Eu não sei — respondi ela.

A criatura então encolhia suas vinhas para si. O motivo para as minhas lágrimas poderia ser muitos, talvez a situação a minha frente enfim tenha caído a ficha. Estou sendo punido, por algo que não fiz, mesmo que a punição nem tenha começado, saber que passarei por algo é...Injusto, sem sentido.

Esses sentimentos de incerteza me seguem deste de que me lembro, quando abrir meus olhos, e só disso consigo me lembrar.

— Escolha uma classe...Agora! — exclamava a criatura, deixando se espalhar um ar de aflição e dúvida crescer sobre mim.

As lágrimas que recaiam sobre mim teriam que ser questionadas em outro momento, pois então eu as limpei com meus braços e vi algo fora do comum. Um placar escuro aparecia sobre o monstro como uma contagem de tempo, que registrava:

[TEMPO]

[ESCOLHA OU MORRA]

[0:30]

[0:28]

[0:25]

Um contador flutuante aparecia a minha frente de maneira repentina, com um temporizador que parecia descer calços como raios; a escolha de classe agora se tornava ainda mais agonizante.

— M-Mas...Q-Qua-Qual?

Olhando aquele catálogo com um olhar ainda mais desesperado, dizia inquieto diante tanta ansiedade.

Não tinha forma alguma de fazer escolhas arriscadas, na verdade, eu acho que estava sendo um pouco ignorante agora — não é como se eu tivesse tempo para ter senso.

Observando o tempo e o catálogo de classes lado a lado, eu vejo no meio aquele que me colocou dentre esses dois. A criatura, em estado imóvel como se estivesse esperando a minha rápida escolha, como escolher? Qual critério? Eu tenho que escolher, eu sei disso, mas como eu deveria fazer? Simplesmente pegar qualquer coisa era fora do que gostaria, porém não é como se tivesse tempo.

Eu só estou me repetindo, mas talvez a criatura tivesse uma resposta, ou talvez...Ela seja a resposta?

— P-Por acaso teria como escolher...

[0:10]

[0:07]

Eu encarava o tempo e via que não tinha o bastante para escolher alguma coisa, era tudo ou nada.

A minha espada dedutiva estava apontada para meu objetivo, tudo que precisava era dizer. Deixando um dos meus braços para trás, eu tentei encarar a criatura (sem sucesso) e disse a mesma:

— S-Sua classe, eu...Q-Que-Quero sua classe! — eu gritava com medo de que pudesse perder a chance de escolher uma classe. Mas se eu quero qualquer resposta, é necessário se arriscar um pouco.

Porém não deixaria uma resposta decidir meu destino, ainda havia uma carta para caso.

A criatura ressalvava suas cores vibrantes de uma forma ainda mais deslumbrante, com vinhas que se retorciam com tremeliques desconfortáveis. Eu ficava com um nó na garganta e uma falta de ar, porém minha mente ainda funcionava, não podia vacilar neste momento.

Posso não ser páreo para este ser hoje, mas com certeza no futuro eu o encontrarei novamente, e descobrirei tudo.

— Haha...Interessante, é raro alguém tentar ser tão perspicaz e se arriscar assim logo de começo. Devo...Te elogiar?

"Elogiar? O que, isso é algo bom?" Eu pensei. Talvez eu ganhe algo no fim das contas, além do que eu já ia levar comigo.

— Confuso, bem. Você não é o primeiro e imagino que nem o último, então...Como todos os outros, eu vou te trazer uma questão, se você respondê-la corretamente, Kiki...Você ganhará, minha classe.

Enquanto a criatura terminava de dizer o que planejava, eu engolia seco, com medo da mesma. A chance de conseguir uma classe de m-mo-monstro era incrível, dificilmente posso deixar essa oportunidade se esvair tão facilmente.

— Você terá 1 minuto para respondê-la então escute bem.

E aparecia de novo aquele contador de tempo, acima da criatura, como se a mesma a tivesse posse do controle de tal. O som de vento se assoprava com uma intensidade ansiosa, abrindo margem a uma contagem e texto conflitante.

[A TEMPO]

[RESPONDA]

[1:00]

— Qual é...O seu nome?

— M-Me-Meu nome?

Fui pego de surpresa com está pergunta. Um nome? Isso seria algum tipo de mecânica para escolher meu nome ou, eu preciso me lembrar do meu nome de verdade?

— Sim...! O seu nome, pode me dizer qual é o seu verdadeiro nome? — indagava novamente a criatura um tanto eufórica, dando um complemento a sua pergunta.

Eu encarava o chão e tentava achar uma resposta rapidamente, mas a aflição me incomodava muito.

— O tempo está passando perdedor de classe. Tick-tack.

[0:32]

Eu olhei para mim mesmo e me estressei com meus pensamentos, saber o nome era tudo que eu precisava saber. Mas como eu posso descobrir o meu nome verdadeiro? Eu lembrava apenas que abria meus olhos a um clarão resplandecente sem motivo, e tudo se apagava antes disso.

Claro que tentarei responder, não poderia perder a chance de ter uma classe, classe essa que pode ser do balacobaco.

Repentinamente a criatura ressalvava o som de tick-tack, me relembrando de ver e rever o temporizador a cima dela.

[0:15]

— V-Você sabe quem fui, pelo menos pareceu. Será que não pode me dizer meu verdadeiro nome?

— Ora, quer que eu responda por você? Ihee....Vou receber uma classe!

— D-Deixa pra lá — dizia o sem nome, revirando os olhos. Batendo ligeiramente no chão, ele encarava a escuridão dos olhos fechados com esperança, procurando uma resposta.

Tentei ser um bobo e tirar uma chance com uma frase cômica, mas vejo que minha tática não funcionava.

[0:05]

Eu não tenho um nome, mesmo que eu tentasse dizer que já tive, eu não posso dizer com certeza de que fui nomeado um dia.

— A-Ár-Árvore, aqui minha resposta...Eu não tenho um nome, não fui nomeado! — Com uma determinação nos meus olhos, eu dizia alto com confiança. Mesmo que minhas pernas estivessem prestes a ceder.

A criatura me encarava e começava a se mexer para próximo de mim — um ar assassino parecia recair sobre minha pessoa, e isso me assustou ao ponto de começar a suar frio, dando alguns passos para trás.

As vinhas vieram em uma velocidade tão lenta que me confundiu a cabeça, mas quando me acalmava, elas me apertaram como um verdadeiro atleta de arte marcial — escapar desse aperto era difícil. Tudo se envolveu de forma bem lenta; como uma cobra, mas não pude a impedir, quando a primeira vinha me agarrou já era tarde.

— Por qual....Motivo? — A respiração estava ficando tão fraca a cada palavra, a dizendo com dificuldade. Enquanto eu olhava para criatura com muitas dúvidas que me deixavam ainda mais desesperado.

— Você respondeu minha pergunta...Agora eu te darei uma resposta, não sei ao certo se será satisfatória. Claro que isso é exclusivo de você interpretar.

A terrível criatura dizia enquanto me apertava ainda mais, se aproximando sem rosto, porém, era quase como se ela estivesse olhando para mim.

Um hálito forte parecia suspirar quente perto de minhas bochechas, mesmo que uma boca não a tivesse.

Aparentava atentamente ouvir meus lamentos de dor com muita atenção, apesar de não parecer ter ouvidos.

Ela então dizia com calma suas palavras, "Você está", de uma forma lenta, me deixando com uma grande ansiedade.

Sentia que a morte estava a minha espera, além de que, o que mais eu podia pensar sobre a situação atual. Mas talvez a sorte vinha a me iluminar dessa vez...

— ...Parabéns, você acertou ser efêmero.

Ela me soltou deixando o ar circular novamente pelos meus pulmões, suspirando em agonia e me despertando uma ânsia de vômito — mas de alguma forma eu a segurei.

— E-Então eu acertei...Que bom — dizia o sem nome com grande alegria, mesmo que não aparentasse por sua voz agonizante.

— Bem, agora que o ser efêmero acertou, eu imagino que você deseje a recompensa para tal.

— Não apenas imagine, eu quero obviamente minha recompensa!

— Bem, se assim deseja. Não espero nada de você, mas espero que o ser efêmero não estrague o que tanto construir com orgulho — ela dizia com um pavor, enquanto bufava com raiva.

— Irei completar o que você escolheu com tamanha urgência. Espero que não venha a me desapontar.

Aquilo aconteceu de maneira lenta e aterrorizante, não sabia ao certo se deveria estar calmo ou em alerta. As vinhas vinham novamente em minha direção, mas agora de forma bem mais devagar, quase como lesmas; isso me dava calafrios obstantes.

Com palavras indecifráveis até então, ela parecia me dar a graça da classe com sua vinhas me tocando, entre minha cabeça e meu peito.

O brilhar verde se vez crescente, aumentando, como um coração que batia novamente, meu corpo sentia a vida de tudo e todos passar diante a meus olhos, vendo as vidas de vários seres viverem em paz e harmonia, uma verdadeira paz.

A tranquilidade dessa sensação fazia eu sentir que estava em casa, mesmo que eu não me lembrasse de ter uma. Mas essa paz foi quebrada quando a tona, minha situação veio, ainda mesclando com as palavras dela.

— Escolha de classe completa, imagino que o fim de tudo se aflorará em instantes. Devo dizer que isso me agrada, passar mais tempo com um ser efêmero daria uma dor de cabeça infeliz.

— Que nada, tenho certeza que você estava gostando da minha companhia aqui contigo.

— Há! Devo dizer que você não compreende a sua situação, como todo o resto. Mas devo dizer que me surpreende você ter se conectado tão rápido.

— Me conectado, com o que exatamente? Não estou sentido nada de diferente. Pra falar a verdade, estou sentindo que você está mais simpática, por acaso se apaixonou por mim?

A criatura repentinamente rangeu os dentes diante minhas palavras, e ressalvava suas cores com um vermelho e roxo de forma quase frenética, até que todas as cores se interceptavam e voltavam a brilhar numa constante incansável — Isso me assustou.

Um suspiro de forma ofegante quase como um atleta depois de uma corrida, vem da criatura. Logo após se erguendo em minha direção de forma estranha.

Eu não entendi ao certo, mas alguma coisa havia a deixado com raiva. Imagino que seja o tipo de pessoa que se estressa fácil — não é uma pessoa, ops.

— Seu...Sua forma de falar, pensar e agir devem ter mudado por causa da aura que você obteve, mas falar disso não é meu papel, imagino que deva descobrir por si só.

— Mas você acabou de me dizer as coisas que mudaram, aí tira toda a graça.

— Arg!-...Imagino que dizer isso a você de forma rasa não seja um incômodo a ninguém — dizia o monstro com um ranger de dentes duros.

Enquanto a gente conversava, uma sensação de cansaço estava adentrando meu corpo, como se eu estivesse ficando com muito sono.

Meus olhos piscavam de forma ligeira e minha boca abria com o som alto de suspiro, meu corpo ficava cada vez mais pesado; tudo indicava "sono", não havia dúvidas.

— O que é isso de repente, estou sentido uma tontura~ aqui. Me parece que eu...

A minha visão começava a se escurecer e tudo ficava meio escuro como as cortinas que se fecham em um espetáculo, mas totalmente contra minha vontade. Eu queria enxergar e ver o que a minha volta estava, com o tempo eu ficava mais e mais incapacitado, até que enfim caísse de bruscos no chão, com muita dificuldade matinha meus olhos semi-abertos.

— Como o fim previsto, um fim chega, e tudo se encerra. As escolhas que tomas e as tentativas falhas que vier a fazer — faça de si o que tiver que ser feito...Apenas se mantenha...Vivo...

Dizia a voz que se esvaia, assim como minha visão e sentidos, eram palavras mais claras e tímidas, deixava soar inesperadamente mais feminina, exaltou até certo destaque nessa mínima frase em minha cabeça — quase como um estralo.

Meu céu se escurecia e dava margens ao breu do abismo que me cercava, era tão escuro e imponente, mas isso não me assustava, na verdade, estava ansioso para ver o que me aguardava.

Mesmo sentido que tudo se apagou, ainda podia pensar, ainda que não soubesse ao certo o que estava acontecendo. Uma vasta gama de teorias batizaram minha mente, também não ajudava a melhorar minha situação, porém vinha a calhar nessa espera absoluta.

Como cheguei aqui? Quem sou eu? Os humanos me jogaram aqui? Porque? Fui sentenciado? E de todas a mais importante — qual era o nome da criatura?

— Eu estava com medo de mais para perguntar a ela, mas se eu a encontrar de novo...Eu a questionarei — dizia com orgulho enquanto esbanjava um sorriso no "rosto", do qual era desconhecido.

Eu me questionava mais e mais, e acompanhado do escuro que parecia me sugar mais e mais, as perguntas seguiam um mesmo rumo. Até que enfim o radiante de esperança se ascendeu como fogo. A sensação de sentir o corpo estava voltando aos poucos, assim como a visão do que estava por vir.

A minha emoção era de pura euforia, motivo esse, claro, era por que o desconhecido era o que me aguardava. Reconhecia que se tratava de um julgamento, mas a meu ver eu podia lidar com isso. Pense comigo, eu ganhei uma classe de uma criatura (que eu imagino, ser superior a mim) e além do mais, trouxe algo comigo além...

Meu pensamentos profundos são interrompidos quando eu sinto meus órgãos se reviraram, a espuma de saliva instantaneamente saiu da minha boca. Foi um impacto violento no plexo solar do meu abdômen, fiquei tão atordoado que quase mordi minha língua.

O motivo de ter sofrido este ataque era incerto, mas isso me deu uma ideia de que minha entrada não era nada calorosa. Me pego pensando o que se passa a minha volta, como uma pessoa normal, a minha visão finalmente começava a se desenhar do atordoamento, e ainda mais quando...

— BORA!! Passa tudo moleque! — Um grupo de três sombras diziam com raiva, a questão deles comigo parecia ser muito clara, eles queriam algo de mim!

Mas que recepção, cheguei aqui agora e já querem levar o que eu não tenho. Nada mal para uma grande estreia que se prossegue. Me impressione...Julgamento.