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Capítulo 15

Capítulo 15

A Magia Do Destino - Parte 1

Liz:

Demorou mas consegui juntá-los. Foi apenas um empurrãozinho... Um simples papel, um vento causado pelos pássaros, e um segredo revelado. Às vezes acho que os humanos são eternos bebês e que se você não os guia diretamente, nunca irão conseguir o que querem.

Termino de subir as escadas ainda com o pensamento em meu vizinho. Ele mora aqui, no prédio do meu pai já faz dois anos, e nunca, nunca prestou atenção em mim. Estudamos na mesma universidade, mas ainda assim, ele não me enxergava. Por que?

Porque ele enxergava apenas uma pessoa em sua frente. Sério. Era até engraçado de observar. Os dois foram feitos um para o outro. Aquele tipo de coisa que envolve almas gêmeas e tudo mais. Só que... Eram burros demais pra se darem conta. E porra.

Dois anos vendo aqueles dois sem iniciativa nenhuma de se juntarem me fizeram tomar uma atitude. Ok... Eu não deveria me intrometer assim na vida dos dois, se meu pai soubesse iria me dar uma bronca enorme. Mas pelo amor de Deus... Eu já estava irritada demais com a demora.

O destino iria juntá-los uma hora ou outra, mas eu já estava sem paciência nenhuma de esperar. Então, como a boa sensitiva que eu sou, tomei os dois como meus protegidos. Aquela mãe não iria facilitar, e ver os dois sofrendo por culpa dela não era uma opção.

Ainda era dia, não era a melhor hora para que eu fizesse algo, mas eu tentaria pelo menos. Vou até meu quarto, pego meus objetos preciosos e subo até o terraço.

Os pássaros entram em alvoroço com a minha presença. E eu sorrio, me sentindo acolhida. Eu tinha uma conexão enorme com eles...

Ainda sorrindo me lembro do dia em que o Alex esteve aqui, todo triste e inconsolável, estava tão perdido em pensamentos que não reparou em mim, a poucos metros de distância... Eu estava com os mesmos objetos de agora, me preparando para minha reverência ao Dia das Bruxas, quando o vi, cabisbaixo se sentando no banquinho de madeira que meu pai gostava de ficar sentado depois que alimentava as aves.

O observei por um tempo, e quando percebi o que estava em suas mãos, meu coração se encheu de alegria. Ele acreditou. Ele não era totalmente imune à magia. Na minha cabeça, o Alex iria pedir ao destino que o Gabriel aprendesse a amá-lo, mas qual não foi a minha surpresa quando "senti" o teor do que ele escreveu no papel roxo.

Não, não, não.

Ele não podia desejar aquilo. Como assim desejar que ele deixasse de amar o Gabriel? Isso era... Impossível.

Mas nada é impossível quando se é escolhido pelo destino. Nada. Então, mais uma vez eu interfiro. Eu não poderia deixar o destino encontrar aquele desejo. Não poderia de jeito nenhum...

Sem pensar duas vezes, quando ele solta o papel roxo ao vento, uso toda minha conexão com aqueles pássaros. Eles saem revoltos, tirando o foco do Alex , e para meu completo deleite, Gabriel está logo abaixo do prédio. Olhando diretamente para cá...

Se isso não fosse obra do destino, eu não saberia o que era. Então, seguindo meu desejo, meus pássaros levam o papel roxo e aquele segredo, a quem realmente pertencia.

Depois disso, a aura de felicidade pairava no apartamento do Alex. Claro que a aura advinha de muito sexo, mas se sexo não trás felicidade, o que mais pode trazer não é?

Mas então, eu sinto a nuvem negra se aproximando novamente de Alex. Talvez eu tenha me conectado a ele também. Por isso, quando algo de ruim estava prestes a acontecer com ele, eu podia sentir.

Será que posso me considerar uma espécie de fada madrinha? Penso com meus botões enquanto manejo minhas pedras roxas sobre o pequeno banco.

Alex Cooper e Gabriel Bianchi precisavam de proteção. E eu iria proporcionar o meu melhor feitiço protetor aos dois.

Pedras roxas dispostas na posição correta, o papel com as runas desenhadas na ordem certa e meu livro roxo que eu havia herdado da vovó. Levanto o delicado livro de feitiços e faço uma pequena prece para que eu saiba escolher o melhor. E só assim, o folheio com cuidado.

Meu coração palpita ao encontrar a página para o feitiço de proteção ao amor dos dois, perfeito. Sorrio amplamente e assim tenho tudo do que jeito que quero, começo a recitar palavra por palavra.

"Que Alex Cooper seja unido à Gabriel Bianchi, da mesma forma como o Fogo, Ar e Água estão unidos à Terra, e que o espírito de Alex Cooper , seja estimulado por Gabriel Bianchi, como o raio de Sol estimula a luz do mundo e de suas virtudes, que ele componha Alex Cooper, em suas obras, no objetivo de Gabriel Bianchi, da mesma forma que o céu é composto pelas estrelas e uma árvore por seus frutos. Colocai o espírito, alto e sublime de Alex Cooper, sobre o espírito de Gabriel Bianchi, como a água sobre a terra. E fazei que Alex Cooper, tenha poder para comer, beber, caminhar e se alegrar com Gabriel Bianchi".

E então, depois de recitar palavra por palavra, abro meus olhos e as runas começam a se iluminar em cima do papel.

Dou meus pulinhos de alegria, pois sei que o feitiço irá funcionar.

Alex :

Ela era horrível.

Não de aparência, claro. Já que sua beleza exterior não havia como negar. Mas aquele olhar superior, aquela voz desdenhosa. Aquela expressão de que não estava gostando nem um pouco de onde estava.

- Boa tarde. - cumprimento, me forçando a ser simpático. - Gostaria de alguma coisa?

- Boa tarde. - ela retira os caros óculos escuros e sorri enjoativamente. - Eu gostaria sim. Gostaria de dizer algumas palavras pra você. Sei que você sabe quem eu sou.

- Sim, do mesmo jeito que você sabe quem sou. - digo sem me intimidar.

- Será que podemos conversar em um lugar mais... Reservado? - ela olha ao redor, visivelmente desgostosa com o que vê.

- Estou em horário de trabalho, infelizmente não posso sair agora. - sei que fui sarcástico na minha frágil tentativa de ser simpático, mas não me aguentei.

- Bem... Então vamos ao que interessa. Não sou mulher de fazer rodeios e sempre vou direto ao ponto.

- Sou todo ouvidos. - digo, e ela toma fôlego e começa a destilar seu veneno sobre mim. Escuto coisas sobre nossa diferença social, como não combinamos e blá blá blá. A cereja do bolo foi escutar aquela mulher dizer que o relacionamento entre Gabriel e eu poderia colocar a carreira dele a perder.

- Senhora, seu filho é um adulto, ele sabe as consequências dos seus próprios atos. E depois, vivemos numa democracia. Amar quem quisermos faz parte da nossa liberdade.

- Amor? - ela desdenha, com um sorriso maquiavélico.- Isso é historinha de criança. Mas eu não estou aqui pra te ensinar sobre isso. Eu só vim para te mandar ficar longe do meu filho. - ela enfia a mão na bolsa absurdamente cara e tira algo de lá. - Eu tenho aqui algo que pode ajudá-lo nessa decisão.

E ali, em sua mão estava um cheque. Um papel branco. Na mesma hora me lembro da moça da biblioteca e seu estranho conselho. Mas eu não precisava daquele conselho. Eu jamais aceitaria nada daquela mulher. Ainda mais se a intenção for me afastar do Gabriel. Eu nunca...

Antes que eu me de conta, a mulher se aproxima mais ainda de mim, abro bem meus olhos, chocado com o quão próxima ela está agora. E para minha surpresa ela segura uma de minhas mãos, seu toque gelado me arrepiando inteiro.

- Eu sabia que você aceitaria! - ela fala absolutamente alto. E quando ela se afasta, rindo vitoriosa, deixando algo em minha mão. O cheque. O maldito papel branco.

E quando olho de lado, Gabriel estava ali. Na porta... Nos olhando incrédulo. Até que seus olhos recaem sobre minha mão ...

Olho do cheque para ele e dele para o cheque. Porra.

O solto, fazendo o papel cair no chão. Mas o Gabriel saiu pelas portas duplas e tudo que eu consigo pensar em fazer é correr atrás dele. Mas uma mão de unhas bem feitas me segura. A olho com uma raiva mortal e puxo meu braço me soltando dela.

- Não toque em mim. - digo com toda raiva possível.

- Não procure mais o meu filho. - ela diz me olhando firme. - Ou as consequências podem ser muito piores para você, Alex .

- Isso é uma ameaça?

- Entenda como quiser. - ela recoloca o óculos escuro, e sem dizer mais nada sai da doceria.

Assim que ela sai eu corro pra fora. Querendo encontrar o Gabriel, mas para meu desespero o carro dele não está em nenhum lugar. E tudo que consigo fazer é me desesperar. Pego meu celular do bolso e tento ligar para ele, mas apenas chama até cair na caixa postal. Tento mais uma vez, enquanto ainda observo o estacionamento na esperança de ver o carro dele em algum lugar. Mas nada...

Sei o que ele deve estar pensando agora. Então levanto meus olhos pro céu e faço uma prece:

- Por favor, faça com que ele não acredite nisso.

Eu odiava o passado do Gabriel. O passado cheio de dor e tristeza que fez com que ele fosse tão reticente ao amor até hoje. Odeio pensar na pessoa que usou os sentimentos dele, para benefício próprio. Um Gabriel ingênuo e apaixonado, tendo seu coração tão machucado.

E agora, na cabeça dele, a história se repetia. E aqui estou eu parado do lado de fora da doceria, com um misto de impotência e angústia me tomando por completo, sem nem imaginar onde ele estaria.

Eu não tenho cabeça pra continuar trabalhando, então apenas aviso meu patrão de que não me sentia bem e resolvo ir pra casa. Eu tentaria procurar o Gabriel, temendo que ele possa ter retornado a sua própria casa. Mas o conhecendo sei que ele não iria querer contato com a mãe de nenhuma maneira. Pelo menos por enquanto...

Se ela o convencesse de que eu realmente tinha aceitado o cheque, eu não teria a mínima chance. Enquanto me dirijo a pé pro meu apartamento, vou enviando várias mensagens para ele. Perguntando onde ele estava. Dizendo por áudio que precisamos conversar. Implorando para que ele não tirasse conclusões precipitadas.

Meu peito estava apertado. Eu me sentia sufocado, como se a simples ideia de não estar mais com o Gabriel me consumisse, me deixando em absoluta tristeza. Era como se eu me sentisse doente.

Quando me aproximo do meu edifício, meu olhar é atraído para o alto, onde vejo a estranha movimentação dos pássaros. E para minha completa surpresa Gabriel estava bem no meio deles, as aves voando revoltas em torno de seu corpo.

O que ele pensa que está fazendo? Me preocupo e tento atravessar a rua o mais rápido que posso. Mas o tráfego de carros impossibilita minha pressa.

Olho mais uma vez para cima e do nada os pássaros estão vindo em minha direção. Fico olhando hipnotizado o modo organizado com que estão fazendo isso e estranhamente isso não me assustava.

Quando estão muito próximos de mim, eles mudam a direção, mas algo continua flutuando suavemente pelo ar. Automaticamente estico meu braço e um papel roxo pousa sobre a palma da minha mão.