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Anja

"Como é linda a nossa filha. Ela é como um anjo, seu rosto me lembra um céu limpo. Seus olhos são como lapis lazuli. Como é perfeita…" falava Berith admirado. O sorriso em seu rosto e de sua esposa eram inabaláveis. "Ela será uma bela dama" falou a enfermeira admirada.

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Quem é esse anjo?

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"Proveniente das terras entre terras ou terras centrais, nasce Anja, uma garota de pele branca pálida, cor essa que a acompanha também nos cabelos. A palidez de seu rosto é compensada por seus lábios e bochechas, que são como uma rosa. É tão bonita ao ponto de se tornar uma missão difícil achar uma beleza que se equiparasse à sua. Essa é Anja Berith, filha do rei das terras entre terras, e hoje ela finalmente assumirá seu posto como princesa."

Aplausos da corte puderam se ouvir ao longe, bem fracos, mas presentes, ainda acompanhados de cochichos. Todos comentavam sua beleza, mas desprezavam suas cores. "Ela não tem vergonha de andar por aí com os cabelos tingidos de branco?" Ou "ouvi dizer que ela foi castigada por ✨Colirum, por isso ela perdeu sua cor".

"Como não está nervoso, papai?" Falou Anja tremendo. Enquanto olhava para seu pai, viu uma figura serena, sem medo- "Para falar a verdade eu estou, não consigo parar de tremer" respondeu. Mas como? enfim! Se ajeitou e tirou um fio de cabelo que estava entrando em sua boca. Quase caiu das escadas enquanto descia os degraus "delicadamente", como uma princesa.

"Agora concedo ao antigo governador das fronteiras das terras entre terras, o título de rei de todo o território, antes chamado de moridkan, mas agora se chamará Berithkan. Sua esposa, Alva, será a mais nova rainha. Sua filha Anja, ocupará o cargo de princesa. Terão que fazer treinamentos de defesa pessoal, treinos de arquearia, entre outras artes… A rainha terá que aprender a gerir um reino, pois caso as circunstâncias a obriguem ela terá que o fazer… dito isso, comamos e bebamos a vontade. Deleitem-se deste farto banquete".

Cansado, o lorde se senta no trono ao lado de sua filha.

-Como consegue deixar sua postura boa por tanto tempo?

Olhando com olhar de desprezo ela levanta seu mindinho e bebe seu chá. Ambos caem na gargalhada.

Logo a animação foi passando e as pessoas deixaram o salão de festas. As servas se preparavam para limpar o palácio. Os guardas estavam a postos. Alva olhava os arredores e não conseguia se contentar, tudo aquilo a deixava inquieta.

-Querido, acho que não vou conseguir me acostumar com tudo isso, me sinto mal, não tenho conseguido pensar direito.

-Calma mãe, a gente vai se acostumar. Sei que são muitas coisas novas acontecendo muito rápido, mas nós vamos superar isso, todos juntos.

Algum tempo se passou desde a coroação e logo os problemas assolavam o rei, problemas esses que teria que aprender a lidar. Suas antigas responsabilidades nem se comparam com as de agora. As bruxas haviam conquistado parte das terras ao leste e ele teria que tomar providências.

Uma equipe de 300 soldados especializados em lutas com espadas e magias poderosas foi mandada ao local com a autorização do rei, juntamente de seu conselheiro e da rainha.

As notícias foram contidas ao máximo para que a população não temesse, mas boatos se espalharam entre os camponeses. Nem mesmo Anja sabia o que acontecia no território vizinho.

Passando-se três dias, Berith foi pessoalmente ao local juntamente de sua guarda e auxiliares reais. Ele temia o que poderia ter acontecido, visto que as mensagens de relatório pararam de chegar.

Olhando, mesmo de longe, era possível ver a destruição, aquela cidade antes conhecida pela sua beleza sem igual, agora se encontrava em meio às cinzas, não restou pedra sobre pedra para que quem olhasse falasse "aqui existiu um dia uma bela cidade".

Em meio aos destroços se viam os corpos de soldados destemidos, cheios de coragem e determinação, porém tudo o que restou foram cinzas. De nada valeu a determinação, logo tudo foi dizimado.

No centro da cidade era possível ver um cajado posto em pé dentro de uma velha fonte, nela estava pendurado o manto do general que liderava aquele pelotão. Berith chorou amargamente a perda de tantos homens. O ódio em seu olhar era perceptível.

Chegando em seu castelo logo se sentou e, respirando fundo, chorava mais uma vez.

-O que houve querido?

-Foi por minha incompetência, sabia que deveria ter sido mais cauteloso. Por minha causa aqueles homens de bem morreram em vão.

Sua esposa apenas o abraçava.

Voltando para si, Berith se levanta.

-Onde está Anja? Quero lhe dar um beijo de boa noite.

-Está passeando com seu auxiliar, disse que volta antes do ✨skalk, não se preocupe".

Após algum tempo caminhando, Anja encontra alguns colegas que havia conhecido a muito tempo.

-Ah não, ela tá vindo pra cá.

sussurravam, e não satisfeitos continuavam.

-Ela tá se exibindo, só porque é filha do rei acha que pode sair desfilando pelas ruas com essas roupas caras. E ainda tem essa cor, se é que pode se chamar assim.

Apesar dos cochichos e dos maus olhares, ela se aproximou.

-Olá, há quanto tempo! O que fazem à essa hora da noite?"

-Nada demais, só conversando. Olha só! Seu cabelo está 'lindo' hoje.

Desviando o olhar ela arruma uma mecha atrás da orelha.

Anja estava pronta a se retirar e voltar para perto de onde seu auxiliar estava.

-Não quer vir com a gente? Vamos à 🌻tumma luola.

Anja dá um passo para trás.

-Eu não acho que seja uma boa ideia, poucas pessoas saíram de lá bem.

Todos olharam com uma mesma expressão, era quase como se pudesse se ouvir seus rostos dizendo "é sério isso?"

Eles continuaram insistindo.

-Se você é realmente a filha do poderosíssimo lorde Berith, que recebeu esse reinado por mérito de sua admirável força e coragem, faça o favor de honrar o seu nome. Iremos no primeiro dia em que ✨Astra cobrir o brilho de Selene por completo ".

Um pouco confusa, Anja volta a seguir seu caminho e, junto a seu auxiliar, deixou o local. Sua saída foi seguida de risadinhas.

Alguns dias se passaram e Alva visitava algumas cidades, sua filha e seus auxiliares a acompanhavam. Avaliavam a qualidade de vida nos arredores. Berith se preocupou ainda mais com isso após aquela imensa perda, tanto que ordenou aos seus soldados que reforçassem a defesa nas fronteiras, e à sua própria família que retornassem com relatórios gerais. Precisava-se saber se ainda era seguro permanecer alí.

Enquanto andava pela cidade em busca de algo para comer, Anja é surpreendida com um puxão.

-Moça, tenha piedade, eu e minha família estamos há 3 dias sem comer.

Ela arruma seu vestido e se abaixando o diz:

-Então vamos logo até sua família. Acho que posso os ajudar de alguma maneira.

Ela cedeu à família uma bolsa que levava com moedas ouro e cobre. Prometeu melhoras para a população, palavras inspiradoras que deixaria qualquer um esperançoso. Saiu após algum tempo de conversa, logo se despediu com um sorriso e voltou para perto da equipe de reconhecimento. A alegria da criança era contagiante.

Após um tempo, a notícia de que a rainha e a princesa estavam na cidade se espalhou e logo uma multidão se formou. Era grandíssima a onda de questionamentos e as pessoas estavam impacientes. Anja, já impaciente, pega a mão de sua mãe e a puxa dalí e subindo na borda da fonte no centro da cidade pediu por atenção. Ela realizou ali um discurso impactante e grandioso, que prometia melhoras na qualidade de vida e um novo lar a todos, era similar àquele que tinha feito àquela criança e sua família.

Sua mãe estava um pouco cabisbaixa e se sentia culpada.

-Sei que não é fácil mamãe, mas um hora a senhora vai se acostumar.

Não houve sinal de concordância, apenas um olhar.

Logo estavam de volta no palácio, aquela era a noite de✨ "posse de Astra". Anja já estava um pouco nervosa.

-Vá descansar mamãe, amanhã será um longo dia, estarei com você desde cedo, não se preocupe.

Após isso se dirigiu ao seu quarto, cobriu alguns travesseiros em sua cama e desceu a torre pela janela. Usava uma magia que tinha visto no livro de Lyra, a magia possibilita que o usuário fixe seus pés em qualquer superfície.

Logo calçou suas sandálias e foi de encontro aos seus colegas de infância.

-Ora ora, e não é que ela veio mesmo, achamos que ficaria com medo.

Ela ficou calada, apenas acenou com a cabeça.

Estavam caminhando e, chegando lá, encontraram um dos garotos que parecia fazer algo na entrada da caverna. Anja achou aquilo muito suspeito, mas havia algo a incomodando ainda mais. A pouco estava incomodada com a, talvez, presença de alguém os observando. Sua dúvida foi respondida quando ouviu algo caindo no interior da floresta. Logo se virou e ativou sua magia, essa que a permitia fazer reconhecimento de certa área.

-Está com tanto medo assim anjinha?

-Não, só não acho que seja uma boa ideia continuar com isso, acho que tem alguém nos observando.

Com aquele mesmo olhar de antes falou:

-Tá bom, é claro que tem alguém nos observando… Vamos logo com isso.

Dois garotos entraram, tudo parecia normal.

A aflição tomava conta de Anja, que já suava frio.

Depois de cinco minutos eles voltaram.

-Sua vez Anja, pode deixar que eu vou com você.

Ela se concentou e conseguiu se acalmar um pouco.

-Aqui, segura minha mão, eu não vou soltar você.

Falou olhando com paciência.

Aquela parecia a única pessoa que era minimamente boa.

-Aquelas pessoas não gostam de você realmente…

-Sim, sempre tenho a impressão de que algo ruim pode acontecer quando estou com eles.- Anja se sentiu segura a se abrir com ela.

-Sempre gostei de ler com meus amigos, junto deles eu me sentia verdadeiramente segura.

-É, vocês realmente pareciam felizes, confesso que queria estar junto de vocês, tive inveja daquela alegria contagiante.- Ela também se sente segura.

-Olha, se a gente sair daqui bem, quer vir comigo ao palácio? Todos vão te receber bem, te prometo.

-Não, err, não posso a-aceitar, eu sou só uma campon

-Esteja lá às três da tarde, te receberemos muito bem.

-... Anja, tenho que te falar uma coisa… Eles estão planejando te

Uma forte explosão se fez ouvir da entrada da caverna.

-O que foi isso!?

-Anja, foge daqui! Corre pra entrada da caverna e… tenta sair… de algum jeito!

-mas e o monst

-Vai logo! Eu vou segurar ele.

Ambas correram em direções opostas e a incerteza assolava. Por um momento pensaram nunca mais se encontrar. Chegando à entrada da caverna, Anja se depara com um deslisamento. Batia nas rochas, tentava as levantar, ao menos tirar do lugar, mas era em vão, suas mãos delicadas e bem cuidadas eram feridas pelas pedras a cada tentativa.

De repente veio sobre ela um silêncio ensurdecedor, uma agonia inexplicável, um sentido gélido que penetrava o fundo de sua alma. Sua alma? O que é a sua alma? Aquela que outrora era sua já não mais a pertencia. Uma dor indescritível que fazia os ossos roerem e a carne tremer, jorrava sangue de suas narinas e os dentes rangiam. Essa era a terrível sensação de ter sua alma arrancada a força.

Colirum: deus da alegria, responsável por dar cores e alegria ao mundo;

Skalk: Horário entre 20:00 e 21:00 horas;

tumma luola: Do finlandês "caverna escura". No conto, é um lugar famoso por ser assombrado por um monstro.

Astra: deusa da lua;

Posse de Astra: Ato de Astra cobrindo a lua por completo (lua nova);

Nailancreators' thoughts