"As pessoas sempre puderam sentir que algo estava prestes a acontecer, vindo dos céus.
Enquanto uma Deusa, vigiava toda a população em busca de encontrar o seu tão cobiçado campeão. Depois de muito tempo de procura, ela finalmente o encontrou.
Algo lhe chamou a atenção, em uma cidadezinha pacata na região do Brasil, onde ela se deparou com um jovem muito incomum. Ele tinha cabelos castanhos num estilo espetado e uma marca de nascença em sua mão esquerda, e em seu rosto um olhar de quem já havia perdido todas as esperanças com o mundo.
A Deusa se interessou imediatamente, afinal, como alguém com tão pouca experiência de vida já podia ter desenvolvido aquele sentimento tão profundo de desinteresse. Ela o observou enquanto ele seguia sua vida e entrava numa mercearia qualquer, onde foi cumprimentado pelo caixa:
– Boa tarde, o dia está muito agradável, não acha?
O jovem, com não tanto interesse, mas ainda tentando se manter educado, resmungou em resposta de forma simples. O caixa, meio sem jeito, tentou reverter a situação mudando para outro assunto:
– Nunca o vi nessa área antes, você é novo aqui no bairro?
O jovem respondeu rapidamente com inquietação:
-Sim, senhor. Sou novo, me mudei anteontem, prazer, meu nome é Caim.
O balconista, com um olhar de desconfiança, deu um sorriso de meio canto.
E após Caim perceber, ele comentou:
-Não vai se apresentar também?
O balconista logo voltou à realidade dizendo apressado:
-Me desculpe, jovem... Digo, digo Caim, é que nunca ouvi seu nome antes. Você é algum estrangeiro?
Caim então, com a voz trêmula e as mãos suando, falou:
-Sim, de certa forma sou. Nasci brasileiro, mas com apenas 2 anos, meu pai nos levou para a Europa, onde ele iria trabalhar.
O balconista, então, transpirando e já com um olhar calmo, disse:
-Perdão. Por tantas perguntas, mas com a política de contra imigrantes, fiquei preocupado e até me esqueci, meu nome é André, prazer.
André estendeu a mão a Caim, que rapidamente apertou e balançou.
André então disse:
-E então, em que posso te ajudar, Caim?
Caim, quase se esquecendo do que tinha ido fazer lá, se lembrou:
-É mesmo. Eu queria comprar um bolo de chocolate e miojo de frango, por favor.
André rapidamente se levantou indo buscar os produtos de Caim.
Enquanto isso, Caim já estava mais tranquilo e havia parado de tremer. Estava pensando:
-Ah. Como eu pude gaguejar dessa forma, que vergonha, mas o bom foi que o André levou em consideração, agora é pegar e ir embora.
André, então, voltando ao caixa, viu Caim perdido nos pensamentos e sorrir, dizendo:
-Caim, no total ficou 17 reais.
Caim rapidamente voltou ao mundo real, pegou o dinheiro e entregou:
-Aqui está, André. Obrigado e até mais tarde.
Então, André, após receber o dinheiro e antes que pudesse agradecer, Caim já havia sumido.
André pensou:
-Que garoto estranho.
Caim, após pegar suas compras, seguiu viagem a sua casa, passando por baixo do viaduto para poupar tempo.
E enquanto andava, ele ficou refletindo:
-Mesmo eu tendo tudo que quero, me sinto vazio, como se o mais importante não tivesse, como se algo faltasse, mas não sei o que é.
-Mas não tenho que pensar nisso agora, tenho que ir para casa. Meu pai está esperando.
Caim então acelerou o passo e, enquanto corria, ficava olhando em volta e se sentia invisível e sozinho.
Então, após 12 minutos, Caim havia chegado em sua casa e, cheio de animação, abriu a porta gritando:
-PAIIIIII, CHEGUEI!
Ele rapidamente foi procurar o pai pela casa, esperando que ele estivesse escondido, mas a casa estava vazia.
Ele viu seu celular sobre sua bolsa.
Pegou o celular que havia esquecido e viu que seu pai havia deixado uma mensagem dizendo:
-Caim, meus parabéns pelo seu aniversário de 17 anos. Não vou chegar em casa a tempo, seu presente está em cima da mesa.
Após ler aquilo com lágrimas nos olhos, Caim limpou suas lágrimas, pensando:
-Sabia que isso ia acontecer de novo.
-Vamo ver qual é o presente da vez.
Caim foi em direção à mesa da cozinha e achou um presente meio embrulhado.
-Óbvio que ele não teria tempo nem para embrulhar, enquanto falava baixinho.
Ele puxou o papel e o que tinha era uma pedra e um papel ao lado.
Caim pegou o papel e leu:
-"Essa é uma pedra do espaço do meteorito Nibiru. Sei o quanto gosta de pedras e tudo relacionado ao espaço, Caim", de seu pai.
-Ah. Meu pai.
Caim pegou sua pedra e colocou no bolso, e foi para seu quarto onde lia vários livros e webtoons para matar o tempo.
Assim que abriu a porta, se espantou! Com a bagunça que havia deixado e foi correndo catar, pensando:
-Não posso ler com esse quarto uma bagunça.
Então, enquanto limpava, viu uma mancha escura na parede que não saía.
-Que porra é essa? Como isso não sai?
Após esfregar bastante e a mancha sumir, se jogou na cama cansado.
Então ele ouviu uma voz. Suave e calma chamando-lhe:
"Caim, Caim, Caim, venha."
-Oxiii, quem está me chamando?
Ele logo olhou ao seu redor e não viu nada.
Pensando que fosse algo de sua cabeça devido ao cansaço que havia sentido, acabou dormindo.
Enquanto dormia, ele viu uma mulher de cabelos escuros chamando-lhe:
"Caim, Caim, Caim, meu campeão, venha."
Caim despertou rapidamente, com a mão apertando o peito e suando frio.
-Agora estou até começando a ter pesadelos, que droga.
Caim se levantou da cama e viu uma luz flutuando à sua frente.
A luz brilhava com uma cor azul e era linda de se ver; por impulso, Caim tentou pegá-la.
E ao seu redor, seu quarto começou a se distorcer como se a realidade estivesse se quebrando.
Caim não conseguiu reagir a essa situação repentina.
E quando se deu conta...
Estava em uma casa de madeira com uma linda chaminé e várias cabeças de animais na parede.
-Onde eu vim parar?
Após ver a porta, ele se aproximou dela e, assim que a abriu, viu uma mulher com asas à sua frente.
E de longe, viu ela dizendo:
-Bem-vindo, Campeão de Deus