Menino Desconhecido

Deus os abençoou e disse, sejam férteis e aumentem em números, preenchem a terra e a subjuguem.

Reinam sobre os peixes no mar e sobre os pássaros no céu, e acima de cada criatura viva que se mova na Terra.

Mas um dia, um homem veio a se rebelar, contrariando seus criadores, ele deu luz a vida, mas também deu luz ao pecado original.

O homem mais odiado pelos deuses em toda a história, conhecido como o pai da humanidade, expulso do céu ao comer o fruto proibido e zombar de seus criadores, o que mais se assemelha fisicamente a Deus, seu nome era Adan.

—————————————————————-

~ Percy

Já estava no horário do jantar, me juntei junto com a minha chalé 11 de Hermes e formamos uma fila até as nossas mesas, me sentei e vi as Ninfas trazendo comida, e Luke disse:

- É só pedir qualquer coisa não alcoólica que aparece.

- Cherry Coke azul.

O copo em minha frente se encheu com um líquido azul, tomei um gole e tinha exatamente o mesmo gosto dos refrigerantes originais, então enchi meu prato e estava prestes a comer, quando vi que todos se levantaram e jogaram algo do prato para o fogo.

Luke murmurou ao meu ouvido:

- Oferendas para os deuses, eles gostam disso eu acho.

Achei meio idiota, mas mesmo assim cheguei perto e acabei fazendo um pedido silencioso, "Quem quer que seja meu pai, conte-me por favor".

No momento em que eu iria jogar um pedaço de peito, o fogo se apagou em instantes, todos ficaram em silêncio olhando a cena.

Deitado bem no centro do pavilhão, estava um garoto dormindo tranquilamente, ele não usava nenhuma roupa, tinha longos cabelos loiros e um corpo muito definido, não parecendo ter mais de 13 anos.

Olhando para ele e depois para o Dioniso, quem mais parecia ser um deus grego era esse menino, ele não tinha a menor áurea de um humano.

Eu achei que isso era algo comum de se acontecer, de uma pessoa sair do fogo do nada, mas ao ver o olhar de todos não entendendo nada, percebi que isso nunca tinha acontecido antes.

Quíron e o Sr. D surgiram ao meu lado olhando bem de perto o garoto, ambos se olharam esperando que o outro falasse algo, mas nenhum som saia de suas bocas.

Eu me imaginei na situação dele, caso eu acordasse no meio de centenas de estranhos sem nenhuma roupa, provavelmente seria algo que eu nunca me esqueceria de tanta vergonha.

Quiron arrancou o tecido preso na parede e cobriu o menino, com as suas mãos ele o colocou em suas costas e saiu trotando do local, alguns filhos de Apólo foram atrás dele para prestar alguma ajuda médica.

Todos começaram a falar ao mesmo tempo, cheguei a pegar algumas falas aleatórias, sobre ele ser filho de um dos três grandes, se ele era solteiro, sobre ser um deus menor que estava perdido e até mesmo de ser um monstro disfarçado.

Sr. D que continuava parado em pé, finalmente voltou a si e fez um leve discurso sem jeito, sobre uma captura a bandeira que irá acontecer nessa sexta, sobre a minha presença e que irá ver o estado desse garoto desconhecido.

Claramente ninguém prestou muita atenção, todos estavam muito ocupados sussurrando sobre o menino para ouvir alguma coisa.

Logo depois eu e meus colegas de chalé voltamos, todos se reuniram para debater quem poderia ser ele, mas eu estava pensando em outra coisa, na minha mãe, eu nem me dei conta de como estava exausto e rapidamente peguei no sono.

——————————————————————-

~ Annabeth

Um dia se passou, se já não bastasse eu ter que cuidar de um garoto estranho chamado Percy, mais um surgiu e advinha quem teve que cuidar dele? Eu novamente.

Ele ainda estava adormecido deitado na cama, nem parecia que tinha causado a maior confusão ontem a noite.

Nunca aconteceu de um uma pessoa surgir dentro daquele fogo, isso só era um local para oferenda de comida, e não um teletransporte ou uma porta mágica.

Então quem poderia ser essa pessoa? Talvez nem seja um humano ou semideus, e sim um deus menor, talvez o deus das sobras, das fogueiras ou das oferendas, não sei, mas algo do gênero, ele deve ter alguma notícia importante.

Devo admitir, que ele é no mínimo bonito, já encontrei deuses antes, todos com aparências peculiares, o mais belo era de longe Apólo, e olhando para o menino ele era tão belo quanto o deus, provavelmente deve ser seu filho, mas eu nunca tinha visto um filho de Apólo desse jeito, sua mãe também deve ser bem bonita para ter saído isso.

Peguei um pedaço de pudim e coloquei lentamente em sua boca, me lembrei da cena de ontem, dele deitado sem roupa, com todas as partes do corpo par fora, quando percebi já estava toda vermelha, "Do que você está pensando sua idiota, você gosta do Luke" tentei focar em apenas alimentá-lo.

Mas parei ao sentir a colher parando, a mão do menino estava segurando a minha mão e com olhos bem abertos na minha direção, seus olhos era de um azul tão claro quanto o céu, rapidamente recuei e abri um sorriso, quanto comecei a falar, ele disse ao mesmo tempo.

- Olá me chamo Annabeth...

- Gebichalehu? Ina mani nehi?

Ele me olhou com um olhar sério, primeiro achei que estava brincando, até perceber que estava falando em um outro idioma que não fosse grego ou inglês, então eu disse:

- Desculpe, eu não falo a sua língua.

Achei que após isso a conversa iria acabar, até estava pensando em chamar Quiron e o Senhor D. Mas ele respondeu.

- Onde estou?

- Você está no acampamento meio sangue, um lugar onde treinamos e protegemos os semideuses.

Ele parecia bem perdido, olhou em volta, depois para o seu corpo, e por fim olhou para mim dizendo:

- Você saberia me informar quem eu sou? Eu não me lembro de nada.

Isso era uma pergunta que eu esperava que ele me respondesse, e ainda mais ele fala de um jeito tão formal, nunca vi um jovem com essa idade falar desse jeito.

- Eu não sei, você surgiu do nada dentro da nossa fogueira, nunca tinha acontecido isso antes, como está se sentindo?

- Acho que bem.

- Isso é bom - Eu disse - Você realmente não é alguém normal, consegue se levantar?

O menino forçou para se levantar, ele estava sem camisa, apenas com uma calça de algum dos garotos que emprestou, somente agora eu pude ver uma marca vermelha em sua barriga, parecendo uma Runa.

- Aqui, use isto.

Apontei para uma blusa laranja do acampamento meio sangue, que estava em cima de um gabinete, ele rapidamente a vestiu e começou a me seguir.

- Você sabe de alguma coisa sobre o solstício de verão?

- Não faço ideia do que esteja falando, eu não me lembro de nada.

Eu olhei em volta me certificando que ninguém poderia estar me ouvindo.

- De nada mesmo? Nada sobre o que foi roubado ou quem roubou? Só temos algumas semanas.

- Absolutamente nada.

Senti o sangue ferver, o mundo poderia entrar em uma guerra a qualquer momento, e esse garoto parecia tão despreocupado, ele era bem pior do que o Percy.

Levei ele até o local onde estavam, em uma varanda com a vista para o mar, eles pareciam estar jogando truco como sempre.

- Aquele é o Sr. D, conhecido como Dionísio - Murmurei em seu ouvido - Ele é o diretor do acampamento, seja educado porque ele é um deus.

Olhei para a sua expressão esperando choque ou surpresa, mas ele continuava com sua cara de poker face, como se ver um deus não era nada de mais, completamente diferente da expressão de Percy, com quem eu levei ele ontem para conhecer eles.

- E esse ao lado dele, é Quiron, um centauro que o ajuda a administrar o acampamento.

Ambos caminhamos até as mesas, eles pararam de conversar para olhar em nossas direções.

- Ah, suponho que devo dizer isto, mesmo não sabendo quem você é, bem vindo ao acampamento meio-sangue e blá-blá-blá.

- Obrigado, você deve ser o deus Dioniso.

O sr. D parou de embaralhar as cartas e olhou para o menino com um olhar cheio de ódio e disse:

- Rapazinho, os nomes são coisas poderosas, você não os saí por aí soltando aleatoriamente.

- Tendi.

Abri um sorriso ao ver que Dioniso estava sentindo o mesmo que eu, esse garoto não pareceu nada normal, como se faltasse algum senso comum nele, Quíron deu um passo à frente e disse.

- E falando em nomes, qual o seu?

- Ele não se lembra de nada, acho que acordou sem memórias.

Respondi rapidamente, eu não queria ser intrometida, mas queria lembrar eles que ainda estava aqui.

- Adan - Respondeu o menino calmamente - Meu nome é Adan, isso eu me lembro.

Senti novamente meu sangue ferver, porque ele não me disse seu nome antes se ele já sabia? Esse garoto parece que faz de propósito.

- Então você não sabe de nada? - Disse Quíron - Sobre o seu passado ou sobre os deuses gregos?

- Nada, minha única memória é o meu nome - Respondeu ele, depois apontou o dedo para mim - Ela foi a última pessoa que eu lembro ter visto.

- Certo, bem, eu nem sei por onde começar, você foi o nosso primeiro caso de alguém que surgiu do nada em nosso acampamento e ainda mais sem memórias - Explicou Quíron - Vamos te dar alguns livros para você estudar, e te proporcionar um treinamento, talvez suas memórias voltem com o decorrer do tempo.

Isso se ele não estiver fingindo também, ele bem que podia ser um infiltrado dos deuses, ou um monstro, não irei abaixar a minha guarda com ele por perto.

- Agora, por favor Annabeth, consegue levá-lo para a chalé 11? - Perguntou Quíron com um olhar sério - Eu tenho coisas a conversar com o Sr. D.

Rapidamente concordei e o levei até a saída, seria bom levá-lo para a biblioteca, porque estava louca para saber o que aquele símbolo em sua barriga significava, talvez eu teria respostas e iria desmascarar ele na frente de todos.