No vazio primordial, Midoki emergiu, dando origem a dois poderosos dragões: Pyndera, o dragão da criação, e Gyndera, o dragão da destruição. Seus imponentes corpos entrelaçavam-se em danças cósmicas, moldando os fundamentos do universo conforme Pyndera infundia energia na criação, enquanto Gyndera desencadeava a força da destruição. A dualidade deles deu forma ao cosmos, estabelecendo os pilares da existência a partir do próprio ser de Midoki.
Com o passar dos éons, o equilíbrio delicado entre criação e destruição foi posto à prova. Pyndera e Gyndera, representações metafísicas da energia criadora e destrutiva, começaram a divergir em suas visões sobre o destino do universo. Pyndera, a encarnação da criação, acreditava que o cosmos deveria ser expandido e enriquecido constantemente, com novos mundos, criaturas e forças surgindo sem limites. Já Gyndera, a manifestação da destruição, defendia que tudo o que existia deveria ter um fim, que a destruição era necessária para evitar o caos e manter a ordem cósmica.
Esse conflito filosófico e existencial fez com que as duas entidades começassem a se opor de maneira mais agressiva. O universo, antes harmonioso, começou a ser abalado pela tensão crescente entre essas forças. O confronto entre Pyndera e Gyndera se tornou inevitável, com cada uma delas buscando impor sua visão sobre a outra, colocando em risco o próprio equilíbrio do cosmos e destruindo parte dele no processo.
No ápice da confrontação entre Pyndera e Gyndera, Midoki, ciente da necessidade de equilíbrio, desfere um golpe transcendental que gastaria sua reserva de energia espiritual. Com maestria, ele sela Pyndera no limbo da vida, transformando-a na força geradora que nutre toda a existência. Ao mesmo tempo, Gyndera é aprisionada no limbo da morte, tornando-se a entidade que conduz as almas podres para o Helheim. Assim, Midoki, ao sacrificar parte de seu próprio ser, estabelece a ordem entre criação e destruição, moldando o ciclo eterno da vida e morte no cosmos que emergiu da sua própria essência.
Com Pyndera e Gyndera seladas nos respectivos limbos da vida e morte, o vazio cósmico é preenchido apenas pelo Shinrei da Eminência, a energia primordial de Midoki. Essa força transcendental, emanando do ser primordial, se desdobra em um espetáculo grandioso. O Shinrei da Eminência tece os fios do universo para reestabelecer o cosmos destruídos no conflito e, dá forma ao multiverso, cria dimensões intricadas e tece as linhas do tempo que fluem através do tecido cósmico. Assim, o Shinrei da Eminência se torna o alicerce fundamental, a matriz que sustenta a existência e a complexidade do cosmos recém-nascido.
Em meio ao silêncio absoluto do vazio, onde apenas as estrelas distantes lançavam seu brilho tímido e fragmentos dispersos flutuavam como ecos de um confronto recém-interrompido, Midoki pairava, observando o espaço à sua volta. Ele sentia o esgotamento de sua energia primordial, a fonte cósmica que o sustentava, enfraquecida pela força que precisara aplicar. Os fragmentos (Fragmentos do Shinrei, como por exemplo a fonte do Caos, Ordem) de sua própria essência estavam espalhados como lembranças distantes de seu poder, cada um representando uma pequena parte da vastidão que ele havia moldado.
Suspirando, Midoki percebeu a realidade inquietante: ele conhecia pouco daquela imensidão que ele mesmo criara. Cada estrela, cada fragmento de energia parecia lhe chamar, desafiando-o a explorar o que, paradoxalmente, lhe era próprio e ainda assim desconhecido. No entanto, esperar pela recuperação de seu poder, simplesmente flutuando nesse vazio infindável, parecia uma eternidade de tédio.
Foi então que uma ideia lhe ocorreu, um impulso nascido da própria vastidão que agora contemplava. Em vez de esperar, ele poderia usar o que restava de sua essência cósmica para recomeçar, renascer em uma forma mortal e começar uma jornada desde o início. Assim, ele poderia viver, aprender e crescer, conectando-se verdadeiramente ao mundo que ele mesmo criara, não como um espectador, mas como alguém que se perderia e se encontraria em cada detalhe dessa realidade.
Sem hesitar, Midoki concentrou o que restava de sua energia primordial. Sentiu o poder condensando-se em seu núcleo, brilhando intensamente uma última vez. A vastidão ao redor iluminou-se por um breve instante, testemunhando seu último ato consciente como entidade suprema. E então, ele liberou tudo.
A forma imaterial e grandiosa de Midoki foi se dissipando, fragmento por fragmento, até que restasse apenas uma faísca de sua essência. Ela flutuou pelo vazio, atravessando estrelas e galáxias, até encontrar um novo lar. Assim, no início de uma nova vida humana, Midoki despertaria em um corpo mortal, frágil e limitado, mas pronto para uma jornada onde cada experiência seria um passo para redescobrir o universo.
As memórias cósmicas de Pyndera, Gyndera e o Shinrei da Eminência permanecem presentes na essência de Midoki, embora estejam seladas. Como um humano no Reino de Lior, essas memórias adormecidas aguardam, latentes, prontas para se revelar em momentos cruciais ou quando a jornada de Midoki exigir o despertar de sua verdadeira natureza cósmica.
Apesar da redução significativa em seu nível de poder, o Shinrei da Eminência permanece dentro de Midoki em sua forma enfraquecida, assemelhando-se a um bebê. As vastas energias que uma vez deram origem ao universo agora se manifestam em uma escala diminuta, com força suficiente apenas para derrubar uma simples formiga. Este estado frágil contrasta profundamente com a grandiosidade anterior de Midoki, apresentando um novo capítulo em sua jornada, onde a potência cósmica aguarda seu renascimento e crescimento.