webnovel

O Outro Mundo

Arthur é um rapaz comum que, durante uma noite de sono, tem sua consciência transportada para outro mundo, para onde diversas criaturas, de muitos lugares diferentes, também foram transportadas há muito tempo. Neste mundo existe magia e criaturas com poderes sobre-humanos lutam pelo poder. Esse é um lugar hostil, onde um descuido pode significar a morte. Ali, a chegada desse solitário novo habitante carrega muito mais significado do que a existência de apenas mais um morador. Significa a chegada de mudança para a ordem estabelecida e agitação na magia de maneiras que podem abalar as estruturas desse planeta. É o primeiro sinal de mudança naquilo que se pensava ser imutável.

Serjento · แฟนตาซี
Not enough ratings
11 Chs

Prólogo e Apresentação

Apresentação.

Ao dormir, todo ser vivo se torna um Viajante. Isso significa que parte daquilo que é chamado de "Consciência" se desprende do resto, carregando-nos em direção a mundos localizados em partes ainda desconhecidas do universo.

Muitos desses lugares possuem coisas que habitam apenas os nossos sonhos. Mundos onde a física é diferente. Onde o tempo não passa da maneira como nós o conhecemos. Onde magia existe e criaturas mitológicas caminham sobre a superfície.

Alguns Viajantes se tornam meros espectadores desse mundo, sem capacidade de influenciar sobre ele. Se derem sorte, esses Viajantes podem retornar aos seus corpos e despertar com a lembrança de um sonho agradável. Outros, ficam presos nesse limbo, incapazes de retornar para casa.

Existe, ainda, uma outra categoria de Viajantes. Estes, são fortes o bastante para criar corpos e se separar totalmente da vida que possuíam antes de ir para um novo lugar. Esses Viajantes passam a habitar esse novo mundo e criam ali suas vidas, sem nunca mais retornar para o lugar de onde vieram.

Essa é uma história sobre esses Viajantes e suas provações num mundo muito parecido com o nosso, mas que é preenchido por elementos e criaturas que se pensava existir somente em nossa imaginação.

**

Prólogo

Como foi que chegamos aqui?

Depois de tanto, será que não conseguiremos fugir?

Depois de todo o nosso esforço e nossa luta? Depois de tanta perda e dor? Depois que demos o que tínhamos e o que não tínhamos?

Será que não bastou a destruição que espalhamos pelo caminho? Ou aquela que já sofremos? Não posso ter paz nem mesmo para pegar os pedaços daquilo que deixei para trás? Já não dei demais em troca de nada?

E ainda assim não há luz? Somente mais dor? Mais perca? Mais desse sofrimento eterno?

Como foi que chegamos aqui?

Será que a culpa foi minha? Alguma curva feita de modo equivocado no caminho? Mesmo o meu melhor não impediu que esse destino maldito se concretizasse?

Como foi que chegamos aqui?

-Você não se lembra? – A voz grave sai lenta e calma da boca do velho ancião, escondido nas sombras da cela.

-Do que eu não me lembro? – Pergunta Arthur, tentando enxergar a grande figura escondida na frente de seus olhos.

-Não se lembra de como chegamos aqui?

-Claro que me lembro. – A voz de Arthur é cansada. Ele olha para o alto e enxerga a pequena fresta na parede de sua prisão. A fraca luz que entra por ali não é confortante. Apenas acentua a escuridão do ambiente. No corredor não há vivalma. Tampouco haveria alguma nos arredores.

Dois prisioneiros deixados sozinhos, trancados numa cela de masmorra.

-Parece que você se esquece que não estaria aqui se tivesse escolhido qualquer outro caminho.

-É justamente isso o que me incomoda. – Suas sobrancelhas franzem em um gesto de dor. – Eu poderia ter escolhido qualquer caminho. Engraçado. Tratei a liberdade como se fosse algo garantido, quando deveria tê-la valorizado.

-Você se arrepende?

A pergunta ressoa pelos corredores vazios. Ecoa nas poças d'água suja que pingam nas celas vizinhas. Balança as memórias na cabeça de Arthur.

-Como poderia me arrepender? – Sua voz embarga. – Como poderia ter escolhido de modo diferente?

-É isso o que seus olhos não viram ainda. – O velho ancião se inclina para frente. Sua grande figura se coloca sob a luz por um momento e o grande ogro de pele acinzentada e de olhos negros como a noite abre sua bocarra. – É o que sua mente já entendeu, mas seu coração recusa a acreditar.

-E o que deveria ter feito? Deixado todos para trás? Deixado que morressem?

-Eventualmente, todos morreriam de uma maneira ou de outra.

-E o que aconteceria então? Eu teria vivido que tipo de vida?

-E pensa que a vida que viveu é algo para se orgulhar? Não se engane, humano. Se acabou nessa masmorra, não é por ter tomado as decisões corretas.

-Então é assim? É o que se ganha ao proteger e amar? E depois o quê? Morrer de fome, sede ou devorado por um ogro?

-Eventualmente, todos morrem de uma maneira ou de outra. Você teve a oportunidade de lutar por algo antes disso. Deveria ser grato.

-Claro. Gratidão. É exatamente o que eu sinto nesse momento.

*Arthur – o Destruidor – e Graer Maetar – antigo líder dos ogros.

*

*