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Capítulo I

Uma energia quente inundou minha pele, calorosa como um dia de primavera. A brisa me tocou, os olhos aos poucos sendo abertos, mas se fechando assim que a luz me cegou e machucou, mesmo quando levei as mãos ao rosto em busca de um pouco de conforto. 

 

Era tudo muito novo e mesmo o aroma doce no ar, demorei para criar coragem de finalmente abrir os olhos, primeiros passos demorados e assustadores. Eu definitivamente me senti um recém-nascido e os entendi perfeitamente: o novo é um inferno irritante! 

 

—Uma novata? — Escutei os sussurros como se fossem do meu lado e irritado, abaixei as mãos procurando a pessoa que teve coragem de falar aquilo. 

 

A visão era bela, mas dolorosa, as construções medievais — casas de madeira em um tom areia com longas vigas de carvalho onde videiras se alastravam e tomavam espaço, sustentavam o peso de seus detalhados telhados de tijolos — as ruas de pedra e cascata tomadas por placas de lojas e tendas com produtos diversos. 

 

Onde eu estava? Se quer que houvesse escolhido a cidade onde queria nascer, se isso fosse possível de fazer. Suspirando, tombei minha curiosidade agora para como era de fato estar naquele corpo que havia criado. 

 

Movi as mãos e não parecia ser nada diferente de mim mexer em meu mundo, olhei para meus pés me surpreendendo com o quanto era esguia e alta, talvez um metro e setenta? Dei um passo vendo que estava descalça e agora finalmente absorvendo outras sensações que não fossem a dor causada pelo sol. 

 

Minha vestimenta era simples: um vestido branco que ia até meus joelhos e farfalhavam com a brisa quente, meus pés tocando o solo sem qualquer proteção e aqueles longos fios noturnos que vez ou outra necessariamente colocados atrás de minha orelha para ter noção de meu corpo. 

 

— Devia ter escolhido um cabelo menor — Reclamei novamente jogando os fios para trás, suspirando de forma frustrada — Se ele me atrapalhar assim toda hora eu vou cortar. 

 

 

Erguendo minha cabeça, de alguns passos, os olhos curiosos indo de um canto a outro, de placas baixas o comércio para cada construção, cada rua, cada pequena planta como tudo que era novo e me deixou intrigada. Eu sabia que minha atitude não era normal, escutava as vozes ao redor de transeuntes que julgavam e se a cada um eu dedicasse tempo brigando, iria me frustrar atoa. 

 

Mas eu preciso acima de tudo para me concentrar em melhorar, certo? Eu deveria conseguir avançar de nível e conseguir dinheiro e também uma roupa melhor. Olhando para as armaduras vibrantes e as armas tão diversas, saber que sequer tinha algo assim me deixava um tanto frustrada. 

 

— Eu não entendi nada desse jogo — Choraminguei dando um leve tapa na minha cabeça, eu deveria ter pesquisado melhor antes de fazer essa loucura. Leia sobre como conseguir materiais ou algo assim. 

 

Se eu sair para pesquisar como conseguir o mínimo no começo, duvido que eu vá voltar hoje novamente para o jogo. Se eu tiver certeza, deve ser quase umas oito e meia ou nove horas... Será que eu consigo alguma ajuda? 

 

Olhando para os lados vi uma silhueta sentada em uma pequena mureta de pedras irregulares, as vestimentas eram uma capa preta que cobria parte do seu corpo, o resto estava escondido de meu campo de visão pela construção. Me aproximei, quem sabe esse não seria o meu salvador? 

 

— É... Desculpa atrapalhar... — A minha voz também era diferente, mais grave e até atraente. Uau, eu fiz umas boas escolhas com essa pequena beleza aqui — Eu preciso de algumas informações. 

 

Dando a volta na mureta, pude ver agora melhor a pessoa que estava pedindo informações. Os fios loiros como ouro escapando de seu capuz, os pés balançando em um ritmo despreocupado, era uma mulher e quando afirmou o rosto para me observar com um sorriso enorme pude notar o quanto era linda. 

 

Sua íris era em um dourado radiante como âmbar e longos especiais que davam aquele rosto tão jovial, mas que exalava algo no qual não podia confiar, delicadeza. Seus lábios rosados ​​se abriram com um pequeno sorriso me olhando de cima para baixo. 

 

—Sobre? — A voz era melodiosa, atraente como as de uma sereia. 

 

— Eu sou novata e queria saber onde posso encontrar monstros fracos para derrota — Pedi orientação a vender um pequeno salto de onde estava, as vestes farfalhando com sua movimentação ligeira. 

 

— Hum... Me deixe lembrar... — Levando o dedo até o sono inferior dando pequenos toquinhos, pareceu pensativa até finalmente me olhar novamente — Tem uma pequena floresta ao norte onde os monstros são de nível inferior. 

 

Apontando para a região, deu uma pequena risadinha antes de se mover para mais perto de meu personagem ainda observando de forma suspeita minha aparência — Siga reto e você vai chegar em cinco minutos lá — continue a dizer sem parar de sorrir. 

 

— Certo — Mesmo que algo em minha mente falasse o quanto aquela loira era suspeita, a descrição de que alguém ganharia algo me enganando me fez crer em sua inocência — É só seguir reto, né? 

 

— Isso mesmo, isso mesmo — Repetiu enquanto se afastava de mim com passos largos e leves — Bem, eu preciso muito ir agora. 

 

— agradeço a atenção — Falei começando a andar antes de voltar olhar para trás vender a mulher se sentar novamente naquela pequena parede — Obrigada. 

 

Andei pelo que foram cinco minutos. As estradas que antes eram até que melhor organizadas agora viraram pedras espalhadas de forma desniveladas e em pequenos grupos separados, terra e grama invadindo o caminho até se tornar apenas ela abaixo de meus pés. 

 

A floresta era linda, grandes árvores de fartas copas de galhos e folhas verdes, os arbustos também mostravam uma fertilidade tão solo com seus tons vibrantes e suas flores de pigmentação marcantes em uma variedade de cores. Andei caminho pelo, agora árduo, com mais cuidado, desviando os galhos da minha frente com as mãos e os pés sempre bem posicionados para evitar pequenos acidentes como escorregadores. 

 

— Será que falta muito? — Questionei, mesmo fazendo todo o percurso só, havia sons que me acompanhavam durante o percurso, sendo esses de animais como o canto de pássaros ou o andar de algum pequeno roedor. 

 

Mas agora, distante da entrada da floresta e mais ainda da civilização, o que parecia apenas barulhos de pequenos seres inofensivos viraram urros e rosnados — distantes, mas aterrorizantes — ou passos e galhos se quebrando. Parei, seria melhor meter o pé daqui enquanto ainda dava tempo. 

 

Com esse pensamento, me virei para fazer o caminho de volta aceitando o medo e a derrota. Os primeiros segundos foram tranquilos e davam a sensação de que nada de ruim aconteceria, no entanto, os filhos antes distantes se chegaram perto demais. Acelerei no passado, sei tomar mais tanto cuidado em onde estava pisando, evitando apenas não correr para que minha localização não fosse revelada — se isso já não tinha acontecido e somente agora notei. 

 

O uivo se tornou quebra de galhos e o som de pássaros agora era de algo que vinha em minha direção em alta velocidade. Comecei a correr e mesmo cansada, tentando desviar de meus obstáculos sem diminuir a velocidade, mas a dor veio quando algo pesado trombou contra minhas costas me fazendo cair no chão. 

 

Era pesado demais para se levantar, tinha um cheiro fétido de podre como carniça, mas acima de tudo, suas unhas eram afiadas demais para que apenas um toque ferisse minha pele. A criatura rosnou e levantou as duas patas dianteiras, pisou com o impacto em minha caixa torácica arrancando um grunhido de meus lábios. 

 

Ela fez esse mesmo movimento outra vez, desta, usando as unhas para deslizar e ferir meu corpo. Olhando para o que iria tirar minha vida, vi o que parecia ser um lobo ou lobisomem, com seu focinho cumprido e olhos vermelhos como sangue, a mandíbula aberta com suas presas sujas e uma baba grossa escorrendo de sua boca. 

 

Tentei puxar meu corpo, mas o peso das pernas traseiras em cima da minha lombar não deixou que eu sequer saísse do lugar. O mesmo movimento e dessa vez um fio de energia atravessou meu corpo desligando todas as sensações de meu corpo, ele havia quebrado minha coluna e eu seria sua vítima. 

 

Eu sabia um pouco sobre o sistema de vida em jogos, mas tinha certeza de que não demoraria para que eu morresse. Eu iria ser desligada do jogo? Ou renasceria? Maldita loira que me deu essa informação! Espera, eu que fui idiota de obedecer a uma completa estranha! Burra, burra, burra e burra! 

 

Mais filhos vieram, era um farfalhar que vinha do topo. Olhando para cima vi as copas sendo balançadas com o peso de algo que se aproximava muito rápido e sem saber se era o decreto do meu fim ou salvação, olhei pela última vez agora um dos galhos mais próximo de onde estava caído balançar e uma silhueta cair de lá. 

 

Era como um anjo, que descia a terra com suas enormes asas abertas e a espada do julgamento final posta em sua mão. Mas aquele anjo era loiro, as asas uma capa que farfalhava com a queda do corpo que empunhava uma faca de tamanho médio e um sorriso sádico. 

 

Senti algo melado cair em meu rosto, mas sem poder mover meu corpo, apenas com o canto de minha visão notei o monstro sobre eu ceder ao golpe. A visão agora se tornou mais escura, deveria ser meu fim. 

 

Parabéns, amor por desbloquear a conquista "Herói". Uma voz robótica anunciada e isso só me fez ficar ainda mais irritado com tudo isso. Como assim conquista herói? 

— Não acredito que deu certo — A figura feminina gargalhou enquanto escondia em sua vestimenta sua adaga — Essa foi tão fácil! Oh garota, sua mãe não te falou para não confiar em desconhecidos? 

 

Eu não consegui responder, sorte a dela, pois não estava com humor para piadinhas. Escutei seus passos, a loira agora estava na minha frente e eu analisava pensativa antes de puxar de sua capa um pequeno frasco de vidro que brilhava em uma cor azulada. 

 

— Você está bem fodido desse jeito, mas vou dar uma força — Destampando o frasco, deixou que todo o líquido caísse em meu rosto. 

 

Não demorei para que a luz irradiada pelo conteúdo agora tomasse meu corpo fazendo eu sentir uma dor ferrenha antes de tudo acabar. Mexi os dedos da minha mão e depois meus braços antes de criar confiança para mover o cadáver sobre meu corpo e por fim me levantar. 

 

Eu estava imunda, da cabeça aos pés, mas o que me afetava naquele segundo era a raiva que queimava dentro de mim, um mercúrio em superioridade. 

 

— ESCULTE AQUI LOIRINHA! — Gritei indo pra cima da silhueta feminina que desviou com um pulo ágil enquanto ria — Por que você fez isso? 

 

— E por que eu não faria? — Respondeu de forma simplista, sem parar de sorrir ou desviar de minhas falhas tentativas de a socar — Uma idiota veio pedir ajuda e eu apenas ajudei. 

 

— EU QUERIA MONSTROS FRACOS! 

 

— Mas esse é um — E dando de ombros, parou de se mover, agora mais sério — Você não tinha nenhuma arma para se defender? Essa coisa é um nível três. 

 

— Eu sou nova no jogo — Ainda irritada respondi, mas agora parando de correr atrás gastando ainda mais minhas energias — Nem sei que classe eu sou. 

 

— Como não? Vai me dizer que não lembra nem o que escolheu — Gargalhou, mas logo parou ficando séria — Oh não, sério? 

 

— Claro que não! Eu fiz uma fusão de aulas, mas o sistema deu erro e apenas me joguei aqui — Com a resposta, a loira ficou ainda mais pensativa. 

 

— Ativar habilidade: ladra — Levantando a mão e contando o comando, um círculo cheio de pequenos desenhos brilhou entre seus dedos. Eu estava sendo roubado? Espera, ela agora iria me roubar? EU NÃO ACREDITO NISSO! — Que estranho... Você tem um punhal de pedra e uma espada velha. 

 

E abaixando a mão, o círculo se tornou poeira amarela. Antes que eu fosse para cima dela imaginando que novamente ela havia me roubado, me cortou com sua fala: 

 

— Diga: ativar status — Copiei sua fala vendo um pequeno quadro aparecer sobre meus olhos. Nele continha meu nível, vida e força, mas onde deveria estar a classe possuída apenas um círculo branco —E então? 

 

— Nada — Ela repetiu minha resposta com descrição — Como nada? Descreva. 

 

— Um círculo em branco e só. 

 

— Você é um defeito de jogo? — A voz era baixa, mais para si enquanto pensava sobre o assunto — Então... 

 

— Raven. 

 

— Então Raven, eu conheço uma pessoa que talvez possa te ajudar e... 

 

— Parou, parou! Você acha mesmo que vai confiar em você depois do que fez? — Essa loirinha era incrível! Como ousa achar que eu era tão inocente e idiota assim! 

 

— Na verdade eu tenho certeza, afinal não tem muita gente que vai perder tempo com uma novata nível um — E sorrindo de forma sarcástica, deu alguns passos de forma descontraída — Certo, eu vou fingir que você não ofendeu minha índole e novamente oferece ajuda . 

 

— E eu irei novamente recusar por não ser idiota — Respondi de forma ríspida a vendo fechar a cara. 

 

— Você é uma idiota, Raven. 

 

— Não, você que está pensando em ir cair em mais um de seus truques. 

 

— O VOCÊ tem nome e é Love — Suspirando, novamente tentei argumentar — Olha, não começamos com o pé certo, mas não vamos terminar com o pé errado. Confie em mim dessa vez, eu realmente conheço uma pessoa que pode ajudar. 

 

— Onde ela está? 

 

— Em uma cidade alguns dias daqui — Sorriu e isso me fez bufar fogo. 

 

— Novamente me enganando, amor. 

 

Ela ficou quieta por alguns segundos antes de aparecer uma pequena tela sobre meus olhos: você gostaria de adicionar Love como amiga? 

 

— Vamos fazer o seguinte: amanhã as deznove horas nos encontramos e discutimos se você vai ou não aceitar minha ajuda — E sorrir, livremente o capuz para perto do rosto — Até lá vai pensar e vê se toma a decisão correta que é escolher me acompanhar . 

 

E sem que eu pudesse a ofender ou mandar para algum lugar, ela desapareceu da frente. Só que eu tinha restado naquela floresta e não estava muito a fim de virar comida para lobo gigante, então abri meu menu e sai do jogo.