Saio da aula de canto e vou direta para casa, sem nem esperar pelo Dave. Durante o caminho, mando uma mensagem ao Dave que fui embora para casa sozinha e coloco os fones, começando a ouvir o novo álbum da Olivia Rodrigo. Caminho distraída, apenas cantarolando baixinho as músicas, até ir contra alguém.
- Vê lá por onde… - digo antes de levantar a cabeça e paro de falar assim que vejo a figura masculina à minha frente olhar-me de cima a baixo, deixando-me com nojo. É um rapaz alto, moreno com cabelo cacheado e olhos castanho esverdeados que fazem qualquer um se perder naqueles olhos maravilhosos, mas que pelos vistos é um nojento - andas. Vê lá se tens cuidado - reclamo voltando à realidade.
- Ó miúda tu é que tens de ter cuidado, eu estava a andar muito bem até tu vires contra mim - o gajo (vai ser gajo mesmo, porque não sei o nome dele e um rapaz ou homem não trata assim uma rapariga) diz rude.
- Acalma-te lá que não estás a falar com a tua mãe e não me tratas por miúda, pois não me conheces de lugar nenhum e mesmo que conhecesses não me tratas - eu digo e ele revira os olhos. - Nem te vou dar mais trela, porque já percebi és daqueles gajos estúpidos que não sabem respeitar uma mulher, então adeus e vê lá se não vais contra mais ninguém - critico-o deixando o irritado e viro costas, ouvindo dizer "pitinha" e sigo o meu caminho até casa.
Chego a casa, comprimento a minha mãe e subo para o meu quarto e deito-me na cama a descansar, acabando por adormecer.
Acordo no dia seguinte cheia de dores no pescoço por ter adormecido de forma desconfortável, levanto me e preparo me para a escola.
Visto uma t-shirt da Levi's e umas calças de ganga, calço os meus Adidas brancos, pego numa maçã e saio de casa rumo à escola.
Chego à escola e encontro as minhas amigas junto do Dave à porta e direciono-me a eles.
- Bom dia! - cumprimento-os e dou um beijo ao Dave.
- Bom diiia! - Liza responde toda alegre, fazendo me desconfiar.
- OK o que se passa? A Liza nunca acorda bem-disposta, algo não está bem - pergunto sem perceber o motivo da felicidade desta.
- Olha dou te uma pista tem algo a ver com o Justin - Isa responde pela Liza, fazendo soltar um "Hmm".
- Está calada, eu conto. Então pode se dizer que a Elizabeth, ou seja eu, desde ontem à tarde que já não está solteira. O meu coração de gelo foi derretido completamente e posso dizer que estou apaixonada - Liza conta toda entusiasmada e eu só consigo ficar feliz por ela.
- Devo confessar que o Justin está de parabéns, ele conseguiu fazer algo que eu já não achava ser possível - digo fazendo-os rir.
- Também não exageres, tu sabes que eu e ele já estávamos a ficar sério algum tempo, portanto não foi algo que aconteceu do nada, até porque eu não sou dessas que se atira para uma relação ao primeiro beijo - Liza explica.
-Eu sei, eu sei. Mas a verdade é que seria preciso muito mais do que "algum tempo" para ele conseguir te conquistar completamente, porque convenhamos que tu não és uma pessoa fácil de conquistar - eu concluo e todos riem por saberem que é verdade, até mesmo o Dave que a conhece há pouco tempo sabe disso.
- Falando no Diabo - Isa diz olhando para trás das costas da Liza, onde vê o Justin a vir na nossa direção.
- Bom dia a todos e bom dia amor! - o Justin cumprimenta-nos e depois cumprimenta Liza com um beijo demorado.
- Ai tanto mel, acho que vou ficar enjoada - eu digo gozando com o casal.
- Menos muito menos - Liza diz utilizando a minha frase habitual. - E se estás com inveja agarra te ao teu "amigo" - ela diz fazendo aspas em amigo.
- Olha se queres saber agarro me mesmo - digo isto e puxo o Dave para mim iniciando um beijo de língua demorado e bem intenso.
- Ó casaizinhos acalmem se lá que eu não quero ficar aqui a segurar a vela - Isa diz fazendo nos rir. - É já agora vamos entrar que estar à porta da escola a fazer de porteira não é minha cena - ela diz virando as costas e fazendo com que a sigamos para dentro da escola.
Entramos dentro da escola e seguimos em direção aos cacifos, onde Thomas vem ao nosso encontro.
- Olá pessoal! - ele cumprimenta-nos e começa a olhar na minha direção e consequentemente na direção do Dave por este estar ao meu lado e este apercebe-se disso, pois coloca o seu braço à volta dos meus ombros e puxa-me para ele, como se a dizer que eu já tinha dono. Isso pode parecer possessivo, mas para mim foi mais um gesto a demonstrar que gosta de mim, que tem ciúmes e que me quer apenas para ele, fazendo me feliz.
- Olá Thomas! Então tens novidades? - Liza diz tentando amenizar o clima por perceber que as coisas ficaram estranhas depois do olhar do Thomas e do gesto do Dave.
- Por a caso tenho - ele diz virando-se para ela. - Há um aluno novo na escola, ele é um ano mais novo do que nós e pelo o que sei ele teve um acidente há cerca de 2 anos e ficou sem andar uns tempos, mas com a fisioterapia conseguiu voltar a andar, ainda assim não consegue praticar desporto e isso é tudo o que sei sobre ele. Acho que não vem hoje, pois ainda não chegou e falta menos de um minuto para tocar - Thomas conta.
- Porra como é que tu sabes essa informação toda sobre ele? Também que tu és basicamente o jornal da escola, pois sabes sempre tudo, mas saberes essas informações todas sobre o gajo também já é demais para ti - a Liza concluiu.
- Eu tenho os meus recursos que neste caso foi ter ouvido a conversa de uns stores - ele diz orgulhoso, fazendo-nos rir.
O nosso riso é interrompido pelo toque, fazendo-nos ir para aula. A caminho da sala, o Dave puxa-me para ele e pergunta-me ao ouvido:
- Terminamos hoje o trabalho em minha casa?
- Pode ser - eu assinto e roubo-lhe um selinho, antes de seguir o caminho para sala.
A manhã passa rápido com algumas aulas chatas, resultando em eu a tentar prestar atenção, mas acabando sempre por me distrair ou com Leon ou com Dave ou com outra coisa qualquer. Quando a última aula termina, eu e o Dave saímos sem esperar por ninguém e seguimos até casa dele.
Assim que chegamos a casa dele, casa essa que cabia se for preciso 2 ou 3 casas iguais à minha, sendo que a minha casa nem é pequena, ele pede comida, porque segundo ele não lhe apetece fazer comida. Ficamos à espera da comida, assistindo um filme que estava a dar na TV. A comida chega ao fim de 10 minutos e nós atacamos logo esta por estramos cheios da fome.
Após o almoço, lavamos a louça que utilizámos e subimos para o quarto dele para terminarmos o trabalho.
- Finalmente acabámos - eu digo ao fim de uma hora a fazê-lo.
- Verdade. Fazemos uma boa equipa - ele conclui.
- Pois fazemos e o que vale é que não fazemos uma boa equipa apenas na escola - eu digo com um tom de voz malicioso.
- Concordo, fazemos uma boa equipa em vários sítios e o melhor deles todos acho que é aqui em minha casa - ele diz aproximando-se de mim lentamente.
- Ah é? Então diz me lá uma maneira em que nós fazemos boa equipa aqui em tua casa - eu digo entrando no jogo dele.
- Então acho que melhor do que dizer é mesmo demonstrar - ele diz e puxa-me para ele, acabando com a distância que ainda existia entre nós e beija-me com intensidade, misturando a nossa língua num ritmo perfeito.
Entre beijos, ele levanta-me da cadeira que estava sentada e leva-nos em direção à cama, onde se deita por cima de mim, deixando cair o seu peso todo, dando para sentir o seu pau já ereto debaixo da calça dele, o que me faz ficar molhada.
Ele vira-nos na cama ficando por baixo e desce a sua mão até à minha camisola, pronto para a tirar quando ouvimos alguém a bater a porta da rua, fazendo me sentar na cama com medo de verem o que estávamos a fazer.
- Parece que acabou a privacidade, portanto é melhor irmos lanchar - ele sugere e eu apenas assinto. - Mas antes vou guardar o nosso trabalho numa pen para não existir o risco de perdermos tudo.
- Então enquanto tu guardas o trabalho, eu arrumo as coisas na minha mala e quando descermos levo-a já para baixo para depois ir-me embora após o lanche.
Enquanto arrumo as coisas na mala abaixada oiço alguém entrar no quarto e dizer de forma rude:
- Boa tarde - levanto-me para ver quem é e vejo um homem parecido com Dave que nota a minha presença. - Uau filho afinal tens amigas, mas vê lá se não a matas, como fizeste com o teu amigo - o homem que agora descobri ser o pai de Dave conclui direcionando-se ao filho, demonstrando pouco interesse em me conhecer.
- Dave eu afinal vou indo, não quero incomodar ninguém, por isso vou andando - eu digo e despeço-me deste com um beijo na cara e saio do quarto rumo às escadas.
- Anne não precisas ir já - ele diz, mas eu nem viro as costas, pois só quero sair daqui. Chego ao fim das escadas e oiço Dave gritar com o pai - Pai eu já disse que não matei ninguém e que a culpa do acidente não foi minha.
Sem perceber nada, saio da casa do Dave confusa por aquilo que o pai deste disse e com muitas perguntas na minha cabeça: O Dave matou alguém? É este o motivo pelo qual as pessoas não gostam dele? Porquê que o pai do Dave diz que ele matou alguém e ele diz que não? Se o Dave está a dizer a verdade porquê que ele diz que a culpa do acidente não é dele? A culpa de que acidente?