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Uma Loba sem Alcatéia, parte 1: O Despertar da Grande Ursa

V olhava a terrorista com total descrença, não era possível que depois de torturá-lo por três longos anos ela tinha a cara de pau de dizer que nunca se encontraram antes?

V: O nome Victor Valentine não te lembra nada?

Verônica fica pensativa por alguns segundos, como se buscasse no fundo de sua mente algo relacionado a esse nome.

Verônica: Nunca conheci ninguém com esse nome./ Outra vez? Por quanto tempo ela manteria essa farsa?

V: E V? Não te lembra ninguém?

Verônica: Nunca vi ninguém com esse apelido.

V: NÃO É UM APELIDO!

Os olhos do moreno estavam tomados por uma completa escuridão, sua voz pareciam ser duas pessoas falando ao mesmo tempo, e com seu grito de fúria, ela sente o prédio inteiro tremer, o chão em volta do MB  rachava, o quer que fosse esse poder, ela deveria ter cuidado com suas próximas palavras, ou ele derrubaria o prédio inteiro em cima dela.

V: PARE DE SE FAZER DE IDIOTA, VOCÊ SABE MUITO BEM QUEM EU SOU! MINHA VIDA FOI UM INFERNO POR SUA CAUSA!

V estava completamente furioso, e a cada palavra furiosa que ele cuspia fazia o prédio tremer e o chão rachar cada vez mais.

Verônica: Eu tô te dizendo, nunca vi você na vida, acho que tá me confundindo com.../ Ela interrompe a própria fala ao se lembrar de algo./ Ah, você deve ter conhecido a original.

V: ORIGINAL? DO QUE VOCÊ TÁ FALANDO?/ A raiva ainda estava presente, mas agora havia também dúvida.

Verônica: A pergunta de um milhão de dólares: O que rodas as El Clonado tem em comum?

V: SÃO TODAS... clones...

Ao finalmente perceber a verdade, os olhos do moreno voltam ao normal e o prédio para de tremer.

V: Você não é a Verônica...

Verônica: Esse é o meu nome, e o da original também.

V estava pensativo, ele quase havia perdido o controle e atacado a pessoa errada, mas ele se lembra que aquela Verônica ainda era uma terrorista, ela o deixaria ir? Ou tentaria matá-lo por ver seu rosto e saber seu nome?

V: Peço perdão pela confusão, você sabe onde a original está agora?

Verônica: Não e nem quero saber, é por causa dela que eu estou nessa situação.

V: Que situação?

Verônica: De eu estar presa às El Clonado, se não fosse por ela eu nunca estaria com elas./ O moreno queria perguntar o motivo, mas decidiu não pressionar mais.

V: Por isso matou elas?/ Ele diz se referindo às El Clonado mortas.

Verônica: Isso aí, eu não tenho empatia por elas.

V: Não pode simplesmente sair do grupo?

Verônica: Uma vez na organização, você só sai morta.

V: Não há nada que você possa fazer?

Verônica: Tem sim, eu vou destruir elas, todas elas, vou destruí-las de dentro pra fora.

Ao dizer isso, uma chama de determinação crescia em seu olhar, a mesma chama que V via no olhar de Astrid quando a mesma jurou lhe ajudar a enfrentar seu pai.

V: Talvez eu possa ajudar.

Verônica: Me ajudar? Eu mal te conheço.

V: E ainda sim temos algo em comum.

Verônica: E o que seria isso?

V: Ambos temos ódio pela mesma pessoa.

V dizia isso com uma expressão de puro ódio e a clone entendeu algo naquela hora: Se a Verônica "original" voltasse a aparecer, nada iria salvá-la, ninguém seria capaz de pará-lo, a única coisa que ela poderia fazer seria rezar para que sua morte viesse rapidamente.

Por isso, ela via nele um possível aliado, se ele virasse sua fúria contra as El Clonado, seus planos se concretizarem mais rápido do que ela imaginava, além disso, seria um ótimo bônus ver a "original" tendo o que merecia.

Verônica: Façamos assim: Você me ajuda a acabar com essas terroristas de merda e depois vamos caçar a original juntos.

V: Parece bom, mas já sabe o que acontece se me trair não é?

Os olhos dele escureceram ao dizer isso, o que arranca um sorriso sarcástico no rosto da clone, mas antes de respondê-lo, seu rádio recebe uma chamada.

Rádio: Verônica, tá aí? Nós vimos três mulheres saindo de fininho do shopping, quer que a gente vá atrás delas?

V sente seu coração disparar ao ouvir isso, Astrid corria perigo.

Verônica: São suas amigas?/ Essas palavras o confundem, em momento algum ele mencionou estar acompanhando.

V: Como você sabe?/ Ela dá uma risadinha antes de responder.

Verônica: Senti o cheiro delas.

O cheiro? Ela tem algum tipo de olfato apurado além dos poderes de gelo? Antes de poder perguntar a clone ela já pegava o rádio e respondia.

Verônica: Negativo, retornem ao ponto de encontro.

Após alguns segundos, a voz do outro lado responde.

Rádio: Afirmativo.

Verônica estava prestes a desligar o rádio quando a voz manda outra pergunta.

Rádio: A propósito, por que as outras não respondem os rádios?

Qualquer um entraria em pânico nessa hora, mas não Verônica.

Verônica: Elas desobedeceram minhas ordens e foram executadas.

V: Você tá louca?! Elas vão-

Rádio: Entendido, estamos esperando você.

V soube naquele instante que aquela não era a primeira vez que ela matava alguém de seu próprio esquadrão, só isso explicaria a normalidade de como a situação foi tratada.

Verônica: Vamos./ Ela diz já se virando para sair do shopping.

V: Vamos?/ Ela o olha por trás do ombro.

Verônica: Temos que garantir que elas  vão mesmo me obedecer.

Essas palavras trazem de volta as preocupações de V, ele lembra de ter ouvido que as El Clonado tem ligação com o tráfico de pessoas, só de imaginar uma coisa dessas acontecendo a Astrid... Ele se enchia de medo... E de fúria.

Com Astrid...

Mesmo após todos os protestos de Astrid, as duas espadachins a arrastaram para longe do shopping. Depois de alguns metros a grisalha já não reclamava mais e andava por conta própria mas uma sensação de estar sendo observada a incomodava cada vez mais.

Bright: Você também sentiu? Não entre em pânico, mas estamos sendo seguidas./ A empresária sussurra ao perceber o incômodo dela.

Astrid: E como quer que eu NÃO entre em pânico?/ Ela sussurra tentando manter a calma.

Hanako: Estamos perto de um dos nossos armazéns, estaremos seguras lá.

Apesar da calma de Hanako, a espadachim não tirava as mãos de sua katana, pronta para cortar qualquer coisa que se colocasse em seu caminho.

Após alguns metros e um silêncio tenso, as três chegaram a uma parte abandonada do Brooklin.

Astrid sentia calafrios ao andar por aquele cenário apocalíptico, como se a qualquer momento uma horda de zumbis sairia de uma das casas para os devorar, e pior: Ela teria que se esconder em uma delas.

Aos poucos, a grisalha foi se lembrando do motivo daquela área estar naquele estado. O número de ataques por animais selvagens naquele bairro era astronômico e não eram só predadores, animais herbívoros também eram os assassinos.  

A situação era tão crítica que os moradores não viram outra opção senão abandonar o lugar. Essa história era muito antiga, Astrid se lembrava de passar por perto do bairro ainda pequena e o lugar já estava em ruínas.

As três finalmente param de andar, a sua frente estava o lugar mais afastado da cidade.

Bright: Chegamos, eu até diria pra você se sentir em casa, mas isso não seria possível.

As três adentram um dos prédios. Lá dentro, Astrid é atingida pelo forte cheiro de poeira e podridão, uma espécie de mofo negro infestava as paredes, o chão e os poucos móveis que ainda restavam e as janelas quebradas do local deixavam a luz do sol entrar.

Se não fosse forte a grisalha teria vomitado só de olhar para aquele lugar, enquanto ela se recuperava do choque inicial, Bright jogava o tapete velho e desgastado para o lado e depois puxa uma tábua solta no chão.

De dentro, a morena retira a arma que lhe tornara uma espadachim, o cabo feito com madeira escura com o símbolo de uma meia lua entalhada, o elegante guarda mão feito de ouro descia como uma pequena grade protegendo a firme mão da espadachim sobre o cabo e enfim, a grandiosa lâmina, medindo exatos 80 centímetros, feita de prata e com uma afiada ponta, essa rapieira era a elegante Meia-Lua, uma espada capaz de usar a própria luz refletida da lâmina como uma arma.

Astrid: Uau.../ Bright sorri ao ver o olhar embasbacado da grisalha.

Bright: Aposto que nunca viu uma arma tão elegante, não é?

Astrid: Com certeza, nunca vi uma espada tão bonita.

Hanako: Infelizmente você não vai poder vê-la em ação, vá pro andar de cima.

Astrid: Ué, por quê?

Bright: Você só vai atrapalhar./ A afirmação da empresária acaba ofendendo Astrid profundamente.

Astrid: Pra sua informação eu sei lutar muito bem!

Hanako: Lutar bem não vai te tornar aprova de balas.

Astrid: E nem vocês...

Bright: Não se preocupe com a gente, vai logo lá pra cima.

A grisalha sai revoltada dali, por que todos a subestimam tanto? Ela podia não ser a mais forte lutadora de todas, mas ainda sim não precisava ser tratada como uma criança indefesa. Ao chegar no segundo andar, ela senta em um sofá como uma criança birrenta.

De repente, seus olhos se fixam em um ponto na parede onde o mofo negro era mais presente e o forte cheiro de podridão ataca seu nariz novamente, aquele odor parecia estar muito mais forte e irritava tanto suas narinas quanto a própria Astrid. 

Como se estivesse em um flashback, ela começa a se lembrar dos últimos dois dias, de como Rose a impediu de ajudar V contra seu pai, de como foi sequestrada por Garren, de ter vindo ajudar seu namorado e ser afastada por não a acharem forte o bastante.

As lembranças e o cheiro do mofo causavam uma intensa raiva em Astrid, ela cerrava os dentes e apertava os punhos sem perceber que um pelo amarronzado crescia por todo o seu corpo, suas unhas se tornando garras e os dentes se afiando em sua boca.

???: Achei uma galera.

Uma voz sussurra atrás de Astrid, era uma das El Clonado, as terroristas decidiram ignorar as ordens de Verônica e foram atrás das três.

A El Clonado se aproximava lentamente com sua arma apontada para a grisalha, ao chegar a metros dela, Astrid se vira, mas ela não era mais humana...