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Folhas sob o chão

As folhas descansam sob o chão do pátio endurecido da escola, não são verdes, nem azuis, tão pouco se parecem com as pétalas roxas de uma orquídea, tais folhas eram como chamas que não se apagam mesmo com água, elas caem quando o calor alegre se encerra, dando lugar ao gélido, soturno, e solitário frio.

Uma semana antes

Meus pais pouco entendiam essa minha fixação com essa estação tão calma e até triste, mas de certo modo tal fascínio não vinha do clima ou dos eventos, mais sim de como tudo se tornava belo quando o brilho amarelo das aboboras reluziam nas folhas.

Em passos vagarosos eu atravesso a cidade, a cada segundo fora de minha casa eu era agraciado com aquelas labaredas flutuantes.

As ruas que em grande parte do ano era cinzenta, sem vinda, ou mesmo sombria pelos elementos que circundavam ela ao anoitecer, quando o outono se aproxima sinto como se estivesse em outra cidade.

Mas uma coisa nunca muda, de muros desgastados, degraus pichados, e letreiros em decadência, meu pequeno porém lunático colégio sempre teria em seu amago uma toxicidade capaz de deixar qualquer um a uma passo do abismo que chamo de loucura 

Seus corredores tomados pelo metal que forjou os armários de cada aluno, bem como a testosterona exalando dos corpos musculosos e descerebrados de atletas de queixos mais quadrados do que um cubo

No mínimo o aroma de lavanda inundava meu nariz, esse odor tão doce vinha de poucas garotas que lá se encontravam.

Por mais que toda aquela adolescência fosse parte da minha convivência, eu não conseguia se quer pensar no meio de um lugar sufocante como aquele,

Foi assim que parti para meu único local de conforto, a passos ligeiros sinto o aroma de uma folha alucinógena que sai do banheiro masculino, até que enfim chego naquela chuva de folhas amareladas que são as folhas de outono. 

Removendo minha mente de toda aquela loucura adolescente, fico ali apreciando o momento ao lado de uma fonte que era tão calma quanto meus próprios pensamentos.

Como uma pluma uma folha arredonda da cor de uma abobora cai dentro da fonte, um azul tão pacifico quanto o horizonte se apresenta para mim quando encaro as águas pacificas da fonte. 

Mas um azul tão belo como um alvorecer se torna vermelho, não um vermelho belo como as folhas de outono, ou como os lírios aranha que eram minha segunda paixão.

Tal coloração, trazia consigo escuridão trevas e horror, meu coração dispara, eu rodeo a fonte, as folhas laranjas e amarelas ficam avermelhas.

Tal vermelho se justifica, uma vida transborda vermelho, mas sua luz se apagará minutos atrás, sua testa era como um bebedouro de sangue que expelia o vermelho nas água agora poluídas pela escuridão e perversão

Mas tal vida me era familiar, de cabelos negros, olhos roxos, seu sorriso doce vinha em minha mente e só depois de cair no chão endurecido eu a reconheci 

Aquela era Lis Wake, uma das lideres do clube de debate, a mesma estava ali congelada sem vida, sem forças sem qualquer alegria naquele dia de outono, as folhas sob o chão estavam vermelhas vermelhas de sangue.