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**Lealdade**

"O que é um cavalheiro? Aquele que respeita os sentimentos dos outros acima dos seus próprios." 

— William Shakespeare

Enquanto o jovem Killian continuava sua jornada pela sombria e misteriosa Floresta Negra, acompanhado por Ruby e seu novo olho enigmático, ele começou a observar mais atentamente o ambiente ao seu redor. Sentia-se mais conectado com a floresta e tudo o que a compunha. Era como se pudesse pressentir os perigos antes mesmo de chegar a eles e compreender os ciclos naturais que ocorriam ao seu redor. "Deve ser por causa deste olho", pensou, mas, apesar da preocupação e da curiosidade em estudar melhor seu novo olho, não tinha tempo para parar e entender como ele funcionava.

Ao anoitecer, Killian subiu mais uma vez um monte alto, onde sentia mais segurança. No horizonte, já podia avistar as luzes de um vilarejo, o que significava que estava próximo de sair completamente da floresta. Isso o deixou preocupado: tanto com as pessoas que poderiam estar procurando por ele quanto com o fato de estar acompanhado por Ruby, que podia se transformar em felino a qualquer momento e alarmar os cidadãos. Além disso, pensou no quanto seu novo olho poderia chamar a atenção. Ele sabia que nada daquilo era comum. Tentou dormir, enquanto Ruby, já em sono profundo, descansava perto de suas pernas. Colocou uma capa sobre a menina, protegendo-a do vento frio que soprava durante a noite. Olhou para o céu, apreensivo com as enormes nuvens carregadas que já se formavam, indicando que a qualquer momento, naquela madrugada ou durante a manhã seguinte, poderia chover. Sabia que era tarde demais para descer o monte com Ruby, exausta da viagem, e procurar outro abrigo, então decidiu aguardar a possível tempestade enquanto descansava.

Longe dali, no reino de Ashrose, Sua Majestade, Rei Sebastian, mostrava sinais de febre alta, alucinações e calafrios. Mesmo em seu estado fragilizado, tentava discutir com Sir Fairtower e sair ele mesmo em busca de seu filho, sem nenhum plano concreto.

"Eu sou o Rei, Fairtower! Se eu não for agora, ele pode... Ele até já pode estar... Não posso ficar aqui parado como um inválido enquanto meu filho está em perigo!" disse Sebastian em um tom autoritário e apreensivo ao seu guarda real.

"Majestade, organizei duas equipes de busca com caçadores astutos e os mandei para aquela floresta em direções diferentes em busca do seu filho! Eles estão com falcões reais, e qualquer notícia será trazida o mais breve possível! Confesso que também estou preocupado com o príncipe. Além de ser seu guarda pessoal, também sou seu tutor na esgrima e tenho muito apreço por ele! Mas além do que já estamos fazendo, não há nada mais que eu ou você possamos fazer," respondeu Fairtower, aproximando-se do Rei, que tremia de febre e estava de pé em sua frente, vestido com sua armadura real, pronto para sair noite adentro naquela floresta.

O Rei, ao ver seu guarda se aproximar preocupado, ergueu a mão e disse:

"Eu entendo, não precisa ter pena de mim! Apenas fique de olho nos falcões e monte mais equipes, se achar necessário! Por mim, todo o reino estaria procurando por Killian, mas sei que muitas pessoas saberem que ele está desaparecido é mais perigoso do que útil, visto a nossa posição! Desde a guerra contra os Whitefields, reinos menores têm enviado espiões para este reino, e até reinos maiores como Braveheart parecem ter algo contra o sul. Não há mais nada que eu possa fazer sobre isso, essa guerra já aconteceu anos atrás! Desde então, Ashrose se manteve pacífico, e eu não segui o exemplo do meu falecido pai, tomando os territórios dos reinos menores! Mas, se eu souber que algum deles tem algo a ver com isso, ou se fizeram algo... Fique ciente, Sir Fairtower, Ashrose estará em guerra contra todos os inimigos do reino."

Sebastian largou a espada sobre a mesa e saiu de seu escritório.

Preocupado com as palavras do Rei, Willian disse:

"Senhor, sei que não devo dizer algo assim, mas tudo indica que ele fugiu! Se algo acontecer a ele, o responsável será o senhor! Declarar guerra contra outros reinos só colocaria a princesa Ameerah em perigo também!"

Antes que ele pudesse terminar de falar, o Rei lançou-lhe um olhar frio de desprezo e disse:

"Não tente me ensinar como cuidar dos meus filhos! E sei que se algo assim acontecer, Amy estará em perigo, por isso amanhã mesmo vou enviar uma solicitação, ou melhor, uma ordem real para que ela retorne imediatamente para o reino de Ashrose! E Sir Fairtower, se o príncipe fugiu, a culpa é tão minha quanto sua, que é o guarda pessoal dele! Você devia estar sempre a um passo dele, onde estava quando ele planejou e saiu daqui?"

Ao dizer essas palavras, o clima no corredor mudou completamente, parecia ter ficado mais frio. Sebastian, cheio de ódio, olhava para Willian com tanta raiva quanto sentia de si mesmo. Mas, sem medo, Willian respondeu:

"Em nenhum momento eu fugi da culpa de minha responsabilidade pelo desaparecimento do príncipe. Estou apenas mantendo minha posição a favor de encontrá-lo! Mas, se algo acontecer com o príncipe herdeiro, Majestade, estarei aqui para cumprir qualquer punição que ache necessária. Aproveitando que estamos sendo sinceros, quando ele sumiu, eu estava em uma reunião diplomática com o Rei do reino de Yvis, que estava aqui para pedir a mão da princesa Ameerah para seu filho, o príncipe herdeiro Thomas. Fui imposto a essa responsabilidade em seu lugar, já que estava embriagado demais para sair dos seus aposentos."

O guarda olhou seriamente nos olhos do rei. Sebastian, mantendo sua postura anterior, aproximou-se de Sir Fairtower, ficando frente a frente a menos de dois passos do guarda, e disse:

"Sei que somos próximos, fomos criados como irmãos, e eu já coloquei você em muitas posições de comando interino anteriormente, mas não se esqueça do seu lugar! Nem de que eu sou seu Rei!"

Ao dizer essas palavras frias e ameaçadoras em direção a Fairtower, o Rei tentou afastar-se e caminhar até seus aposentos, mas devido à febre alta, desmaiou antes que pudesse dar alguns passos.

Apesar da recente discussão e de não estar nada contente com sua posição com o Rei naquele momento, Willian correu para ajudá-lo. Chamou outros guardas e cuidadosamente levou o Rei até seus aposentos. Ao chegar lá, a criada pessoal do Rei, uma senhora de uns 60 anos, mostrou-se extremamente preocupada. Para acalmar a situação, Sir Fairtower falou:

"Hilda, não se preocupe tanto! Ele está com muita febre! Sabe como ele fica quando seu emocional está abalado! Mas ele é teimoso demais para descansar e se cuidar, então acabou desmaiando! Tire cuidadosamente essa armadura dele, deixe-o mais confortável! Já mandei chamar o médico real para tratá-lo! Ele estará aqui a qualquer momento! Se ele acordar, mantenha-o na cama, para que não se machuque ou faça alguma estupidez!"

Hilda ouviu tudo com atenção e já começou a fazer como Sir Fairtower pediu, de imediato. Ainda assim, preocupada, ela disse:

"Cuidado com a forma como está falando do Rei! Os outros podem achar que é traição! Conheço os dois há tempo suficiente e sei que está cuidando de Sua Majestade! Mas também posso imaginar que algo aconteceu entre vocês, não? Você falou como quando eram crianças e brigavam... Vocês não podem brigar neste momento! Ele está muito instável e sua posição o coloca em perigo! Além disso, ele precisa de você mais do que está disposto a admitir. Se ele perder você também... Não sei o que aconteceria com o Rei."

Disse Hilda para Sir Fairtower enquanto tirava os itens da armadura do Rei.

Vencido, Willian suspirou. Olhou para a cena, seu amigo pálido e debilitado. Pensou em como ele sempre fora frágil desde a infância e em como ainda não tinha superado o falecimento da rainha. Percebeu que pegou pesado ao culpá-lo pelas atitudes com Killian. Afinal, também era culpa dele as coisas terem chegado a esse ponto. Deixou o Rei ficar de luto por tempo demais e negligenciar o filho, achando que estaria tudo bem porque ele estava sempre de olho no garoto. Mas lembrou-se de como foi para ele e para o Rei crescerem com a ausência de seus pais, que morreram em uma guerra quando ainda eram jovens demais. Pensou e continuou pensando em todos os fatos que ocorreram até a situação chegar ao ponto em que estava. Não conseguiu deixar de se culpar; era sua responsabilidade cuidar do Rei e do príncipe! Enquanto estava envolto nesses pensamentos, o médico real chegou e o tirou do transe, perguntando:

"Quanto tempo ele está inconsciente?" disse o médico, se aproximando do Rei, que estava deitado na cama e checando seus sinais vitais.

Fairtower respondeu:

"Não tem muito tempo. Assim que ele  desmaiou, mandei um soldado buscar você. Considerando o tempo que ele levou até lá e o tempo que você levou para chegar aqui, eu diria que faz mais ou menos esse tempo aí."

Quando terminou de falar, o médico parecia confuso, mas voltou a examinar o Rei.

Fairtower então disse:

"Voltarei para o escritório, vou tentar verificar se chegou alguma notícia ou planejar alguma nova estratégia! Hilda, fique aqui com o médico. Dois guardas estão na porta para fazer a segurança do Rei. Peço que não o deixe desacompanhado até que ele desperte. Assim que ele acordar, mande um dos soldados me avisar!"

Disse ele de forma metódica. Hilda assentiu com a cabeça e observou enquanto ele saía do quarto. Parecia que ele estava carregando o mundo inteiro nas costas sozinho, ela pensou. Não conseguiu evitar se compadecer do Rei e do Cavalheiro.

Enquanto caminhava pelos corredores do castelo de volta ao escritório, Willian se encontrou com Hannah, sua esposa. Ela parecia tanto preocupada quanto furiosa e, ao vê-lo, já foi dizendo:

"Você ao menos comeu algo hoje? Você não tem aparecido em casa! Não tem descansado! Perguntei aos guardas e eles disseram que você mal tem dormido! Que está assumindo todas as atividades do Rei e ainda procurando o príncipe..."

Antes que ela pudesse terminar de falar, ele caminhou rapidamente até ela e a abraçou. Enquanto a abraçava, ele disse carinhosamente:

"Peço desculpas pela minha ausência e por fazer você se preocupar comigo! O Rei está em um momento muito crítico e eu não posso deixá-lo sozinho. Também é minha culpa que o príncipe tenha sumido... Então, tenho que encontrá-lo... Se algo acontecer... Eu não vou conseguir me perdoar... O Rei não vai me perdoar... Não sei mais o que fazer, Hannah, eu estou com medo!"

Sem perceber, Willian acabou desabafando todos seus pensamentos e preocupações nos braços de sua amada. Antes que pudesse voltar a si e dizer algo para não deixá-la tão preocupada, sentiu algo quente se derramar sobre seu peito. Ao olhar para Hannah, viu que ela estava aos prantos. Tentou afastá-la para acalmá-la, mas ela o segurou com mais força e chorou por mais um tempo, o que o deixou nervoso e um pouco desconfortável por não poder fazer nada. Só conseguia pensar que era culpa dele que ela estava chorando. Foi quando, com uma voz chorosa, ela disse:

"Desculpe por chorar assim, é que eu te amo, e acho que alguém também deveria se preocupar com você! Meu amor, não é culpa sua nada disso! As coisas simplesmente aconteceram! Você não pode se culpar nem continuar exigindo tanto de si a ponto de se punir e não se permitir descansar! Você tem que se cuidar, lembre-se, eu amo você e você também tem seus filhos. Os meninos me escreveram dizendo que você não respondeu às cartas deles, estão preocupados porque você sempre responde, nem que seja para dizer que está ocupado! E sua filha, em casa, está sentindo sua falta! Eu também estou... Então, não se preocupe tanto. Apenas faça seu trabalho e se lembre que tem uma família em casa esperando por você e que, quando você sofre, nós sofremos com você!"

Willian, que estava imóvel ouvindo as palavras de sua esposa, deixou uma lágrima pesada escorrer por seus olhos. Mas, antes que Hannah notasse, ele se recompôs e a beijou. O beijo era intenso e desesperado, como se ele estivesse tentando encontrar alívio e força no calor dos lábios dela. Sentiu o corpo dela relaxar contra o seu, e por um momento, o mundo pareceu desaparecer. Como se ele encontrasse o ar que precisava dentro dos pulmões dela e cada toque dado parecia lembrá-lo de que estava vivo. Mas a responsabilidade logo pesou novamente sobre seus ombros.

Ele se afastou ligeiramente, ainda segurando o rosto dela com ternura, e disse:

"Obrigado, Hannah. Agradeço por ter vindo até aqui!"

Ele a olhou com um olhar cheio de amor, que a fez corar e pensar em quanto ele era lindo, e que era seu! Mas é ecobrando os sentidos, ela disse:

"Bem, já vim ver como você estava! Agora vou voltar para casa! Sei que você vai voltar ao trabalho, mas se quiser passar em casa esta noite, independente da hora, estarei esperando por você!" disse ela, olhando para ele corada, enquanto segurava um de seus cachos loiros entre os dedos.

Ele assentiu com o olhar. Abraçou-a mais uma vez e disse:

"Então, tentarei terminar rápido as coisas por aqui..."

Não disse mais nada, e os dois apenas se olharam por um momento em silêncio. Ela lhe deu um leve beijo e saiu rumo a sua casa.

Vendo sua silhueta de costas, afastando-se, Willian sentiu uma aceleração no coração. Queria sua esposa, a desejava naquele momento. Queria envolvê-la em seus braços e esquecer de tudo por um instante, desejava tocar a pele dela, vê-la tremer de paixão em suas mãos, mas afastou o pensamento, lembrando-se do que tinha que fazer. Então, virou-se e retornou ao escritório.

Chegando lá, ele observou o mapa mais uma vez. Olhou o esquema que havia feito sobre os avanços no reino e na Floresta Negra em busca do príncipe Killian. Pensou se estava esquecendo algo, algum lugar onde o menino poderia ter ido... Mas não tinha ideia, afinal, era uma criança de 10 anos. Por melhor que estivesse nas aulas de esgrima, estava lá fora sozinho. Sentiu um aperto no coração. Olhou pela janela do escritório real e viu as imensas nuvens negras que pairavam sobre o reino, carregadas e hostis, seguindo em direção à Floresta Negra. Pensou:

"Espero que esteja seguro, garoto! Você tem que estar! Ou não poderei descansar!"

—-

Enquanto isso, em seu sonho febril, o Rei Sebastian encontrou-se com a rainha Leonor. Estavam juntos em um piquenique à beira do lago real, após pedirem aos empregados que se retirassem.

Leonor vestia um leve vestido branco, caído nos ombros que delineava perfeitamente sua silhueta, fazendo com que Sebastian corasse toda vez que a olhasse. Ele estava deitado sobre um pano estirado na grama, próximo a alguns doces e bebidas deixados pelos funcionários, enquanto ela se divertia com uma borboleta que voava ao seu redor. Seus movimentos delicados para não afugentar o inseto e seu olhar admirado faziam o coração de Sebastian saltar do peito. Ele só conseguia pensar consigo mesmo: "Controle-se, homem! Não é como se fosse a primeira vez que está vendo ela. Já estão casados há 3 anos!", dizia a si mesmo tentando conter seus impulsos. Mas para piorar sua situação, foi surpreendido com Leonor pulando nas águas claras e cristalinas do lago. Levantou-se por instinto para checar se ela estava bem.

Ao emergir e vê-lo olhando para ela de pé, sorrindo, Leonor disse: "Se junte a mim, a água está uma delícia!"

Ela mergulhou novamente, e ele observou por um momento seus movimentos encantadores e seu vestido branco agora praticamente transparente dançando sobre o reflexo de seu corpo nu. Seus cabelos negros acompanhavam o vestido em uma dança nas águas que, junto à sua beleza, o fez pensar: "Eu me afogaria por ela... Devo ter me casado com uma sereia!" Então, ele tirou a blusa e os sapatos e pulou na água também.

Ao adentrar na água, imediatamente procurou por Leonor. E lá estava ela, linda e deslumbrante, rindo dele dentro da água enquanto bolhas de ar saíam de sua boca. Ele se aproximou dela e começou a tocar em sua pele por baixo do vestido. Ela o olhou por alguns instantes e então passou a mão sobre seus cabelos cor de champanhe que quase pareciam brancos dentro da água e o beijou.

Um beijo submerso e sedento, de ar e um do outro. Por conta da natureza humana que necessita de oxigênio, ambos, casal apaixonado, emergiram. Mas distante de acabarem o que haviam começado dentro daquele lago, voltaram aos beijos. Quando o corpo de Sebastian já não aguentava o desejo, ele a puxou ainda mais para perto de si. Surpresa pelo movimento desesperado de seu marido, Leonor sorriu e então, em seus braços, ela falou algo para ele.

Naquele momento, devido às batidas de seu coração e seus movimentos acelerados para manter-se boiando na água enquanto segurava Leonor, ele não conseguiu ouvir o que ela disse. Ela apenas sorriu novamente. Então, o abraçou por cima de seus ombros, encostou a boca em sua orelha e sussurrou: "Onde está nosso filho? Você o perdeu?"

Nesse momento, o Rei coberto de suor recobrou a consciência de seu sonho. Ao respirar desperto, sentiu uma dor em seu peito pela lembrança da presença de Leonor até então, tão intensa, se afastar novamente. E então, nada, estava sozinho novamente deitado em sua cama, cama essa que antes dividia com ela. Sentou-se, puxando o lençol para perto de si. A dor cada vez maior o afogando, finalmente transformou-se em lágrimas em seus olhos.

Enquanto chorava, Hilda, que já estava adormecendo em uma cadeira pouco distante de sua cama, despertou! Preocupada com o Rei, se aproximou dele, gentilmente, dizendo: "Está tudo bem, Majestade, foi só um sonho..." Disse ela enquanto entregava um copo com água nas mãos do Rei.

Então, enxugando as lágrimas e segurando o copo com um olhar miserável, o Rei olhou para Hilda e disse: "Por isso mesmo..."

Ela então, esperou ele beber a água, pegou o copo e se afastou um pouco, dizendo: "Está no meio da noite, tente dormir novamente! Vou mandar um dos guardas avisar Sir Fairtower que você acordou!"

Nesse instante, o Rei se levantou da cama abruptamente e disse a ela: "Não se preocupe, eu mesmo vou até lá! Estou sem sono!"

Então, ele vestiu um robe, colocou seus sapatos e seguiu até o escritório real, deixando Hilda com um olhar preocupado para trás. Chegando lá, viu Fairtower analisando o mapa da Floresta mais uma vez. Observou que o guarda parecia pálido e cansado, como se estivesse em seu limite! Lembrou-se da briga que tiveram antes de seu desmaio, mas afastou o pensamento e se aproximou, falando como se nada tivesse acontecido:

"Você ainda não dormiu?"

Sir Fairtower, notando a presença do Rei, desesperançado, respondeu: "Não, ainda não... Estou revendo as possíveis rotas! Tentando ver se eu perdi algo", dizia ele, apontando para o mapa da Floresta.

Então o Rei se aproximou dele, tocou em seu ombro com cuidado e disse: "Vá para casa, tente dormir um pouco! Veja sua família... Nunca se sabe quando será a última vez!", disse Sebastian com olhar abatido.

Mas Sir Fairtower, logo respondeu: "Não posso ir, tenho que trabalhar para encontrar o príncipe! É minha responsabilidade!", disse, continuando focado no mapa.

O Rei, observando o empenho de seu amigo, ressentiu-se pelas palavras ditas anteriormente. E então disse:

"Exatamente por isso estou ordenando que vá para casa e descanse!", disse Sebastian, tentando parecer despreocupado.

Nesse momento, Sir Fairtower olhou para o Rei, com os olhos cheios de lágrimas, mas antes que ele pudesse dizer algo, o Rei disse:

"Homem,  vá logo! E mande lembranças para Hannah, ela deve estar muito brava comigo por te manter aqui..." Disse ele, tentando parecer despreocupado.

Então, Sir Fairtower fez uma reverência e seguiu até a porta. Chegando lá, disse: "Você não está sozinho! Eu ainda estou aqui!" E então partiu sem dizer mais nada.

O Rei, que por sua vez, ficou para trás, sentou-se cansado na cadeira e deixou cair mais algumas lágrimas.