My alpha!

Narrador's P.O.V.

Os dias no colégio, para Louis, estavam sendo uma grande tortura. Nem mesmo as aulas com Harry, algo que antes melhorava seu dia em 100%, agora o deixavam animado. Nada o deixava animado. Era uma intensa chatice estar ali. Mesmo com os meninos tentando a todo custo animar o pequeno ômega, nada adiantava, e isso estava começando a os preocupar.

Nos últimos dias Tomlinson andava muito calado, muito quieto, sempre ficava um pouco distante, sempre muito distraido, quase não ria ou ao menos sorria... Harry começava a se desesperar com a forma que o mais novo vinha agindo, mesmo que com ele as coisas ainda fossem um pouco melhores e que Louis ainda mantesse certo "contato". Styles agradecia aos céus por isso. Ele não aguentaria ter seu namorado tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Ele apenas queria entender o que estava se passando na mente de seu ômega, mas era algo impossível já que nunca conseguia conversar com ele.

E Louis? Louis continuava triste. Muito triste!

Aquele dia não estava sendo diferente de nenhum outro para os meninos, muito menos para o belo garoto de olhos azuis. Era tudo sempre a mesma coisa, tudo sem graça, tudo muito repetitivo e tedioso. Ele sentia tantas coisas ao mesmo tempo, tudo por conta da gravidez, e isso o irritava e o deixava a cada dia mais frustrado. Frustrado ainda mais por estar tendo certa dificuldade para disfarçar sua barriga. Mesmo que ele tentasse usar algumas faixas e cintas, ainda era visível. Sem contar em todos aqueles enjôos, seus inchaços recorrentes e suas "saliências". Obviamente seu corpo estava aumentando, e isso não passou despercebido aos olhares das pessoas daquele colégio.

Certo dia, andando pelos corredores, o menino notou que algumas pessoas cochichavam e olhavam para ele. De início Louis não entendeu, mas não precisou de muito para que descobrisse o motivo. Logo surgiram os rumores, logo ele ouvia coisas como "Que desperdício, tão novo e grávido", "Será que ele sabe quem é o pai?", "Ele não é ligado a nenhum alfa e está grávido, que horror!" ou "Ele é o ômega que dá pro professor matemática, deve ter feito isso pra ter nota". Coisas ridículas, frases xulas e sem sentido, mentiras que ele sabia que eram apenas mentiras mas que no fundo o inquietavam e que o deixavam cada vez mais triste.

- Ele está grávido?! - Uma garota perguntou a sua amiga, alto o suficiente para que o menino pudesse ouvir.

- Claro que sim, olha aquela barriga, Sophi! - A outra apontou para ele descaradamente.

- Nossa, que horrível. Ele é tão novo, tadinho...

- Tadinho nada, ninguém mandou engravidar! - Foi tudo o que ele ouviu, pois já estava correndo para o banheiro masculino.

Era ridícula a forma como aquelas palavras ruins vindas de pessoas que não lhe significavam nada tinham a capacidade de o atingir. Louis sempre fora super de bem com a vida e super resolvido consigo mesmo, mas depois da chocante descoberta de que havia outro ser humano em seu ventre tudo parecia lhe atingir com extrema facilidade. Ele sabia que não deveria se sentir assim, mas ficou triste.

Chegando ao banheiro a primeira coisa que o menino faz é se trancar em uma das cabines do lugar. Ele se senta no vaso sanitário, abaixa sua cabeça e chora. "Como as pessoas podem ser tão más?" era a frase que mais rondava sua mente.

Por que eles o olhavam como se ele fosse um tipo de doente, um infecto ou como se ele tivesse cometido um erro gravíssimo?

Por que o olhavam com piedade ou sarcasmo?

Havia Louis cometido um imenso pecado?

Por que engravidar era algo tão grave assim?

Por que as pessoas o julgavam tanto?

O pobre menino não sabia as respostas de nenhuma dessas perguntas, e isso o deixava ainda mais angustiado. Faltavam poucos meses para, enfim, terminar o colegial, mas em poucos meses sua barriga já estaria enorme e os cochichos, rumores e coisas do tipo já teriam aumentado consideravelmente!

Louis entrou em uma das cabines do lugar, trancou a porta e se sentou no vaso sanitário apenas para que pudesse chorar... Mas será que era isso o que ele realmente deveria fazer? Tomlinson, mesmo sendo taxado de ingênuo, imaturo, infantil, fraco, na verdade sempre fora extremamente forte e não era de seu fetio se entristecer por isso. Nem sempre é possível agradar a todos, e desde sempre ele fora motivo de piadas de mal gosto, mas desde sempre ele as ignorava e seguia em frente. Então por qual motivo aquilo estava começando a mudar justo agora? Por que ele estava se deixando abalar?

Depois de alguns longos minutos ali, chorando, o menino se assustou ao ouvir uma pequena movimentação no banheiro. Ele ouviu vozes que logo reconheceu ser de Michael e Calum, e pediu, ou melhor... Implorou mentalmente para que não notassem sua presença ali. Ele não estava afim de falar com ninguém, nem mesmo com seus amigos!

- Qual é, Michael! - Calum falou e tentou chegar perto do de cabelos (agora) azuis, mas foi impedido pelo mesmo.

- Já disse que não, Calum! Vai lá ficar com a sua amiga ridícula! - Cruzou os braços. O ômega observava o moreno atentamente, esperando para ver sua reação.

- Michael... Não vai me dizer que está com ciúmes da Brittany?! - Ele perguntou indignado. Havia mesmo passado seu dia tentando a todo custo entender o que havia de errado com Clifford apenas para descobrir que no final era tudo uma crise de ciúmes?

- Não, não estou! - Negou, mesmo que fosse mentira.

- Está sim, e está o dia todo estranho comigo por causa de ciúmes best... - Hood parou de falar e começou a cheirar o ar.

- O que houve? - O mais velho perguntou curioso.

- Cheiro de rosas. - Disse. Louis prendeu sua respiração.

- Deve ser o meu, né! - Michael respondeu como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

- Seu cheiro é inconfundível, Mike! - Hood disse, fazendo o outro corar. - É um cheiro diferente. É... O cheiro do Louis... E está vindo dali! - Apontou para uma das cabines.

- Merda... - Tomlinson sussurrou, secando suas lágrimas.

- Lou, você tá aí? - O de cabelos azuis perguntou, batendo na porta da cabine que Calum o apontou.

O que ele iria fazer? Ignorar? "Melhor não", pensou...

- Sim... - Respondeu com a voz fraca e cansada.

- Está... Está tudo bem? - O alfa perguntou, mesmo que soubesse que no fundo Louis não estava nada bem!

O ômega suspirou, se dando por vencido. Ele se levantou e abriu a pequena portinha da cabine, dando de cara com dois olhares preocupados que pareciam ter ficado ainda mais preocupados agora. O menino estava com seu rosto vermelho, olhos inchados e cheios de lágrimas... Realmente uma cena de cortar o coração!

- Louis, o que houve?!

- Você disse que está bem, mas não está bem! Por que estava chorando?

- Fizeram algo com você?

- Hey, gente, calma... - O de olhos azuis acabou rindo da forma que seus amigos o bombardearam com perguntas.

- Como a gente pode ficar calmo com você nesse estado? - Clifford questionou.

- Não precisam se preocupar tanto comigo!

- É claro que precisamos, oras! Que espécie de amigo nós seríamos se não nos importássemos? Eu e Michael te encontramos com o rosto vermelho de tanto chorar e você diz pra gente não se preocupar?!

Louis suspirou mais uma vez, se dando novamente por vencido. O menino sorriu. Sorriu por ter amigos tão bons e cuidadosos, e sorriu principalmente por conseguir enxergar Harry através das falas dos dois meninos a sua frente. Ele percebeu que mesmo que houvessem aquelas pessoas ruins que diziam centenas de coisas sobre si, também haviam pessoas boas, assim como seus amigos. Ele percebeu que mesmo que tente fazer tudo sozinho, mesmo que tente lidar com tudo sozinho, ele não precisa e nem pode já que seus amigos insistirão em o ajudar!

O ômega andou até a pia, passando por Michael e Calum (estes que não tiram seu olhar dele nem por um segundo) e se apoiou ali. Louis olhou para seu reflexo no espelho, viu a expressão de preocupação de seus amigos, e chorou. Ele se permitiu chorar. Ele estava cansado, acabado, triste, e queria um ombro para chorar, por mais que insistisse em dizer que não! Rapidamente ambos os meninos foram até ele e o abraçaram. Louis se aconchegou entre os braços de seus amigos e chorou ainda mais.

- Oh, Lou... Eu fui muito ríspido com você? - Calum questionou?

- N-Não, Cal...

- Então, por que está chorando? 

- Porque eu estou cansado dessas pessoas ridículas! - Desabafou.

- O que fizeram com você? - Agora é Michael quem pergunta.

Ele fica em silêncio por alguns segundos, tomando coragem antes de falar, e os meninos esperam pacientemente por ele. Lentamente suas lágrimas vão cessando, e ele vai se acalmando. O calor do abraço do ômega e do alfa são como o de seu alfa, são como o de Harry, e isso era tudo o que ele precisava para se acalmar. Louis respira fundo algumas vezes e então decide pôr para fora um pouco do que estava guardado dentro de si.

- Essas... Essas pessoas ficam falando de mim... Elas falam coisas ruins sobre mim, e isso me machuca tanto... Se eles soubessem o quanto dói ouvir aquilo... - Seus olhos começam a se encher de lágrimas novamente.

- Não fica assim, Loueh...

- É, não ligue para esses filhos da puta, eles são uns idiotas! - Michael disse, beijando o rosto de seu amigo.

- Olha só, você não deve ouvir nada de ruim que falam de você, pois é apenas uma mentira. É tudo mentira! Você é maravilhoso, tem um alfa maravilhoso, e logo será o grávido mais lindo com a barriga mais linda desse mundo! - Hood o assegurou, e o pequeno ômega sorriu. Não seus sorrisos forçados dos últimos tempos, mas sim um sorriso sincero em felicidade.

- Tenha orgulho de si mesmo e apenas ignore qualquer coisa ruim! Você sabe que nós dois, os meninos e o Hazz sempre estaremos do seu lado, principalmente ele! - O de cabelos azuis completou as falas do alfa.

- Falando nele... Por favor, não contem que eu estava chorando. - Os garotos estranham o pedido do mais novo e o olham confusos. - Eu não quero que ele se preocupe a toa.

- Loui...

- Eu sei, Calum! - O interrompeu. - Mas por favor, não digam!

- Tudo bem, tudo bem. Nós não vamos contar, mas apenas se você jurar que nunca mais vamos lhe encontrar chorando por conta dos idiotas desse colégio!

-Okay, Mike. Eu prometo! - Sorriu.

~*~

Zayn's P.O.V.

- Zayne, você está lindo! Pare de surtar! - Dylan me diz pela décima vez, mas eu simplesmente não consigo evitar.

- Tá parecendo até uma garota. - Tyler ri.

Ignoro os dois e volto a tentar dar um jeito em meus cabelos.

Hoje à tarde eu e Liam estávamos conversando (coisa rara) e ele me chamou para sair. Sim, ELE me chamou para sair. De início pensei que fosse apenas mais uma de suas pegadinhas, mas no fim não é, ele realmente quer sair comigo. Marcamos de ir à um bar muito charmoso que há aqui pelas redondezas. 20:30, esse é o horário que ele disse que irá chegar...

E já são 20:10 e nada do meu cabelo me ajudar!

Logo depois que eu recebi esse convite tão inesperado, Tyler e Dylan chegaram aqui em casa. O choque do convite de Liam foi tanto que eu até esqueci que os meninos viriam para cá, mas foi bom, eles me ajudaram muito na escolha das roupas e, principalmente, me acalmando. Não sou do tipo que fica nervoso, mas, pasmem: eu fiquei, e muito!

- Gente, está bom? - Pergunto ainda de frente para o espelho. Realmente desisti de tentar arrumar essa bagunça.

- Zayn, você está lindo! - Posey responde.

- Não tão lindo quanto eu, mas está mesmo! - Acabo rindo com as falas de Dylan. Esses dois são os melhores amigos que eu pude arrumar! - Você só precisa ficar calmo, ou então Liam vai sair correndo de você. - Diz.

- É, irmão. Você sempre se sai tão bem em seus encontros, é sempre tão confiante, tão seguro de si... Então por que está tão nervoso assim? - O alfa me questiona algo que me faz parar para pensar.

Eu realmente não sou do tipo que se desespera por um encontro, e olha que ele ao menos usou a palavra "encontro" quando me chamou, então eu não deveria estar me sentindo assim. Mas, não sei... A ideia de estar saindo com Liam me deixa num estado de nervos tão grande, afinal, é o Liam, e...

- Com o Liam é diferente... - Digo para mim mesmo, mas os meninos acabam ouvindo.

- Por quê? - Questionam em uníssono. Ambos me olham com certa expectativa, parece que esperam que eu diga algo em específico.

- Porque... Porque... Eu não sei. - Dou de ombros.

Antes que qualquer um fale qualquer coisa mais, eu me assusto com o toque da campainha e grito, além de quase jogar o pente que estava na minha mão direto no espelho.

- MEU DEUS, ISSO FOI TÃO GAY! - Tyler grita e começa a gargalhar.

- E você é hetero, né? - O'brien diz com sarcasmo. Sua marca registrada.

- Eu só não arraso vocês porque não tenho tempo. Agora, vamos, saiam da minha casa! - Vou empurrando os dois por toda casa.

- Isso é jeito de tratar seus amigos, Malik?

- Você ao menos pegou sua carteira e seu celular? - O ômega arquea uma de suas sombrancelhas e sorri de lado.

- Não, eu esqueci. Já volto.

Corro feito uma bala até meu quarto, apenas para pegar a bendita carteira e o celular que eu, idiota, esqueci. Liam já deve estar impaciente com a minha demora!

- Cadê, cadê...? - Começo a revirar tudo, mas parece não estar em lugar nenhum. - Que inferno!

Quando já estou quase desistindo e indo sem nada, passo meu olhos sobre a cama, e adivinhem? Minhas coisas estão ali.

- Como isso é possível? - Me pergunto. - Eu olhei aqui três vezes e não estava, daí do nada essa desgraça aparece! - Reclamo enquanto pego as coisas, as guardo nos bolsos e saio do quarto.

Vou correndo até a porta, onde Dylan e Tyler já conversam com Liam animadamente. Assim que notam a minha presença os três me encaram, mas eu só consigo manter meu foco no beta, porque, nossa... Ele está lindo! Liam não está muito produzido. Calça jeans clara, regata branca, jaqueta de couro, botas... Nada muito "wow", mas ainda assim o acho lindo.

- Ele chegou. - Dylan diz e sorri de orelha a orelha. Será que eu perdi algo? - Achou o que estava procurando?

- Achei. Demorei, mas achei. - Tyler também sorri, assim como Liam e Dylan, mas ninguém diz nada. - O que tá rolando?

- Como assim? - Posey pergunta.

- Por que vocês estão sorrindo assim?

- Assim como? - O'brien se faz de desentendido.

- Esquece. - Reviro os olhos e, enfim, me viro para Liam. - Oi, Liam... - Sorrio sem jeito, ainda mais por ele estar me olhando fixamente desde que cheguei.

- Oi, Zayn.

- Nós já estamos indo. Vamos, meu bebê! - o alfa pega seu namorado no colo e o carrega até seu carro.

- Merda, Tyler! - Ri. - Divirtam-se, meninos! - Diz para mim e Liam. - E usem camisinhas!

Meu rosto esquenta em pura vergonha quando O'brien diz isso, e eu já me preparo mentalmente pra ter que ouvir o beta dizendo que é hetero, blá, blá, blá... Mas surpreendentemente ele ri.

Liam apenas ri.

ELE RI!

Algo de errado não está nem um pouco certo!

- Desculpe por ter chego quinze minutos adiantado. Eu estava ansioso, aí acabei me adiantando um pouco. - Liam fala calmamente. Ele volta a me olhar com uma expressão serena e alegre.

- Não tem problema, eu também fiquei pronto cedo. - Digo. Um silêncio meio estranho se instala entre nós. É quase como se precisassemos dizer algo sendo que não há o que dizer.

- E então... Vamos? - O mais velho quebra o silencio.

- Sim. No seu carro ou no meu? - Questiono.

- Podemos ir no seu? Eu deixei o meu no mecânico hoje cedo, daí...

- Relaxa, Li... Vamos no meu carro.

O beta me segue até o meu carro que, para a minha sorte, eu já havia posto do lado de fora da garagem hoje mais cedo. Liam, quando vê qual é o meu, arregala os olhos ao se deparar com uma bela e magnífica doblô preta.

- Você... Tem uma... Doblô?! - Ele parece extremamente surpreso.

- Sim, eu tenho... Por quê? - Rio.

- Por nada...

- Ah, qual é, me diz!

- Esqueça, Zayn! - Liam revira os olhos e entra no lado do carona.

- Tá ligado que eu não vou te deixar em paz até você me dizer, não é? - Digo, entrando no carro também.

- Sim, eu sei disso. - Bufa, mas ainda mantém um pequeno sorriso.

- Então, me diga o motivo de estar tão surpreso, homem!

- Não.

- Diz...

- Não!

- DIZ!

- NÃO!

- Diz, Lee... Por favor!

- AH, INFERNO! - Grita. - Você quer mesmo saber? - Fala enquanto me observa dar a partida.

- Mas é claro, oras!

- Tudo bem, eu digo... - Sorrio vitorioso.

Começo a dirigir até o bar. A noite hoje está tão agradável, não faz nem muito frio e nem calor, um clima perfeito. A companhia de Liam também é algo que melhora essa noite a cada instante, por mais que provavelmente nós briguemos em algum momento. Eu sinceramente não me importo mais.

- Eu fiquei surpreso com o carro porque ele é simples. Bastante simples, na real.

- Me explica. - Eu realmente não entendo o que Liam quer dizer.

- Você é muito exibido, Zayn. Ama se mostrar. Não consegui evitar pensar que você teria um carrão só pra poder se exibir com isso também. - Aproveito que paramos em um sinal vermelho para o olhar.

- Isso é sério, Liam? - Questiono. Ele balança a cabeça em um "sim". - Nossa... Eu não sou tão exibido assim.

- Mas eu acho que é. - Retruca.

- Você não me conhece tão bem quanto pensa, Payne. - Ralho. - Eu odeio que me chamem de exibido, pois não sou!

- Não? Pois parece ser! Você vive se exibindo pra mim.

- Já pensou que eu posso apenas estar tentando chamar sua atenção, seu idiota? - Solto. Liam abre e fecha a boca algumas vezes, mas não sabe o que falar. Na verdade nem eu sei o que falar. Não deveria ter dito isso!

O sinal abre. Eu volto a dirigir. Apenas mais alguns minutos e logo estaremos lá.

- Me... Me desculpe, Zayn...

- Não importa.

- É claro que importa. Eu quero que essa noite seja boa pra nós dois, quero que possamos nos dar bem, mas a gente mal se encontra e as brigas já começam, e tudo por minha culpa. - Payne fala tudo com uma calma surreal. Parece até outra pessoa. Mesmo tentanto me segurar acabo rindo, e ele me olha irritado. - Por que diabos você está rindo, alfa?

- Quem é você e o que fez com o meu Liam? - Rio ainda mais. - Está aqui algo que eu nunca imaginaria ver: Liam James Payne me pedindo desculpas, admitindo seus erros e sendo bom comigo.

O beta ri.

- Você também não me conhece tão bem quanto pensa, Malik...

(...)

Desde que chegamos eu e Liam não paramos de conversar nem por um segundo. Ele e eu contamos histórias de nossas infâncias, de nossas famílias e antigos amigos, nossas "aventuras" de adolescentes e várias outras coisas. Descobri que Liam perdeu os pais há cerca de dois anos e que agora só tem uma irmã mais velha que mora no Brasil. Descobri também que ele gosta de chás, não curte muito animais porém ama gatos, gosta de vermelho, prefere frio ao calor, e que ama cantar. Nós decidimos deixar a nossa pequena "briga" no carro de lado, tudo para não estragar o resto da noite, e está tudo indo muito bem. Nós dois passamos metade da noite bebendo, dançando e, principalmente, conversando. O lugar é bem bonito e cheio, pessoas e mais pessoas fazem o mesmo que nós, e lá dentro é quase uma boate. Pela noite estar sem nuvens, consequentemente sem risco de chuva, eu e o beta optamos por sentar do lado de fora, até mesmo por aqui ser mais calmo e arejado. Perfeito!

- Agora eu consigo entender o motivo do meu irmão ser louco por você. - Digo dando mais um gole em meu copo de whisky. O observo arquear uma de suas sombrancelhas.

- E qual seria esse motivo? - Questiona.

- Você é bem legal. Tem um ótimo papo, é engraçado... E além disso é bem bonito... - Dou de ombros.

- Zayn...

- Sim, sim, eu sei. Me desculpe, não consegui evitar. É efeito da bebida. - Levanto o meu copo e sorrio sem dentes.

Liam suspira, mas também sorri. Ele passa a mão por seu rosto algumas vezes, parece frustrado ou algo assim... Mas ainda sorri. Pouco, mas sorri.

- Eu não acredito que vou dizer isso, mas eu...

- Você...? - Faço um sinal com a mão para que ele continue.

Payne dá um longo gole em sua bebida, respira fundo e, por fim, começa a falar.

- Eu estou percebendo o quanto minha opinião sobre você é errada. Você não é nada do que eu te julguei ser! Você é bom, é carinhoso, é simpático, inteligente, é um ótimo amigo, um ótimo irmão... Você é uma boa pessoa, Zayn! - Sinto meu corpo ferver com suas falas, e mesmo não podendo ver o meu rosto sei que estou sorrindo de orelha a orelha , provavelmente um pouco corado.

- Eu... Eu não sei o que dizer...

- Não precisa dizer nada, esse é só quem você é! - Ri. - E além disso, você também é muito bonito... Mas não fique se achando! É apenas o efeito da bebida. - Fala olhando bem no fundo dos meus olhos.

Como posso lidar com isso?

Agora é oficial: Liam Payne quer me matar do coração!

Não crie tantas esperanças, Zayn!

- Eu vou ao banheiro. Já volto! - O beta se levanta vai para longe. O observo sumir entre as pessoas dentro do bar.

- Com licença... - Uma mulher chama minha atenção logo que perco Liam de vista. Alta, negra, cabelos cacheados em um lindo 'black', boca carnuda e vermelha por conta do batom, e lindos olhos castanhos claros. Muito bonita!

- Posso ajudar? - Pergunto.

- Na verdade, sim. Aquele cara que estava aqui com você é seu ômega? - Mas que pergunta mais estranha essa.

- Não, ele não é meu ômega. Na verdade ele é um beta. - Percebo que a mulher fica surpresa com a palavra "beta", mas logo abre um imenso sorriso.

- Você é solteiro, querido? - Ela se inclina até estar na mesma altura que eu, deixando seus belos seios quase a mostra. Ela usa um vestido curto e decotado, seus peitos quase pulam pra fora quando ela se abaixa.

Não acredito que ela está dando em cima de mim...

- Sim, mas você não faz o meu tipo. Me desculpe.

- Qual é, docinho. Vai falar que não me achou bonita? - Insiste.

- Você é linda, e pelo visto também é alfa, mas entenda uma coisa: você não faz meu tipo! - Digo pacientemente. Lentamente sua expressão alegre vai mudando, seu sorriso sumindo e dando lugar a raiva.

- Mas eu quero você! - Ela rosna.

- Quem você pensa que é pra rosnar pra mim, alfa? - Me levanto irritado e rosno ainda mais alto. Algumas pessoas nos olham curiosos, mas eu não ligo. - Saia daqui!

- Ora, seu... - Ela ameaça me bater no rosto, mas de repente é impedida por uma mão que segura seu pulso.

- Você é surda, sua vadia? Sai de perto do meu alfa! - Liam parece puto da vida.

- Não se meta, você é só um beta nojento! - A mulher se desvencilha do aperto de Payne, porém ele é mais rápido e a segura pelos cabelos.

- Eu posso ser beta, mas ainda sou forte o suficiente pra quebrar sua cara, sua vagabunda do caralho! Você é alfa mas te garanto que de mim não ganha. - Ele puxa o cabelo dela com ainda mais força, a fazendo gritar de dor, e eu apenas assisto toda a cena sem dizer uma palavra sequer. - Saia de perto dele, agora!

Payne a empurra e ela, a contragosto, sai de perto de nós cambaleando em seus saltos ridiculamente altos, jurando que iremos nos arrepender amargamente. Assim que ela some entre as pessoas o mais velho me olha e ri, logo sendo seguido por mim.

- O que foi isso?! - Questiono simplesmente desacreditado com o que acabou de acontecer.

- Essa vaca tem sorte, com o ódio que eu fiquei poderia ter quebrado a cara dela aqui mesmo. - Ele bufa mas logo já está rindo de novo.

- Sinceramente, pra mim já deu de ficar aqui. - Digo. - Que tal a gente ir lá pra casa?

- Convite tentador, mas não sei se devo aceitar...

- Qual é, Lee! Até parece que eu vou tentar alguma coisa... E além do mais, Niall já deve estar chegando em casa, e...

- Hey, relaxa! Eu estava só brincando! - Ri. - Vem, vamos pra sua casa.

Vou rapidamente até o caixa pagar pelos drinks meus e de Liam, logo voltando para junto do beta. Por estar sem muitas vagas eu tive de estacionar à algumas ruas daqui, então vamos andando calmamente enquanto falamos sobre assuntos aleatórios.

A companhia de Liam é tão boa, e essa noite foi tão, tão boa... Claro, tirando o incidente com a alfa maluca, mas até isso eu posso dizer que, de certa forma, foi bom. Ver a forma como ele ficou irritado por ela dar em cima de mim fez eu me sentir tão... Bem... E o ouvir dizer "meu alfa" foi bizarramente bom. Juro que eu estranhei quando ele falou isso com tanta naturalidade, mas esse garoto já superou tantas expectativas minhas hoje e fez tantas coisas que eu não esperava que... Que eu nem sei mais o que pensar...

É melhor só ficar na sua, Malik!

- Onde você deixou o carro mesmo? - Ele pergunta.

- Está logo ali. - Aponto.

- Eles estão bem ali. - Aquela mulher aparece de novo, porém agora acompanhada de dois homens que se parecem muito com ela.

- Não pode ser... - O mais velho sussurra.

- Vocês foram os filhos da puta que mexeram com a nossa irmã? - Um dos caras pergunta.

- Tá falando dessa piranha aí? - Payne aponta para a alfa e ri. - Ela que quis dar em cima do meu alfa. - De novo... Ele falou "meu alfa" de novo...

- Ela nos disse que você é beta, sendo assim não pode se ligar a ninguém. Esse alfa não é seu, e minha irmã quer ele! - Agora é o outro, o mais alto, quem fala.

- Ela me quer? Vocês acham que eu sou a porra de um boneco? Vão se foder! - Me viro e começo a andar. - Vem, Liam!

- ONDE VOCÊS PENSAM QUE VÃO? - Grita.

Um dos caras segura meu braço com força e me puxa, e só para quando Liam acerta um soco bem em seu nariz. Logo ele e seus outros dois irmãos partem para cima de nós. Três alfas contra um alfa e um beta, nada vantajoso... Mas eu sou bem forte!

Os três alfas vem com tudo, mas apenas um me encara, os outros dois vão atrás do beta. Ele é segurado por um dos irmãos da mulher enquanto ela desfere socos e mais socos contra ele. Isso me deixa puto da vida! O irmão que ficou comigo faz de tudo para me atrasar e não deixar que eu chegue até meu beta, mas isso não irá me impedir!

- SAIA DO MEU CAMINHO! - Rosno extremamente alto, o fazendo recuar um pouco, mas o desgraçado é tinhoso e volta a me confrontar. Eu já consigo sentir minhas garras e presas crescendo por conta do ódio que estou sentindo em ver Liam apanhar e não conseguir chegar até ele. - EU DISSE PRA SAIR!

Num descuido do alfa eu consigo acertar um soco seu peito, o fazendo cambalear. Aproveito a oportunidade pra apagá-lo de vez com um soco no rosto, mas não sem antes deixar uma bela e enorme marca das minhas garras cravada em sua pele.

- ZAYN! - Liam grita por mim, e eu vou ao seu auxílio.

Corro até onde eles estão e cravo minhas garras no pescoço do irmão que está segurando Liam, o jogando longe, e assim libertando o beta. Ele cai de joelhos mas logo se levanta, limpa um pequeno filete de sangue que escorre por sua boca e se vira, ficando de frente para a alfa que começou tudo isso.

- Consegue cuidar dela? - Pergunto.

- Eu disse que posso ser beta, mas eu ainda tenho força suficiente pra acabar com a raça dessa vadia! - Ele responde. Eu sorrio. Até numa hora dessas ele consegue ser orgulhoso e seguro de si. - Parece que agora somos só nós dois, boneca.

- Deus, como Dylan e Tyler iriam amar isso! - Acabo pensando alto e ouço um pequeno risinho de Payne.

Liam começa a avançar lentamente contra a alfa, e a cada passo seu ela recua um pouco. Chega a ser engraçada a expressão de medo estampada no rosto dessa maluca, mas ela quem pediu por isso então não irei interferir em nada, deixarei Liam fazer o que bem entende. A alfa rosna na tentativa de o intimidar ou machucar, como é com os ômegas, mas não surte nenhum efeito. Ele ri.

- Você acha mesmo que isso irá adiantar? Rosne até sua garganta se partir, mas nada vai me parar, sua cretina! Eu te disse pra não mexer com o meu alfa, e o que você fez? Chamou seus irmãozinhos, só que eles são dois frouxos, assim como você! Eu te avisei... - Ela acaba tropeçando nos próprios pés e caindo, e isso dá a Liam a chance de se aproximar. Apenas dois passos mais e logo ele está agachado com os belos cabelos encaracolados da alfa presos por sua mão. - Vá se foder!

Ele apenas dá um único soco, mas a pancada é forte o suficiente para desmaiar a mulher...

(...)

- Fez um ótimo trabalho lá, Lee. - Digo enquanto limpo seus machucados no rosto.

- Obriga... Ai, merda, Zayn! - Reclama.

- Pare de ser rabugento, eu preciso desinfetar seus ferimentos! - Ele bufa, revira os olhos, mas aceita que eu continue.

Depois daquela briga louca nós viemos para a minha casa, e agora estamos aqui na minha cozinha com o mais velho sentado no meu balcão enquanto eu limpo seus ferimentos e faço curativos. Desde que conheci Liam eu acho que nunca imaginei que um dia teria uma noite assim com ele, nunca pensei em o ouvir me chamar de "meu alfa" e nunca pensei que ele me deixaria chegar tão perto de si quanto estou agora. Claro, teve a festa do Steve, mas naquele caso Payne disse que foi por estar bêbado demais, coisa que eu não acreditei mas preferi deixar de lado.

- E quanto a você? - Pergunta de repente.

- O que tem eu?

- Quem vai cuidar dos seus machucados?

- Eu não estou machucado. - Digo.

- Está sim... Bem aqui...

O mais velho segura meu braço e me puxa para mais perto de si, me fazendo ficar entre suas pernas. Me assusto com essa atitude repentina, mas apenas deixo que o faça.

- Seu braço está cortado bem aqui... Vê? - Aponta para um grande corte que provavelmente um daqueles alfas fez.

- Eu sou alfa, vou me curar rápido. - Respondo olhando em seus olhos. Por mais que eu tente focar apenas nas orbes castanhas acabo não resistindo e desço meu olhar para a boca avermelhada de Liam, e como se fizesse pra me provocar o filho da mãe passa sua língua pelos lábios.

- Mas e se infeccionar?

- Não vai.

- Mas, e se acontecer?

Payne desce do balcão e isso faz seu corpo se colar ao meu...

Tão, tão próximo...

Deus, será que ele sabe o quão tortuoso isso é?

Sinto meu corpo esquentar com toda essa proximidade, e mesmo sentindo que não devo acabo levando minhas mãos para sua cintura. Espero por alguma atitude de reprovação, mas nada vem... Ele simplesmente deixa...

Liam vai me enlouquecer!

Ele vai me enlouquecer...

O beta põe suas mãos em meus ombros e se aproxima mais... Seus olhos não se desconectam dos meus nem por um instante, e isso é tão, tão bom...

- Liam... - Seu nome sai como um sussurro. Parece que toda a minha voz simplesmente sumiu.

- Obrigado por me defender, Zayn. Obrigado por cuidar de mim, e... E obrigado por essa noite maravilhosa... - Sorri.

Tão lindo...

Misericórdia!

Liam começa a se aproximar mais.

Ele se aproxima mais.

Nossos rostos já estão tão próximos que posso sentir sua respiração na minha...

Não resisto e acabo apertando sua cintura com mais força.

Ele fecha os olhos...

Liam se entregou ao momento, e eu sinto que devo me entregar também.

Deus, seu perfume é tão bom...

- Zayn, cheguei! - O grito de Niall nos assusta, e instintivamente nós nos afastamos.

Ele me olha desnorteado. Liam passa a mão pelo rosto e bufa, frustrado. Lentamente nos afastamos até estarmos longe um do outro.

- Obrigado, Zayn! - O beta diz e simplesmente sai da cozinha, me deixando sozinho.

Tão perto...

Chegamos tão longe...

- Mas o que foi isso? - Sussurro.

Deus, eu estou perdido!