No ano 299 do Sistema Lunar, uma misteriosa faixa vermelha caiu na Terra, pousando em território não reclamado entre os reinos de Eldoria e Selvarys. A descoberta de pedras vermelhas mágicas desencadeou uma guerra de uma década entre as duas nações. Para acabar com o derramamento de sangue, os reis de Eldoria e Selvarys arranjaram um casamento entre a Princesa Cynthia, cuja reputação na alta sociedade foi manchada por escândalos, e o Príncipe Lucian, o filho ilegítimo do rei de Selvarys. A Princesa Cynthia, conhecida como uma vilã e causadora de problemas, havia enfrentado recentemente um noivado desfeito. Apesar de sua notoriedade, ela concordou com o casamento para parar a guerra e salvar seu povo. O Príncipe Lucian, que retornou recentemente do campo de batalha, detestava a ideia de se casar com uma princesa inimiga. No entanto, como um príncipe ilegítimo, obedecer ao comando do rei era sua única maneira de sobreviver às conspirações do palácio. Em um casamento marcado pelo desdém e desconfiança mútuos, eles podem deixar de lado seu ódio e aprender a viver juntos? Ou a hostilidade que os rodeia no reino inimigo será grande demais para superar?
"Bem, então, tenha uma boa noite, Sua Alteza," uma criada sussurrou, fechando suavemente a porta atrás de si.
Cynthia suspirou. Ela estava sentada na cama grande pelas criadas, banhada adequadamente com pétalas de rosas, e seus cabelos cuidadosamente penteados e soltos, vestida em uma camisola rosa pastel.
Ela olhou ao redor do quarto no qual foi pedida para esperar pela chegada de seu marido.
O salão possuía pouquíssimos móveis, diferente do hall que ela recordava em suas memórias. E ainda assim, lembrou-se de tê-lo organizado cuidadosamente, na esperança de que seu marido gostasse de sua aparência e passasse a noite em seu quarto — talvez isso tivesse calado a boca dos servos. No entanto, isso nunca aconteceu.
Um leve escárnio escapou dela.
Cynthia, você foi tão tola. Aquele homem nunca se importou com você e ainda assim...
Enquanto criticava suas ações passadas, a porta rangeu abrindo e uma figura masculina surgiu no quarto.
Uma veste noturna de cor escura com rendas douradas nas bordas envolvia o corpo musculoso de Lucian, enquanto ele caminhava em direção ao sofá um pouco mais afastado do quarto. Algumas gotas de água podiam ser vistas pingando de seu cabelo na área fracamente iluminada — ele acabara de tomar um banho.
"Assim como... no passado, será?" Cynthia se perguntou. "Seja o que for. Não devo agir como agi antes."
Inalando profundamente, a dama de cabelos prateados se levantou de seu assento, abordando seu marido com um semblante determinado. Ela tinha que passar a noite com ele para evitar o mesmo destino de seu sonho!
"Sua Alteza," ela falou, tentando manter sua voz suave e estável apesar de suas mãos tremendo. Ela estendeu a mão até o rosto dele, forçando Lucian a virar-se em sua direção.
Lucian franziu os lábios, sentindo o calor da jovem mulher contra sua pele. Seu sangue fervia ao vê-la com desprezo, no entanto, ele não podia se comportar mal com ela. O rei não o deixaria em paz caso ela fizesse queixas sobre ele.
"O que é?" Ele exigiu, rapidamente removendo as mãos dela de seu rosto.
"Esta noite é nossa noite de núpcias."
"Eu sei. Era isso que você queria me dizer? Se sim, por favor, volte para a cama. Vou dormir aqui."
"Não!" Ela gritou. Ela precisava estabelecer uma relação adequada com ele. Esta noite seria a primeira e última vez que Lucian passaria com ela.
"Precisamos dormir juntos," ela insistiu.
Lucian debochou da sua sugestão absurda. Ela não temia que ele a matasse no momento em que ela entrasse em sono profundo? Uma mulher frágil, a quem ele mais odiava, deitada indefesa ao lado dele, um herói de guerra, não tinha chance de permanecer viva se ele desejasse matá-la.
"Sou capaz de dormir em qualquer lugar. Não precisa se forçar a me fazer espaço aí."
Embora as palavras de Lucian pudessem parecer consideradas, ele tentava manter distância da princesa do reino inimigo.
Tomando um fôlego, Cynthia colocou suas mãos na gola do jovem homem.
Lucian se contorceu ao ato ousado dela.
"Somos casados, então é importante para nós... Você não deseja um filho, Vossa Alteza?"
"Um filho? Com você?" Lucian ergueu uma sobrancelha, fazendo uma careta à suas palavras.
"Sim. Eu sou sua eposa devidamente casada. Se não for comigo, com quem mais?"
"Minha esposa, você diz?"
Cynthia gentilmente soltou Lucian, mordendo seus lábios, esperando convencê-lo.
"Como quiser," Lucian se levantou do sofá e pegou seu pulso, puxando-a para a cama.
Cynthia engoliu em seco, encontrando-se debaixo dele num piscar de olhos. Não importava a agilidade com que ela poderia manejar uma espada, esse homem era fisicamente mais forte do que ela.
Deuses são tão injustos. Por que fazer os homens mais fortes que as mulheres?
Enquanto se perguntava e amaldiçoava os deuses em sua mente, ela piscou rapidamente, olhando para cima, para seu marido.
"É isso o que você queria, não é?" Lucian exigiu, seus olhos esmeraldas brilhando no quarto escuro e mal iluminado.
Com as mãos tremendo, Cynthia alcançou a veste noturna dele, separando o tecido para expor seu peito. Ela não tinha experiência nesse domínio.
Mesmo em sua vida passada, ela morreu virgem!
Essa realização fez seu rosto corar de vergonha, e ela não conseguiu esconder sua expressão rígida por mais que tentasse.
O jovem de cabelos escuros tirou suas mãos e sentou-se na cama.
"Se não gosta, por que está fazendo isso? Não precisamos fazer. Não..."
Nos amamos. Pelo contrário, nos odiamos a ponto de querermos nos matar um ao outro.
Lucian desejava dizer, mas manteve-se quieto por um tempo antes de abrir os lábios.
"Se você tem medo de rumores, então..." ele alcançou a espada pendurada na parede acima da cama.
Cynthia sentou-se na cama, entendendo sua intenção. Sem pensar duas vezes, ela tirou a lâmina e cortou a palma da sua mão sem piscar, mantendo seus olhos violetas fixos nos dele esmeraldas.
Ela deixou algumas gotas de sangue caírem nos lençóis brancos na altura do seu corpo inferior enquanto um sorriso se formava em seus lábios.
Lucian, chocado com a visão, rapidamente pegou a espada de volta.
"O que você é?..."
"Foi minha ideia. Você não deve se machucar por outra pessoa, Vossa Alteza."
No passado, Lucian sempre carregava o peso dos erros alheios, tornando-o fácil de ser pisado. Mesmo que ela o odiasse por seu comportamento em relação a ela, ela queria que ele se defendesse às vezes.
Depois de uma pausa, ela continuou, "Embora eu acredite que você não deseje dormir comigo, deite-se ao meu lado em caso de um servo passar patrulhando durante a noite. Tenho certeza de que você não quer que rumores estranhos se espalhem pela mansão."
Dito isso, Cynthia virou as costas para ele e deitou-se no canto direito da cama, deixando o lado esquerdo vazio para Lucian.
Embora suas declarações sobre servos entrando no quarto de um casal recém-casado durante o sono soassem ridículas, Lucian sabia que o rei poderia muito bem enviar espiões para garantir que o casamento foi realizado adequadamente.
Suspirando, Lucian se deitou gentilmente ao lado da estranha mulher. Seu ódio por ela crescia a cada segundo que passava com ela. A Princesa Cynthia só se importava consigo mesma e não se preocupava em saber o que ele pensava sobre suas sugestões estranhas.
E, lentamente, o casal adormeceu.
O som de passos leves e uma batida na porta fez com que Lucian e Cynthia se sentassem na cama, olhando um para o outro.
"Quem poderia ser a essa hora?.." Cynthia sussurrou baixinho.