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Anything you can do, I can do better

Um dos grandes cientista da equipe Rocket é morto em seu laboratório após ser descoberto pelas autoridades, arruinando décadas de pesquisa. Repleto de crimes, no final de sua vida ele recebe o perdão de seu sobrinho e campeão de Kanto, Lance, que deseja a seu tio que consiga renascer como uma pessoa melhor. Para a surpresa do cientista, ao menos a parte do renascer parece ter dado certo, mas não exatamente como ele esperava. ------ PT-BR Os direitos do pokémon são exclusivos da Gamefreak e da Nintendo. O propósito dessa fanfic é meramente diversão. Apesar da ideia ser maneira, já aviso que vai 99% de de certeza ser um lixo e eu só vou postar quando der vontade. Obrigado pela atenção.

Grimsbane · วิดีโอเกม
เรตติ้งไม่พอ
1 Chs

Espero que você renasça como alguém gentil

"Você... você é um monstro" — os olhos carmesim da jovem policial estremeciam em um misto de medo e fúria ao olhar a cena em sua frente. O Growlithe a seu lado virava o rosto, apavorado. Os outros policiais, treinadores de elite e pokémons atrás dela tinham uma reação parecida.

Todos eles estavam na entrada de uma sala espaçosa de piso e paredes metálicas, onde haviam tanques de vidro quebrados, com estilhaços molhados por um líquido verde viscoso espalhado pelo chão.

Mas o que lhes tinham assustado tanto foram os corpos.

Goldeen, Charmander, Abra, Meowth e dezenas de outros corpos aparentemente sem vida de pokémons caídos próximos aos tanques, onde estavam previamente armazenados. Os pokémons estavam desfigurados, lentamente derretendo em uma espécie de gosma roxa.

"Eles não estão mortos" — proferiu uma voz tranquila do centro da sala, à frente de toda aquela cena terrível. Era ninguém menos que o responsável por toda aquela desgraça, um infame cientista da equipe Rocket. O senhor parecia ter um pouco mais de cinquenta, e usava jaleco e óculos. Sua aparência não era espetacularmente chamativa, talvez um pouco magro, com olheiras devido a várias noites perdidas de sono e o cabelo escuro curto dando indícios de estar se tornando um pouco grisalho.

Ele calmamente levantou o braço e em seguida um dedo, apontando para um dos pokémons completamente derretidos. Já não era possível reconhecer sua espécie original. Um par de pontos negros surgiam em uma gosma que aos poucos tomava forma.

"Houve um consenso. Decidimos chamá-los de Ditto. São experimentos falhos, então peço que não julguem nossas pesquisas com base neles. É quase como se houvesse um mecanismo divino para impedir modificações genéticas não naturais. Qualquer alteração brusca no DNA de um pokémon faz seu corpo se tornar... isso. É bem fascinante, eu diria." — o leve sorriso que surgiu no rosto do cientista trazia a ele mais olhares de desprezo.

"Se eu tivesse concluído o experimento, podem ter certeza que iria deixá-los boquiabertos" — no final ele tinha falhado. Seu laboratório havia sido descoberto quando estava próximo de conseguir bons resultados na pesquisa. Ele esperava apenas que seu colega de trabalho, Dr. Blaine, tivesse mais sorte.

"Não estou interessada em seu projeto doentio de criar uma arma biológica. Sabemos seus planos, isso aqui acabou!" — a policial Jenny acabou revelando um pouco mais do que devia, porventura por deixar-se levar por seu emocional.

"Oficial Jenny!" — uma voz jovial de um rapaz surgiu de trás da policial, não tardando a entrar na mesma sala grande em que estavam todos. Ele tinha cabelos ruivos espetados e um Dragonair comprido o acompanhava.

"Senhor Lance?" — a oficial olhou para ele, quase como que aliviada de finalmente de tê-lo presente.

O cientista, como um homem bem educado, abriu a boca para cumprimentá-lo.

"Senhor Lance, é uma honra vê-lo em meu humilde laboratório. Eu até ofereceria um cafezinho, mas creio que-"

"Me poupe de ouvir seu sarcasmo" — sua voz era ríspida, digna do mais novo campeão de Kanto. Ainda que mantivesse a compostura, ele fechava os olhos como se a visão do ambiente o desagradasse.

Ele era a última pessoa que eu o pesquisador queria ver nessa situação. Não devido a força do campeão, mas porque-

"Antes de interrogá-lo..." — havia hesitação na voz do campeão, e ficou calado por alguns segundos, porém nenhum policial ousou interrompê-lo. "Eu gostaria de saber... como? Como um ser humano poderia ter tanta desconsideração com a vida humana e de inúmeros pokémons inocentes que sofreram nas mãos de seus experimentos... nas suas mãos!"

"Eu confiei em você... eu me inspirei em você!"— ele adicionou, dessa vez com emoção permeando sua voz.

As palavras do campeão traziam confusão aos olhares dos outros espectadores. Como poderia o maior treinador da região se inspirar em um criminoso?

O cientista, porém, ficou em silêncio com um olhar cansado. O rapaz insistiu, disfarçando um pouco melhor seus sentimentos — "Responda. Talvez seja sua única chance de se explicar."

'Policiais, treinadores de elite ou campeões, todas elas são tão sensíveis. Elas simplesmente não conseguem olhar as coisas além delas mesmas. Muito menos conseguem esquecer o passado...' — o pesquisador de meia idade pensou consigo próprio. Ele, no entanto, não falhava em notar que o mesmo valia para ele mesmo.

Após alguns segundos, seu suspiro quebrou o silêncio, talvez um tanto cansado dessa pergunta que ouviu inúmeras e inúmeras vezes. "Moleque, se vocês encontram esse lugar, é mais provável que já tenham alguém infiltrado aqui. Já tive minhas suspeitas, mas estive ocupado e acabei delegando a tarefa para outros menos competentes. Se for o caso, você já sabe muito bem meus motivos..." — não havia razões para responder. Ele seria preso de uma forma ou de outra, provavelmente usariam pokémons psíquicos para extrair informações dele e posteriormente... quem sabe fosse até executado.

"Eu gostaria de exercer meu direito de ficar calado" — após todos esses anos, o cientista sentia cansaço acima de tudo. Duas décadas de pesquisa culminaram em fracasso. Mas... então por que também se sentia tão aliviado?

Ele já sabia a resposta, é claro. Apesar do fracasso, finalmente alcançaria seu momento de paz.

Ele colocou a mão no bolso, buscando um certo item.

"Mãos ao alto, se não atiramos!" — um oficial gritou em vão, lá de trás enquanto apontava uma arma. Mas Lance levantou a mão, indicando para não atirarem. Talvez estivesse curioso. Porventura poderia estar confiante em suas capacidades como campeão. Ou mesmo tenha notado a falta de interesse do cientista em resistir.

Talvez... somente talvez fosse um sentimento irracional de querer vê-lo vivo, de conseguir racionalizar nem que um pouco as ações supostamente cruéis do homem que um dia já admirou.

"Então atirem, santo Arceus" — só a polícia mesmo para continuar usando armas no mundo moderno.

Finalmente, pareceu conseguir puxar o que queria. Os vários papéis e itens metálicos guardados em seu jaleco não facilitavam a procura. Ao tirar do jaleco, o objeto se mostrava por ser alguma espécie de papel ou folha dobrada várias vezes.

Com o objeto em mãos, lentamente caminhou até Lance.

"Para trás, se não atiramos!" — o oficial gritou novamente,

Mas Lance insistiu — "Está tudo sobre controle, não atir-!?"

Mas como o cientista tampouco pretendia parar de andar, o oficial obviamente também não teve intenções de abaixar a arma, e não tardou a um tiro atravessar seu peito.

Sem resistir, caiu de frente ao chão.

"Droga, tio!" — o jovem campeão correu aos braços do pesquisador, frustrado. Obviamente não podia ficar bravo com o oficial que atirou e muito menos foi capaz de esconder a decepção de ter descoberto aquele homem como um dos maiores criminosos da região. Sequer fez esforços para esconder a relação familiar entre os dois.

'Esse moleque não muda...' — o cientista guardou suas opiniões para si próprio.

Seu corpo acabou caindo em uma das gosmas roxas, ainda muito pouco derretidas para terem se tornado Dittos. Seu sangue se misturava com ela, dando uma coloração de vermelho vinho. Mas apesar de tudo, o objeto continuava em suas mãos:

Era uma foto. Era uma foto da casa de sua irmã, e na frente estava ela segurando Lance, que não devia ter sequer um ano. Ao lado dela, a abraçando estava o cientista e sobre meu ombro seu pokémon e antigo companheiro, Riolu.

O corpo já deteriorado pelo trabalho e idade insistia em jorrar sangue, o qual lentamente se misturava mais e mais com a gosma roxa. Já não conseguia mais inspirar por ar, provavelmente o pulmão havia sido perfurado pelo disparo.

Mas a verdade era que ele estava torcendo por esse tiro. A morte de sua irmã e o falecimento de seu companheiro haviam o abalado.

'Não posso dizer que fui um bom tio. Muito menos que servi como pai adotivo após o falecimento de sua mãe. Então por que? Por que Lance está chorando?'

Na frente de todos os policiais e treinadores importantes. O herói de Kanto chorava pela morte de um criminoso.

Um criminoso que não conseguiu deixar a morte de lado. Um criminoso hipócrita que não se importou em sacrificar a vida de vários para alcançar um objetivo impossível:

O de criar um ser perfeito e imortal. Um ser que não iria envelhecer, imune a quaisquer doenças. Um ser que não deixaria para trás as almas sofridas que permaneceram vivas nesta terra.

Mas era só um sonho bobo de um cientista que morreu por dentro já faz muito tempos. Ele estava próximo... tão próximo, mas tão distante.

'Até que a morte não é tão ruim assim. Dói, mas... é silencioso. Faz tempo que minha cabeça está calma assim. Eu até que... gosto.' — seus sentidos aos poucos se esvaíram, visão, olfato, audição.

"Imagino se vou conseguir encontrá-los após a morte ou se apenas deixarei de existir. Riolu nem minha irmã ficariam felizes com o que fiz... se estivessem me observando, creio que ficariam desapontados." — os outros sentidos, tato e paladar, seguiam a desaparecer.

Porém, contradizendo tudo que era lógico, o homem prestes a morrer escutou uma última voz alto e claro.

"...tio!" — a voz grave familiar de seu sobrinho ecoou na cabeça fatigada do velho. "Eu espero... que você consiga renascer como alguém gentil"

'Um bobo esperançoso até o final...' — era o que mais invejava em seu sobrinho. Apesar de todas as suas perdas, ele conseguia sorrir.

'Ah... posso sentir, a morte está chegando. Finalmente posso descansar.' — seus olhos fechavam, enquanto tranquilamente aguardava a morte.

...

...

...

'Humm... eu não me sinto muito morto. Talvez demore um pouco. Ah, sim, acho que está quase vindo...'

...

...

...

Mas ele se enganava novamente. Porém as surpresas não paravam por aí:

'O que é isso? Estou... estou ouvindo um barulho de água corrente?'

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Em uma terra muito muito distante...

"É hoje, Lu... é hoje!!" — o pokémon raposa de fogo exclamou, saltitando pela casa, produzindo um ranger do piso de madeira a cada pequeno salto.

"Pixie, cuuidaaado ao ficar pulando por aí. Você sabe muito bem que não temos dinheiro para consertar o piso caso você o quebre" — um Riolu, apelidado de Lu, encarava sua amiga de longa data, Pixie, uma Vulpix que tinha energia demais para o bem dos dois.

Apesar de humilde, a pequena cabana era o que o par de pokémons tinha de posse. A casa era composta por apenas um cômodo com duas redondas camas feitas de lã de mareep e teias de spinarak, no centro havia apenas outra mobília, uma mesa com um compartimento de gavetas, onde os dois colocavam seus poucos pertences. Uma única luz solar vindo de uma janela ao fundo da casa, logo atrás das camas, iluminava o casebre.

A raposa parou com seus pulinhos, e com a feição irritada encarou seu amigo — "Puxa, você é muito chato! Nós vamos nos registrar na guilda hoje, poderemos ajudar outras pessoas assim como mamãe fazia! Então eu vou pular SIM!!"

Ela deu um salto para provar seu ponto, e dessa vez seus olhos brilharam como estrelas enquanto falava "Vou seguir os passos de mamãe, meu nome será conhecido por todo o arquipélago e... hehehe, quem sabe eu consigo uma estátua como ela, hmmm? Não seria maneiro?"

"Tanto faz" — seu colega deu de ombros. Ele não parecia tão animado quanto sua amiga. "Vamos começar pegando trabalhos SEGUROS e chatos. Inclusive, quanto mais chato, melhor"

Aí terminar, o jovem pareceu um pouco de melhor humor, e Pixie aproveitou — "Fala sério, você é um lobo ou uma galinha? Fica tranquilo, eu te protejo qualquer coisa hehehe~"

Riolu balançou a cabeça um tanto perturbado e ambos começaram a arrumar suas coisas para sair.

Eles moravam em um local com altas árvores e grandes rochas, meia hora de caminhada do vilarejo onde estaria a guilda. Ao contrário da animação de Vulpix, o dia indicava que seria pacato. Eles acordaram, tomariam um banho no riacho próximo como de costume e seguiriam para seus afazeres no vilarejo. Era como Riolu acreditava que seria o dia dos dois, porém ele não poderia estar mais enganado.

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Não tardou a chegarem ao córrego. A água não devia ter mais que 50cm de altura e suas margens eram cobertas por uma grama baixa. Não havia trilhas para lá, e como era tudo cheio de árvores para todos os lados, não seria difícil se perder de onde estavam.

"Ahhhh, esse lugar foi um achado. Que bom que posso contar contigo e sua memória, Lu" — a Vulpix brincava às margens da água, se enxaguando.

Lu virou o rosto para o outro lado, um pouco envergonhado com o elogio. "Não é nada demais"

Logo ao virar o rosto, ele viu algo flutuando na água em direção a eles. Era uma espécie de gosma roxa, talvez uma espécie de veneno, Lu pensou.

"Pixie, sai da água" — apesar de alertá-la, ele mesmo fez o favor de pegá-la em seus braços e saltar para a margem.

"Eiei, me larga!" — a pequena suplicou, mas Riolu cerrou os olhos, encarando a gosma que flutuava a 10 metros de distância, lentamente se aproximando.

A gosma continuou a se aproximar. A se aproximar. A se aproximar, até passar pelo centro do rio, perto de onde estavam e continuar seguindo o fluxo do rio como se nem existissem. "Hmm, eu estava com um pressentimento ruim, mas parece que não é n- AI!"

A fala do pequeno lobo foi interrompida pela dor de ter sua mão fortemente mordida, largando a pequena raposa, que gritou rosnando — "Lu, seu besta! Isso é um pokémon!! Pode precisar da nossa ajuda!"

Ela tinha visto, aquela coisa parecia ter olhos. Eram meros dois pontos pretos no meio de tanta gosma, mas eram claramente olhos. Fora que Vulpix conseguia perceber a assinatura de calor vinda dele... ou o pronome correto seria 'dela'? Bem, poderiam perguntar quando acordasse.

Ela estava certa como nunca esteve antes, com certeza era um pokémon... ou no mínimo um ser vivo.

Ela correu em direção ao monstrinho desconhecido, pedindo ajuda de Lu para tirar aquela coisa da água.