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Synchroner

Meu nome é Baha Anun, artista de rua e terceiro irmão de cinco filhos, é assim que me apresento ao monstro disfarçado de homem na minha frente, e sorrindo ele dá sua sentença.

"Queime, Baha Anun."

O monstro disse estendendo sua mão em minha direção.

"Queime e renasça."

Ele fala absurdos mais uma vez. E a mão que ele mantinha estendida em minha direção se acende, como se tivesse atingida por um raio, entra em combustão e logo a cena se repete na minha mão.

Grito, ninguém me ouve, ou eu não percebo as reações se o monstro e a garota ouviram, já que estou muito ocupado com minha própria dor, da minha mão as chamas se espalham chegando as minhas roupas com mais combustível o fogo logo se torna mais quente me movo de forma histerica procurando sem sucesso um jeito de apagar o fogo.

"Ouça." O monstro começa a falar "você quer sobreviver a isso e nós também queremos que você sobreviva, então siga as minhas instruções."

Honestamente eu queria reclamar sobre que me colocou nessa situação em primeiro lugar, mas não surpreendentemente quando se está queimando vivo tempo é um luxo, então simplesmente aceno concordando.

"Ótimo" Kaz o arsonista elogia minha escolha, não que houvesse uma. "Agora vamos fazer de você um Synchroner."

Ele se aproxima de mim e coloca a mão diretamente no fogo.

"Normalmente você teria que depender dos seus instintos e algumas instruções aqui e ali, mas como você meio que é minha responsabilidade vamos trapacear um pouco." Ele fala com calma, como se colocar alguém em fogo fosse uma ocorrência cotidiana.

"Eu preciso que você me diga o que está pensando e sentido, podemos pula o obvio que vem com ser queimado vivo eu coloquei a minha mão no fogo pra sentir essa parte, mas diga todo e qualquer pensamento como eles vierem a sua mente, entendido?"

Como diabos isso vai me ajudar? Droga.

"Entendido, Baha?" Ele pergunta dessa vez visivelmente irritado, droga, o que eu tenho a perder? Vou só falar o que vier a mente.

"Já que não tenho nada a perder, vou só falar o que me der vontade, satisfeito?"

"Bem, melhor. Continue."

"Como raios eu parei nessa bagunça? Você pode pelo menos me responder..."

"Isso antes que eu morra?" O monstro "O monstro falou erguendo uma das sobrancelhas em duvida."

O que está...

"Acontecendo? Ele tá lendo a minha mente? O monstro sorri e diz..."

Algo surge, uma conexão ao qual meu corpo não tem escolha a não ser se ajustar... se sincronizar aos movimentos e pensamentos dele, sem meu controle as palavras dele saem de minha boca.

"Me chamar de monstro é meio rude, certo Baha?"

Com minha voz mas as palavras dele ele pergunta.

Com voz movimento e pensamento em sincronia falamos.

"Hora de virar um Synchroner, de uma vez."

Com pensamentos que não eram meus, mas são iguais aos meus a conexão se aprofunda, amplifica e ressoa, e meus olhos que não usavam mais de minha visão nem meus ouvidos de minha audição e um por um meus sentidos são tomados por essa força... pela sincronia de um ser maior.

E então eu vejo, com meus olhos mas a visão de outro, o mundo numa malha de linhas, pontos e cores, desordenada mas com uma harmonia própria que eu ouço e sinto através do único ponto em comum que esse novo mundo tem: tudo está vibrando.

É sutil, mas é assim que tudo se move nesse mundo.

Eu não entendo o que vejo fico sobrecarregado até, mas ele entende e sabe o que vê, assim eu também sei o que vejo.

O mundo como é, com cada componente que o da forma constantemente vibrando no seu próprio ritmo, ele chama os componentes de átomos, e pensa sobre um reino menor, quântico é o nome.

Synchroners, eles vêm um mundo um pouco mais profundo que o quântico mas não tão profundo que pareça um outro mundo, o mundo que vejo agora.

Você está pegando fogo, literalmente, nós estamos na verdade.

Um pensamento que eu já perdi o traço da origem, é dele? É meu? Qual é a diferença?

Você está se perdendo Baha, e eu não vou junto.

Lembrei a diferença.

Não estando mais perdido na euforia dos meus novos sentidos, noto que ele sabe o que deve fazer agora, portanto eu também sei.

Meus novos sentidos, uma combinação dos cinco normais mais a epifania do ritmo de todas as coisas, o sexto sentido. Foco isso nas chamas que estão se espalhando pelo meu corpo, eu consigo ver o caminho em que matéria é convertida em energia e a liberação do calor, no sexto sentido o fogo não passa de um amontoado de pontos luminosos como um enxame de vaga-lumes.

Com o sexto sentido é como se eu pudesse interagir diretamente com a energia é breve, mas real essa sensação, procuro no meu corpo algo que possa sincronizar com as chamas, Kaz as chama de mitocôndrias, e o processo que elas e as chamas tem em comum de combustão.

Foco minha mente nesses componentes em meu corpo e nos pontos de luz que representam as chamas, no ritmo em que ela se move e que matéria e energia são transformadas, aos poucos vou fazendo que o ritmo dos pequenos componentes em meu corpo seja o mesmo que o das chamas, quando consigo que ambos os lados estejam exatamente no mesmo ritmo, em sincronia, uma conexão que não entendo completamente é formada.

Também posso sentir que no momento sou eu seguindo o ritmo dos pontos de luz do fogo, isso tem que mudar, meu corpo força o processo de combustão das pequenas mitocôndrias a acelerar brevemente e pela conexão o fogo as imita, apenas para os dois serem reduzidos ao minimo de energia possível, quase imperceptíveis.

Com ambos os lados da sincronia mais calmos e controláveis, começo o ultimo passo para me tornar um Syncrhoner de fato: criar um dantian.

Vejo a conexão como um tipo de linha pela qual energia dos dois se trocam é vão em direção a um ponto de equilíbrio, não é o que eu preciso, bem no centro da linha começo a distorce-la em uma pequena esfera vazia.

Agora é o problema Synchroners são divididos em estágios pela quantidade de dois fatores: energia e máximo de ligações que conseguem manter.

Para alguém que acabou de começar uma conexão através de sincronia é a norma, mas para criar o dantian preciso cortar a sincronia das chamas e sincronizar meu corpo com esfera vazia que serve como protótipo de dantian, numa fração de segundos já que mesmo se a sincronização for cortada a conexão perdura por mais alguns instantes.

E antes que esse instantes acabem devo reestabelecer a sincronia com as chamas, mas dessa vez sincronizar com o proto-dantian, o qual ainda vai estar conectado com o meu corpo.

Apesar do tempo limitado tenho sucesso em cada um dos passos necessários para criar um dantian, Kaz estar sincronizado comigo provavelmente tem haver com isso, mas de qualquer jeito eu virei um Synchroner.

Kaz corta a sincronia entre nós, ainda consigo sentir a conexão que compartilhamos, mas está desaparecendo aos poucos, minha já não está mais em chamas e as queimaduras são menores do que eu esperava.

O fogo provavelmente enfraqueceu já que usei sua energia para formar meu dantian, ou minha falta de ferimentos é porque estava sincronizado com Kaz, descrevê-lo como monstro soa ainda mais apropriado depois de sentir o poder dele diretamente.

"Obrigado, eu acho?" Agradeço, eu ia me curvar levemente por cortesia, mas apesar de ter me tornado um Synchroner eu quase virei churrasco, então que se dane a cortesia.

"Está agradecendo por que? Se não foi agradável e nem vai ser de graça?"

O arsonista casual, Kaz, me lembra outra vez que tem mais uma tarefa que eu tenho que concluir.

Que não seja nada absurdo dessa vez, por favor.

"O segundo favor, eu sei, vão me dizer qual é?"

Pergunto, um pouco da minha impaciência vem a tona, mas considerando que o primeiro favor envolveu me arriscar a morrer queimado, eu acho que qualquer um não estaria com o melhor dos humores.

Quanto o porque de eu não estar em pânico apesar dessa situação absurda, provavelmente um efeito de ter sincronizado minha mente com a de Kaz, e na mente dele até mesmo massacres não são dignos de uma grande reação.

Mas havia algo estranho enquanto estávamos sincronizados, apesar dele ser confiante e indiferente, tem algo mais por baixo disso, uma paranoia sem fim misturada com auto depreciação na mesma medida.

"Bom, já que perguntou" Mingten fala com um sorriso travesso, o mesmo tipo que me colocou nessa situação "é mais simples do que esse favor aqui pelo menos."

Acho que nunca mais vou confiar em ruivos, minha mente tem esse pensamento tolo, enquanto a ouço.

"O que é dessa vez senhorita?" Pergunto, queria colocar um ar de ironia nas minhas palavras, mas desisto de qualquer provocação e uso tom mais monótono que consigo.

"Só me siga enquanto criamos nossa própria facção."

"Ela é doida?" Direciono minha pergunta a Kaz, enquanto todo vestígio de educação sai do meu ser.

"Sei lá, conheci ela ontem, até onde eu sei ela pode simplesmente estar em choque."

"Ei, não falem como se eu não estivesse aqui, eu não sou doida, nem estou em choque, Okay."

Isso é que ela diz, mas ainda tenho minhas dúvidas.

"Certo, certo, acho que sei o porque você está pensando em criar seu próprio grupo, mas recrutar através de apostas provavelmente não vai dar motivo a ninguém pra ser leal a você."

Kaz explica calmamente como esse plano pode dar errado mas ainda assim Mingten morde os lábios, ela tenta esconder a frustração mas falha.

"Argh, eu topo seguir vocês por um tempo pra ver se esse negócio tem algum futuro." Respondo sem pensar muito.

"Você realmente devia pensar mais nas coisas antes de concordar Baha, mas por outro lado pensar de mais e não fazer nada pode ser pior não é?"

Kaz me aconselha, ou ele está perguntando?

"Ele já aceitou o acordo Kaz, e é você que não quer ficar muito numa cidade já que não achamos nada de interessante além do Baha, porque não aceleramos o passo um pouco?" Mingten pergunta a Kaz, mas que raios de tom é esse nada interessante além de mim? Eu virei mercadoria por acaso?

"De fato não parece que vamos conseguir informações decentes por aqui e ter alguém acostumado com a vida das ruas provavelmente vai nos ajudar."

Por favor parem de fingir que eu não existo, isso é vingança por te chamar de doida, Mingten?

No que eu me meti?

"Bom já que está decidido, vamos partir uma hora mais cedo, Baha você tem algo que precise acertar aqui antes de partimos?" Kaz, lembra que eu existo, provavelmente por questões de logística.

"Não, eu sou um artista viajante, o que significa sempre estar pronto para partir, ou pelo menos é assim que eu vejo á minha vida." Respondo, parece que meus modos resolveram retornar ao meu corpo, encolhendo os ombros, mais precisamente metade voltou.

"Vocês estão esperando o que, então? Vamos, quero chegar a essa torre o mais rápido possível." E com as palavras de Mingten, como o ultimo empurrão tomamos nossa decisão.

Só falta uma coisa, que raios de torre?