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O Primeiro Confronto

A escuridão da noite parecia mais intensa quando Darius caminhou para fora de Valdara, em direção ao campo onde as criaturas sombrias haviam sido vistas pela última vez. O silêncio ao redor era quase absoluto, como se a própria natureza estivesse prendendo a respiração diante do que estava para acontecer.

Ele sentia os amuletos em seu peito — o antigo amuleto dos Guardiões que Thalia lhe dera e o amuleto das sombras, pulsando com uma energia que se misturava à tensão da noite. As árvores ao redor estavam cobertas por sombras profundas, e as estrelas no céu pareciam obscurecidas, como se as próprias sombras se estendessem até o firmamento.

Enquanto caminhava, Darius ouviu um som baixo, como um rosnado vindo de algum lugar à sua frente. Ele parou, os olhos fixos na escuridão, e percebeu movimentos furtivos entre as árvores. As criaturas estavam próximas, escondidas, esperando o momento certo para atacar.

De repente, uma figura se materializou na escuridão. Era um ser que parecia feito de pura sombra, com um corpo sem forma definida, como se estivesse constantemente se transformando. Seus olhos, dois pontos brilhantes e sinistros, fixaram-se em Darius com uma intensidade aterradora. Em segundos, outras criaturas semelhantes começaram a surgir ao redor, cercando-o.

Darius respirou fundo, tentando manter a calma. As vozes dos antigos Guardiões ecoaram em sua mente, lembrando-o de seu propósito. Ele sabia que a escuridão não era um inimigo absoluto; era uma força que ele precisava entender e equilibrar.

"Vocês não pertencem a este mundo," disse Darius em voz alta, tentando parecer mais seguro do que realmente se sentia. "Voltem para onde vieram, ou eu os forçarei a retornar."

As criaturas responderam com um rosnado coletivo, avançando lentamente. Elas pareciam famintas, movendo-se como bestas selvagens, mas havia algo quase humano em seus olhos — uma dor, uma angústia profunda. Darius sentiu um misto de compaixão e determinação.

Ele ergueu o amuleto antigo de Thalia, segurando-o firme enquanto sussurrava uma oração aos antigos Guardiões, pedindo força e orientação. Ao mesmo tempo, concentrou-se na energia do amuleto das sombras, sentindo o poder fluir através dele.

Uma luz suave e prateada irradiou do amuleto de Thalia, formando uma barreira ao redor de Darius. As criaturas hesitaram por um instante, mas então uma delas, mais ousada, lançou-se contra ele. Darius reagiu rapidamente, girando o amuleto das sombras em sua mão e canalizando sua energia.

"De volta às sombras!" gritou ele, sentindo o poder fluir de suas palavras.

Uma onda de escuridão emanou do amuleto, colidindo com a criatura. Ela foi arremessada para trás, dissipando-se em fumaça sombria antes de desaparecer na noite. As outras criaturas, momentaneamente intimidadas, recuaram, mas a hesitação durou pouco. Logo, todas avançaram ao mesmo tempo, como uma maré de escuridão.

Darius sentiu o poder dentro de si crescer. Ele fechou os olhos por um breve segundo, visualizando uma barreira ao seu redor, feita tanto de sombra quanto de luz. Quando abriu os olhos, uma esfera de energia negra e prateada o envolvia, como uma armadura etérea. As criaturas colidiram com a barreira, mas foram repelidas, emitindo gritos de agonia que ecoaram pela floresta.

No entanto, Darius sabia que não podia manter aquela defesa por muito tempo. O esforço drenava suas forças, e o poder das sombras tentava se infiltrar em sua mente, sussurrando promessas de poder absoluto, de controle total sobre a escuridão. Ele balançou a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Ele sabia que, se cedesse, perderia a si mesmo para as trevas.

Lembrando-se das palavras de Thalia, ele decidiu mudar de estratégia. Em vez de lutar contra as criaturas, tentaria guiá-las de volta ao mundo das sombras. Focou-se no amuleto das sombras e na energia que havia sentido ao absorver a esfera sombria no templo.

"Sigam-me," murmurou ele, permitindo que uma parte de sua própria energia escura se expandisse para fora. As criaturas hesitaram, como se sentissem a presença de algo familiar.

Darius estendeu a mão, criando um portal de escuridão, um vórtice rodopiante que se abriu no ar, conectando o mundo mortal ao reino das sombras. Uma a uma, as criaturas começaram a entrar, atraídas pela força daquele poder. O portal pulsava, emanando uma força avassaladora, e Darius lutou para mantê-lo aberto, suando e tremendo de esforço.

A última criatura hesitou, olhando diretamente para ele. Seus olhos pareciam refletir uma antiga dor, uma alma presa em sofrimento eterno. "Obrigado," ela sussurrou, em uma voz baixa e frágil, antes de desaparecer no portal, retornando ao seu lugar de origem.

Darius fechou o portal com um movimento de mão, exausto, sentindo as energias se dissiparem. Ele caiu de joelhos, respirando com dificuldade, mas com uma paz interna que não sentia há muito tempo. Havia enfrentado o primeiro grande teste como Guardião e vencido sem perder a própria alma.

Quando se levantou, sentiu uma mão em seu ombro. Virou-se para ver Thalia, que observava tudo à distância. Ela o olhou com um misto de orgulho e preocupação.

"Você fez o que era necessário," disse ela, com um leve sorriso. "Mas lembre-se: cada vez que você usa o poder das sombras, está caminhando na linha tênue entre o controle e a perdição. Mantenha-se forte, Darius."

Ele assentiu, compreendendo o aviso. Ao voltar para Valdara, com a sensação de dever cumprido, sabia que aquela batalha fora apenas uma de muitas que o aguardavam. Mas, pela primeira vez, sentiu-se verdadeiramente como o Guardião das Sombras.