Annie.

" Meu nome é Annie, qual é o seu ? " A garotinha disse inclinando a cabeça um pouco para a esquerda aguardando a minha resposta.

No momento que eu a escutei o mundo pareceu ficar em silencio, Annie ? Tipo a Annie January ?! a Luz Estrela ?! Meu Deus !

" Er...O-Oi, meu nome é John " Eu disse meio hesitante sem saber como agir.

A pequena garota sorriu ao ouvir meu nome, e então se aproximou de mim e se sentou ao meu lado no banco.

" Prazer em te conhecer John...por que você não tem sapatos ? " Ela me perguntou casualmente ao perceber que eu estava descalço.

" Bem, eu ainda não tive tempo de arranjar alguns ainda. " Eu disse sorrindo um pouco ao ver a conversa franca da garota.

" Sério ? Mas e sua mamãe e o seu papai ? " Ele perguntou.

E por algum motivo isso despertou algo em mim, algum tipo de solidão, tristeza, talvez o Capitão Pátria original se sentisse assim.

" Bem...eu não tenho nem um dos dois. " Eu disse um pouco cabisbaixo, o que não passou despercebido pela pequena loira.

" Ah, me desculpe, eu não sabia disso... " Ela disse ficando um pouco vermelha de vergonha.

" Não precisa se preocupar, você não tinha como saber, está tudo bem " Eu assegurei a ela e com um sorriso no rosto acariciei levemente a cabeça da garota.

Annie sorria enquanto dava uma rizada infantil contagiante.

" Annie ? "

Uma voz masculina interrompeu a nossa conversa, e olhando para frente eu pude ver um homem alto de olhos verde e cabelo castanho claro nos observando de maneira curiosa, o homem não deveria ter mais de quarenta e cinco anos, mas era difícil de saber. 

" Papai ! " Annie disse animadamente ao pular e correr em direção ao pai, que sorrindo a pegou no colo.

" E você rapaz, quem seria ? " 

O homem perguntou para mim, me analisando de cima a baixo.

Mas antes que eu pudesse o responder Annie me interrompeu.

" O nome dele é John papai, ele é meu amigo " Ela disse sorridente ao pai.

" Mas ele não tem sapatos " Ela adicionou, fazendo com que seu pai olhasse para os meus pés.

E percebendo a veracidade da afirmação da filha o fez colocar uma expressão preocupada no rosto.

E eu não querendo levantar mais suspeitas me levantei do banco e lentamente comecei a me afastar.

" Tchau Annie, foi com conversar com você "

Eu disse colocando mais distancia entre mim e a família. Já estando de costas para eles eu escutei o homem me chamando.

" Rapaz ! Está tudo bem ?! " Ele gritou me fazendo olhar para eles novamente.

" Tudo quanto pode ficar, eu acho " Eu disse rindo levemente.

O pai de Annie se aproximou de mim com a mesma em seus braços.

" Bem não é o que parece. " Ele disse sorrindo levemente e ficando mais próximo de mim.

" Aonde estão seus pais ? " Ele me perguntou em um tom preocupado.

" Ele não tem " Annie novamente respondeu antes de mim.

Agora o pai de Annie me olhava com uma expressão mais preocupada ainda.

' Que beleza ' Eu pensei ao ver a situação em que eu estava.

" Acho que já vou indo, tenha um ótimo dia senhor " Eu disse tentando me desvencilhar da situação.

" Espere um pouco " Ele disse colocando uma mão sobre meu ombro esquerdo, me fazendo parar.

" Você já tomou café da manhã ? " Ele me perguntou olhando nos meus olhos.

" Bem, eu- " Antes que eu pudesse responder meu estomago roncou em alto e bom som, acho que ao falarem de comida meu corpo não conseguiu resistir.

" É, ainda não " Eu disse sem jeito.

" Então porque não vem tomar café da manha na nossa casa ? " Ele disse com um sorriso gentil no rosto.

" Eu agradeço senhor mas não quero enco- " Eu tentei dizer.

" Que isso, o prazer seria nosso, garoto, venha conosco. Minha esposa está preparando o café da manha, se formos rápidos ainda conseguimos comer a comida quente " Ele disse dando uns leves tapinhas nas minhas costas e me guiando para andar com eles.

Eu não queria me envolver com eles, mas a oferta de um alimento de verdade é bom demais para recusar, na instalação só me davam comida especificamente preparada para que eu pudesse receber os nutrientes necessários para me desenvolver bem.

Mas acho que por hora não faz mal aproveitar um pouco. E com isso caminhei juntamente deles até sua casa, e no caminho Annie animadamente conversava comigo, me contando histórias e me ensinando brincadeiras que ela inventava.

Foi uma caminhada muito boa, e eu não pude evitar de sorrir ao ver a garotinha me contar animadamente sobre como ela empurrou um valentão na caixa de areia da escola dela.